quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Moto Club 1x1 Maranhão – Campeonato Maranhense 1976

Moto Club e Maranhão realizaram no domingo, 25 de abril de 1976, talvez a pior partida do campeonato na presença de um público relativamente bom, que, mais uma vez, deixou as dependências do Estádio Municipal Nhozinho Santos decepcionados com o futebol feio, pobre, deficiente tecnicamente, carente de boas jogadas, exibido durante os noventa minutos pelas duas equipes.

O Maranhão, que começou o jogo de maneira fulminante, marcou presença em apenas 20 minutos, tempo suficiente para abrir a contagem e desperdiçar duas excelentes oportunidades para decidir a sorte do espetáculo nos pés do centroavante Joãozinho, vindo posteriormente a cair verticalmente de produção, oferecendo, inclusive, chances para que o Moto equilibrasse as ações e conseguisse ainda na primeira fase o gol de empate por intermédio de Carbono.

Apesar de muito bem arrumado atrás com retorno de Tataco à posição de médio-volante e o deslocamento e Álvaro para a meia-esquerda, o MAC teve o trabalho do meu meio-campo prejudicado pelo péssimo desempenho de Chicão em jornada totalmente infeliz, marcando mal e errando todos os passes, permitindo que Edmilson Leite jogasse completamente à vontade na distribuição das jogadas pela meia-esquerda.

Ainda assim, o quadro rubro-negro não soube tirar partido da situação, principalmente porque sua peça intermediária continua jogando errado, com Rogério muito preso em seu próprio campo de defesa, tentando lançamentos longos sem qualquer objetividade e Nunes voltando a cair demasiadamente pela esquerda, fato que forçosamente obriga o time motense a funcionar somente por um lado do campo, justamente por onde correm Breno, Cláudio, Edmilson Leite e Carbono, ficando o setor direito inteiramente desligado do resto da equipe, o que aliás já vem acontecendo há muito tempo.

Ora, um time de futebol que possui um extrema com a habilidade nas fintas e precisão nos cruzamentos como Prado não pode simplesmente isolá-lo na partida, principalmente quando logo nos primeiros movimentos da peleja sentiu-se que o lateral Calixto não conseguiu contê-lo. O ponteiro motense somente veio a ser lançado depois da entrada de Lima e foi aí que o time conseguiu suas melhores situações para furar o bloqueio defensivo maqueano. No entanto, para que Prado participe da partida é necessário numa alteração de ordem tática no meio-campo rubro-negro, isto é, que Nunes guarde a posição de ponta-de-lança e que o volante Rogério procure tocar a bola na saída da defesa para o ataque, isto sem falar na presença ofensiva do lateral-direito, subindo para oferecer suporte ao extrema.

O MAC limitou-se a atuar com bastante cautela, muito bem plantado na defesa e já com alguma noção de cobertura, buscando surpreender nos contragolpes, esquema preferido pelo treinador Moacyr Bueno, que, apesar do pouco tempo de treinamento, conseguiu arrumar o time lá atrás. O Moto Club partiu para cima do Maranhão na base do desespero, sem qualquer definição tática, sem nenhuma opção defensiva, buscando encontrar o caminho da vitória no esforço individual de suas principais figuras. Enfim, mais um joguinho ruim com apelido de clássico.




FICHA DO JOGO

Moto Club 1x1 Maranhão
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Nacor Arouche
Bandeirinhas: Wilson de Moraes Wamlume e Josenil Sousa
Gols: Neco aos 7 e Carbono aos 35 minutos do primeiro tempo
Renda: não divulgado
Público: 8.253 pagantes
Moto Club: Ney; Ivan (Gaspar), Marins, Paulo Ricardo e Breno (Ivan); Rogério, Nunes e Edmilson Leite; Prado, Carbono e Cláudio. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Maranhão: Santos (Aguimar); Roberto, Emídio, Luís Marcos e Carlixto; Tataco, Chicão e Álvaro; Neco (Zezé), Joãozinho e Léo. Técnico: Moacyr Bueno

Wilson e Croinha no Maranhão Atlético Clube, em 1967

 Belo registro dos craques Croinha e Wilson com a camisa do Maranhão Atlético Clube em 1967. Nesse mesmo ano os dois foram negociados com, respectivamente, Fortaleza e América do Ceará.

Maranhão Atlético Clube na extinta Taça Brasil, em 1964

Texto extraído do livro "Salve Salve Meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube", de 2014.

O ano de 1964 ficaria marcado na história do MAC com a primeira competição interestadual oficial da CBD que o time atleticano participaria. Bem antes da criação do atual Campeonato Brasileiro, a CBD havia instituído a chamada Taça Brasil, competição criada para substituir o deficitário Campeonato Brasileiro de Seleções. Entre 1959 e 1968, a taça foi disputada no formato de copa devido às dificuldades de locomoção e transporte da época, impedindo que existisse um torneio nacional mais integrado. Reunia as equipes campeãs estaduais (os representantes do Rio de Janeiro e São Paulo já entravam na fase semifinal) e definia os representantes brasileiros na Taça Libertadores da América.

A Taça Brasil de 1964 foi realizada em duas fases. Na primeira, os clubes foram divididos nos seguintes grupos: Norte, Nordeste (se enfrentariam para decidir a vaga destinada ao Grupo Norte), Central e Sul (se enfrentariam para decidir a vaga destinada ao Grupo Sul). Na segunda e decisiva fase, os vencedores da primeira fase enfrentariam os clubes pré-classificados na semifinal, e os vencedores decidiriam o título do campeonato. O Maranhão, atual campeão maranhense, garantiu para o ano de 1964 a vaga para a Taça Brasil, a sua primeira competição a nível nacional. Vale ressaltar que o Campeonato Maranhense de 1963, iniciado em Setembro desse ano, somente se encerraria em Fevereiro de 1964. Assim, o MAC conseguiu manter a mesma base campeã para as disputas da competição promovida e custeada pela CBD.

Apesar da recente conquista Estadual, o ambiente no Quadricolor era de indefinição pelos recentes fracassos da equipe. O Presidente do clube, Tenente Amazonas Lamar, reforçou a equipe atleticana visando as disputas da Taça Brasil. Alguns abnegados maqueanos tentaram organizar uma reunião, onde seria feito uma lista de assinaturas para arrecadar certa quantia em dinheiro para ajudar na contratação de pelo menos seis novos reforços para o clube. O Bode, aliás, vinha de derrotas frente ao Piauí e Flamengo, pelo Torneio Maranhão/Piauí e o treinador Walber Penha preparou um relatório, onde ficou evidente a falta de craques em um plantel já reduzido. Alguns nomes foram cobiçados pelo MAC, como Vadinho e Damasceno, já que o clube necessitava urgentemente de um zagueiro e um lateral-esquerdo pelo menos para as disputas da Taça Brasil. Como havia pouco tempo para se reforçar, a diretoria atleticana chegou mesmo a pensar em viajar para Belém, a fim de realizar contratações.

Enquanto pairava a indefinição sobre novos reforços, o treinador Walber Penha reiniciava os trabalhos com a equipe atleticana, parado havia um tempo, com treinamentos no campo do General Sampaio e do Santa Izabel. Enquanto se realizavam as sessões de treinamentos, o goleiro Lunga foi confirmado como um dos atletas no elenco Quadricolor para a competição. Além disso, ficou decidido que o MAC solicitaria quatro reforços de Sampaio e Moto quando das proximidades da Taça Brasil. Os principais nomes eleitos pela diretoria seriam o de Vadinho e Sabará, do Sampaio Corrêa, e Hamilton e Ronaldo, do Moto Club. Walter Baldez, diretor atleticano, seguiu para Recife, com a missão de observar jogadores para o plantel maqueano. Voltou trazendo na bagagem três bons reforços: Nininho, Adalberto e Roberto, este último recebendo Cr$ 150 mil de luvas e ordenado mensal de Cr$ 35 mil por uma temporada. Os outros dois assinaram contrato também de um ano, mediante luvas de Cr$ 80 mil e salário de Cr$ 30 mil.

Para a estreia do clube na competição, o Maranhão entrou em regime de concentração total no Sitio do Maracanã, saindo apenas para a viagem rumo a Teresina, onde iria encarar o Hexacampeão mafrense River na fase de mata-mata. Na competição, a vitória, independente do saldo, contava para a classificação, Assim, em caso de uma vitória para cada equipe nos dois jogos, uma terceira data já estava reservada para o jogo de desempate, que seria realizado no dia 04 de Agosto. O time piauiense entraria reforçado para a competição com a contratação de Loloca, Luizinho, Pedroca e Augusto, todos adquiridos em Recife pelo conhecido treinador Ênio Silva. Para o confronto no Lindolfo Monteiro, a única dúvida do treinador Walber Penha recaia sobre o zagueiro Negão, em fase de recuperação.

Vários associados e torcedores acompanharam a delegação atleticana em Teresina. A diretoria atleticana ainda propôs que a renda da primeira partida, na capital piauiense, fosse totalmente destinada ao clube riverino e a quantia da arrecadação do jogo da volta, no Santa Izabel, fosse revertida ao Maranhão. Pelos resultados nos treinamentos, a grande esperança atleticana para a competição recaia sobre o pernambucano Croinha, em grande fase e dono de um futebol rápido, inteligente e de uma habilidade incrível. A contar pelo que o craque aprontava nos treinamentos, onde, às vésperas da viagem a Teresina, ele assinalou sete gols no treino apronto (quatro pela equipe titular e três pelos reservas), a partida seria bem disputada.

Na véspera da viagem, a notícia de que o treinador Walber Penha poderia deixar o clube para o lugar do carioca Rubinho, o que foi prontamente negado pelo técnico atleticano. Porém, na noite da viagem à capital piauiense, o treinador foi forçado a deixar o clube, por motivos internos, o que seguramente mexeu com os atletas para a estreia. E o time atleticano sentiria o lado psicológico. No jogo realizado no dia 27 de Julho, no Estádio Lindolfo Monteiro, Nélio Vasconcelos assumiu interinamente da equipe atleticana e mandou a campo a seguinte formação: Lunga; Neguinho, Negão, Clécio e Juvenal; Zuza e Barrão; Waldecy, Wilson, Croinha e Alencar. Jogando de forma muito abaixo do que vinha rendendo no Estadual, o Maranhão acabou goleado pelo placar de 4 a 1, com o River dominando todas as ações. O estreante Pedroca, aos 45 minutos da etapa inicial, abriu o marcador para o River. O também estreante Loloca, após boa jogada de Pedroca, recebeu a bola e tocou na saída do goleiro Lunga. O gol atleticano coube a Wilson, de cabeça, após falha do zagueiro Zequinha. Loloca assinalou o terceiro e Tassú, de cabeça, após cobrança de escanteio, fechou o placar.

Após a chegada da delegação a São Luís, José Carlos de Assis foi apresentado ao elenco como o novo treinador atleticano. Com a derrota em Teresina, o Maranhão, inevitavelmente, forçaria o terceiro jogo para passar à fase seguinte da Taça Brasil, já que a derrota pelo placar de 4 a 1 não influenciaria no resultado na capital maranhense. Uma simples vitória do Maranhão já seria o necessário para a realização do terceiro jogo. Para a partida de volta, aliás, o MAC mandaria o seu jogo no acanhado Estádio Santa Izabel, uma vez que o Nhozinho Santos estava fechado para uma reforma geral desde o mês de Abril – e somente seria reaberto em 1966. O River chegou a São Luís disposto a eliminar logo a equipe atleticana da competição. O treinador Ênio Silva, para tanto, somente confirmou a escalação riverina no dia da partida, a exemplo do técnico maqueano José de Assis, que mandou a campo Lunga; Neguinho, Negão, Clécio e Carlindo; Juvenal e Barrão; Adalpe, Wilson, Croinha e Waldecy.

Diante de 1.625 torcedores, o Santa Izabel foi palco de um bom jogo, com fortes emoções para o torcedor atleticano, que viu o River abrir o marcador aos 7 minutos da etapa inicial, com Pedroca. Após o gol de empate atleticano, assinalado por Waldecy, o Maranhão sofreria novo revés, com Tassú, a três minutos do final da etapa inicial. Waldecy ainda encontrou tempo para empatar a partida antes do apito do juiz Sena Muniz. O MAC, que se apresentou de forma desordenada no primeiro tempo, voltou ao campo para a etapa final com uma equipe mais aplicada tecnicamente. O treinador José Carlos lançou a campo o ponta-esquerda Alencar, que inegavelmente ajudou a equipe atleticana para a heróica virada, que começou a ser desenhada à base da superação. A um minuto para o final da partida, Croinha, ao receber um lindo passe, chutou forte, sem chance de defesa para o goleiro riverino Miguel. Até o diretor Nélio Vasconcelos correu para abraçar o endiabrado goleador pernambucano, enquanto a torcida, já cabisbaixa, comemorava de forma eufórica nas arquibancadas do velho Santa Izabel. A terceira partida estava, assim, mais do que garantida.

Para o jogo do tira-teima, o treinador atleticano optou em lançar de imediato o ponta Alencar, na frente junto a Wilson e Croinha. O time riverino, contudo, sofreria consideráveis desfalques para a decisiva partida: o goleiro Caxambu e o zagueiro Zequinha, que sofreu uma forte pancada no lábio superior e foi prontamente substituído por Filomeno. No Maranhão, a equipe ficou desfalcada do zagueiro Negão e por muito pouco a baixa na equipe aumentaria para Juvenal e Neguinho, que acabaram confirmados pelo treinador para a partida.

O jogo, realizado novamente no Santa Izabel, no dia 04 de Agosto, levou a campo um excelente público. Com a arbitragem de Sena Muniz, o Maranhão entrou a campo com Lunga; Neguinho, Clécio, Juvenal e Carlindo; Zuza e Barrão; Waldecy, Wilson, Croinha e Alencar. Jogando com o volante Carlindo improvisado como lateral-esquerdo, o River foi mais time e pressionou o Maranhão durante praticamente todo o primeiro tempo. Na etapa final, logo a dois minutos, Vilmar, pegando um rebote do lateral Carlindo, chutou a queima-roupa, assinalando o primeiro gol da partida. O Santa Izabel silenciou rapidamente, mas três minutos depois Waldecy, o carrasco dos riverinos, empatou a partida. Após o gol, o Bode foi pra cima e começou a martelar a defensiva piauiense, com os artilheiros Wilson e Croinha jogando o fino da bola. E seria o próprio Wilson o dono da classificação atleticana: aos 27 minutos, após boa jogada de Barrão, o atacante recebeu a bola e tratou de virar a partida, garantindo o placar até o final da partida e a classificação atleticana para a fase seguinte da Taça Brasil.

Tão logo terminou a partida, Carlos Alberto Costa, Diretor de Futebol do clube, buscaria agilizar, em viagem ao Rio de Janeiro, junto à CBD, a legalização dos atletas Roberto (meia), Adalberto (zagueiro), Nininho (lateral-esquerdo) e Brito (zagueiro), já que era pensamento da diretoria aproveitá-los para as partidas diante do Paysandu, pela fase seguinte da competição. Após telegrama enviado pela CBD, os quatro atletas ganharam condições de jogo e estariam à disposição do treinador Rubinho.

O primeiro jogo da Segunda Fase da Taça Brasil seria em Belém, no acanhado Estádio da Curuzu, onde o Maranhão enfrentaria o Paysandu e a catimba da torcida Bicolor. Sem poder contar com a sua principal estrela, o centroavante Carlos Alberto, contundido, o treinador Santo Cristo confirmou o retorno do zagueiro Oliveira e do atacante Vila para o duelo diante dos atleticanos. No jogo, realizado dia 09 de Agosto, ambos os treinadores somente informaram a escalação das suas equipes minutos antes do início do jogo. O Maranhão mandou a campo Lunga; Neguinho, Clécio, Juvenal e Carlindo; Roberto e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar; o Paysandu atuou com Jorge; Oliveira, Zé Ferreira, Abel e Paulo; Mangaba e Quarenta; Chininha, Vanderlei, Vila e Élcio.

Perante um numeroso público e apresentando-se melhor em campo, o MAC conseguiu um excelente empate diante do Bicolor, dentro da Curuzu, e somente não deixou Belém com a vitória face ao vacilo da zaga nos últimos dez minutos de jogo. Tecnicamente fraca, a partida mostrou um Maranhão mais organizado em campo. O Paysandu, jogando no 4-3-3, teve uma fraca atuação. Quarenta, de pênalti, abriu o marcador, encerrando a primeira etapa com 1 a 0 no marcador. Logo aos 7 minutos da etapa final, Barrão empatou, para o artilheiro Croinha, marcado por Zé Ferreira durante todo o jogo, virar a partida, dez minutos depois. O Paysandu somente empatou o jogo quando faltavam nove minutos para o final: o ponta Vanderlei ganhou a bola disputada entre Vila e Clécio e marcou o gol de empate, aos 36 minutos. Um 2 a 2 que levou a decisão para São Luís, dali a uma semana.

Para a partida de volta, o treinador Rubinho manteve a mesma base que surpreendeu em Belém. A única dúvida, contudo, recaía sobre Zuza, uma vez que o técnico atleticano não se decidia sobre o seu concurso de imediato na partida. Com Negão definitivamente fora dos planos, em virtude da sua contusão, o Maranhão entraria a campo com Lunga; Neguinho, Clécio, Juvenal e Carlindo; Roberto e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar. Para a partida, a delegação paraense trouxe de Belém o árbitro Fernando Andrade – na partida de ida, o time atleticano levou o maranhense Wilson de Moraes Van Lume para apitar o jogo na Curuzu. Novamente os dois treinadores esconderam o máximo possível as escalações para a partida, realizada na tarde do dia 16 de Agosto, no Santa Izabel, que recebeu grande público para o encontro entre maranhenses e paraenses. A equipe vitoriosa dessa fase jogaria, na fase seguinte, contra o Náutico de Recife.

Apesar da espetacular reação nas últimas partidas, o time atleticano foi simplesmente irreconhecível em campo. Com Mangaba e Quarenta jogando praticamente sem marcação, o Paysandu foi superior em campo, jogando no 4-3-3. Com Roberto e Barrão perdidos, o meio campo atleticano foi obrigado a recuar. O gol do Paysandu saiu aos 38 minutos do segundo tempo, após a cobrança de uma falta por intermédio de Quarenta, onde a bola tocou no travessão e sobrou para Laércio cabecear e assinalar o gol da classificação Bicolor. Após o apito final, o árbitro paraense foi agredido por torcedores atleticanos que invadiram o campo. O Presidente Jorge Faciola ainda assegurou a gratificação da equipe em Cr$ 10 mil. Mais do que isso, a vitória garantia o representante paraense à fase seguinte da Taça Brasil, restando ao Maranhão apenas uma regular apresentação em sua única participação na já extinta competição.

Paysandu 2x2 Maranhão, em Belém, pela Taça Brasil de 1964

Ataque atleticano no jogo Paysandu 2x2 Maranhão, pela Taça Brasil em 1964

sábado, 27 de janeiro de 2024

Maranhão 0x0 Vitória do Mar - Amistoso 1980

Em jogo que serviu para o Maranhão Atlético Clube e Vitória do Mar mostrarem os seus novos jogadores, os dois clubes empataram em 0 a 0 na noite do dia 05 de agosto de 1980, no Estádio Municipal Nhozinho Santos, numa partida que apresentou poucos lances de emoção para a torcida, que se deslocou para prestigiar o amistoso.

O Maranhão promoveu as estreias de Zé Krol, Palmir, Miguelzinho e Noé, que demonstraram qualidades, principalmente no toque de bola por parte dos jogadores de meia cancha, mas precisaram pegar mais ritmo de jogo para poderem ser melhor analisados. O Vitória do Mar estreou o goleiro Dário, os meias Arthur, Maia e Erasmo e mais o ponteiro-esquerdo César, sendo que somente este último não correspondeu à expectativa. Na verdade, os dois times com novos jogadores deixaram a impressão que vão melhorar no seu rendimento, muito embora ainda precisem de mais tempo de treinamento e melhor sequência de jogos.

Sobre os novatos atleticanos em termos individuais, Zé Krol na cabeça-de-área, Palmir de meia-direita, Miguelzinho de meia-esquerda e Noé de centroavante deixaram boa impressão com uma atuação de regular para boa.

Acerca de Dário, Arhur, Maia, Erasmo e César, eles deixaram uma boa padronização de jogo ao Vitória do Mar e deixaram claro que o quadro auriverde poderá disputar de igual pra igual com todos os chamados grandes.



 FICHA DO JOGO

Maranhão 0x0 Vitória do Mar
Data: 05 de agosto de 1980
Local: Estádio Municipal Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 74.860,00
Público: 965 pagantes
Juiz: Sérgio Faray
Bandeirinhas: José Salgado e Raimundo Lima
Maranhão: João Batista; Mendes, Paulo Fraga, Tataco e Antônio Carlos; Zé Krol, Palmir (Naldo) e Miguelzinho; Neco (Badú), Noé (Riba) e Serginho
Vitória do Mar: Dário; Célio, Gaspar, Gonçalves e Bite; Arthur, Mais e Erasmo; Alan (Mendes), Oliveira Piauí e César

Moto Club 2x1 Sampaio Corrêa – Amistoso 1976

O Moto Club de São Luis completou na noite do dia 14 de abril de 1976 a centésima vitória diante do Sampaio Corrêa em toda a história do grande clássico, ao derrotá-lo pelo placar de 2 a 1. O jogo, pela movimentação, agradou ao grande público que compareceu ao Estádio Municipal, e dividido em um tempo para cada time.

A primeira etapa foi totalmente do Moto Club, que dominou de ponta a ponta graças ao erro de armação da equipe sampaína, que apareceu com Ferraz de meia-direita. Com o domínio da meia cancha, o Moto partiu para cima do Sampaio, que, atabalhoado, deixava que o adversário deitasse e rolasse no gramado. Aos 10 minutos o Sampaio perdeu a grande oportunidade dessa etapa de jogo com Durval, metendo uma bola na trave. Aos 19 era Carbono quem inaugurava o marcador, ajudado pela infantilidade do goleiro Dé, que além de deixar que a bola pingasse na pequena área, deixou passar entre as suas mãos a cabeceada do atacante. E o time sampaíno continuava jogando errado, com a defesa sem cobertura com as saídas de Eliézer na tentativa do gol e com os pontas totalmente anulados. Aos 28 minutos era Edmilson Leite quem ampliava o marcador, chutando da entrada da grande área uma bola espirrada da defesa sampaína.

Depois do segundo gol, a direção técnica do Sampaio tentou consertar as coisas com a entrada de Tupan no lugar de Ferraz. Isto foi o suficiente para equilibrar as coisas no meio-campo, mas não para mudar o panorama da situação. O Sampaio teria que tentar alguma fórmula para anular as investidas do Moro Club, principalmente o trabalho de Edmilson Leite, que jogava à vontade, e Carbono, que sem marcação recebia as bolas sempre livre e partia com a situação dominada e levando sempre perigo ao arco de Dé, mas nada foi feito.

Para a segunda etapa, o panorama mudou. Passou a ser o Sampaio, já que o Moto resolveu erradamente garantir o placar que lhe era favorável. A sorte do Moto foi que o Sampaio não soube aproveitar a sua superioridade e para infelicidade teve outra bola na trave numa bomba de Tupan. A direção técnica motorizada tentou despertar o interesse pelo ataque, fazendo entrar Meinha, Petinha e Prado, que infelizmente não surtiu efeito. Várias oportunidades de gols surgiram para a equipe sampaína, que foram sendo desperdiçadas por falta de tranquilidade no trabalho com a bola ou nos lançamentos para os pontas.

Mas como o futebol é brincadeira, o Sampaio tirou de campo o ponteiro Maneca para a entrada de Bimbinha. Mesmo assim o Sampaio continuava dominando para conseguir o seu único gol, aos 41 minutos, por intermédio de Gilmar. Esse gol veio apenas para levar um pouco de esperança ao time que quase conseguia o gol de empate numa jogada em que Ney fez milagre para neutralizá-la.




FICHA DO JOGO

Moto Club 2x1 Sampaio Corrêa
Data:
14 de abril de 1976
Local: Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Josenil Sousa
Renda: não divulgada
Público: 9.211 pagantes
Bandeirinhas: Wilson de Moraes Wanlume e Raimundo Lima
Gols: Carbono aos 20 e Edmilson Leite aos 30 minutos do primeiro tempo; Gilmar aos 40 minutos do segundo tempo
Expulsão: Cabrera
Moto Club: Ney; Ivan, Marins, Paulo Ricardo e Breno; Rogério, Nunes e Edmilson Leite (Meinha); Lima (Prado), Carbono (Petinha) e Cláudio (Santana). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Sampaio Corrêa: Dé (Crésio); Zé Alberto (Cabrera), Paulinho, Sérgio e Ferreira; Elieser, Ferraz (Tupan) e Bolinha; Gilmar, Durval e Maneco (Bimbinha) (Moisés). Técnico: Brito Ramos

Especial Moto Club: “CAMPEÃO DOS CAMPEÕES DO NORTE O MOTO CLUBE DE S. LUIZ!” (1948)

 Trechos, fotos e fichas extraídas do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte" (2012)

“CAMPEÃO DOS CAMPEÕES DO NORTE O MOTO CLUBE DE S. LUIZ!”. O título citado estampou uma das páginas do jornal O Globo, de 04 de Agosto de 1948, na sua sempre bem visitada coluna sobre esportes. Também foi destaque em outros importantes jornais em circulação em São Luis, um dia após a conquista que parou a nossa cidade e consagrou o time rubro-negro nos gramados Norte a fora. O feito do Moto Club, antes de ser uma conquista pessoal, foi um orgulho para todo o desporto maranhense, que pela primeira vez em sua história via um clube maranhense triunfar em uma competição da grandeza e importância que foi a Copa dos Campeões do Norte. O Moto Club de São Luis, em definitivo, colocou o seu nome como uma das maiores e mais respeitadas agremiações de todo eixo Norte e Nordeste brasileiro e coroou para sempre o título de Papão do Norte, alcunha alcançada desde a época em que o rubro-negro emprestara praticamente todo o seu time principal para a Seleção Maranhense de Futebol, que conquistou o título de Campeão da Zona Norte do Campeonato Brasileiro de Seleções, em 1946. Há registros que, desde essa conquista pela nossa Seleção, brilhantemente representada pelo plantel motorizado, o Moto Club passou a ser designado como “Papão do Norte brasileiro”. Não se pode afirmar que essa respeitável denominação ao rubro-negro maranhense tenha partido pela conquista da Seleção Maranhense, suntuosamente representado, em sua gigante maioria, pro atletas do elenco do Moto Club. Porém, os registros encontrados na época (1946) ou antes da Copa dos Campeões (Agosto de 1948) já mostram textos em jornais, inclusive em periódicos paraenses, tratando o Moto Club como Papão. Em Abril de 1948, quatro meses antes da participação do Moto na Copa dos Campeões do Norte, encontramos na publicação de O Globo um vestígio de que essa denominação é anterior a essa competição. Na matéria, quando do empate do Moto contra o Flamengo do Rio de Janeiro durante amistoso no Estádio Santa Isabel, a reportagem de capa foi enfática: “Respeita o Papão do Norte!”. O atleta Beto, do Flamengo, declarou após a partida a repórteres no campo: “Sabem de uma coisa, pessoal?: Respeita o Papão do Norte! Direi a mesma coisa lá no Rio e não exagero nisso!”

Também é praticamente errôneo afirmar que o Moto tenha sido considerado com essa denominação pela conquista da Zona Norte da Taça Brasil de 1968, com alguns torcedores sugerem. Em uma matéria publicada no jornal O Esporte, de 1949, após uma vitória do rubro-negro sobre o Botafogo do Piauí, o título que estampa a matéria de capa descreve que “foi esmagado o Botafogo pelo Papão do Norte”. De novo: não temos a intenção de reafirmar sobre essa denominação do Moto, mas os indícios são claros de que o clube passou a ser conhecido por essa alcunha muito antes de 1968. Dessa forma, contesta-se a conhecida versão de que o Moto Club de São Luis passou a utilizar esse termo por conta do titulo de campeão do Torneio dos Campeões, em 1948. O mais provável, o mais próximo que podemos deduzir é de que, com essa conquista em 1948, o Moto consagrou de vez o título de Papão do Norte, passando a ser muito mais explorado pela imprensa maranhense – a partir dessa data, há maior facilidade em encontrar registros em jornais da época falando sobre a eterna alcunha do rubro-negro, inclusive imortalizado na letra do seu próprio hino.

O Torneio Campeão dos Campeões, visando “tornar mais estreitas as amistosas relações existentes entre os três estados amigos”, foi organizado pela Federação Maranhense de Desportos com um orçamento de Cr$ 160 mil. Entretanto, a competição arrecadou apenas Cr$ 100 mil, causando prejuízo para o Moto Club e para a própria Federação mentora desse triangular, no qual estiveram emprenhadas as melhores representações do futebol dos Estados do Maranhão, Ceará e Pará. “Moto Club, Paisandu e Fortaleza, campeões respectivos do Setentrião Brasileiro, estarão empenhados num certame de dois turnos que poderá se constituir numa das maiores atrações do futebol nortista dos últimos tempos”. A Federação Maranhense de Desportos, expressando o sentido que a fez organizar o Torneio dos Campeões, apresentava “aos desportistas maranhenses as mais credenciadas representações de futebol, com [...] campeões, respectivamente, do Ceará, Pará e do Maranhão”. E essas três importantes equipes do futebol brasileiro apresentavam jogadores de grande nome em seus respectivos Estados. Pelo lado maranhense, o Moto Club configurava-se como uma verdadeira máquina. O time, na época o atual tetracampeão estadual (o quinto título somente chegaria no final do ano, já que as disputas do certame de 1948 começariam apenas em Outubro), apresentava um elenco fortíssimo, sob a presidência do eterno César Aboud e treinado por José Gonçalves da Silva. A base do fortíssimo time do Moto Club de São Luis era assim composta: Valber Penha, Santiago e Carapuça; Sandoval, Gegeca e Pretinho; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim. Um verdadeiro esquadrão para o nosso futebol. Estava muito bem representado o Estado do Maranhão nessa competição.

Diante da impossibilidade de o Paysandu e o Fortaleza trazer um juiz, como insistentemente solicitou a nossa Federação, a fim de cada partida ser apitada por um mediador neutro, FMD, em todos os jogos, mesmo naqueles em que devia prevalecer a sua indicação, entre o Fortaleza e o Paysandu, deixou que “a escolha do juiz venha sendo feita pelos srs. Presidentes das duas embaixadas, atitude imparcial e reveladora de justo apreço às duas distintas agremiações visitantes”.

A cidade de São Luis respirava essa grandiosa competição. Com o início das disputas do Campeonato Maranhense marcado somente para o final do segundo semestre, todo o cenário esportivo ludovicense concentrava as suas atenções no Torneio dos Campeões. O Moto Club, que em anos anteriores serviu como a base para o selecionado Maranhense no Campeonato Brasileiro de Seleções, entraria na competição como franco favorito, uma vez que o seu cartaz de “Papão do Norte” já ganhava as principais páginas dos jornais em São Luis e até em outros Estados, como Belém do Pará. Antes do seu início, a competição, realizada entre os meses de Julho e Agosto, já estampava as páginas dos principais jornais de São Luis, que previam todo o tipo de sorte para o rubro-negro e para as disputas: O torneio dos campeões que a nossa mentora vai promover, [...] ao que tudo indica está fadada a um completo êxito. Além de tudo trata-se de uma disputa em que existe maior garantia para os litigantes, uma vez que não será efetuada no sistema de eliminação. Uma representação, mesmo que seja infeliz numa partida, poderá se reabilitar completamente nos outros jogos, conquistando o título máximo do torneio.

O Torneio dos Campeões do Norte do país, disputado no sistema de turno e returno, teve início na tarde do dia 18 de Julho de 1948, em São Luis. Todas as partidas foram disputadas no campo do Estádio Santa Isabel, na época de proprietário do Presidente rubro-negro, César Aboud. A seguir, jogo a jogo, destacaremos toda a brilhante campanha do rubro-negro maranhense naquela que ficou marcada como uma das maiores e mais importantes competições alcançadas pelo Moto Club de São Luis, definitivamente Papão do Norte!

18 de Julho de 1948: Moto Club 5x2 Paysandu (PA) – Um jogaço! Sem exageros, assim poderia resumir-se o que foi o encontro evolvendo rubro-negros e bicolores na abertura do torneio, na animada tarde no campo da Fabril. “O Estádio Santa Isabel não apanhou um público numerosíssimo, apesar da grandiosidade do certame. [...] Contudo, muita gente esteve na cancha ‘motorizada’ na certeza de que iríamos ter um espetáculo soberbo de futebol”. Após o desfile dos dois participantes da competição, o professor Luiz Rêgo, Presidente da FMD, fez um breve discurso, seguido pelo hasteamento da bandeira nacional, na tribuna de honra do Estádio Santa Isabel. Teve, assim, início à partida envolvendo maranhenses e paraenses. Sob a arbitragem do Sr. Jaime Pires Neves, árbitro do quadro maranhense, o que se viu em campo foi um verdadeiro duelo de campeões, na verdadeira concepção da palavra. O Moto Club, que chegou a abrir a vantagem de 2x0 no placar, cedeu o empate ainda no primeiro e se agigantou na etapa final. Um espetáculo digno das duas maiores potências do futebol maranhense e paraense. “Apesar da derrota, a apresentação do Paysandu foi convincente. O pentacampeão paraense honrou o bom nome do Pará esportivo. Caiu como um gigante, batalhando sem cessar até os últimos minutos da partida”. Na equipe motorizada, o destaque ficou por conta da atuação de Rui, Mourão, Gegeca, Pretinho, Galego (autor de dois gols) e Ananias, os melhores elementos do representante maranhense em campo.  Assim perfilaram as duas equipes: Moto Club - Rui, Santiago e Mourãozinho; Sandoval, Gegeca e Pretinho; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim; Paysandu - Aloísio, Bria e Jesus; Bendelaque, Manoel Pedro e Pedro; Hozana, Dengoso, Hélio, Guimarães e Aracaty. O time paraense era treinado por Dimas Teles, que por muito tempo exerceu a função de técnico do Maranhão Atlético Clube. Era o pontapé inicial motorizado para a conquista do torneio e a sua consagração em definitivo como um dos grandes do futebol nortista.

Na segunda partida da competição, envolvendo cearenses e paraenses, um incidente que paralisou a disputa durante mais de meia hora: aos 36 minutos de jogo, o zagueiro Bria deu um pontapé proposital no atacante Piolho. A falta foi tão violenta que Piolho ficou desacordado por um bom tempo, tendo sido retirado de campo nos braços dos seus companheiros para receber socorros no vestiário motense. O Juiz Cícero Romão Batista, incontinente, expulsou de campo o zagueiro Bria, provocando uma tremenda confusão. O time do Paysandu não queria continuar jogando sem Bria e estava intransigente na sua decisão de não atuar com apenas 10 homens. Entretanto, depois de muito bate-boca, foi resolvida a situação: o presidente da embaixada do Paysandu em São Luis, Jorge Aguiar, fazendo valer a sua autoridade, ordenou que os seus comandados prosseguissem a partida. No final, o Fortaleza bateu o Paysandu pelo placar de 3x2. Depois desse jogo, cearenses e paraenses abandonaram a Escola Técnica, onde estavam hospedados, e seguiram para o Hotel Brasil, por motivos de acomodação (no antigo alojamento, os jogadores e comissão técnica de ambas as equipes reclamaram da comida escassa e as camas estreitas e duras).

O Moto Club, no intervalo entre a primeira e segunda partidas, confirmou a vinda de mais três reforços, todos trazidos pelo técnico Zequinha, do rubro-negro, que esteve em Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco atrás de peças para compor o elenco. Chegaram ao clube motorizado Laixinha, vindo do C. F. Brasil, Nascimento, meia-esquerda oriundo do América de Pernambuco, e Palheta, centro médio do Comercial F. C.

Moto 5x2 Paysandu/PA
 
25 de Julho de 1948: Moto Club 5x1 Fortaleza (CE) Um passeio – com direito a mais uma goleada. O Moto Club, em sua segunda aparição no torneio, mostrou o porquê do tetracampeonato maranhense e do seu atual elenco, seguramente um dos melhores em toda a sua história. A segunda goleada, agora frente ao rival cearense, mostrava que continuava de pé o cartaz que o Moto trazia na bagagem. Mais um grande do futebol caia diante do Papão. A tarde do dia 25 em São Luis estava propícia para a prática do futebol. “Muito sol e nem um leve sinal de chuva. Isso foi o suficiente para um grande público no Estádio Santa Isabel, afim de presenciar a última luta do primeiro turno do Torneio dos Campeões do Norte”. O árbitro Jaime Pires Neves, que deveria atuar na partida, foi substituído pelo experiente Ferreira Novaes. Os chamados “aficionados da pelota”, expressão muito utilizada pela imprensa esportiva da época, estiveram presentes no campo da Fabril, certos de que teriam um espetáculo rico em técnica e combatividade. Com um elenco forte como o do Moto, não foi necessário fazer uma previsão muito longa para adivinhar o que ocorreria naquela partida. Batistão, Pretinho, Ananias e Tidão, este último com dois gols, mostraram mais uma vez a superioridade do rubro-negro em campo e deram números finais à segunda goleada motense na competição – fora o baile. Sobre os nomes da partida, vale fazer um destaque: Na equipe motorizada merece destaque a figura de Valber Penha, sem dúvida alguma o melhor valor do esquadrão rubro-negro. Pretinha e Gegeca foram também grandes figuras da retaguarda motense. Na linha de frente agigantaram-se Tidão e Sebastião. No conjunto alencarino Jujú teve um bom desempenho não tendo sido culpado dos 5 tentos que deixou passar. [...] Arrupiado, enquanto teve fôlego, foi um jogador bastante esforçado. No ataque, Paulinho foi o melhor elemento, seguido de perto por Antony e Pipiu.

Apesar de o comando da ofensiva cearense apresentar altos e baixos, o Moto Club, com um futebol rápido, dinâmico, não deu espaço para o Fortaleza sequer pensar em reagir. Batistão, Pretinho e Ananias começaram o martírio dos Tricolores. Quando Pipiu deu um sinal de vida à equipe cearense logo após o seu gol, ainda no primeiro tempo, Tidão, jogando talvez a sua melhor partida na competição, tratou de anotar dois gols (o seu terceiro naquela altura do torneio) e acabou com as esperanças alencarinas. Um 5x1 gigante, do tamanho do futebol rubro-negro! O Moto Club perfilou assim contra o representante cearense: Valber Penha, Santiago e Carapuça; Sandoval, Gegeca e Pretinho; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim. O Fortaleza entrou a campo com esta formação: Juju, Saraiva e Zé Sérgio; Natal, Deim e Arrupiado; Antony, Paulinho, França, Pipiu e Piolho. 
 
Moto 5x1 Fortaleza/CE

28 de Julho de 1948: Moto Club 1x2 Paysandu (PA) – Enfim, de volta à realidade. O returno do Torneio dos Campeões do Norte prosseguiu com o embate envolvendo motenses e bicolores, a primeira partida da fase de volta. Por causa do espetacular primeiro turno, onde o Moto Club cravou duas impiedosas goleadas sobre cearenses e paraenses, parece que o representante maranhense havia entrado a campo com um belo salto alto. A derrota no returno diante do Paysandu foi cruel e não esteve nos planos do time motense. “A luta teve um transcorrer bastante movimentado, finalizando com o marcador acusando o seguinte resultado: Moto Clube 1 x Paisandú 2”. Foi a derrota da subestimação. Após dois resultados que deixaram a torcida motorizada em plena euforia, o rubro-negro tropeçou nas suas próprias pernas justamente por acreditar que encontraria vida fácil no restante da competição. Pelo contrário, o time do Moto começou o returno bem abaixo daquele que começou o Primeiro Turno. A derrota para os cearenses acendeu o sinal de alerta rubro-negro. Sobre a atuação individual das duas equipes, Valber – não repetiu sua atuação anterior. Falhou lamentavelmente no lace do primeiro ponto dos visitantes. Santiago – Firme como sempre. Rebateu bem as bolas que vieram para o seu setor. Prendeu Hélio, em algumas jogadas, soltando em outras. Mourão – Falhou bastante na marcação de Hosana. O jovem atleta esteve numa tarde negra.

Inda sobre a partida, aos 20 minutos da etapa complementar um torcedor invadiu o campo para tentar agredir o jogador Cacetão, do Paysandu, sendo contido pelos policiais. Assim perfilaram rubro-negros e bicolores no jogo apitado pelo maranhense Emílio Vieira: Moto Club - Valber Penha, Santiago e Mourãozinho; Sandoval, Gegeca e Pretinho; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim; Paysandu - Aloísio, Bria e Jesus; Bendelaque, Manoel Pedro e Pedro; Hozana, Dengoso, Hélio, Cacetão e Aracaty. Um tropeço que quase custou caro ao Moto Club, que viu os seus dois adversários crescerem durante a competição. Quando o Fortaleza novamente venceu o Paissandu, na rodada seguinte, o Moto Clube respirou aliviado. Diante do Fortaleza, na última partida do torneio dali a alguns dias, bastava um simples empate para o time da Fabril. “Uma vitória ou empate do grêmio ‘motorizado’ significaria a conquista do título. Em caso de derrota, o torneio ficaria com 3 líderes”.
 
Paysandu/PA 2x1 Moto Club
 
03 de Agosto de 1948: Moto Club 2x2 Fortaleza (CE) – Uma verdadeira batalha configurou-se na tarde do domingo de 03 de Agosto, no campo do Estádio Santa Isabel, praticamente lotado. O público, apesar das atrações que o espetáculo apresentava, “não compareceu em massa ao campo da Fabril. Os dirigentes da FMD esperavam uma renda superior a vinte mil cruzeiros para aliviar um pouco o prejuízo. Contudo, não foi a arrecadação além dos 13 mil, o que contribuiu para aumentar o valor do prejuízo”. A capital maranhense parou para acompanhar a decisão, ao vivo nas arquibancadas ou pela irradiação das poucas rádios naquela época. Parecia que São Luís em peso estava ali no Santa Isabel. O então Governador de São Luis, Sebastião Archer, prometeu feriado em caso de título. Antes da partida, boatos correram pela cidade, dando conta de que o Fortaleza entraria para o jogo contra os motenses reforçados com cinco jogadores do Maranhão Atlético Clube. Contudo, os boatos “ruíram por terra e não se confirmaram. É que os alencarinos, mesmo se ressentindo, visivelmente, do ‘massacre’ de domingo, apareceram [...] na cancha iluminada da Fabril somente com elementos genuinamente tricolores”. Os cearenses disputaram a última e decisiva partida do Torneio numa desesperada tentativa de obter a conquista de mais dois pontos ao invés de entregá-los sem lutar ou sem atender aos regulamentos da competição.
 
Assim perfilaram Moto Club de São Luis e Fortaleza, respectivamente: Rui; Santiago e Carapuça; Sandoval, Gegeca e Pretinho; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim. O representante cearense atuou com Juju; Saraiva e Airton; Sapenha, Deim e Arrupiado; Sofia, Otávio, França, Pipiu e Antony. No primeiro tempo, rubro-negros e Tricolores lutaram com bravura indômita. Enquanto os alencarinos provocavam aplausos da torcida, a linha de frente do Moto não conseguia passar pela fraca retaguarda cearense, onde o goleiro Juju, visivelmente contundido, não passava grande confiança. Por outro lado, a improvisada ofensiva tricolor, com extrema facilidade, passava pelo setor defensivo motense. E todos os prognósticos de fácil vitória motorizada foram contrariados com a batalha de igual para igual: “o Fortaleza inaugurou o placard aos nove minutos apenas, mercê de um centro do ponteiro Sofia, finalizado de cabeça por França”. O Santa Isabel silenciou. A tão animada torcida rubro-negra se calou diante do inesperado. Porém, o silêncio virou loucura no empate de Galego aos 20 minutos - de maneira bastante esquisita: Galêgo cobrou um corner contra o Fortaleza. A esfera foi ter no arco tricolor e oscilou junto à trave direita do arco de Jujú. Lance completamente duvidoso. Mas o juiz Pires Neves marcou. Não queremos acreditar tivesse o juiz consignado um tento inexistente, pois estava ele junto ao goal e tudo viu bem de perto.
 
Foi uma verdadeira festa nas dependências do estádio. Festa essa que silenciou novamente no minuto seguinte: “dada nova saída o Fortaleza arrancou com decisão conseguindo o desempate sensacional e fulminante, por intermédio de Sofia. Bela reação do Fortaleza, assegurando a merecida vantagem no primeiro tempo”. Fortaleza 2x1 e seguiu-se o inferno na terra. Entretanto, não se prenunciava o mesmo desempenho dos cearenses no segundo tempo, pois suas condições físicas eram, de fato, precárias – assim como em todo o torneio. E o Moto, apesar de pouco articulado, continuava ostentando grande disposição em busca do empate salvador, com o time cearense sempre jogando nos contra-ataques. O domínio era totalmente motense, embora o rubro-negro apresentasse o mesmo padrão técnico paupérrimo exibido na fase inicial. “Não obstante os tricolores adotaram a tática de defesa cerrada fazendo recuar os meias e toda a medianeira, para barrar o ímpeto dos motorizados, estes cumpriram ininterrupta pressão sobre os seus adversários”. O drama rubro-negro, porém, durou até os 30 minutos do segundo tempo: “os motenses desmancharam a vantagem do marcar. O goal foi realmente ‘sui-generis’ porquanto o tiro de Valentim deixou de ser aparado por Jujú. Entretanto, o goleiro deixou a esfera escapar-lhe das mãos agarrando de novo, mas dentro da meta”. Tidão, no rebote, balançou as redes: 2 a 2. Enquanto o Moto sagrava-se vencedor desempatando a partida, o Fortaleza desdobrava-se na defesa para assegurar o empate. Porém, o empate era suficiente para o Moto se tornava Campeão dos Campeões. Estava finda a batalha.

Apesar do título, o Moto Club vinha de uma sequência de partidas irregulares, sem o mesmo brilho que o fizera receber, com honras, a significação de “Papão”, por sucessivas e convincentes vitórias sobre os grandes do futebol do Norte e Nordeste em suas excursões. A publicação de “O Combate”, de 1948, destacava que o rubro-negro, mesmo com a inédita conquista, já não era mais o mesmo de outrora. “A sua atuação no Torneio dos Campeões, apesar da nossa esperança, não convenceu, absolutamente”. Técnico, jogadores, todos foram questionados sobre os motivos que fizeram o Moto decair tanto de produção nos últimos anos e, principalmente, na Copa dos Campeões. E a resposta mais clara foi o fraco desempenho no Segundo Turno do Torneio, onde o time maranhense quase se complica contra adversários tecnicamente inferiores. A publicação encerrou os questionamentos sobre a baixa produção do rubro-negro na competição alertando e já dedicando ao time motorizado a sua eterna aculnha endossada pelo título do Torneio: “ou o Moto continua a atuar como ‘Papão do Norte’, ou que se tire dele esse tpitulo honroso, se o mesmo não continuar a corresponder a expectativa”.

O título foi comemorado como se acontecesse uma Copa do Mundo. O rubro-negro da Fabril terminou a competição com o maior número de pontos (13), seguido por Paysandu (10) e Fortaleza (8). O time motorizado ainda teve ainda o artilheiro (Tidão, ao lado de Pipiu, do Fortaleza, ambos com quatro gols) e o vice (Galego e Batistão, ambos com três gols). O futebol maranhense, que em décadas passadas aprendeu com o futebol cearense e paraense, demonstrou que havia aprendido à risca e venceu de forma brilhante o torneio. O Paysandu voltou a Belém pelo avião da Cruzeiro do Sul; o Fortaleza retornou à capital cearense pela base aérea do Tirirical, no avião da Aerovias Brasil. E o Moto ficou em São Luis, com o eterno título de Papão do Norte.
 
FICHAS DOS JOGOS
CAMPANHA DO MOTO CLUBE NA COPA DOS CAMPEÕES DO NORTE 1948

Moto Club 5x2 Paysandu/PA
Data:
18 de julho de 1948
Local: Estádio Santa Izabel
Juiz: Jaime Pires Neves
Bandeirinhas: não informado
Gols: Galego (pênalti) aos 13 e Batistão aos 35 minutos do primeiro tempo; Hélio a 1 e 3, Tidão aos 12, Galego aos 19 e Inaldo aos 44 minutos do segundo tempo
Público: não informado
Renda: Cr$ 23.291,00
Moto Club: Rui; Santiago e Mourãozinho; Sandoval, Gegeca e Pretinha; Galego, Tidão (Inaldo), Batistão, Ananias  e Valentim (Mosquito)
Payssandu/PA: Aloísio; Bendelaque e Bria; Pedro (Vicente), Manoel Pedro e Jesus (Pedro); Hozano, Dengoso, Hélio, Guimarães (Cacetão) e Aracaty

Moto Club 5x1 Fortaleza/CE
Data:
25 de julho de 1948
Local: Estádio Santa Izabel
Juiz: Ferreira Novaes
Bandeirinhas: não informado
Gols: Batistão aos 6, Pretinha aos 20, Ananias aos 38 e Pipiu aos 41 minutos do primeiro tempo; Tidão aos 7 e 25 minutos do segundo tempo
Público: não informado
Renda: Cr$ 21.145,00
Moto Club: Walber Penha; Santiago e Carapuça; Sandoval, Gegeca e Pretinha; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim (Mosquito)
Fortaleza/CE: Jujú; Saraiva e Zé Sérgio; Natal, Deim e Arrupiado (Airton); Antony, Paulinho, França, Pipiu e Piolho

Moto Club 1x2 Paysandu/PA
Data:
28 de julho de 1948
Local: Estádio Santa Izabel
Juiz: Emílio Vieira
Bandeirinhas: não informado
Gols: Hozano aos 23 minutos do primeiro tempo; Batistão a 1 e Hozano aos 16 minutos do segundo tempo
Público: não informado
Renda: Cr$ 20.218,00
Moto Club: Walber Penha; Santiago e Mourão; Sandoval, Gegeca e Pretinha; Galego, Tidão, Batistão, Ananias (Inaldo) e Valentim (Mosquito)
Payssandu/PA: Aloísio;  Bria e Jesus; Bendelaque, Manoel Pedro e Pedro (Vicente); Hozana, Aracaty, Hélio, Dengoso (Guimarães) e Cacetão

Moto Club 2x2 Fortaleza/CE
Data:
03 de agosto de 1948
Local: Estádio Santa Izabel
Juiz: Jaime Pires Neves
Bandeirinhas: não informado
Gols: França aos 9, Galego aos 20 e Sofia aos 21 minutos do primeiro tempo; Tidão aos 30 minutos do segundo tempo
Público: não informado
Renda: Cr$ 20.218,00
Moto Club: Rui; Santiago (Genaro) e Carapuça; Sandoval, Gegeca e Pretinha; Galego, Tidão, Batistão, Ananias e Valentim
Fortaleza/CE: Juju; Saraiva e Airton; Sá Penha, Deim e Arrupiado; Sofia, Otávio, Pipiu, França e Antony

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Registro do jogador Murtosa, ex-auxiliar técnico da seleção brasileira, com a camisa do Maranhão (1976)

Matéria extraída do jornal O Imparcial, de maio de 1976, relatando a contratação de Murtosa e mais dois reforços vindos do Rio Grande do Sul para o Maranhão Atlético Clube:

GAÚCHOS AGRADAM NO PRIMEIRO TREINO – Reclamando apenas do calor e da longa viagem, os três novos contratados do Maranhão, no Rio Grande do Sul, fizeram no dia 07 de maio de 1976 o primeiro treino em meio aos novos companheiros e apenas de treinarem apenas 40 minutos, mostraram boas qualidades e sobretudo muito empenho. Eles mostraram-se animados e esperançosos de acertarem na equipe e não estranharam nada, nem mesmo o futebol rápido e competitivo demonstrado no treino. “Não há nenhuma diferença. O futebol brasileiro todo é igual e acho que temos condições de acertar aqui”. A afirmação é de Flávio da Cunha Teixeira, o Murtosa, apelido que ganhou na infância quando começou a dar os primeiros chutes no juvenil do Pelotas. Joga pela ponta-direita e faz questão de frisar que é um ponta para o futebol agressivo. Tem 25 anos e nunca fez outra experiência fora do Rio Grande do Sul. Os outros dois são José Lúcio Pinho Lousada (Lousada), 23 anos e que joga na meia-direita, e Luis Carlos Santos (Nabé), lateral-esquerdo, 25 anos. Joga também no meio da área, “mas só se for em último caso”.

Nas primeiras entrevistas, mostraram muita confiança na experiência que é nova para todos, que pela primeira vez deixam o Rio Grande do Sul, mas precisamente a cidade de Pelotas, onde defendiam o time que leva o nome da cidade e que acabou desclassificado na primeira faz do certame gaúcho. Estão emprestados até dezembro em bases financeiras que preferem não revelar. As transferências foram encaminhadas à CBD e ainda hoje (08/05) poderão ser regularizados para os jogos do campeonato, mas o técnico Moacir não os relacionou para o jogo contra o Ferroviário (que acabou empatado em 0 a 0), porque fisicamente não estão em boa forma, como pode observar no treino. O diretor João Tinoco Filho estava sendo esperado, trazendo mais um zagueiro-central pode poderá vir do futebol paulista.

FLÁVIO MURTOSA ATUANDO PELO MARANHÃO - Quem olha Murtosa, Auxiliar Técnico da Seleção Brasileira nas Copas de 2002 e 2014, sequer imagina que ele teve uma rápida passagem pelos gramados defendendo o Brasil do Rio Grande do Sul, além do Esporte Clube Pelotas. E muitos nem imaginam que, pouco antes de encerrar a sua curta aventura como atleta profissional, Murtosa ainda teve uma brevíssima passagem no Maranhão Atlético Clube. Sem sucesso ao tentar seguir os passos do seu tio Darcy Lopes da Cunha, abandonou os gramados, formou-se em Educação Física e estreou numa equipa técnica, como preparador-físico, ao serviço do Grêmio Atlético Farroupilha, em 1981. O ano seguinte assinalaria o encontro com Luiz Felipe Scolari, de quem se tornou adjunto no Grêmio Esportivo Brasil. 

Corpo atarracado, bigode farto, cabelo ralo e pouco jeito de quem um dia foi um atleta profissional. Mas antes de virar o fiel escudeiro de Felipão, Flávio Murtosa foi um jogador de alto rendimento. E mais: se apresentava como um insinuante ponta-direita do Pelotas. Com um futebol de força física, velocidade e chute potente, características de um atacante que infernizava defesas pelos gramados do futebol gaúcho, já naquela época Murtosa mostrava que seu futuro seria mais frutífero fora de campo. Seu tio, Darcy, marcou época no futebol gaúcho. Ponta-direita com chute forte, o Murtosa tio ficou conhecido como o “Canhão da Baixada”. Murtosa, o sobrinho, também era ponta-direita e tinha na finalização a sua arma. Criado nas categorias de base do Pelotas, Murtosa virou profissional em 1967, logo aos 16 anos. 

Ponta-direita com destaque para a finalização, Murtosa disputou diversos Campeonatos Gaúchos e torneios do interior com a camisa azul e ouro. Permaneceu por lá até 1975, quando decidiu deixar o futebol gaúcho e se aventurar no ano seguinte no MAC, em companhia do amigo e companheiro Louzada, meia-direita - na época, havia alguns atletas gaúchos no time atleticano. Em 1976, o Maranhão formava com Santos; Roberto, Lambau, Naber e Carlito; Tataco, Louzada e Álvaro; Murtosa, Joãozinho e Léo. Naquele ano o Glorioso foi apenas o terceiro colocado no Estadual.

No ano seguinte, Murtosa retornou ao Pelotas, jogou algum tempo e parou aos 26 anos, quando lesionou o joelho. Decidiu cursar a faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas. Em 1981, ainda estudante, foi ser preparador no Farroupilha. No ano seguinte aceitou o desafio de treinar o time e logo começou a trabalhar com Felipão. Desde então, apenas se separou do amigo em três ocasiões: em 1997, quando assumiu o comando do Juventude de Caxias; em 2000, quando foi campeão pelo Palmeiras da Copa dos Campeões; e em 2002, após a Copa do Mundo. De resto, o seu percurso é o percurso de Scolari: Al Shabab e Al Ahli (Arábia Saudita), Grémio, Goiás, Al Qadsia (Kuwait), Seleção do Kuwait, Criciúma, Jubilo Iwata (Japão), Cruzeiro, Seleção Brasileira e Portuguesa.

Murtosa

Nabé

Lousada

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Sampaio Corrêa - Campeonato Brasileiro de 1974

Belíssimo registro colorido da formação do Sampaio Corrêa que disputou o Campeonato Brasileiro de 1974, quando venceu jogos importantes na competição, como os 3 a 1 diante do Fluminense e os 2 a 0 contra o Vasco da Gama, ambos em São Luis. Na foto, temos a seguinte escalação: em pé - Marinho, Orlando, Moraes, Lourival, Raimundo e Santos; agachados - Buião, Djalma Campos, Dionísio, Nandes e Ailton

Ferroviário 3x1 Maranhão – Taça Cidade de São Luis 1967

TIME ATLETICANO SERÁ CONHECIDO MINUTOS ANTES DO PRÉLIO – NÃO EXISTE INTERESSE NO ESPETÁCULO DE HOJE – JUIZ: JOSÉ SALGADO – Perdeu total interesse para o público o prélio que irão travar hoje (25 de maio de 1967) no Estádio Municipal Nhozinho Santos, as equipes do Maranhão Atlético Clube e Ferroviário Esporte Clube, peleja esta valendo pela Taça Cidade de São Luis de 1967, que tem como do-líderes as equipes do Sampaio Corrêa e Ferroviário. O desinteresse do público no espetáculo entre ferrins e atleticanos é justamente porque o quadro principal do Glorioso encontra-se na capital paraense, onde realiza uma temporada e não dispõe de um plantel à altura de se defrontar contra o esquadrão da Estrada de Ferro, totalmente embalado para o cotejo de logo mais. Para o Ferroviário, é muito bom, pois o seu objetivo é jogar contra um adversário que não lhe ofereça muito trabalho, uma vez que vencendo o time atleticano hoje, estará bem colocado para conquistar a Taça Cidade de São Luis, já que derrotou o Moto Club e lhe falta apenas o Sampaio Corrêa, depois do cotejo de hoje contra o MAC.

Até o momento em que encerrávamos os nossos trabalhos, não tínhamos conhecimento do quadro que o MAC lançará em campo para se defrontar contra o Ferrim, pois os mandatários do time da Praça João Lisboa encontram-se em Belém, juntamente com o plantel principal. Acreditamos até certo ponto que essa partida venha a ser cancelada, pois as coisas no futebol maranhense são de última hora.

O Ferroviário Esporte Club desde ontem encerrou os seus preparativos de campo com vistas à peleja contra o MAC. O ensaio foi realizado no estádio Santa Izabel, sob a direção do treinador Santos. O guardião Manguito, que se encontra adoentado, é a única dúvida para a partida de hoje contra os atleticanos. O quadro do Ferroviário para o cotejo de hoje deverá alinhas com Manguito (ou Gilmar); Cauby, Clécio, Édson e Negão; Nélio e Esquerdinha; Garrinchinha, Cândido, Riba e Expedito. O time do MAC será conhecido minutos antes da partida.

FERRIM VENCEU OS RESERVAS DO MAC E MANTEVE A CO-LIDERANÇA DA TAÇA CIDADE DE SÃO LUIS – Vitória do Ferroviário Esporte Clube pela contagem de 3 a 1 frente a uma equipe mesclada do Maranhão Atlético Clube, em partida válida pela Taça Cidade de São Luis de 1967. Jogo pobre de técnica, pois o Ferroviário, com o seu quadro titular, deixou muito a desejar, embora tivesse assinalado três tentos a um no final dos 90 minutos, placar esse que não convenceu, em vista do MAC ter jogado com uma onzena totalmente desarrumada, uma vez que o seu plantel efetivo encontrava-se em Belém do Pará, realizando uma peleja de caráter amistosa contra o Clube do Remo.

O placar da municipalidade foi inaugurado logo aos 2 minutos do primeiro tempo e tudo fazia crer que o time do Ferrim partiria diretamente para uma goleada desenfreada no seu adversário, que diga-se de passagem não merecia nenhuma confiança para os presentes no Nhozinho Santos. O autor do ponto do time da REFFSA foi o atacante Garrinchinha.

A representação do Tricolor da Estrada de Ferro voltava a movimentar o marcador do Colosso da Vila Passos aos 11 minutos, desta feita por intermédio de Cândido. Os atleticanos não se intimidaram com o escore de 2 a 0 e instante a instante tentavam o seu primeiro gol, que nasceu aos 32 minutos, através do jogador Abreu. O plantel orientado por Santos tentou brincar e acabou se complicando, pois o mesclado do MAC dava tremendo trabalho aos profissionais do Ferrim.

O gol de número 3 do Ferroviário surgiu somente aos 30 minutos da fase complementar, através do atacante Monteiro. Não agradou o rendimento técnico do jogo entre Ferroviário e o misto do Maranhão. Os jogadores do ferroviário, depois do marcador de 2 a 0, pensaram que o cotejo seria fácil e acabaram de complicando totalmente, mas venceram  pela contagem de 3 a 1, dando assim longo passo para ganhar a Taça Cidade de São Luis, uma vez que o seu próximo adversário será o Sampaio Corrêa e este falta jogar com o Moto Club de São Luis. 

Equipe do Ferroviário

Equipe mista do Maranhão, mesclada com reservas e atletas dos aspirantes
 
 FICHA DO JOGO

Ferroviário 3x1 Maranhão
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 500,00
Público: não divulgado
Juiz: Eduardo Santos
Bandeirinhas: Cândido e Getúlio Pavão
Gols: Garrinchinha aos 2, Cândido aos 11 e Abreu aos 32 minutos do primeiro tempo; Monteiro aos 30 minutos do segundo tempo
Expulsão: Batuel
Ferroviário: Juraci; Peruzinho (Caubi), Edson, Clécio e Caubi (Negão); Nélio (Monteiro) e Américo; Batuel, Garrinchinha, Cândido e Expedito. Técnico: Santos
Maranhão: Wilson (Paneiro); Abreu, Jorge, Bina e Launé; Quincas e Cacau (Ivanildo); Cloves, Waldecy (Catel), Jacinto e Sérgio (Coutinho) (Floz). Técnico: José Carlos de Assis

Sampaio Corrêa 2x1 Vitória do Mar – Campeonato Maranhense 1976

O Campeonato Maranhense de 1976 teve andamento na noite do dia 26 de junho, com a realização da partida entre Sampaio Corrêa e Vitória do Mar, que encerrou com a vitória sampaína por 2 a 1, com tentos de Ferraz e Cabecinha para o Tricolor, enquanto Coelho descontou para o Vitória.

O primeiro tempo foi vencido pelo Sampaio por 1 a 0, com gol de Ferraz, cobrando falta. Na segunda etapa, o Vitória empatou por intermédio de Coelho, quando eram decorridos 7 minutos de jogo. A vitória Tricolor foi conseguida por intermédio de Cabecinha, aos 22 minutos.

Mais uma vez o Vitória do Mar foi um adversário difícil e seus dirigentes lamentavam a falta de sorte, já que conseguiram esboçar uma reação e ameaçar a vitória sampaína.


FICHA DO JOGO

Sampaio Corrêa 2x1 Vitória do Mar
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 14.767,00
Público: não divulgado
Juiz: Cladionor Lopes
Bandeirinhas: não informado
Gols: Ferraz no primeiro tempo; Coelho aos 7 e Cabecinha aos 22 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Valdecy; Cabrera, Moisés, Sérgio e Ferreira; Eliézer, Ferrar e Bolinha; Ramos, Cabecinha e Pain
Vitória do Mar: João; Assis, Reginaldo (Ivaldo), Edmilson e Alex; Zé Augusto, Ariosto (Carrinho), Eliomar, Baiaco, Valdimar e Coelho

Maranhão 1x1 Sampaio Corrêa – Campeonato Maranhense 1992

O Maranhão Atlético Clube sagrou-se campeão do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de 1992 na tarde do dia 16 de agosto daquele ano, no Estádio Castelão, com o empate de 1 a 1 com o Sampaio Corrêa, resultado que deu o vice para o Moto Club, que aguardava a derrota maqueana para ficar com o título. Ganhou o time de melhor campanha, o único invicto na temporada e genuinamente formado por jogadores da terra, exceção a Mazinho, que é cearense. A conquista garantiu o MAC na final do campeonato, com um ponto de bonificação – o Moto também, mas sem essa vantagem. Zé Roberto, aos 45 minutos do primeiro tempo, de cabeça, abriu o marcador, para Juca, aos 40 do segundo tempo, decretar o empate e fazer a festa do Maranhão.

Maranhão e Sampaio fizeram um jogo muito feio. Pobre de técnica e emoção e bastante violento, com faltas sucessivas e mal interpretadas pelo árbitro Verandy Fontes, que não estava num dia feliz. No primeiro tempo aconteceu apenas um gol, quando ninguém esperava mais nada. O Maranhão, que jogava beneficiado pelo empate, mudou completamente seu estilo de jogo e se deu mal: não conseguiu criar nenhuma jogada e frustrou os seus poucos torcedores que foram ao estádio. O time desceu para o vestiário, no intervalo, estrepitosamente vaiado.

No segundo tempo o Maranhão voltou mais disposto e foi bem melhor, mas longe de ser aquele time objetivo, de jogadas bonitas. Reagiu e foi buscar o empate, com absolutamente merecimento. O Sampaio recuou e cedeu espaço e terminou o jogo com dez atletas, porque Rogério, que substituiu Nilson, foi expulso após chutar Reginaldo por trás, no momento em que entrou no jogo.

Na preliminar, o Moto venceu o Tupan por 3 a 0, com gols de Jeferson (2) e China, pelo campeonato de Júnior. 


FICHA DO JOGO

Maranhão 1x1 Sampaio Corrêa
Local:
Estádio Castelão   
Renda: Cr$ 6.773.000,00
Público: 1.190 pagantes
Juiz: Verandy Fontes
Bandeirinhas: Ruy Frazão e Antonio Macedo
Gols: Zé Roberto aos 45 minutos do primeiro tempo; Juca aos 40 minutos do segundo tempo
Cartão vermelho: Rogério
Sampaio Corrêa: Juca Baleia; Luís Carlos, Toninho, Bado e Jorge (Roy); Júlio César, Nilson (Rogério) e Dico Maradona; Ismael, Zé Roberto e Bona (Baroninho). Técnico: Sandow Feques
Maranhão: Clemer; Marcos, Cabecinha, Oliveira Lima e Reginaldo; Batista (Luís Carlos), Rogério e Oliveira Sobrinho; Mael, Juca e Jackson (Mazinho). Técnico: Eliéser Ramos

domingo, 21 de janeiro de 2024

Confusão e tiros em Pindaré-Mirim (1998)

Texto do jornal “O Estado do Maranhão” (05 de junho de 1998)

Assistida por um grande público (quantidade não foi divulgada), a partida Pindaré x Viana, válida pela última rodada do quadrangular final do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de 1998, na noite de quarta-feira, 4 de junho, terminou em um grande tumulto, inclusive tiros na parte externa do estádio e pedradas dentro de campo. O atacante Vágner Paulista, do time vianense, foi a maior vítima, sendo atingido na cabeça por um torcedor e, sangrando bastante, foi parar no hospital da vizinha cidade de Santa Inês, onde foi medicado.

Inicialmente a partida só parecia interessar ao Viana, que precisava vencer e torcer por um empate entre Sampaio e Bacabal. O Pindaré, pela lógica, entraria em campo apenas para cumprir tabela, pois qualquer que fosse o resultado estaria fora da briga pelo Primeiro Turno.

A confusão em Pindaré começou bem antes de a boal rolar, nas grandes filas que se formaram em volta do Estádio Nagibão. Torcedores se empurravam, discutiam e esbravejavam, reclamando da desorganização da FMF quanto ao número de catracas e tentavam entrar de qualquer maneira. Pelas informações obtidas no próprio estádio, apenas duas catracas eletrônicas estavam funcionando. Quantidade insuficiente para conter a fúria dos torcedores que não tinham mais, naquele momento, 15 minutos antes de começar o jogo, paciência para permanecer nas filas. A polícia teve trabalho dobrado e muitas das vezes teve que usar gás lacrimogêneo para dispersas os mais afoitos.

Em consequência de toda confusão, maior parte da torcida só conseguiu entrar no estádio quando a bola estava rolando. As reclamações foram inúmeras. “A ideia de lançar a troca da nota fiscal pelo ingresso foi excelente, mas ele também precisa resolver o problema do torcedor que bem para o estádio e tem que enfrentar essas filas”, reclamou o torcedor do Pindaré, José Fernandes.
 
MAIS AGITAÇÃO – Passada a confusão do acesso dos torcedores para assistir a partida, tudo parecia que iria transcorrer sem maiores problemas. Entretanto, alguns problemas, entre eles pedras, chupas de laranjas, etc., dentro de campo, o árbitro Marcelo Barbosa conseguiu conduzir a partida. Aos 52 minutos do segundo tempo, entretanto, foi obrigado a parar tudo. O bandeirinha Roberth Charles, hostilizado sistematicamente por alguns torcedores, alegou que não tinha mais condições de permanecer na linha lateral, reclamando da falta de segurança.

Durante os noventa e sete minutos de jogo, por diversas vezes o árbitro teve que chamar a polícia e reclamar dos objetos que estavam sendo jogados dentro de campo, principalmente quando os jogadores do Viana se apresentavam para cobranças de laterais ou escanteios.

Um outro problema enfrentado pelo árbitro na volta para o segundo tempo foi com relação à falta de iluminação em uma das torres do Nagibão, que apagou geral. Mesmo assim, em situação precária, Marcelo Barbosa autorizou o reinício da partida.

TÉRMINO – Os problemas de acesso e durante o jogo foram pequenos se comparado com tudo o que aconteceu no final da partida. O tumulto foi iniciado no momento em que o atacante Vagner Paulista foi atingido com uma pedrada na cabeça e teve que sofrer seis pontos. A partir daquele instante enquanto o jogador do Viana estava sendo atendido, o policiamento tratava de proteger o árbitro, as brigas e correriam acontecimentos no setor de arquibancada e na parte externa do Estádio Nagibão.

Revoltados, os dirigentes de Pindaré responsabilizavam toda confusão à arbitragem de Marcelo Barbosa e dos bandeirinhas Geraldo de Jesus e Roberth Charles pela anulação de um gol e da marcação de impedimento inexistentes. O saldo de toda confusão resultou em uma grave agressão à pedrada ao jogador Vagner Paulista, que, desacordado, foi parar no hospital, com seis pontos na cabeça. Mais tarde, ele foi à delegacia, onde foi medicado e registrou a agressão. O ônibus que conduzia a delegação do Viana ficou com os vidros laterais, traseiros e da frente quase que totalmente quebrados.

O diretor do Viana, Djalma Campos, que também teve o seu carro apedrejado, declarou depois do jogo que o clube vianense vai levar toda confusão ao Tribunal de Justiça da federação para que o Pindaré não realize os seus próximos jogos no Estádio Nagibão. O próprio árbitro Marcelo Barbosa, enquanto esteve em campo protegido pela polícia, disse que iria detalhar todos os acontecimentos no relatório e dar entrada na FMF.


Sampaio Corrêa 0x0 Expressinho / Maranhão 2x1 Tupan - Campeonato Maranhense 1992

 A rodada dupla 01 de julho de 1992 pelo Campeonato Maranhense foi adiada para o dia seguinte, 02, a partir das 18h30, no Estádio Castelão, para fugir da concorrência de Vasco x Flamengo, pela televisão. Sampaio x Expressinho, na preliminar, e Maranhão e Tupan, na principal. A decisão poderia ter sido tomada com antecedência, se a federação tivesse atendido solicitação inicial do presidente Eugênio Rodrigues, do Tupan; porém, como isso não aconteceu, mais uma vez aumenta o prejuízo do futebol, que sofre desse mal da organização.

Os árbitros estão mantidos: José Ribamar Melônio apita Sampaio x Expressinho, com bandeirinhas de Verandy Fontes e Renato Rodrigues e José Ribamar Moraes na suplência. Marcelo Filho dirige Maranhão x Tupan, com Josenil Sousa e Antônio Carlos dos Santos nas laterais e Antônio Araújo Ribeiro na regra três. O presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (CAEF), Raimundo Lima, que disse que o adiamento não trouxe nenhum prejuízo para os profissionais do apito. “Eles estão preparados para trabalhar qualquer dia”.

Os diretores dos clubes e federação estão fazendo um apelo para os torcedores voltarem ao estádio. O apoio da torcida, na opinião deles, será importante para uma tomada de posição. Essa será a primeira rodada da capital, dessa segunda fase do primeiro turno. Até então houve apenas um jogo: Bacabal 2x1 Tupan. Os ingressos serão cobrados a Cr$ 7 mil, cadeiras, e Cr$ 3 mil, arquibancadas.

Enquanto esse apelo é feito dramaticamente, grande parte da torcida reclama da “crise de dirigentes” que o nosso futebol atravessa. São picos os que ainda se salvam nessa onda de desmotivação. Se por um lado alguns se sacrificam financeiramente para manter um time profissional em atividade, do outro os responsáveis pela administração do futebol encontram-se em sua maioria apáticos, resolvendo as coisas na base do improviso, ao mesmo tempo em que vão relevando a pobreza de ideias, para não dizer incompetência quase generalizada.

A pesar da resistência do presidente Carlos Mendes, que foi contra o adiamento, mesmo com o televisionamento direto de Vasco e Flamengo, “porque isso só desgasta mais o futebol”, o Maranhão não teve problemas para enfrentar o Tupan, segundo o treinador Eliézer Ramos, que tinha o time pronto, com todas as pelas que gostaria de ver em ação. Para não perder o dia, o grupo treinou no campo principal do Parque Valério Monteiro. Foi feito um trabalho com bola, leve, para em seguida o elenco voltar para a concentração. Clemer; Marcos, Cabecinha, Carlito e Reginaldo; Batista, Edivaldo e Rogério; Misael e Oliveira Sobrinho. Esse foi o time confirmado para o jogo, o ideal para ser trabalhado para o campeonato, segundo o treinador. Edivaldo, que fez sua estreia recentemente, apenas no finalzinho do jogo contra o Expressinho, aparecia com a principal novidade do Maranhão. Tratava-se de um jogador de boa técnica, que poderia ajudar o Glorioso a obter mais um resultado positivo diante do Tupan.

No último jogo, o Maranhão aplicou sonoros 6 a 0, om 5 gols de Oliveira Sobrinho, o artilheiro da equipe e o vice do campeonato, com 7 tentos. Mas na rodada do dia 02 de julho o Tupan prometia inverter os papéis. E tinha time para isso.

Se para o futebol o adiamento da rodada não foi bom negócio, porque representa desorganização, no mínimo, para o Tupan foi diferente: o treinador Nonato Santos, que assumiu o posto de Marçal Tolentino Serra, dispensado, ganhou um grande reforço: o meia esquerda Wesley, que estava praticamente fora dos planos do time, em função da falta de tempo para treinar, com o curdo de Medicina na Universidade Federal do Maranhão. Wesley voltou a trabalhar e garantiu a sua escalação já no jogo do dia 02 de julho, mesmo fora de suas reais condições físicas. Nonato Santos também determinou nova alteração na equipe: Marco Antônio, que não atravessava boa forma e encontrava-se com problema de saúde na família, perdeu a posição para Zé Filho. Nelson, que jogava de lateral-direito, seria lançado na zaga, no lugar de Edinho, com Eduardo na cabeça área, ao lado de Célio. No gol, Zeca Caminhão foi confirmado e Netinho foi afastado dos campos de futebol durante uns 20 dias. O jogador teve o tornozelo direito engessado. O Tupan, que estava concentrado para o jogo que foi adiado, teve que treinar para não perder o dia e isso provocou gasto dobrado para o clube, segundo o presidente Eugênio Rodrigues.

MARANHÃO VENCE O TUPAN E O SAMPAIO FICA SÓ NO EMPATE – na segunda rodada da segunda fase do Campeonato Maranhense, Primeiro Turno, o Sampaio Corrêa empatou com o Expressinho na preliminar em 0 a 0, enquanto o Maranhão derrotou o Tupan na principal por 2 a 1 no Castelão. Os gols do time atleticano foram anotados por Juca, aos 17, e Mazinho, aos 38, enquanto Wesley, aos 7, fez para o Tupan, no segundo tempo. A primeira etapa terminou em 0 a 0.

Marcelo Filho foi o juiz e a renda somou Cr$ 1.319,00, para 405 pagantes. O Maranhão igualou-se ao Bacabal, com 2 pontos ganhos. O Tupan, apesar de ter feito o primeiro gol, mais uma vez não soube garantir o marcador, permitindo uma reação do adversário. O MAC cresceu de produção depois das entradas de Juca e Jackson.

Na preliminar, o Sampaio esbarrou na retranca do Expressinho. O Tricolor dominou o adversário, mas não soube aproveitar as chances de gol que foram construídas.

 FICHA DO JOGO

Sampaio Corrêa 0x0 Expressinho
Local:
Estádio Castelão    
Renda: Cr$ 1.319,00
Público: 405 pagantes
Juiz: José Ribamar Melônio
Bandeirinhas: Verandy Fontes e Renato Rodrigues
Cartão vermelho: Moraes
Sampaio Corrêa: Juca Baleia; Tarantine, Armando, Toninho e Raimundinho; Júlio César, Zé Carlos (Rogério) e Marcelo; Ismael, Zé Roberto e Lulinha (Léo). Técnico: Ubirajara Carvalho
Expressinho: Hélio; Evandro, Marco Antonio, Villar e Carlos César; Jorge Cabrera, Reinaldo e Henrique (Evaristo); Ceará, Duda (Vander) e Moraes. Técnico: Carioca


 FICHA DO JOGO

Maranhão 2x1 Tupan
Local: Estádio Castelão    
Renda: Cr$ 1.319,00
Público: 405 pagantes
Juiz: Marcelo Filho
Bandeirinhas: Josenil Sousa e Antonio Carlos
Gols: Wescley aos 7, Juca aos 17 e Mazinho aos 38 minutos do segundo tempo
Maranhão: Clemer; Marcos, Cabecinha, Carlito e Reginaldo; Batista (Jackson), Rogério (Juca) e Edvaldo; Mael, Mazinho e Oliveira Sobrinho. Técnico: Eliéser Ramos
Tupan: Zeca Caminhão; Newton, Nelson, Lucivaldo e Naldo; Eduardo (Gabriel), Célio e Wescley; Merica (Marco Antonio), Wellington e Zé Filho Branco. Técnico: Nonato Santos