quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Registro do jogador Murtosa, ex-auxiliar técnico da seleção brasileira, com a camisa do Maranhão (1976)

Matéria extraída do jornal O Imparcial, de maio de 1976, relatando a contratação de Murtosa e mais dois reforços vindos do Rio Grande do Sul para o Maranhão Atlético Clube:

GAÚCHOS AGRADAM NO PRIMEIRO TREINO – Reclamando apenas do calor e da longa viagem, os três novos contratados do Maranhão, no Rio Grande do Sul, fizeram no dia 07 de maio de 1976 o primeiro treino em meio aos novos companheiros e apenas de treinarem apenas 40 minutos, mostraram boas qualidades e sobretudo muito empenho. Eles mostraram-se animados e esperançosos de acertarem na equipe e não estranharam nada, nem mesmo o futebol rápido e competitivo demonstrado no treino. “Não há nenhuma diferença. O futebol brasileiro todo é igual e acho que temos condições de acertar aqui”. A afirmação é de Flávio da Cunha Teixeira, o Murtosa, apelido que ganhou na infância quando começou a dar os primeiros chutes no juvenil do Pelotas. Joga pela ponta-direita e faz questão de frisar que é um ponta para o futebol agressivo. Tem 25 anos e nunca fez outra experiência fora do Rio Grande do Sul. Os outros dois são José Lúcio Pinho Lousada (Lousada), 23 anos e que joga na meia-direita, e Luis Carlos Santos (Nabé), lateral-esquerdo, 25 anos. Joga também no meio da área, “mas só se for em último caso”.

Nas primeiras entrevistas, mostraram muita confiança na experiência que é nova para todos, que pela primeira vez deixam o Rio Grande do Sul, mas precisamente a cidade de Pelotas, onde defendiam o time que leva o nome da cidade e que acabou desclassificado na primeira faz do certame gaúcho. Estão emprestados até dezembro em bases financeiras que preferem não revelar. As transferências foram encaminhadas à CBD e ainda hoje (08/05) poderão ser regularizados para os jogos do campeonato, mas o técnico Moacir não os relacionou para o jogo contra o Ferroviário (que acabou empatado em 0 a 0), porque fisicamente não estão em boa forma, como pode observar no treino. O diretor João Tinoco Filho estava sendo esperado, trazendo mais um zagueiro-central pode poderá vir do futebol paulista.

FLÁVIO MURTOSA ATUANDO PELO MARANHÃO - Quem olha Murtosa, Auxiliar Técnico da Seleção Brasileira nas Copas de 2002 e 2014, sequer imagina que ele teve uma rápida passagem pelos gramados defendendo o Brasil do Rio Grande do Sul, além do Esporte Clube Pelotas. E muitos nem imaginam que, pouco antes de encerrar a sua curta aventura como atleta profissional, Murtosa ainda teve uma brevíssima passagem no Maranhão Atlético Clube. Sem sucesso ao tentar seguir os passos do seu tio Darcy Lopes da Cunha, abandonou os gramados, formou-se em Educação Física e estreou numa equipa técnica, como preparador-físico, ao serviço do Grêmio Atlético Farroupilha, em 1981. O ano seguinte assinalaria o encontro com Luiz Felipe Scolari, de quem se tornou adjunto no Grêmio Esportivo Brasil. 

Corpo atarracado, bigode farto, cabelo ralo e pouco jeito de quem um dia foi um atleta profissional. Mas antes de virar o fiel escudeiro de Felipão, Flávio Murtosa foi um jogador de alto rendimento. E mais: se apresentava como um insinuante ponta-direita do Pelotas. Com um futebol de força física, velocidade e chute potente, características de um atacante que infernizava defesas pelos gramados do futebol gaúcho, já naquela época Murtosa mostrava que seu futuro seria mais frutífero fora de campo. Seu tio, Darcy, marcou época no futebol gaúcho. Ponta-direita com chute forte, o Murtosa tio ficou conhecido como o “Canhão da Baixada”. Murtosa, o sobrinho, também era ponta-direita e tinha na finalização a sua arma. Criado nas categorias de base do Pelotas, Murtosa virou profissional em 1967, logo aos 16 anos. 

Ponta-direita com destaque para a finalização, Murtosa disputou diversos Campeonatos Gaúchos e torneios do interior com a camisa azul e ouro. Permaneceu por lá até 1975, quando decidiu deixar o futebol gaúcho e se aventurar no ano seguinte no MAC, em companhia do amigo e companheiro Louzada, meia-direita - na época, havia alguns atletas gaúchos no time atleticano. Em 1976, o Maranhão formava com Santos; Roberto, Lambau, Naber e Carlito; Tataco, Louzada e Álvaro; Murtosa, Joãozinho e Léo. Naquele ano o Glorioso foi apenas o terceiro colocado no Estadual.

No ano seguinte, Murtosa retornou ao Pelotas, jogou algum tempo e parou aos 26 anos, quando lesionou o joelho. Decidiu cursar a faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas. Em 1981, ainda estudante, foi ser preparador no Farroupilha. No ano seguinte aceitou o desafio de treinar o time e logo começou a trabalhar com Felipão. Desde então, apenas se separou do amigo em três ocasiões: em 1997, quando assumiu o comando do Juventude de Caxias; em 2000, quando foi campeão pelo Palmeiras da Copa dos Campeões; e em 2002, após a Copa do Mundo. De resto, o seu percurso é o percurso de Scolari: Al Shabab e Al Ahli (Arábia Saudita), Grémio, Goiás, Al Qadsia (Kuwait), Seleção do Kuwait, Criciúma, Jubilo Iwata (Japão), Cruzeiro, Seleção Brasileira e Portuguesa.

Murtosa

Nabé

Lousada

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