quarta-feira, 19 de junho de 2024

Sampaio Corrêa perde o seletivo para o Campeonato Nacional e 1973 diante do Moto Club

Trecho do livro "Sampaio Corrêa: Uma Paixão dos Maranhenses"

No ano de 1973 o Estado do Piauí ganhou uma vaga na Primeira Divisão do Campeonato Nacional. Uma das primeiras exigências da Confederação Brasileira de Desportos para a participação de clubes do Nordeste era a cota mínima de Cr$ 40.000 para os principais clubes do Sul do país. Sem agremiações maranhenses na elite do futebol nacional, os dirigentes dos clubes sofreram pressões por parte da torcida para que o Estado do Maranhão garantisse algum representante na disputa.

Os dirigentes e desportistas maranhenses, liderados por Nonato Cassas, Nagib Haickel, José Oliveira (Presidente da FMD), Júlio César Abould Nagem, Pereira dos Santos, Carlos Guterres, Djalma Campos e o Prefeito de São Luis, Haroldo Tavares, viajaram no dia 02 de maio de 1973 ao Rio de Janeiro, para tentar resolver o impasse. Na reunião, realizada na sede da CBD e com a presença de João Havelange, confirmou-se a vaga do futebol do Maranhão na competição. Ao desembarcar em São Luis, o prefeito Haroldo Tavares declarou sobre o investimento de Cr$ 1 milhão para a reforma e ampliação do Estádio Municipal Nhozinho Santos.

O Secretário da Fazenda de São Luis, Jaime Santana, informou que o Banco do Estado financiaria a cota mínima de Cr$ 40.000 aos clubes visitantes. Seriam ainda vendidas cadeiras cativas para os jogos do Campeonato Nacional, representando, assim, uma significativa receita para o clube representante do Estado do Maranhão.

Uma resolução que levou o número 04/73 da Federação Maranhense de Desportos foi divulgada e mencionava, entre outras coisas, que o Sampaio Corrêa fora escolhido por apresentar melhores condições que os demais filiados. A decisão teve boa aceitação no meio desportivo.

Ainda sobre a nota, coube aos dirigentes da FMD a organizar uma comissão composta de dois elementos indicados por cada um dos filiados Sampaio Corrêa, Moto Clube, Maranhão Atlético Clube e Ferroviário Esporte Clube, destinada a gerir técnica e financeiramente as atividades do clube durante a sua atuação na referida competição, sob a forma de um protocolo assinado pelos respectivos presidentes dos clubes. Assim, através da resolução emitida pela Federação, ficou decidida a criação de uma comissão para administrar o Sampaio Corrêa, único representante maranhense na competição. Dirigentes de Moto, Maranhão e Ferroviário não aceitaram a composição da junta e fizeram uma carta renúncia à CBD, desistido da vaga destinada ao futebol maranhense. A Confederação Brasileira de Desportos, não aceitando a indicação simples feita pelos dirigentes da FMD, mandou um ofício à Federação Maranhense de Desportos, determinando a realização de uma melhor de três entre Sampaio Corrêa e Moto Clube de São Luis, para ser conhecido o representante do Estado no Brasileiro.

A decisão repercutiu negativamente em toda a cidade. Dirigentes do Maranhão e Ferroviário ficaram insatisfeitos com a atitude, pois não aceitaram a seletiva envolvendo somente Sampaio Corrêa e Moto Clube. Porém, ambos acataram pacificamente a decisão da FMD, colocando, inclusive, o seu plantel à disposição do nosso representante.

A melhor de três jogos foi disputada no mês de maio e, após dois empates sem gols, Sampaio Corrêa e Moto Clube, com um time bem modesto, reforçado com atletas vindos do interior e que só contava com 13 jogadores para essa seletiva, decidiriam a vaga para o Nacional de 1973 através das cobranças de pênaltis no último jogo, realizado no dia 23 de maio. Em comum acordo, o Moto Clube realizaria cinco cobranças de penalidades, seguido pelas cinco do Sampaio Corrêa. Marins, Lins, Marcos e Faísca assinalaram para a equipe do Moto Clube; Sérgio desperdiçou. Nas cobranças do Sampaio Corrêa, Neguinho perdeu a primeira batida da série. Como Gojoba também desperdiçou a segunda cobrança, a disputa de pênaltis acabaria em 4x0 para o Moto Clube, que representou o Maranhão no campeonato Brasileiro de 73. Um fato curioso chamou a atenção, tempos depois: o roupeiro Mariceu contratou um macumbeiro, que ficou ‘batendo tambor’ dentro de uma Kombi, do lado de fora do Estádio Nhozinho Santos. A comemoração no terreiro era mais do que justa.

Tanto a torcida quanto a presidência do Sampaio Corrêa estavam inconformados. Nem tanto pela perda da vaga, mas sim pela incoerente atitude da Federação Maranhense com relação aos três jogos contra o Moto Clube. Segundo eles, o Sampaio Corrêa, que no ano anterior havia conquistado os títulos de campeão Maranhense, do Brasileirinho e do Torneio Pará-Maranhão, era o mais indicado para as disputas na competição em 74.

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