Em 2011 lancei “Sampaio Corrêa: uma Paixão dos Maranhenses”, conclusão da minha monografia do curso de Educação Física e que foi transformada em livro – editado, a exemplo de todos os demais trabalhos, de forma totalmente independente. Com muito material sobre os outros grandes da capital e até dos ditos menores, no ano seguinte (2012) chegou ao público o livro “Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte”, aquele que mais teve resposta positiva do público e de forma imediata (todos os exemplares iniciais se esgotaram em menos de uma hora no dia do lançamento). Em 2014 foi a vez do meu terceiro livro chegar ao torcedor, em especial o quadricolor: “Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube”. E nas três publicações prevaleceu o meu respeito a todas essas instituições, embora eu tenha adotado lá em 1996 o Sampaio Corrêa como o meu clube de coração em São Luis.
Aliás, mesmo boliviano, tenho uma ligação com os dois rivais: no longínquo ano de 1995, quando eu residia no interior do Estado e sequer sonhava haver futebol profissional em São Luís, liguei o rádio e ouvi o narrador falar em um tal Maranhão Atlético Clube. Na minha cabeça, aquilo não existia. Naquele dia nem lembro contra quem o Maranhão jogava, mas fiquei fascinado pela narração, pela descrição de Bode Gregório, Demolidor de Cartazes, e pelo hino atleticano. Sim, havia futebol em São Luís! E passei a nutrir uma simpatia muito grande pelo quadricolor. No ano seguinte, 1996, através da televisão e dos jornais, acompanhei toda a campanha do Moto Club, capitaneado pelo jornalista Zé Raimundo, na Série B do Brasileiro. E, sim, torci para o rubro-negro chegar à elite. Apesar de adorar a melodia e o ritmo do hino atleticano e de acompanhar ao VT dos jogos do Moto às segundas-feiras no Maranhão TV, virei boliviano em outubro de 1996. O motivo? Sinceramente eu não sei explicar.
Após fechar a trilogia dos grandes clubes da capital (e lançar em 2017 o meu quinto livro, “Menino Jesus de Praga e José Justino Pereira: duas Histórias, um só Amor”, sobre o meu trabalho no futsal com essas duas escolas estaduais de São Luis), surgiu a ideia de conhecer melhor os chamados menores e até extintos. Assim, no dia 25 de outubro de 2013, fiz um rascunho do que seria o meu mais novo trabalho, “Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Clubes Menores da Capital”, livro que, a princípio, englobaria também os grandes do interior. Para não ficar um trabalho extenso, resolvi separar este livro em duas edições, uma para os clubes da capital e outra (a ser lançada) para os clubes do interior.
Durante os meses de outubro de 2013 a fevereiro de 2014, iniciei essa que seria a primeira parte de pesquisa do livro. Paralelo a uma jornada de quase seis horas diárias na Biblioteca Pública Benedito Leite durante as férias, abasteci o meu blog “Futebol Maranhense Antigo” (que dá nome ao livro) com o podcast “Memórias do Futebol Maranhense”, onde entrevistei exatos dezoito nomes que foram testemunhas vivas do que de melhor e pior aconteceu em nossos gramados. Hamilton Sadias, Alzimar, Caio Franco, Bacabal, Pelezinho, Marcelo Baron, Raimundinho Lopes, dentre outros das várias gerações de craques que desfilaram no palco sagrado do Municipal, Castelão ou até do extinto Santa Izabel; todos foram devidamente entrevistados/homenageados e utilizados como fonte de pesquisa oral para este novo livro.
Entre 2014 e 2022, aconteceu um hiato nas pesquisas justamente pelo meu trabalho com o futsal escolar em São Luis. E foi, sem dúvida, uma experiência riquíssima: conquistei grandes e expressivos títulos e resultados, fiz amigos e ganhei, além de títulos, uma verdadeira aula de vida ao estar em contato com jovens de várias camadas sociais, o que me fez crescer absurdamente como ser humano e entender ainda mais o papel do professor na vida de um aluno.
Findo o período do esporte escolar, voltei, já no final de 2022, aos trabalhos para o almanaque. E, na biblioteca pública, pesquisei nas melhores fontes disponíveis: Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão, Diário do Norte, Pacotilha-O Globo, O Imparcial, Jornal da Tarde, Diário do Norte, Jornal do Dia, O Esporte, o especial Por Onde Anda Você? (da dupla Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá), suplemento do jornal O Estado do Maranhão, e muitas outras publicações. Além disso, contei com a ajuda de alguns historiadores, dirigentes, jornalistas, ex-presidentes, ex-jogadores e pessoas merecedoras de crédito e que viveram épocas passadas e recentes dos oito clubes que compõem este livro: Botafogo, Ferroviário, Vitória do Mar, Graça Aranha, Tupan, Ícaro, Expressinho e IAPE (sobre este último, aliás, vale frisar que contei toda a história do Canário da Ilha apenas em sua fase até a parada no profissionalismo, em 2011, sem a parceria com o DFG Sports).
No total, foram mais de 50 dias na Biblioteca Pública Benedito Leite, 34 horas de depoimentos gravados e mais de 30 pessoas entrevistadas (algumas, por opção, pediram para não serem citadas nos créditos deste trabalho). Boa parte do que aconteceu fora das quatro linhas é baseada em história oral. Há poucas fotos, registros oficiais ou documentação sobre a riqueza de detalhes sobre os citados clubes. E, na falta de arquivos, as arquibancadas ou dirigentes criaram a própria versão, costurada com esses poucos registros documentais, o que torna ainda mais fascinante as suas histórias, contadas por testemunhas oculares que passaram a ser devidamente reconhecidas nas páginas deste livro e, de certa forma, homenageadas.
Além disso, foram muitas horas de ligações e mensagens por celular, alguns e-mails e muitas, muitas histórias que infelizmente acabaram ficando de fora, sobretudo pelo seu forte teor que fazem parte do imaginário coletivo dos bastidores, através de uma teia de memórias daqueles que passaram por esse universo chamado futebol maranhense. Como todo acontecimento histórico pouco documentado, o ocorrido no extracampo varia de versão, a depender de quem conta a história. E as versões de cada um deles para o mesmo episódio são divergentes – e, pela carência de mais documentos e até de material humano, pode ser que algum relato neste livro fuja à veracidade dos fatos, o que em linhas gerais é compreensível.
Através de relatos documentados e depoimentos, convido você, caro leitor, a conhecer um pouco mais sobre a vida dos oito clubes que fizeram e fazem parte do restrito grupo das agremiações que estão no coração de todo torcedor maranhense. E o livro segue basicamente a mesma linha de raciocínio, ao contar em detalhes sobre cada clube a sua fundação e o seu passeio pelo Campeonato Maranhense (a sua estreia, o(s) seu(s) título(s) e a sua última participação na divisão principal) ou algum outro momento importante e curioso. O que ficou de fora do registro formal permanece apenas na lembrança de quem conheceu a riqueza desses clubes, que, na sua maioria, não chegou a ser considerado como sucesso ou fracasso – foram só clubes que não deram lucro nem prejuízo, mas ganharam um espaço cativo no coração de todo torcedor. Infelizmente não foi possível compilar mais informações dos oito clubes neste livro. A culpa? A grandiosidade e rica história de todos eles.
“Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Clubes Menores da Capital” estará disponível para venda a partir de Julho!
Nenhum comentário:
Postar um comentário