domingo, 1 de dezembro de 2024
Comemoração do Sampaio Corrêa pelo título da Série C em 1997
Belo registro da comemoração de torcedores e jogadores com o troféu de campeão do Brasileiro da Série C em 1997. Detalhe para o pouco caso, na época, por parte da CBF com a premiação da competição, com um troféu simples e sem grande ornamentação. Abaixo, deixo o áudio com os gols daquela memorável decisão, diante da Francana, quando o Sampaio venceu por 3 a 1 e conquistou o título de forma invicta:
Baezinho, um lateral à frente do seu tempo
Texto extraído do livro "Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube"
Em Dezembro de 1948, o Fluminense carioca esteve em São Luís para um jogo amistoso no Santa Izabel, contra o Moto Club. Um garoto, com apenas nove anos de idade, resolveu assistir aquela partida: entrou pela cerca do Santa Izabel e viu o Papão do Norte ser derrotado por 2 a 0. O garoto, porém, ficou fascinado pelo ala do time carioca, que já se destacava por cobrar o lateral dentro da área, algo impensável naquele momento em São Luís. O jovem levou essa idéia para as peladas no Largo da Madre Deus, onde, naquele tempo, usavam-se bolas de seringa e de pano. O garoto era o franzino Sebastião Silva, o Baezinho.
De origem humilde no Bairro da Madre Deus (os seus pais eram pescadores e muito pobres), o jovem, que atendia pelo apelido de Tione, passou a infância e boa parte da adolescência batendo bola juntos aos garotos da sua idade (jogava no chamado time de touca). Em uma dessas brincadeiras, completamente entusiasmado com o seu desempenho, gritava para os atacantes que tinham a bola tirada por ele: “Aqui é Baé e ninguém vai passar por mim”, referindo-se ao então zagueiro do Moto Club e porteiro da Fábrica Santa Isabel e que encantava a torcida com as suas saídas perfeitas de bola. Baé deu lugar então a Tione e o garoto foi fazer testes no Flamengo do Monte Castelo, até chegar à Seleção Estadual de Amadores. Logo na primeira partida, ele enfrentou o Moto Club, em um amistoso no Santa Isabel. O jogo seria transmitido pelo rádio. Jafé, quando foi pegar a escalação da Seleção, não teve dúvidas: chamou o franzino cabeça-de-área de Baezinho. Esse encontro acabou empatado em 2 a 2 e o garoto Baezinho foi um dos destaques. O treinador uruguaio Luis Comitante o olhou e pediu a sua contratação por César Aboud junto ao Flamengo. O seu primeiro contrato com o Papão foi assinado na condição de não-amador.
O craque começou a sua carreira no Moto em 1957, aos 18 anos, como centro-médio (atual volante). Comitante, porém, achava-o muito baixo para a posição e o remanejou para a lateral-direita. No começo da sua carreira, Baezinho recebia uma ajuda de custo do rubro-negro, muito importante por completar o ordenado em casa. O jogador ainda não trabalhava e completava os estudos no Colégio Sotero dos Reis. Somente em 1960 foi que ele conciliava a carreira de atleta com os trabalhos na fábrica, como carregador do estoque de algodão. Trabalhava no período da manhã e da tarde, treinando após o final do expediente. Foi bicampeão em 1959 e 1960.
Hoje se fala nesse tipo de lateral, que defende e ataca, mas Baezinho já fazia isso no Moto Club (e com total maestria). Com a sua mudança por Luis Comitante para a ponta-direita, o craque rubro-negro passou a voltar já fazendo a cobertura pelo meio: quando chegava no campo do adversário, cruzava a bola para o outro lado do campo e voltava para apoiar - caso perdesse a bola, ficava difícil fazer a cobertura, pois o adversário poderia lançar a bola nas suas costas. Outra grande característica do jogador era o famoso arremesso lateral que ele colocava na pequena área e, na maioria das vezes, na cabeça dos centroavantes. Muitos gols de Hamilton e Casquinha, por exemplo, nasceram dessas bolas lançadas no tiro de lateral por Baezinho. Após o horário do treino, ele passava a ensaiar as cobranças de lateral com bolas de medicinibol. Quando ia para os jogos, a bola se tornava leve: Baezinho dava uns três a quatro passos para trás e arremessava a bola para a área.
Em 1968 ele fraturou o braço e jogou pouco pelo Papão. Após rescindir com o clube, foi levado, a convite do agora treinador Omena, ao Maranhão, em 1969. Atuando pelo Bode Gregório, Baezinho venceu o seu ex-clube. “Dr. César ficou zangado por não saber que haviam me transferido. Ele dizia que eu era patrimônio do Moto e que o haviam traído”, relembra o jogador, que foi campeão naquele ano pelo Glorioso com a seguinte formação: Da Silva; Baezinho, Carlos, Sansão e Elias; Yomar, Toca e Almir; Euzébio, Jacinto e Dário. No ano seguinte, o bicampeonato, com o MAC reforçado com o goleiro Brito e o centroavante matador Hamilton. Pela equipe do Parque Valério Monteiro, Baezinho foi capitão e titular absoluto.
Baezinho ainda teve uma boa passagem pela Seleção Maranhense, juntamente com autênticos craques, como Laxinha, Hamilton, Garrinchinha, Nabor, Ribeiro, Esmagado e outros. Seus dois maiores orgulhos são ter defendido os clubes por onde passou com muito profissionalismo e, apesar de jogar na defesa, nunca ter sido expulso de campo. Por nunca ter recebido um único cartão vermelho em toda a sua vida (nem como jogador profissional ou como treinador das categorias de base e das escolinhas das quais dirige), o craque já deveria ter sido condecorado com o prêmio Belfort Duarte, título dado pela CBF aos atletas profissionais que nunca receberam um único cartão vermelho. Até hoje no Maranhão existem apenas três atletas que deveriam receber esse prêmio: Negão, Baezinho e Walber Penha.
A carreira do disciplinado atleta foi acabando na década de 1970. Nos primeiro anos ainda chegou a jogar no São José e Vitória do Mar. Esteve no Ferroviário em 1978, mas por pouco tempo. Voltou ao Moto para tomar de conta das categorias de base, a pedido do médico Ibrahim Assub e do radialista Magno Figueiredo. Foram mais de oito títulos nas categorias juvenil e júnior, além de ter revelado craques como Zé Filho Branco e Geraldo (jogaram no futebol da Bélgica), Clayton (naturalizado, jogou a Copa de 1998 pela Seleção da Tunísia), Chita, Zé Filho, dentre outros. Nunca teve uma contusão séria e resolveu parar por conta da idade - ainda hoje Baezinho joga futebol (na lateral-direita, diga-se de passagem) e se cuida bastante, apesar dos seus mais de 70 anos de idade. Pelo tempo no futebol, aprendeu a ser treinador de futebol e sabe dar massagem (quando estava prestes a encerrar profissionalmente no futebol, Baezinho iniciou um curso de enfermagem). Em 2002 foi condecorado com a medalha do Mérito Timbira, pelo Governador do Estado. Por uma carreira cheia de títulos, o jogador Lamenta que os dirigentes não lhe fizeram nem metade do que ele fez aos clubes que eles dirigiram. Isso pouco importa. Baezinho venceu na vida pelo esporte e o seu exemplo de profissionalismo ficará para sempre como modelo a ser seguido pelas futuras gerações.
Ferroviário em 1957
Belíssimo registro do Ferroviário em 1957. Na foto, vemos o eterno goleador Hamilton, o último agachado. Hamilton, naquela ocasião, veio da Tuna Luso Comercial, de Belém, após passagem da equipe paraense por São Luís para uma série de apresentações. Hamilton chegou a peso de ouro no futebol maranhense, comprado pelo presidente Clóvis, do Ferrim. Foi o inicio de uma belíssima história do craque pelo Ferroviário e posteriormente por Moto e Maranhão - no final da carreira, Hamilton ainda disputou algumas partidas pelo profissional São José no Estadual de 1974, em uma passagem apenas discreta.
Futebol maranhense em 1967
VILA NOVA-Apesar de ter ficado de fora do grande Jogo do ano foi aquela partida com o Santos apresentou-se com bom gabarito técnico e ganhou a posição de titular no extraordinário esquadrão do Moto Clube de São Luís.
PAULO-Não tem lá grandes qualidades técnicas mas sabe marcar o seu adversário com seriedade e afirmou-se desde a saida do veterano Baèzinho.
ALZEMAR-Craque da relação do ano de 1966. Portou-se condignamente nos jogos em que foi chamado a intervir e na seleção maranhense que jogou com o Santos e marcando sensacionalmente o famoso jogador Pelé.
ALVIM DA GUIA - Excelente domínio de bola, marcador severo e demonstrando reais qualidades para firmar-se em qualquer equipe do futebol nacional.
CORREIA-O famoso marcador "Carrapato" como é chamado pela torcida motorizado. É um jogador que não tem muitos recursos técnicos mas sabe marcar com precisão o seu adversário e dar os lançamentos à sua linha de ataque.
NELIO-Bem veterano Já, tendo participado de vá rias competições interessa duas e inclusive internacionais, pois chegou a participar de Torneio Nos Estados Unidos. Foi um baluarte no conjunto do Ferroviário Esporte Clube. Tem bons conhecimentos técnicos sendo o craque que melhor se apresentou nas hostes do time da REFESA.
SANTANA-Jovem mela armador que iniciou a sua carreira esportiva no Sporte Clube Desterro, transferindo-se em seguida para o juvenil do Maranhão Atlético Clube posterior- mente ao Sampaio Corréa agora defendo o Moto Clube de São Luis. Craque mesmo na expressão da palavra inclusive sendo apontado como "craque do ano e ainda ficou na vice-liderança dos artilheiros do campeonato que passou. Este jogador deu nova vida quando começou a jogar Clube.
ZEZICO-Chamado o no time principal do Moto clube: durante o campeonato findo atuou em várias posições assim fosse chamado pelo seu treinador e cooperou para o bicampeonato do Moto Clube fazendo uns belos gols. Acreditarmos nós que depois de Ananias é mais antigo do plantel rubro-negro.
GARRINCHINHA-Depois de brilhar em várias equipes do Sul do País, transferiu-se para o Ferroviário Esporte Clube. Deu outro colorido no time da antiga Estrada de Ferro, Com a sua experiência conseguiu levar o Ferroviário no título de vice-campeão maranhense de 67.
PELEZINHO-Craque nascido no simpático bairro do Anil. Começou no Primeiro de Maio defendeu o Vitória do Mar; passou para o Sampaio Corrêa, jogou no Sport Clube do Recife e retornou pro nosso futebol para defender o Moto Clube de São Luis. Não participou de todas partidas que o rubro-negro maranhense realizou no campeonato, isto porque teve o braço direito fraturado quando o campeão maranhense intervinha nos jogos pela Taça Brasil. Mas Pelezinho contribuiu para o bicampeonato do Moto Clube.
RIBAMAR-Foi o mais positivo na posição durante o ano de 67. Começou o ano no Sampaio Corrêa mas logo em seguida ingressou no Moto Clube e com excelentes "gols" contribuiu na grande campanha do bi-campeonato.
O COMANDANTE-O Professor Rinaldi Mala, Diplomado pela Escola Nacional de Educação Física do Brasil. Técnico em Futebol, foi o grande escolhido como o "técnico do ano" de 1967 e consequentemente o treinador da seleção do ano que passou.
Federação comemorou 57 anos de luta pelo nosso esporte
A Liga Maranhense de Esportes, promoveu em 1919, o primeiro campeonato da cidade, que teve o Luso Brasileiro, como campeão. Em 1938 (data que depois será pesquisada) a Liga Maranhense de Esportes, passou a denominação de ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE PORTES ALETICOS (AMEA), promovendo então o campeonato, que foi o primeiro da nova mentora, título conquistado pelo Tupan, que por sinal, foi seu último cétro. Em 1937, o último campeonato promovido pela Liga Maranhense de Esportes, o campeão, foi o Maranhão Atlético Clube. Até 41, a AMEA funcionou com esta denominação. No dia 20 de agosto daquele ano, passou então a chamar-se, Federação Maranhense de Desportos (FMD), tendo como primeiro presidente, o doutor Flávio Bezerra, que depois deixou o cargo, para o Dr. Herminio Bello, que renunciou em favor de Raul Torres, até 46, até a volta do Dr. Flávio Bezerra em 43, ficando até 46 quando assumiu o vice-presidente Ribamar Ferreira, que foi substituído pelo Prof. Luis Rego, em 16 de abril de 47. Foram presidente ainda, o coronel Giordano Rodrigues Mochel, Dr. Luis Magno Portéla Passos, Sr. Wady Nazar, Dr. Nivaldo Macieira, Desembargador Nicolou Dino, Major José Pereira dos Santos, Coronel Eduardo Mote Sr. Raimundo Silva, da Costa Oliveira, Dr. Olliapio Guimarães, e agora, o doutor Antonio Arozo.Foram presidente ainda, da Liga Maranhense e da Associação Maranhense de Esportes Atléticos, o doutor Alarico Nunes Pacheco, Capitão Pinheiro Filho, Saladino Cruz, entre outros.
Com a presença da diretoria da Federação Maranhense de Desportos, dos membros do Tribunal de Justiça Desportiva, de dirigentes do Departamento de Futebol, de alguns clubes da Divisão Mista e de parte da crônica esportiva, foi assina da ontem à noite na sede da Federação, a transferência do terreno na Rua do Alecrim. para a firma Maranhão Imóveis e empreendimentos Ltda., de Mário Lameiras, para construção da sede própria da Federação Maranhense de 'do Desportos, prédio que terá três andares, sendo que o térreo pertencerá única mente à entidade, e dois outros, aquela firma construtora, com a mentora regional, não gastando quase nada, para ter seu patrimônio, em grande vitória da administração do doutor Olimpio Guimarães. Inicialmente, João Canelo Carvalho, do Cartório Tabelião, dr, Celso Coutinho, foi a leitura da documentação, quando em seguida, assinou a mesma, em companhia de doutor Olimpio Guimarães do senhor Mário Lameiras, Além destes três, usaram da palavra, o doutor Pedro Mornes, pelo TJD, o doutor José Pereira dos Santos, pelos clubes da Divisão Mata, ali representantes por Ferroviário, Moto, Vitória do Mar, e doutor Olivia Viana.
Agora, a firma construtora vai movimentar as documentação, pelos órgãos competentes, parado das obras, pois a desejo do doutor Olímpio Guimarães é deixar a Federação sua sede concluída, merecendo os aplausos gerais, pelo multo que vem fazendo em prol do futebol maranhense.
Prova Jorge Féres - lamentável morte de um motociclista (texto)
Texto extraído do jornal Pacotilha/O Globo, de 18 de maio de 1953
Realizou-se ontem às 9:20 nesta capital a sensacional prova de motociclismo denominada “Jorge Feres” Da qual participaram elementos do departamento motorizado do moto clube de São Luís em número de 25.
Toda a cidade assistiu emocionada a grande corrida que teve seu percurso da praça João Lisboa à base aérea do tirirical e vice-versa.
Pelotões do exército e do P.M.E. E guardas de trânsito foram colocados em toda a extensão da pista. A praça João Lisboa fez se ouvir a banda de música da PME Gentilmente cedida aos promotores da prova pelo cel. Benedito Freitas Diniz. Dentre outras autoridades colaboraram com o departamento motorizado do moto clube o major Giordano Mochel comandante do 24 BC presidente da F.M.D. Dr. Durval Paraíso, inspetor de trânsito candidato Chagas sub inspetor de trânsito tenente Abílio Costa da PME dr. Rui Mesquita, diretor do DRF; tenente José dias de Carvalho Comadante da Guarda civil Manuel Fonseca chefe de tráfego dos SAELTPA os senhores Alberto Aboud, Jorge Morais, Rego, Newton, pavão, João Moncherek, Simão Félix, dr. Luiz Passos, dr. José Geria, Irineu Pereira, presidente Do sindicato dos chofeures, Jornalistas Vilela de Abrel, Nonato Masson, Costa Araújo e Benito Neiva, Murilo César e Abraão S. Filho, Que transmitiram a prova através da rádio Timbira enfermeiro Cassiano, Nilo Ramos, além de grande número de choferes profissionais.
O serviço de alto. Falantes Moacir Neves, os três automóveis da empresa De sorteios ltda, A camionetes dos senhores Walter Fontourae Nagib Feres e todos os carros da política civil, Cooperando vale aos amente nos serviços de fiscalização da pista e transporte de policiais para os pontos de sinalização quando registrou se triste e lamentável acidente, nas proximidades do Galpão Municipal, momento em que o corredor Benedito Santos, sócio da firma Manoel Fernandes e Cis, chocou a contra um automóvel Austin, que se encontrara estacionado naquele local. Benedito Santos, desenvolvia uns 600 quilômetros horários, horário aproximadamente, de parelha com corretos Lourival Santos, "Fuzil". Ganhou distância do seu adversário e na curva, ao pressentir o perigo tentou frear sua máquina, BSA, sendo infeliz na manobra, verificando o impacto fatal. A motocicleta engavetou na traseira do Austin, sendo Benedito Santos projetado por cima do automóvel, estatelando se no solo, tendo morte instantânea.
Nesse momento o motocicleta "Fuzil” abandonou o páreo e justamente, com o senhor, funcionário do DCT, socorreu o inditoso companheiro transportando-o para o pronto socorro, onde uma turma de médicos, inclusive o Otávio Passos, prefeito da capital, já se encontrava provando socorrer as outras vítimas que se encontravam naquele hospital: leda Cunha Almeida, 10 anos, branca, residente e rua José Bonifario; Virgilio Matos Filho, 12 anos, moreno, estudante: Dirton Matos, 9 anos, estudante, moreno que sofreu fratura da base do crânio, ao ser atingido por uma motocicleta, no canto da Vila Panos: Raimundo Matos Mello, 20 anos, solteiro, pardo; Rosidin Araújo, 43 anos, que pilotava uma Harley Davidson, no páreo de 750 cc. da prova e Belarmino quina Douglas no páreo de Gomes, que pilotava uma ma. 500 cc.
Todas as vítimas, exceto Benedito Santes e Dirton Matoi, este faleceu às 13 horas 15 minutos de ontem, no HPS, sofrendo contusões e escoriações generalizadas, retirando para sua residência, fora de perigo.
SEPULTAMENTO - Benedito Santos residia & rua da Carioca, no bairro de Monte Castelo e deixe viuva a sra Santos 6 filhos. Seu enterramento verificou-se ás 9 horas de manhã de hoje, com acompanhamento de motocicletas, choferes, elementos da Imprensa e grande número de pessoas.
BANDO PRECATÓRIO - as termino da prova de ontem foi organizado um bande precatório, na praça João Lisboa, sendo recolhidos Cr 2.900,00, os quais foram entregues, ontem à tarde, a viúva de inditoso Benedito Santos.
CAUSAS DO DESASTRE COM BENEDITO SANTOS - segundo declarou a reportagem o dr. Durval Paraiso, inspetor estadual de trânsito, motivou o desastre em que perdeu a vida o motociclista Benedito Santos, a imprudência do sr. William Morais Rêgo, o qual desobedecendo a ordem que lhe fora dada pelo guarda conhecido por "Piloto" estacionou o Austin, na curva fatídica. O guarda "Piloto” declarou que advertiu o sr. William Morais Rego, mandando que o mesmo colocasse o seu carro, fora da pista, quando do rumo da Caixa Dagua, tendo aquele senhor manobrado o seu veículo, colocando-o mais adiante, não cumprindo a determinação de guarda.
SOLICITARÃO ABERTURA DE INQUÉRITO - segundo apuramos, elementos de Departamento Motorizado da Moto Clube já se articularam com o dr Mario Santos no propósito de mover uma ação contra o sr. William Morais R. Brandão, afim de que o mesmo indenize a vida do malogrado motociclista, bem como solicitarão abertura de inquérito policial afim de apurar as responsabilidades no desastre.
O DESASTRE COM DIRTON MATOS - na curva em frente da entrada da Vila Passos, inesperadamente, e corredor Raimundo Nonato Alves perdeu o equilíbrio atirando se para o lado do canteiro, da Avenida, quanto a sua máquina, uma B SA, chocou se contra os dois garotos, Virgilio e Dirton Matos, choque do qual resultou este último morrer.
O sepultamento de Dirton realizou-se na manhã de hoje.
FALA O SR. MORAIS REGO - esteve hoje, em nossa redação, o Sr. William Morais Régo Brandão, proprietário de automóvel que se achava estacionado em frente à casa residência do des. Acrizio Rebelo, na ocasião em que se verificou o desastre que equacionou a morte do motociclista Benedito Santos, o qual prestou-nos as seguintes declarações: "Absolutamente, nenhum guarda pediu-nos para retirar carro do local estava estacionado. O que houve foi o seguinte: quando passávamos em frente a Caixa d'Agua, o guarda "Piloto", estranhou que o guarda de serviço no Canto da Viração nos tivesse dado passagem, só que lhe explicamos que iriamos estacional, automóvel em frente á residencial do des. Acrisio Rebelo.
Conforme o Roteiro da prova, publicado pelo vespertino "Pacotilia — O GLOBO", em sua edição de sábado último, um local onde verificou-se o desastre não estava incluído referido no Roteiro".
O CASO DO ROTEIRO - em suas edições anteriores, e vespertino "Pacotilla — GLOBO publicou o roteiro da prova tendo o local onde se verificou o desastre com Benedito Santos, incluído no mesmo. Em virtude, porem, do desastre ocorrido, sábado pela manhã, próximo ao Galpão Municipal, motivado por uma vala ali existente, o Sr . Jorge Morais Rêgo, chefe do Departamento Motorizado do Moto Club, em companhia dos motociclistas Edson Brawn de Araújo Ernani Cavalcanti, se articularam com Inspetor de Transito e estiveram em nossa redação, juntamente com este, solicitando que publicássemos o novo roteiro determinado, sendo que os corredores desceriam pele rua do Passeio e Caminho da Boiada, para evitar a vala mencionada acima.
A tarde, porém, ja se encontrando fechada a vala, os dirigentes do Departamento Motorizado de Moto Clube deliberaram usar a pista demarcada anteriormente, cientificando fato no Inspetor de Trânsito no qual colocou inúmeros guardas naquele trecho afim de fazer policiamento necessário, tendo desde as 7 horas da manhã , o Serviço de alto falantes volantes percorrendo toda a pista, várias vezes, avisando transeuntes e motoristas acerca dos locais por onde passaria correndo.
sábado, 30 de novembro de 2024
Toninho Cerezo veste a camisa do Imperatriz (1982)
Dos arquivos do historiador e ex-árbitro aspirante a FIFA Jackson Pereira Silveira: "Atendendo a meu convite Toninho Cerezo veio a Imperatriz para um jogo apresentação e de quebra trouxe o também jogador Reinado, pela segunda vez a Imperatriz. Partida essa que aconteceu em 1982 entre a Seleção de Imperatriz (LID) e o combinado dos times do Imperatriz e Tocantins (TOCANTRIZ) cujo árbitro foi José Francisco dos Santos (Boquinha) e o técnico da Seleção LID foi o Sr. Brás, com o placar de 3 para a seleção e 2 para o combinado. E Jackson acrescentou: "Brandão, Cerezo e Reinaldo só jogaram um tempo". Na foto aparece um outro ícone do futebol amador de Imperatriz, Toinho Bareta.
Moto Club campeão maranhense de 1950
Matéria extraída do Jornal do Dia, de 08 de janeiro de 1951:
O moto Club de São Luís levantou mais uma vez o campeonato de nossa cidade, sendo o primeiro clube em todo o continente a levantar 7 vezes consecutivas o título máximo do esporte bretão de uma localidade. Grande foi o público que se deslocou para o estádio Santa Isabel para assistir o superclássico sob o apito do renomado juiz da F.M.F Ivan Capelleti demonstrando na renda que atingiu a marca de Cr$ 25.138,00, Batendo o recorde do presente campeonato.
A partida em si agradou plenamente de vez que foi disputada palmo a palmo pelos 22 integrantes que procuravam a Vitória para as suas coroas, No que foram coroados de êxitos, Os 11 motorizados pelo placar de 3 a 1, Numa Vitória para as suas cores, alcançando o título de heptacampeão havendo o Sampaio perdido horrorosamente e com lealdade absoluta.
Foi iniciada a partida às 16, 55 horas cabendo a saída aos rubros negros que fizeram o primeiro ataque por intermédio de Batistão, que centrou para Pinheirense finalizar sendo a pelota rebatida por Serejo, que a devolveu aos seus. O Sampaio ataca por intermédio de Alfredinho, passando para Estanslau, E este de primeira passa para o Tidão, que chuta sem direção indo à bola perder-se pela linha de fundo. Voltam os motenses a carga
Sem nada conseguindo de produtivo passando o Sampaio a ter Franco domínio sobre o seu antagonista e fazendo com que a defesa motorizada se desdobrasse. A fim de que não fosse aberta a contagem, principalmente Rui, que fez espetaculares defesas.
Aos 10 minutos de luta passa o moto a jogar melhor coordenando o seu ataque quando aos 13 minutos Galego dá um passe a Hênio, E este como era assediado por Arnaldo devolve a esfera a Galego que de primeira a tirar a frente para o mesmo Hênio, Que na Carreira atira indefensavelmente contra a meta sampaiana Confiada a hélio marcando o primeiro gol da tarde para as suas cores.
Nesta altura o Sampaio procura reagir encontrando resistência no moto que pressiona fortemente sem nada consegui de produtivo.
Os dianteiros sampaianos com um ou outro ataque isolado procura vão empatar não o conseguindo devido ao goleiro Rui que estava vigilante e fazendo uma grande partida. Num desses ataques quando o cronógrafo marcava exatamente 18 minutos Alfredinho deslocando-se para a esquerda depois de venci Mourão atirou fortemente contra a cidadela motorizada e quando a maior parte da assistência contava com o gol certo Rui numa magnífica defesa atira a bola para escanteio. Henrique cobra o escanteio sendo rechaçado pela defesa motense indo a bola aos dianteiros que procuravam consolidar a Vitória com mais um gol.
Quase ao término do primeiro tempo dengoso perdeu uma ótima oportunidade de aumentar a contagem depois de uma série de passes dentro da área.
Entrevista com o goleiro Bacabal
Entrevista extraída do jornal O Estado do Maranhão:
Raimundo Nonato Mato de Abreu, 59 anos, casado, uma família para criar, agente arrecadador do Governa Estadual, morador da Rua São Cristóvão, no bairro de Santa Cruz, é nada mais nada menos que o famoso Bacabal, goleiro dos melhores que já atuaram no futebol maranhense.
Apesar da pequena estatura para os modernos padrões de futebol (1,65m de altura de Bacabal), ele já foi inclusive titular de selecionado maranhense por alguns belos anos em que só os momentos bons vividos com os companheiros dentro de campo valiam.
Hoje, pouco ligado ao futebol apesar de ser um filho jogando de centroavante no Maranhão Atlético Clube, Ваcabal diz não sentir mais a mínima vontade de ver o futebol maranhense, principalmente pelas constantes crises que atravessa. Acha-o muita desorganizado, com os dirigentes escolhendo sempre tirar o máximo em proveito próprio, se preocupar que destrói, aos poucos, a sua fome substancial de existência.
Funcionário ativo da Secretaria da Fazenda, Bacabal tem algumas mágoas das etéricas que sofria, por isso preocupou dissuadir o filho de ser goleiro como ele (garante que se era melhor goleiro que centroavante) porque "todo mundo só quer ver a careira do miserável". Entre os melhores goleiros do seu tempo, Bacabal citou Harry Carey - para ele um goleiro de circo -, Walber Venha, Nadinho, Joselias.
Perguntado sobre atual estágio do futebol maranhense, ele respondeu que o futebol maranhense "sempre teve crises, mas a de agora dificilmente vai ser superada porque os defeitos estão nas pessoas que a fazem. É uma questão de mudar os homens", completa.
Não acredita muito nos treinadores de goleiros por que não são professores de nada, e agarrar no gol só pode enganar quem já esteve debaixo daqueles paus, mas como pretende que no futebol de hoje ele é uma figura necessária. Lamenta profundamente o abandono a que os dirigentes submetem as categorias inferiores e diz que nos é a maior prova de que seus dirigentes não fazem a mínima questão de superar a crise.
Pessoa extremamente simples, Raimundo Nonato Matos de Abreu, o Bacabal, nos recebeu com um carinho enorme, apresentou-nos a toda a família e, numa forma de elogio e agradecimento, ele pediu para trazer sempre o melhor pelo futebol para ajudá-lo a sair da crise que foi mergulhado. Um abraço velho Race.
O ESTADO: Por que o apelido de Bacabal?
Bacabal: É porque eu nasci na cidade de Bacabal, no interior do Maranhão.
O ESTADO: Você quando veio para São Luís, veio contratado on, como muitos, velo tentar a sorte?
Bacabal: Eu jogava pela Seleção de Bacabal no Intermunicipal. E jogando aqui em São Luís, na fase decisiva, contra Vitória do Mearim, Pedreiras e São Bento. Chegamos a perder todos os jogos e num deles eu tomei seis gols. Mas graças a Deus eu me destaquei e fui convidado para vir embora para São Luis, Na época existia o Santa Isabel, um clube paralelo ao Moto Clube. Eu fiquei no Santa Isabel, mas como ainda tinha pouca idade, pude ser aproveitado pelo juvenil do Moto. Foi então que eu fui para o Moto. Voltei para o Santa Isabel e em seguida fui emprestado ao Onze Amigos, de onde, depois de conseguir uma boa projeção, voltei para o Moto e encontrei o Walber Penha e o Ruy, um paraense que depois foi embora para o Ceará. Foi então que o Moto estava dispensando alguns jogadores e eu fiquei só com o Walber Penta, que na época era o titular do Moto Clube. Ai, do aspirante eu fui promovido ao quadro titular.
O ESTADO: E isso foi em que ano?
Bacabal: Foi por volta de 1950 ου 1951.
O ESTADO: Quanto tempo você jogou no Moto e a partir de que ano você passou a titular?
Bacabal: Nós fizemos uma longa excursão pelos estados nordestinos. Jogamos em Natal. Mossoró, João Pessoa, Maceió, Fortaleza e Recife. O Ruy tinha deixado o Moto eu e o Walber Penha que ainda era o titular. Num jogo em Recife o Walber Penha se contundiu, eu entrei e joguei toda a excursão. Foram 29 dias excursionando. Quando regressamos a São Luís estava sendo preparada a seleção de amadores e me chamaram. Nós eliminamos o Pará co Piauí e nos tornamos campeões do Norte e partimos para o Rio de Janeiro para enfrentar os cariocas. Lá tomamos a primeira de 6 x 0 e a última de 9 x 1. Quando voltamos a São Luis, eu, Merci, Cosme e canhotinha fomos contratados pelo América de Fortaleza.
O ESTADO: Quer dizer, do, Moto você pulou para o América de Fortaleza, um grande clube, principalmente hoje, que tem um belo patrimônio. Lá você encontrou um excelente goleiro de nome Maciel. O que aconteceu a partir daí? Houve uma disputa pela posição? Como foi isso?
Bacabal: O Maciel jogou no América de pois de mim. Quando eu cheguei em Fortaleza, em 1952, o goleiro do América era o Rodrigues, conhecido como "Rodrigão". O América tinha um grande time. Em Fortaleza, nessa época, jogavam grandes goleiros, como o Zé Dias, o Ivan Roriz, o Jairo, o Aluísio. Eu estreei contra o Calouros do Ar e o time era: Bacabal, Menezes, Geraldo, Merci e Coroado; Pacatuba. Dorian e Pedro; Cosme, Zeca e Esquerdinha. Chegamos a ser vice-campeões.
O ESTADO: O Zeca nós conhecíamos. Era sem dúvida um excelente jogador de futebol, com um estilo parecidíssimo com o Ananias. Vocês foram campeões juntos, по América?
Bacabal: E o Zeca era um craque. Nós fomos vice-campeões. Perdemos na final para o Fortaleza, que tinha jogadores do quilate de Vareta, Piolho, Aluísio, Veras, Sapenha. O Ceará também tinha um grande time, onde despontavam Pipiu e Damasceno. Como fomos vice-campeões, fomos disputar um pentagonal em Salvador. O América foi destaque e cu joguei muito bem. Quando chegamos de volta a Fortaleza eu fui negociado com o Botafogo da Bahia, onde joguei de 1952 a 1957.
O ESTADO: Isso pelo Botafogo da Bahia..
Bacabal: E, pelo Botafogo da Bahia. O meu time de origem era o Botafogo da Bahia, mas eu joguei pelo Vitória numa excursão por Recife, Caruaru, Campina Grande. Também joguei pelo Bahia e seleção baiana, junto com o Joselias e o Nadinho, sendo que o titular era o Joselias. Pelo Botafogo eu fui vice-campeão, disputando a final com o Bahia. Em 1953 cu disputei o torneio Bahia-Pernambuco, Casei na Bahia e constituí família. Morava na cidade baixa. Foi então que o Moto me convidou para voltar e eu aceitei, pois além de ganhar bem eu iria jogar na minha terra e num bom time. De 1957 até 1968 eu joguei aqui no Moto e como titular.
O ESTADO: Mas foi aqui que você encerrou a carreira. Era hora de parar ou você sentia que ainda dava para jogar?
Bacabal: Eu vim para o Moto em plena forma. Eu tinha trinta ou trinta e um anos e estava no auge da forma técnica e física. Quando eu saí do Botafogo ainda faltavam oito meses para acabar o meu contrato e ainda havia interesse do Botafogo na renovação. Havia até uma garantia de emprego. Eu deveria me apresentar para um emprego no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Foi o que fiz. Quando voltei para Salvador havia um western no hotel, convidando para eu voltar ao Moto. Eu sempre fazia meus contratos com uma cláusula.
O ESTADO: Houve algum momento em que você tivesse pensado em largar tudo e ir embora?
Bacabal: Claro que houve. A crítica às vezes é destrutiva. Já pensou a gente ver companheiros atacantes perderem gols feitos, driblar todo o time adversário e chutar para fora e a crítica dizer que foi por infelicidade. Agora se a gente toma um gol, é culpado da derrota...pois foi nessas horas que eu pensei em largar tudo e ir embora. Já pensou, você sair na rua e ficar pensando que todo mundo vai te agredir? Pois eu passei noites em claro, pensando nisso. Só quem perde jogo é goleiro e treinador., já aconteceu uma vez comigo, quando o Moto Clube ganhava de 2 x 1 do Sampaio e fomos expulsos eu, o Casquinha, o Louro e o Calado. Me culparam da derrota. O Sampaio venceu por 4 x 2.
O ESTADO: Goleiro defende pênalti?
Bacabal: Não, o cobrador é quem perde. Goleiro nenhum defende pênalti. São 7 metros por 2,44 de altura e o mais que o goleiro, com os dois braços abertos consegue impedir, é apenas um metro. Sobram seis. É muito difícil para o goleiro e fácil para o cobrador. Às vezes o miserável do goleiro fica ali sozinho para tentar corrigir um erro que nem sempre é dele. O cobrador dá uma porrada e ainda tem gente que acha que o goleiro foi mole, que se fizesse isso ou aquilo defenderia o pênalti. Vai lá Tentar pegar.
O ESTADO: Durante sua vida esportiva você fez bons contratos?
Bacabal: Para a época sim. Mas para o dinheiro de hoje eles não valiam nada.
O ESTADO: Os jogadores de antigamente que não nasceram em berço de ouro, mas que ganharam algum dinheiro, por que estão em dificuldades?
Bacabal: Quando eu percebi que estava chegando a hora de parar, arranjei um emprego no Estado. Naquele tempo a gente usava até uniforme. Era a Guarda Portuária. Quando eu saía de campo, muitas vezes vinha terminar o plantão. As mesmas condições foram oferecidas para outros por políticos que tinham muita influência. Alguns não quiseram e diziam que não queriam porque terminariam o jogo muito cansados e não teriam condições de trabalhar. Alguns reclamavam muito das condições do trabalho e resolveram não aceitar. Eu aceitei e hoje ele está me servindo muito. Tenho uma faixa salarial de aproximadamente Cz$ 160.000,00 e só não vivo melhor porque a família é grande.
O ESTADO: E hoje, qual é a sua ligação com o futebol?
Bacabal: Eu estive durante 23 anos envolvido com o futebol e hoje não tenho mais ânimo para ir aos estádios, por isso só vejo jogos pela televisão. Faz três anos que não vou ao futebol. Mas não quero mais nenhuma ligação direta com o futebol.
O ESTADO: E o seu filho que hoje é centroavante do Maranhão Atlético Clube, seguiu os seus conselhos futebolísticos ou se rebelou e fez o que quis?
Bacabal: Eu acho que ele só tem a me agradecer pelo que eu fiz por ele. O que ele é hoje em dia, um grande artilheiro, deve agradecer a mim, pois ele queria ser goleiro e eu sempre fui contra. Sempre o orientei muito para ele nunca se meter com curriolas. Sempre fiz ver a ele que a imprensa merece todo respeito, mas que a gente não deve se impressionar muito com os elogios dela. Tem gente que recebe um elogio da imprensa hoje e amanhã vira a gola da camisa e sai achando que é o dono do mundo ou que é algum Pelé. A crítica é sempre construtiva, mas o jogador fica todo cheio de dedos e no jogo seguinte não joga nada. Eu sempre o aconselhei a não ouvir rádio ou ler jornais até dois dias depois do jogo. Ele começou jogando no gol. Foi então que eu o fiz mudar de ideia, dizendo-lhe que a posição é muito ingrata e que o goleiro é um miserável incompreendido. Onde o goleiro pisa, nem capim nasce. O atacante perde gols incríveis, mas o goleiro, se toma um gol que alguém considera fácil, é o fim do mundo. Até uma vez que o adverti definitivamente. Cheguei num treino e ele estava agarrando no gol (é um ótimo goleiro) eu o chamei e disse: "Se você quer jogar futebol, pare com esse negócio de pegar no gol. Se for para pegar no gol você vai ter que parar". Ele, vendo que eu falava sério, passou a treinar em outra posição. Foi quando o Calazans assumiu no São José e eu pedi para ele ser testado em outra posição. Ele entrou de centroavante e marcou cinco gols. Está lá até hoje. Você pode ver que tem 100 mil pessoas no estádio, mas quando um jogador está com a bola, só ele joga, fica à vontade, pois o público só vê defeitos no miserável do goleiro. Todos ficam torcendo por uma falha do goleiro, esperando por ela, torcendo para que o goleiro se dane. O infeliz joga bem durante oitenta e nove minutos e se no minuto seguinte falhar e tomar um gol, a culpa de tudo, e principalmente se perder o jogo, é toda dele. Mesmo que ele tenha feito milagres nos 89 minutos anteriores.
Entrevista como craque Alzimar Castro
Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão:
Alzimar Castro Alves, 42 anos, maranhense, bastante jovem para estar fora do futebol, há mais de dez anos. Depois de ter iniciado sua brilhante e vitoriosa carreira no clube de eu coração, o Moto Clube, foi obriga- do pelas circunstâncias e vários problemas pessoais a curtir na Justiça Desportiva, ganhar passe livre e partir para a consagração como um dos maiores zagueiros já surgidos no futebol maranhense, no extinto Ferroviário.
Hoje, funcionário da RFFSA-Rede Ferroviária Federal S/A., onde é maquinista, lotado no Tirirical, Alzimar sente se um pouco decepcionado com o atual estágio do futebol maranhense, principalmente no que diz respeito à organização por parte dos clubes.
Titular de quase todas as seleções maranhenses que foram formadas na década de 60, Alzimar Castro Alves mata as insustentáveis saudades do futebol jogando suas peladinhas na Praia do Olho d'Agua. Porém, uma das grandes alegrias de Alzimar está na esperança que tem de ver seu nome de excelente zagueiro mantido pelo filho Roberto, 18 anos, quase 1.80m de muita saúde e disposição, e com um futebol que, segundo o próprio Alzimar. vai dar muito o que falar.
Adepto da refinada técnica do futebol, ao mesmo tempo em que foi uma barreira quase que intransponível, Alzimar era também um zagueiro muito clássico e, às vezes, muito viril. Mas sabia perfeitamente a hora de ser umą coisa ou outra. Fã incondicional de Andrade, jogador da Seleção Brasileira e atualmente no Roma da Itália, Alzimar aproveitou para elogiar o inesquecível Ananias, o zagueiro Alvim da Guia, o meio-campista Laxinba e o atacante Hamilton, considerado um dos maiores jogadores de todas as épocas no Maranhão, senão o major. Alzimar, mesmo reconhecendo a inquestionável categoria de Hamilton, diz que foi um enorme prazer jogar ao lado do excepcional atacante, mas lembra, também, que quando foi forçado pelas circunstâncias a jogar contra tanto perdeu como ganhou.
Batemos esse papo e transcrevemos para você:
O ESTADO: Repetindo pergunta que tem sido chave para todos, quando e em qual clube você iniciou sua carreira?
Alzimar: Eu comecei no juvenil do Moto Clube, em 1962. Nós morávamos ali no Canto da Fabril e eu tive muita influência pelo fato de o campo do Santa Isabel ficar praticamente na porta da minha casa. Não daria para ser outra coisa antes de ser jogador. Por isso eu preferi ir para o Moto Clube, pois havia uma grande simpatia e afinidade com quase todos os jogadores daquela época Dai eu resolvi, também, ingressar no Moto que, naquela época era uma verdadeira potência. Um verdadeiro "Papão" de títulos.
O ESTADO: Você começou de zagueiro mesmo ou em outra posição?
Alzimar: Eu comecei e ter minei de zagueiro central. Foi ali que tive as minhas maiores alegrias como jogador de futebol. O time juvenil era muito bom e um excelente conjunto. Depois subi para os profissionais, onde joguei vários anos.
O ESTADO: Você chegou a jogar no campo do Fabril (Santa Isabel) ou já é da época do Nhozinho Santos?
Alzimar: Eu já sou da época do municipal, mas não posso esquecer aquele estadinho maravilhoso, onde eu ensaio os meus primeiros chutes. Só de lembrar, me da uma vontade louca de voltar a jogar futebol.
O ESTADO: Você lembra o dia da sua estrila como profissional, contra quem e o time quer jogos?
Alzimar: Eu joguei no time profissional contra o Maranhão. Eu ainda era amador, mas naquele dia tinha que jogar. Foi no campeonato de 1965. O treinador do Moto era o Alfredo Pereira e nos vencemos por 3 x 2. O Moto estava atravessando mais uma de suas várias crises administrativas. Se a memória não me falha, o time foi: Vila Nova, Baezinho, Alvim da Guia e Edmilson, Ronaldo, Ananias e Laxinha, Zezico, Hamilton e Jocimar.
O ESTADO: Então você chegou a jogar com o Ananias? Então o Ananias foi uma legenda que atravessou várias gerações no futebol nordestina. Como foi para você, jovem, recém saído do juvenil, jogar ao lado de um jogador famoso e experiente?
Alzimar: Ananias foi, sem duvida alguma, um dos maiores jogadores do Nordeste, dono de uma refinada técnica e de uma experiência inigualável. Sabia onde a bola deveria estar, como ela deveria chegar nos pés do companheiro que recebia o passe. Era um maestro, comandava real mente o time. Hoje a gente não se ver mais esse tipo de jogador. Jogar do lado dele foi muito gratificante para mim, pois aprendi bastante com ele.
O ESTADO: Quer dizer que você jogos em todos os selecionados maranhenses? Então você jogava muita bola mesma...
Alzimar: Eu jogava sim. Jogava muita bola, tem modéstia alguma. Sempre fui desta que do time.
O ESTADO: E o companheiro de zaga, na seleção maranhense, era sempre o Omena?
Alzimar: Não. Eu joguei sempre com o Alvim da Guia e depois com o Geraldo. Quando eu iniciei Omena já havia parado
O ESTADO: E Decadela, você chegou a jogar as lado dele?
Alzimar: Não. Quando eu comecei a jogar na equipe profissional, o Decadela já estava parando. Mas me lembro sim que jogamos juntos pelo menos duas partidas. No aspirante, aliás.
O ESTADO: E depois do Moto, você teve uma bela passagem pelo selecionado maranhense, não foi?
Alzimar: No selecionado maranhense, pelo menos enquanto eu joguei futebol, todos os se lecionados maranhenses que foram formados eu joguei, e como titular.
O ESTADO: Segundo um dos nossos entrevistados, Gojoba, essa seleção chegou a ser chamada de "Espantalho de Nordeste"?
Alzimar: Não. Essa seleção que o Gojoba se referiu, eu ainda vi joga jogar, mas eu estava nas arquibancadas, torcendo. Houve até uma derrota inexplicável, no Ceará, parece que por problema de arbitragem...
O ESTADO: E Hamilton? Você jogou contra ou do lado de Hamilton?
Alzimar: Bem, eu tive o prazer de jogar ao lado de Hamilton e depois, infelizmente, joguei contra. Mas joguei muito mais a favor, o que para nós era uma garantia. Hamilton em campo era garantia de espetáculo, de futebol Inteligente e bonito e o que é mais importante, sem violência.
O ESTADO: Você então jogou contra e a favor. Como era jogar contra?
Alzimar: Olha, não era fácil jogar contra, sinceramente. O homem jogava demais, mas entre nós predominava a cordialidade. Até porque, no futebol, Hamilton não tinha inimigos, mas sim adversários. Era muito difícil marcar o Hamilton, porque, inteligente como cia era (e ainda é). procurava sempre se desmarcar e receber a bola sozinho. Se ele do minasse a bola sozinho, faria um verdadeiro salseiro na defesa adversária.
O ESTADO: E do Moto você foi para e Ferroviário. Qual foi o real motivo da sua ida para o Ferroviário?
Alzimar: Bem, houve um problema muito serio. Naquela tempo o futebol maranhense atravessava uma grave crise co Moto foi um dos principais atingidos. Quase todos os jogadores do Moto foram atingidos, mas eu, especialmente, fui um dos mais atingidos. Não houve outro jeito a não ser recorrer à Justiça.
O ESTADO: E no seu tempo quem era grande jogador?
Alzimar: Olha parece até pretensão, mas eram tantos o grandes jogadores que fica difícil citar apenas um. Mas eu posso citar nomes que todos concordarão: Carlos Alberto, Santana, Djalma, João Bala, Hamilton, todos jogadores de alta técnica,
como não se vê hoje.
O ESTADO: Quem era mais difícil de marcar, Fernando, Croinha, Marcos do Boi?
Alzimar: Eram todos grandes jogadores, mas o único jogador difícil de marcar, aqui no Maranhão, foi o Hamilton.
O ESTADO: Cite os grandes jogadores do futebol brasileiro hoje?
Alzimar: Cito alguns excelentes: Andrade, Romário, Renato, Bebeto, Geovani, São tantos O que falta no futebol do Brasil não é jogador, é organização.
O ESTADO: Alguma saudade do grito da torcida? Aquela torcida que fica ali fungando no teu cangote?
Alzimar: Olha, durante algum tempo o futebol para mim foi praticamente tudo, por isso a saudade é muito grande e, se eu pudesse recomeçar, certamente faria tudo o que fiz, novamente, porque tenho certeza que sempre procurei dar o melhor de mim. Tenho muita saudade porque eu jogava profissionalmente, mas também jogava por amor, não somente ao clube, mas também ao futebol.
O ESTADO: Você gostaria de ter jogado no Sampaio?
Alzimar: Antes de jogar no Moto eu torcia pelo Moto mas tinha torcido pelo Sampaio. Ainda chegues a jogar algumas parti das pelo Sampaio, me parece que no juvenil, ao lado de craques como Gojoba Profissionalmente, sinceramente como eu gostaria de ter jogado no Sampaio.
O ESTADO: Na sua opinião, qual é o grande jogador de hoje?
Alzimar: Entre todos os que estão jogando atualmente, eu destacaria o Raimundinho. É um grande jogador e que eu conheço desde garoto. Muito técnico, muito habilidoso e que sabe tocar a bola.
O ESTADO: Dizem que o jogador com passe livre, normal, mente, não é grande jogador. Quer dizer, o clube não se interessa muito por ele. Você concorda com isso?
Alzimar: Bom, isso depende muito do ponto de vista de cada um. Porque existem muitos que ganham passe livre e jogam muito e alguns que têm passe preso e não jogam nada. Vejamos por exemplo, o Andrade. Quem é que diz que o Andrade não joga nada? Quem tem dúvidas da qualidade do futebol dele? E recente mente recebeu passe livre e assinou um contrato milionário com o Roma. Agora, na minha forma de entender, o jogador com passe livre e bom de futebol tem mais liberdade para escolher as melhores propostas e os melhores clubes.
O ESTADO: O primeiro jogador brasileiro a conseguir o passe livre, principalmente depois da nova legislação, parece ter si do a Afonsinho, ex-jogador do Botafogo e que depois teve muitos problemas para fazer novos contratos
Alzimar: O meu caso for diferente. O Moto estava me de vendo muito e eu não tinha mais condições de esperar, porque tinha uma família para sustentar. O jogador maranhense está sempre dependendo de dinheiro. Ele e pobre e tem uma família para manter. Eu pensei exclusivamente da família, dei entrada na Justiça e ganhei passe livre. Foi então que fui à luta à procura de novos rumos Felizmente fiz um bom contrato com o Ferroviário.
O ESTADO: Mesmo as sim, você chegou a fazer quantos contratos com o Moto Clube? Você jogou quantos anos no Moto?
Alzimar: Como juvenil, eu inicies no Moto, Como profissional eu cheguei a jogar cinco anos. Inclusive fui tricampeão (66, 67 e 68) pelo Moto.
O ESTADO: E depois você ingressou no Ferroviário. O seu desempenho no Ferroviário foi melhor que no Moto?
Alzimar: Na época houve are muita polêmica. Quando eu ainda não havia assinado contrato com o Ferroviário, muitas pessoas diziam que o Ferroviário era um cemitério de jogador e que não deveria ir para lá. Mas eu acreditava em mim e me dei mui to bem. Acho até mesmo que o meu desempenho no Ferroviário, se não foi muito melhor que no Moto, pelo menos eu posso dizer que foi igual. Inferior nunca. melhor em campo.
O ESTADO: E hoje, qual a sua ligação com o futebol do Maranhão? Você tem algum filho que jogue futebol? É bom de bola? Como você acha que deve orientá-lo para o futebol?
Alzimar: Tenho o Roberto, que tem 18 anos. Segundo comentários de alguns amigos, que joga muita bola. Várias pessoas já vieram aqui na minha casa pedir autorização para ele jogar. Eu aconselho que ele primeiro precisa estudar. Depois que tiver concluído pelo menos o Segundo Grau, então ele poderá ir treinar no clube que quiser. Só o aconselho para que seja um jogador disciplinado, que procure nunca machucar os outros, que tenha cabeça muito fria na hora de fazer os contratos, pois o bom contrato é aquele que você recebe o que acha que merece, mas jogando onde se sente bem. Não é sufi ciente só o "ganhar dinheiro" jogar com sacrifício e onde não se sinta bem. Ele é bom de bola sim. Vai ser, sem dúvida, um grande jogador. Agora, para treinar nas atuais circunstâncias do futebol maranhense, não vai ser possível nunca. É um futebol totalmente sem estrutura e com o abandono geral das categorias juniores, ele certamente seria muito prejudicado. Mas no final do ano, quando terminar o Segundo Grau, ele poderá escolher o time que quiser treinar.
O ESTADO: Seria uma repetição do Alzimar?
Alzimar: Pelo que dizem, tenho certeza que será muito melhor
O ESTADO: Você praticamente vestiu três camisas. A do Moto, a do Ferroviário e a da seleção maranhense. E hoje, qual é a sua camisa?
Alzimar: Apesar do que aconteceu comigo no Moto, cu continuo sendo motense, de coração. O que houve não foi entre eu e o clube, mas sim entre eu e a diretoria, que é uma coisa passageira num clube de futebol. Foi lá que eu criei raízes. Torço pelo Moto mas, sinceramente, não morro de amores pelo futebol que se pratica hoje. E isso abalou muito meu relacionamento não com o Moto, mas com o futebol em si.
O ESTADO: Durante toda a sua vida de jogador, qual foi sua melhor partida e contra quem?
Alzimar: Sem falsa modéstia, eu não joguei apenas uma ótima partida que eu pudesse dizer que ela foi a melhor. Eu joguei diversas ótimas partidas. Mas há uma, não que tenha sido a melhor, mas que marcou a minha carreira. Foi contra o Sampaio Corrêa, que terminou em 1 a X que foi apitada por Armando Marques. Essa, partida realmente me envaidecem. Eu, ao chegar em casa, estava completamente exausto, perdi muito peso, mas depois da minha autocritica cheguei à conclusão de ter feito.
Caio Franco, um campeão mundial no ostracismo
Bela reportagem extraída do jornal O Estado do Maranhão, de 09 de fevereiro de 1992:
As histórias que Caio conta do futebol, são ricas como sua carreia. Depois de ser dispensado do inexpressivo Madureira, do Rio, ele desembarcou em São Luís, para traçar seu caminho de títulos e vitórias. O Moto foi o ponto de partida. Para chegar Portuguesa de Desportos e sagra-se campeão mundial pelo Grêmio, em 83, foi num passo de mágica. Hoje, aos 37 anos (16/03/55), Luís Carlos Tavares Franco, o famoso Caio Turista, convive com um mundo completamente alheio à profissão que desempenhou com arte e maestria durante quase 20 anos é gerente de vendas de uma Fábrica de Pré-moldados e Derivados, no Bairro do Anil. Para ele, ser ídolo sem torcida, é indiferente, importante é que o futebol lhe reservou momentos inesquecíveis.
Como é que um jogador em plena forma, campeão do mundo, pretendido por grandes clubes do país, resolve parar de jogar? Nesta reportagem Caio explica e revela segredos de sua marcante passagem no futebol, com alfinetadas seguras naqueles que comandam o desporto maranhense. Calo assume que não soube administrar o muito dinheiro que ganhou e a precipitação de parar. "Cada um de nós tem 5 minutos de besteiras", afirma esse carioca de Madureira, casado com a maranhense Zelda dos Santos Carvalho Franco de Bacabal e pai de Rafaela, de 11 anos e Caio Rafael, de 7.
Caio começou no Botafogo, passou também pelo Madureira, Moto, Portuguesa de Desportos e Sampaio, depois de ingressar no rubro-negro, ao deixar o time gaúcho. Foi campeão em 77 pelo Moto e em 90 pelo Sampaio. Campeão da América e do Mundo pelo Grêmio, em 83. Usufruiu das maiores e melhores mordomias, em hotéis cinco estrelas de todo mundo e hoje convive em nosso meio é um privilégio dos maranhenses, ter um campeão mundial ao seu lado. Morando no bairro do Cohatrac.
Há oito anos, um mundial - o ano era o de 1983 e vestiam a camisa tricolor do Grêmio estrelas como o polêmico Renato, o tricampeão Paulo Cesar, o habilidoso Mário Sérgio e o vigoroso e habilidoso Hugo de Leon, na época em sua melhor fase. O treinador era Valdir Espinoza.
Embalados pela vitória de 2 a 1 na final da Libertadores da América contra o Peñarol, do Uruguai, os gremistas foram a Tóquio para disputar o Mundial interclube contra o Hamburgo. E voltaram com a taça na bagagem, graças a dois gols do ponta Renato na vitória também por 2 a 1. O Grimso jogou com Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, De Leon e Paulo Cesar Magalhães China, Osvaldo (Bonamigo), Paulo César (Caio) e Mário Sérpo, Renato e Tartis.
O Imparcial-Como foi seu início de carreira no futebol?
Caio-Comecei aos onze anos, o Bota fogo do Rio, una potencia na época. Não levei sorte e fui parar no Madureira, onde tomei o golpe de uma dispensa. Foi duro aguentar, porque era, como é até hoje, time sem expressão do Rio, mas como o futebol nos reserva lances incríveis, mais tarde Caio ganhava um título mundial pelo Grêmio.
O Imparcial-Depois de ganhar passe livre no Madureira, em 75, você foi parar onde?
Caio-Foi aí que as portas do Maranhão se abriram para mim. Fui trazido para Moto, pelo Coronel, em 1977. Nesse mesmo ano fui campeão e começou minha projeção.
O Imparcial-Nesse período, você ganhou o apelido de Calo Turista, porque passava uma semana aqui e outra no Rio. Foi em função do prestigio, que cresceu logo?
Caio-Foi coisa do Fontenelle (risos), na época, acertei uma coisa com os dirigentes e quando cheguei aqui, queriam fazer um contrato diferente. Não aceitei e votei imediatamente. Depois o Dr. Causas ligou e disse que o acordo seria cumprido. La vem Caio de novo. Assinei, fiz uns jogos e depois surgiu novo problema: o clube não quis pagar bichos. Peguei o avião e voltei ao Rio. Mais tarde tudo foi normalizado e Caio veio para ficar e ajudar o Moto.
O Imparcial-Como foi a transferências para a Portuguesa de Des portos?
Caio-Eu dei meu passe para o Mono, até para me valorizar. Aconteceu a venda, em 1979. Aqui, como todo mundo sabe, jogava de ponta-direita fui para a Lusa como ponta, mas quando cheguei lá, fui lançado no comando de ataque e dei sorte, atuei bem, fiz dois gols e ganhei a posição. Foi uma fase excelente, inclusive como artilheiro, esse ano, com 19 gols, 1 a menos do que Rubem Feijão, do Santos.
O Imparcial-Da Portuguesa para o Grêmio, até por essa grande fase, foi mais fácil?
Caio-Ajudou muito, mas fui para o Grêmio como reserva de César, um atacante de Portugal. A Portuguesa fez um empréstimo de dez meses. Com o tempo, tive uma oportunidade e ganhei a posição e dois títulos inéditos para o Rio Grande do Sul e para o Brasil campeão da América e do mundo.
Imparcial-Caio lembra desses momentos de glórias?
Caio-E uma coisa contagiante que ninguém consegue explicar. Lá em Tóquio, foi uma loucura, mas em Porto Alegre, quando o avião desceu, parece que o Esta do todo parou. A multidão tomou conta de tudo. Do aeroporto ao Olímpico, em carro aberto, nós fomos empurrados pela massa", sorrindo, chorando e comemorando o título.
O Imparcial-Título que representou muito dinheiro e fama, não?
Caio-Em dois anos de Grêmio foram quatro passaportes cheios, com pelo mundo todo . Foram títulos, troféu e um troco legal. Só nesse jogo em Tóquio passou para 54 países. A gente recorda com saudade.
O Imparcial-Quanto foi o prêmio pelo título?
Caio-Deu um dinheiro bom. Na época, o clube pagou 6 mil dólares para cada atleta. Depois fizemos um jogo no Métion ganhamos mais 3 mil dólares.
O Imparcial-Como você utilizou todo esse dinheiro?
Caio-Apliquei na compra de um apartamento lá no Sul e fiz outros investimentos aqui. Foi um período bom, de muitas mordomias, mas é aquela história, quanto mais se ganha mais se gasta, isso é natural, seu nível de vida moda automaticamente.
O Imparcial-Você lembra o time campeão?
Caio-Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, Hugo, De Lona e Paulo César, China, Osvaldo e Mário Sérgio, Renato Guicho, Tarcísio e Paulo César Caju, depois eu. O placar fui 200 e os gols de Renato.
O Imparcial-Como é que você se sente hoje, praticamente com a carreira encerrada, sem as mesmas mordomias daquele tempo e vendo a maioria dos seus colegas campeões bem situados na vida e outros ainda em evidência no futebol, como Renato Gaúcho, por exemplo?
Caio-O Renato é mais jovem que cu, também há outro aspecto a destacar aqui no Brasil o atleta com 30 anos já é velho para o futebol e no Maranhão, pior ainda. Teoria completamente furada e que cu condeno totalmente e cito apenas Júnior como exemplo, hoje o melhor jogador do país . Aqui as pessoas esquecem as coisas muito rapidamente e chegam ao absurdo de invadir sua intimidade e, lhe chatear e envergonhar diante da mulher, dos filhos, com piadas do tipo: "Te aposenta, velho, chega de roubar". Como o cara são ganha o bastante para ouvir tudo isso, chega um momento que você enche e decide parar.
"Hoje o Caio não é aquele da Grêmio, com dinheiro e carro do ano, mas também não é o que muitos pensam"
O Imparcial-Como é que você em plena forma, campeão mundial, cheio de prestigio, resolve trocar o Grêmio pelo Moto?
nCaio-A bola é uma coisa boa, mas cansativa. Eu, no Grêmio, ganhava muito dinheiro, tinha as melhores coisas, mas não sobrava tempo para nada. Então, com o dinheiro que tinha, montei um negócio aqui. Fiz compras de pontos e procurei investir em farmácias. Vim embora, passar férias e acompanhar a evolução do sovo ramo. Estava indo tudo muito bem, na época, achava que tudo era uma maravilha. No começo foi, mas com o tempo, se transformou em pesadelo. E am ramo que dá e tira e outra, o cara tem que ser escravo, porque abre cedo e não tem hora para fechar. Isso é todo dia. Como estava deixando o futebol por isso e também porque o troço foi degringolando, antes de cair de vez eu passei o ponto com parte do estoque. O resto foi para o interior, em Zé Doca, onde a gente tem alguma coisinha. Foi isso. Hoje o Caio não é aquele do Grêmio, com dinheiro e carro do ano, mas também não é aquele que muitos pensam estar ferrado só porque anda de ônibus.
O Imparcial-Era nesse assunto que muitos, a essas alturas, gostariam de tocar. Quer dizer, Caio bem, dinheiro no bolso, na poupança, investimentos, carro do ano, vida tranquila e estabilizada. Hoje, comparando com aquela época, você não tem nada. Como é que o Campeão analisa essa questão e se sente no momento?
Caio-Bom, é verdade que hoje não tenho o luxo que tinha antes, mas eu não sou o único. A vida é isso. Eu estava com bom dinheiro em caixa há pouco tempo e o Collor tomou tudo. Também tenho exemplos de empresários famosos que abrem falência e sobem de novo, outros não. Caio é tranquilo e um cara que nunca se entrega a nada. Quando cheguei aqui, tinha realmente um padrão de vida altíssimo, mas não estou numa pior. Hoje sou uma pessoa de confiança do meu amigo Paulo Figueiredo, aqui na Fábrica de Pre-moldados e Derivados (fica no Anil), e ganho dez vezes mais do que se estivesse no futebol. Tenho minha casa própria (no Cohatrac), com tudo dentro e vivo muito bem, claro que não dentro daquele luxo de Grémio.
O Imparcial-Mas no fundo no fundo, Caio, você tem arrependimento, inclusive de ter parado de jogar no Grêmio, não?
Caio-Não resta dúvidas. São coisas impensadas. Dizem que a gente tem 5 minutos de besteiras. Talvez foi isso que aconteceu. Mas a escolha foi minha, mesmo precipitada, pois, naquela época estava com uns 30 anos, prestes a fazer um grande contrato, inclusive quando falei da decisão, eles ficaram assustados e perguntaram se o problema era o Grêmio, por que tinha o Santos e o Palmeiras interessados no meu concurso. Era mais dinheiro, mas não pensei nisso, consciente de que o dinheiro que tinha, seria suficiente para garantir minha independência. No começo foi, mas como não tinha prática alguma, não dei conta e o negócio foi caindo.
"Se fosse hoje, com tudo que ganhei, pode contar que eu não ia ficar pobre nunca mais"
O Imparcial-Se Caio tivesse que começar tudo de novo, você teria outra fórmula de investir seu dinheiro?
Caio-Hoje eu tenho outra idéia, outra visão da vida. Então, se fosse hoje, com tudo que ganhei, pode contar que cu hảo. ia ficar pobre nunca mais. Mas a vida é boa por isso, porque tem essas histórias para se contar. Também há um detalhe: deixei o Madureira do Rio, onde não ganhava nada, para jogar no Moto, onde comecei a ganhar e pegar fama sem experiência. Depois fui para a Portuguesa e Grêmio, que são potências. Lá, tinha altos salários. Aliás, para resumir a história, de uma vez eu ganhei 9 mil dólares. Nunca tinha visto dólar. O cara fica com a cabeça a mil e sem ninguém para orientar, resulta nisso.
O Imparcial-Quando chegou aqui você procurou o Moto para jogar?
Caio-Não. Quando deixei o Grêmio, vim para o Maranhão para outro ramo. Tinha parado com bola, mas na época, com Mário Carneiro, Cassas, Ibrahim e muitos pediram, eu falei que o passe era do Grêmio, se conseguissem eu poderia jogar. O negócio foi feito e fiz um contrato para não viajar e não concentrar. Isso provocou muitas críticas, mas o pessoal, mal informado, não sabia que tinha um acordo e se o clube aceitou, Caio não tinha nada a ver com o resto.
O Imparcial-Caio então estava cumprindo uma promessa antiga, de encerrar a carreira no clube de coração, mas terminou saindo nu ma pior?
Caio-E, em parte sim. Também lhe confesso que se tivesse que iniciar na bola, não seria aqui. Houve muitas coisas de 85 para cá, comparando com os anos de 77 e 79. Hoje, no nosso futebol, o cara só é bom, só é gente, quando está jogando. Se ele se machuca não é apenas com Caio, é esquecido imediatamente, principalmente se tiver outro para a posição.
O ano passado, no Sampaio, tinha Caio e Wamberto, para o meio. E vinha atuando, pela experiência e tal, ai sofri uma contusão de joelho, um pouco séria, mas que ficaria bom com um mês. Só que tive que esperar 5 meses, porque o garoto entrou e como é um craque, todo mundo esqueceu Caio; médico, diretoria, im- prensa e torcida. Então, já que estava jo- gado às traças, decidi me encostar pelo INSS, mas enfrentei novo drama: pegar uma assinatura do presidente, da Guia de Tratamento. Fiquei dois meses pelo INSS. Foi então que o clube vendeu Wamberto para a Bélgica e precisou de Caio e aí os dirigentes souberam meu endereço e foram lá em casa, com promessa de aumento e outras vantagens. Dime que não queria mais e pedi para ficar no meu canto. Imediatamente me levaram no dr. Milon Miranda, médico do clube. Comecei o tratamento em dentro de 20 dias fiquei bom. Por que não foi feito logo que aconteceu a contusão? Depois de voltar só time e fazer dois jogos, por falta de sorte, sofri uma fratura do molar, num jogo com o Moto. Passei mais um mês e meio, quando o correto seria sair do estádio logo para um hospital, junto com o médico. Isso revolta.
O Imparcial-Em função dessa revolta e dos problemas enfrentados no Moto e Sampaio você decidiu parar definitivamente?
Caio-A idéia minha é não jogar mais, até porque estou muitíssimo bem aqui.
O Imparcial-Tem contrato com o Sampaio?
Caio-Não. O passe é deles, mas o contrato acabou 20 de dezembro.
"Acho que isso é um tremendo esquema, porque nunca vi um clube contratar 15 jogadores sem nunca ter visto jogar"
O Imparcial-Foi chamado para renovar?
Caio (risos)-Ainda não, mas se eles precisarem, eles correm la em casa, com promessas e mais promessas, mas nunca cumprem nenhuma.
O Imparcial-A essas alturas, Calo, o leitor quer saber quanto você ganha aqui na empresa?
Caio-Não tenho salário fixo. Ganho conforme a venda e como a venda é boa, ganho bem.
O Imparcial-Qual a comparação que você estabelece sobre obre o o futebol f maranhense de 77 para?
Caio-Hoje simplesmente não existe. Antes o estádio enchia e a renda aparecia. Hoje, no jogo que o público vai, o dinheiro desaparece. Isso cansou o torcedor, que não é besta e faz muito certo não ir ao futebol.
O Imparcial-Você atribui casa falta de torcedor nos estádios à Incompetência dos dirigentes?
Caio-Não só isso. Também isso, somado com o nível dos times. Aqui tudo é exagerado. Outros não fazem equipe ou trazem demais, como se ver, um Clube trazer 15 jogadores de uma vez só, muitos sem nenhuma qualidade. Até acho que isso é um tremendo esquema, porque nunca vi isso: am clube contratar tantos jogadores de uma vez, assinar contrato, pagar luvas e depois botar para fazer experiência. E mais ou menos assim que eles fazem.
O Imparcial-Qual a saída?
Caio- Botar gente nova, com idéia diferente, que não queira apenas o crescimento de sua empresa, se eleger deputado, vereador, etc. O Moto tem sede? Não tem e eu conheço o clube há uns 15 anos e nunca passou disso. E o que é pior sempre com as mesmas caras, apenas s rodízio viciado, porque nenhum tem interesse em levantar o clube. Também tem mais um problema grave: nossos dirigentes não sabem valorizar seus atletas; não sabem vender. E quando vendem os dólares somem. O torcedor vai vendo tudo isso e perde o interesse pelo futebol. Passa a não acreditar. Quer mais um exemplo? os regulamentos que eles mesmos fazem eles assinam, concordam em todos os pontos e depois, conforme a conveniência, mudam tudo de novo. Vira palhaçada e o público rejeita.
O Imparcial- Como é ser ídolo pra torcida, campeã?
Caio-Vai da cabeça de cada um. Es estou pronto para isso, porque há alguns anos venho pensando com parar. Os que param antes do tempo, tenho impressão que sentem um forte abalo, porque a presença da massa é interessante.
O Imparcial- Para encerrar, Calo Já foi expulso alguma vezes?
Caio-Uma, pelo Moto, porque não que ria viajar a Imperatriz. Eu forcei o cartão vermelho (risos).
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
A chegada do futebol no Maranhão e os primeiros clubes
"Houve muita semelhança no procedimento de Charles Muller e Nhozinho Santos. O paulista educou-se em Southampton, e o maranhense. em Liverpool, ambas cidades inglesas. Até na idade, ambos estavam cerca de 21 anos. A diferença estava apenas na facilidade encontrada por Charles Müller para introduzir o futebol. porque já encontrou os ingleses do São Paulo Railway, um clube em franca atividade esportiva. Já Nhozinho, com a ajuda dos parentes, de amigos e de ingleses aqui residentes, teve que fundar uma associação, o Fabril Atheltico Club-FAC, recrutar os poucos rapazes estrangeiros que trabalhavam em São Luis, no London Bank, na Both Line Co, e na Western Telegraph, que não eram muito amantes do foot-ball association, Charles Müller era 'centerforward e Nhozinho, goolkeeper."
O maranhense Nhozinho Santos era filho do português Crispim Alves dos Santos e é o responsável, em termos gerais, por trazer o esporte ao Maranhão. Joaquim dos Santos, assim como a maioria dos jovens oriundos de famílias portuguesas que fizeram fortuna no Brasil, educara-se na Inglaterra. Partiu para a Bretanha ainda nos idos de 1898, especializou-se em técnico industrial e retornou à São Luis no final de 1905.
RETORNO- naquele ano, Colares Moreira preparava-se para passar a presidência do esta do para Benedito Pereira Lei te, que desde de João Costa, já tinha muita influencia nos principais assuntos referentes ao estado. São Luis, sempre um pouco atrasada em relação as outras capitais da recém proclamada república. Nhozinho Santos, o mais velhos dos 14 filhos do industrial português Crispim dos Santos, voltara a São Luís para assumir os negócios do pai, falecido também em 1905.
Joaquim, para os íntimos, encantara-se com o Foot-ball association praticado na terra da Rainha e trouxe em sua bagagem duas bolas, luvas para goleiro, meiões das camisas e diversos artigos referentes a esse esporte. O futebol association não era novidade entre os brasileiros, porém, o Maranhão o importou diretamente da Inglaterra, assim como Rio de Janeiro e São Paulo.
Não se sabe exatamente a data da introdução da prática futebolística no Maranhão, mas sabe-se que ocorreu, na hoje aniversariante São Luis, no último trimestre de 1995, pouco depois da chegada de Nhozinho Santos. Ele reuniu amigos e convidados, todos de "boas famílias", num improvisado campo, no cercado da extinta Cia. de Tecidos Santa Isabel S.A., e apresentou-lhes o esporte, que já arrastava multidões na Bretanha.
De imediato, OS maranhenses não adotaram o novo esporte, que, durante algum tempo, foi praticado por funcionários e operários ingleses, de empresas como a Booth & Cia e da Booth Steamship Co. Ld. O fato de um industrial rico, ter trazido o esporte, direto da Inglaterra chuteira, e tê-lo apresentado a convidados da famílias ricas e, de rapidamente, os trabalhadores e operários ingleses, tolos brancos, terem aderido e formado equipes para a prática do association, revela o caráter aristocrático e elitista da chegada do futebol ao Maranhão.
Em São Luis, havia sido fundado em 1904 o Clube Euterpe Maranhense, a principio um clube social e literário, que ser via como ponto de encontro de uma jovem e intelectualizada juventude ludovicense. Porém, a 27 de outubro de 1907, com a fundação do Fabril Athetic Club, clube esportivo e social, que visava à prática de esportes nobres como o cricket e o crockt, o futebol começou a ser praticado pelos jovens maranhenses.
Os uniformes dos dois quadros do FAC foram encomendados, sob medida, por Nhozinho Santos, na Inglaterra, manufaturados em tecido de la e adapta dos ao nosso clima. Como Nhozinho Santos participou da fundação do FAC, a data de fundação do clube (27/10/1907) é colocada por alguns estudiosos como a data oficial da chegada do futebol no Maranhão, mas como mostrado anteriormente, sus prática já se dava nos campos improvisados das fábricas extenuo de São Luis ficou definitivamente estabelecido que a data de 27 de outubro de 1907 era a data de fundação oficial da associação fabrilenme O clube, para festejar o evento, promo to grande festa na sede à Rua Grande, 220. Várias atrações foram organizada concurso…, de envelhecimento que foi de ganho por Serejo. Na corrida saíram vencedores Joaquim Belchior e M. Lopes. No 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper [Moon] em segundo. No concurso de peso, vitória de Jasper [Moon], que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas. Depois, aconteceu o ponto alto das festividades, c jogo de futebol, reunindo as equipes internas do F.A.C. 'Black and White' e 'Red and White', culminando com o triunfo dos vermelhos, por 2 a 0 (OIMPARCIAL, 1907: VAZ 1991, 2000).
A segunda partida ocorreu em 24 de novembro de 1907, conforme noticiado em "O Maranhão" FABRIL ATHLETIC CLUB".
"Com extraordinário concorrência de famílias e cavalheiros, realizou ontem essa sympathica sociedade sportiva a sua segunda partida de football. Coube ao partido preto os louros da Victoria de ontem, por haver ganho dois gols contra um. A função começou a3 1/2 da tarde. Pelo presidente do club foi oferecido, depois da partida, um valioso brinde ao capitão do partido vencedor. A festa, que correu com muita animação, durou até as horas da noite, terminando por um soiree, a piano, entre os sócios do club e suas familias. Ao Fabril Athletic Club felicitamos pelo esplendor da função de ontem." (O MARANHÃO, 25 de novembro de 1907). O Euterpe tinha sua sede na rua 7 de Setembro, onde ficava a casa do Comendador Leite, pai do então governador Benedito Leite, e onde funcionou a primeira sede do jornal O Imparcial, enquanto o FAC funcionava na fábrica Santa Isabel, da família de Nhozinho Santos, onde hoje está localizado o CEGEL, no canto da Fabril.
Em 1910, o FAC passa por uma de suas várias crises financeiras, conseqüência da crise das fábricas têxteis, acentuada pela crise do algodão, que levou quase todas à falencia. Por falta de pagamento de mensalidades por parte dos associados, não só da Fábrica Santa Isabel de propriedade da família de Nhozinho Santos mas de todas as outras, pensa-se na eliminação do FAC e na formação de uma outra agremiação, mais popular, aberta, democrática e que levasse a prática do futebol aos jovens que ainda não tinham acesso.
Se Nhozinho Santos foi o responsável por trazer o futebol para o Maranhão, um amigo dele, sócio do FAC, foi o grande responsável por popularizar o esporte em São Luis. Gentil Silva não concordava com a elitização do clube e saiu do FAC, junto com um grupo de outros dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento, Desta forma, dissidentes do FAC, liderados por Gentil Silva fundar um clube aberto sos diversos segmentos da sociedade maranhense. A nova agremiação chamou-se Onze Maranhense, que, além do futebol, desenvolveu outros es- portes como tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, tênis de mesa, xadrez, e, até a luta livre, introduzida por Álvaro Martins. Dali surgem outros clubes, como o Maranhense Foot Ball Club, fundado em novembro de 1908, por rapazes empregados do comércio, com sede na rua São João.
OUTRO INGLÊS - é nesse cenário o vice-consul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande esportista que se junta aos dirigentes do FAC, para incentivar o desporto e para tentar salvar o clube de Nhozinho Santos. Mas este clube estava aberto apenas para os filhos da aristocracia maranhense, o que impedia o acesso de jovens pobres e negros. A população, em geral, es- tava alheia às práticas esportivas. A maior crise dos primeiros clubes maranhenses aconteceu em 1915, época de grande decadência da sociedade maranhense, que entrara numa grave crise financeira, que levou ao fim do parque têxtil. Essa crise acometeu não só o FAC, como Onze Maranhense.
Então houve uma tentativa de reestruturação por parte de jovens estudantes, alunos do Liceu Maranhense, dos Maristas e do Instituto Maranhense, São criados vários clubes popularizados, como o Brasil Futebol Clube, São Luis Futebol Clube, Maranhão Esporte Clube (1916), o Aliança Futebol Clube, e Gentil Silva funda um novo clube, o Guarani Esporte Clube O FAC é reativado, mas com o nome de Foot-ball Athetic Club, para manter a sigla. Anos mais tarde, outro clube se utilizará dessa sigla, o Ferroviário Atlético Clube e Gentil Silva reativa o seu Onze Maranhense, no Parque 15 de Novembro, na Av. Beira Mar, onde hoje funciona Casino Maranhense. O Brasil Futebol. Clube tem sua sede junto ao Gasometro, no Mercado Central. Surgem o Vasco da Gama Esporte Clube, o Santiago Esporte Clube, o Fênix Futebol Clube.
De uma dissidência do FAC e do Maranhense Futebol Clube, surge o Esporte Clube Luso Brasileiro, ainda em 1915. No ano seguinte, em 16 de maio, é funda da a Liga Esportiva Maranhense, para disciplinar a transferências de jogadores de futebol, editando-se o Código de Transferência de Jogadores. Essa é a data da profissionalização do futebol maranhense, pois os jogadores começam a receber salários e alguns já vivem apenas de "jogar bola".
É fundado por Carlos Mendes, o São Cristóvão Futebol clube. O FAC amplia a oferta de esportes, introduzindo o Basquetebol, o Boliche e continua a prática do futebol, do tênis, do tênis de mesa, do crockt, do crickt, do bilhar e do atletismo. A 21 de março, os Professores Atimathea Cisne e Oscar Barroso fundam o Maranhão Esporte Clube e, em 23 de setembro desse ano (1916), o FAC enfrenta os tripulantes do navio "Benjamin Constant em um jogo de futebol. No Anil, surgem o Timbira e o Ubirajara. Após sofrer algumas derrotas frente ao Clube do Remo, o FAC começa a importação de jogadores (1917), contratando o goleiro Corinto. Em 10 de abril, é criada a Liga Maranhense de Futebol, sendo sua diretoria composta pelo Capitão-Tenente Artur Rego Meireles (Presidente), tendo como seu Vice Joaquim Moreira Alves dos Santos (Nhozinho Santos) e Secretários, Gentil Silva e João Belfort, e como Tesoureiro Jonas Hersen. No Anil, é fundado o Anilense Futebol Clube.
No dia 25 de agosto de 1919, os diversos representantes dos clubes entraram em um acordo, unindo as diretorias das duas ligas de Esportes e a de futebol para fundar a Confederação Maranhense de Desportos, com nomes com Nhozinho Santos e Gentil Silva, esta instituição foi o protótipo da hoje diminuída, ultrapassada e autoritária Federação Maranhense de Futebol, presidida ha vinte anos por Alberto Ferreira . Mas isso é outro assunto.