quarta-feira, 13 de março de 2024

Moto Club 2x0 Maranhão - Moto Club, tricampeão Maranhense 1983 [TEXTO, FOTOS, FICHA E VÍDEO]

Relatos do jornal "O Estado do Maranhão" e Livro "Memória Rubro-Negra:  de Moto Club a Eterno Papão do Norte"

MAC E MOTO DECIDEM A FINAL HOJE DO CAMPEONATO MARANHENSE E 83 - Depois de três anos, o Maranhão Atlético poderá conquistar novamente o título de campeão maranhense, hoje à noite (21 de dezembro de 1983), bastando empatar com o Moto Club, que por seu turno luta pelo tricampeonato, precisando vencer o jogo programado para Às 21 horas, no Castelão.

O Maremoto será repetido em virtude da decisão do TJD, que anulou o jogo do dia 17 de julho, vencido pelo Papão por 3 a 0, pelo lançamento irregular do zagueiro Ribas, cujo contrato foi devolvido pela CBF, embora a FMD tenha fornecido o cartão de inscrição.

Como as férias dos jogadores profissionais começaram desde segunda-feira em todo Brasil, foi preciso que o Conselho Nacional de Desportos, através do Presidente César Montagna, tenha concedido uma permissão especial para a efetivação da peleja.

A FMD teve que programar uma nova partida entre maqueanos e motenses, tendo em vista o empate verificado entre os dois times ao final do turno extra. Na contagem geral de pontos, o MAC leva vantagem, mas o rubro-negro pode chegar junto e levar a decisão para a segunda opção do regulamento, que é o maior número de vitórias, critério que favorece o Papão. Na contagem geral dos pontos, o Maranhão está com 47 e o Moto com 45. Com vitórias, o Moto está com 19 e o MAC com 17.

TIMES DESFALCADOS – De acordo com a legislação, os dois times terão que utilizar apenas os jogadores que tinham condições de jogo na época da partida nula, o que provoca sérios desfalques nas escalações. O Maranhão não pode utilizar três dos seus titulares e o Moto, dois: Fernando Lira, Ednaldo e Hércules, pelo Glorioso, e Giba e Antônio Carlos Paulista pelos rubro-negros, não estavam inscritos em julho e por isso ficarão de fora dessa partida decisiva.

MAC JOGA SOB PROTESTOS – Alegando uma série de motivos, o Maranhão anuncia que joga sob protestos, já que claramente não aceitou a marcação do jogo nulo por parte da entidade, embora confirme a sua presença no Castelão. Os maqueanos acham que a FMD não poderia ter pedido permissão ao CND ara programar o jogo nulo antes que o Moto retirasse o recurso que interpôs no STJ contra a decisão do TJD. Também os atleticanos acham que mesmo com a permissão do CND, o jogo em pelo período de férias regulamentares fere a legislação, ainda mais porque oficialmente os seus jogadores se manifestaram contra a marcação da partida.

NOVA COBRANÇA DE INGRESSOS – Os ingressos para a nova partida serão cobrados normalmente, conforme esclareceu a federação, alegando que, apesar do TJD ter anulado o prélio, este foi jogado integralmente sem prejuízo ao torcedor. Os preços dos ingressos obedecerão a tabela atual: cadeira Cr$ 2.000,00 – arquibancada Cr$ 800,00 – Geral Cr$ 500,00.

PAPÃO TETRA EM RENDA – O Moto consolidará a conquista do título de tetracampeão em renda, hoje à noite, devendo ultrapassar facilmente o total obtido pelo Sampai, cuja a diferença é de bem pouco mais de Cr$ 300 mil. O Sampaio tem um bruto de Cr$ 114.994.700,00, enquanto o Moto tem Cr$ 114.582.400,00.

DESFALQUES NO ONZE MAQUEANO NÃO MUDAM PLANOS DO TÉCNICO – Juca Baleia reaparecendo no gol, Nelinho no lugar de Ednaldo e Gonzaga no posto de Hércules; essas são as alterações anunciadas pelo treinador Eliezer Ramos na equipe do Maranhão.

O problema é que Gonzaga está com um problema de contusão e ainda não foi liberado pelo médico José Carlos Amaral; Se não puder jogar, Mendes será deslocado para o meio de área, com a entrada de Vavá na lateral.

Tica não fez o coletivo de ontem, mas garante que estará em ação na decisão, já que não deseja ficar de fora da partida mais importante do ano. Os desfalques no time atleticano não chegam a preocupar. A direção técnica acha que a certeza de jogar com a meia cancha e o ataque completos pode levar o MAC ao título.

ZÉ CARLOS REALIZA TRATAMENTO INTENSIVO PARA JOGAR DECISÃO –
Zé Carlos está fazendo um tratamento rigoroso com o médico Cassas de Lima para tentar e recuperar a tempo de poder jogar a decisão. O jogador não admite ficar de fora, mas a contusão na coxa pode impedir a sua escalação. Ontem, o volante não treinou, sendo poupado por medida de precaução. Os motenses fizeram um treino recreativo no campo do Paranã como atividade final para o jogo.

O treinador Marçal confirmou a escalação de Cardosinho como ponteiro-esquerdo, uma vez que a secretaria do clube informou que o meia Tigrila não poderá ser utilizado por ter levado o terceiro cartão amarelo.

Com a entrada de Cardosinho e sem poder contar com os dois centroavantes (Gil Lima e Giba), Zé Roberto será deslocado para o comando.

O JOGO – O Moto Club derrotou o Maranhão Atlético Clube por 2 a 0, conquistando o título de tricampeão maranhense e o direito de representar o futebol do estado pela terceira vez consecutiva na Copa Brasil. A vitória no jogo foi incontestável pela maior aplicação tática do rubro-negro, que, apesar dos desfalques e das muitas contusões, soube encarar com mais disposição e tirar proveito, principalmente da fragilidade da improvisada defesa atleticana.

O primeiro tempo terminou com o triunfo parcial de 1 a 0, gol marcado por intermédio de Zé Roberto, aos 24 minutos. O lance começou com uma arrancada de Evandro pela ponta-direita. Ele cruzou para a penetração de Cardosinho pela esquerda para este, que perdeu o ângulo e rolou para Antônio Carlos Maranhense, que cruzou em direção à área, onde Zé Roberto, libre, dominou e chutou sem possibilidade de defesa para o goleiro Juca Baleia, fazendo a vibração da galera rubro-negra nas arquibancadas.

O Maranhão, antes do gol motense, estava melhor na partida, mas sem finalização e bastante preocupado com a sua defesa, tanto que Meinha raramente se aventurou ao ataque, o mesmo acontecendo com Tataco, que foi mais zagueiro do que meio-campo.

No período final, com os dois times já pelas tabelas e o Moto procurando rolar a bola para garantir a vitória de 1 a 0, o jogo caiu um pouco de ritmo, mesmo porque as alterações deitas pelos dois técnicos desarrumaram mais ainda as formações. O Maranhão substituiu Ferreti por Neto e Riba por Alberto, enquanto que o Moto fez entrar o juvenil Alberto em lugar de Antônio Carlos Maranhense, que saiu contundido.

Atuando na base do contra-ataque, o Moto chegou ao segundo gol aos 8 minutos da fase final. Zé Roberto arrancou pela ponta-direita e driblou fácil ao zagueiro Gonzaga, indo à linha de fundo e cruzando alto, para Antônio Carlos Maranhense fazer de cabeça um belo gol.

O árbitro mineiro Edson Alcântara Amorim, que no jogo passado fez uma brilhante atuação, ontem desmanchou todo o cartaz que deixou, fazendo uma arbitragem muito ruim, notadamente pelas marcações erradas contra o time do Moto. Aos 20 minutos do segundo tempo, ele equivocadamente marcou uma penalidade máxima em favor do Maranhão, numa bola cruzada por Valter da ponta-direita que bateu no zagueiro Hamilton, para protesto da torcida e de todo o quadro motense. Mas Meinha, encarregado da cobrança, chutou mal para Samuel fazer uma importante defesa. Além desse erro imperdoável, o juiz deixou de assinalar duas penalidades máximas claras e indiscutíveis cometidas pela zaga do Maranhão em cima do atacante Cardosinho. 







 

FICHA DO JOGO

Moto Club 2x0 Maranhão
Data:
21/12/1983
Local: Estádio Castelão    
Renda: Cr$ 7.219.800,00
Público: 10.893 pagantes
Juiz: Edson Alcântara Amorim/MG
Bandeirinhas: Renato Rodrigues e Josenil Sousa
Gols: Zé Roberto aos 24 minutos do primeiro tempo; Antônio Carlos Maranhense aos 8 minutos do segundo tempo
Moto Club: Samuel; Bassi, Hamilton, Irineu e Cabrera; Zé Carlos, Lutércio e Antonio Carlos Maranhense (Alberto); Evandro, Zé Roberto e Cardozinho. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Maranhão: Juca Baleia; Mendes, Vavá, Gonzaga e Ferreti (Neto); Tataco, Meinha e Riba (Alberto); Valter, Bacabal e Hélio Rocha. Técnico: Eliéser Ramos

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