Hoje o Blog Futebol Maranhense Antigo traz a boa entrevista que o Presidente França Dias, do Glorioso Maranhão Atlético Clube, concedeu ao Esporte Guará, da TV Guará. O titular deste blog, Hugo Saraiva, aliás, é um assumido fã do trabalho dele e de muitos outros abnegados que dedicam boa parte do seu tempo a manter de pé a história e a tradição do Bode Gregório. Sobre o seu França, aliás, deixo aqui um trecho sobre a sua vida, transcrita no livro "Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube".
França Dias
França Dias, um Presidente campeão: Até a década de 1990, o Maranhão teve um grupo de bons presidentes e dirigentes, como Valério Monteiro, José de Moraes Rêgo, o dr. Olímpio Guimarães, Carlos Mendes, entre outros. Um, porém, destacou-se pela coragem e ousadia, principalmente nos momentos de maior dificuldade e descrédito do time frente a sua torcida. Francisco Carlos Pinto Dias, o França, foi o comandante do tricampeonato maqueano nos anos de 1993/94/95, ao lado de outros abnegados na época, como Raimundo Silva, Carlos Mendes, Elinaldo Baldez, Evandro Marques, Felipe Sá Neto, Amim Quemel, Robson Vasconcelos, Evandro Marques e tantos outros que faziam parte da nova geração de dirigentes do clube. Filho do desportista, abnegado e atleticano Napá, França chegou ao MAC em 1991, convidado pelo Presidente Olímpio Guimarães e pelos diretores Antônio Carlos e Evandro Marques, para trabalhar, inicialmente, nas divisões de base, onde foi colaborar nos times de júnior e juvenil, sagrando-se vice-campeão. No ano seguinte, 1992, com a saída de Evandro Marques, foi convidado a assumir como Diretor de Futebol do time profissional. Na época, indicou jogadores como Jackson (meia) e Clemer (goleiro), ambos com posteriores passagens pela Seleção Brasileira. Mais uma vez o vice-campeonato, agora profissional, com a contratação do treinador Rosclin Serra, ex-zagueiro do Sampaio Corrêa na década de 1980. Em 1993, ele foi convidado a participar como vice-presidente na chapa de Olímpio Guimarães, que, após ter sido eleito com quatro meses, renunciou. França Dias, então, assumiu o Conselho Diretor. O MAC, após 13 anos sem conquistar um título Estadual, sagrou-se Campeão Maranhense no profissional, juniores e juvenil. Em 1994, o trabalho continuou, mais uma vez com o apoio de Carlos Mendes, Robson Vasconcelos, Amin Kamel e do próprio Evandro. O esforço valeu a pena: no final, o MAC, sob o comando do treinador Arnaldo Lira, fazia a festa e ficava com o título de bicampeão profissional e de juniores, tendo à frente o ex-jogador Roberto Oliveira. Em 1995, França Dias permaneceu como Presidente graças à prorrogação do mandato, até o mês de Agosto e no final da temporada mais um título era conquistado, o tricampeonato, tanto nos profissionais como nos juniores. Conquistou o tri daquela temporada e, no ano seguinte, o Maranhão passou a ser comandado por uma junta que tinha como Presidente Carlos Mendes e o próprio França, este último mais uma vez convidado a assumir como Diretor de Futebol. O MAC acabou eliminado do Estadual pelo TJD da FMF, mas os juniores mais uma vez foram campeões. França Participou do Departamento de Futebol do clube entre 1997 e 1998. Afastou-se por um tempo, mas retornou e ajudou na conquista dos títulos em 1999, 2007 e 2013, sempre atuante em todos os momentos do Maranhão, principalmente nos bastidores.
Belo registro de uma das formações do Sampaio Corrêa campeão maranhense em 1990. Na foto vemos, dentre outros, o xerifão Rosclin Serra e o sempre goleador Bacabal, que fez fama no Moto Club de São Luís, mas levantou dois títulos estaduais (1990/91) pela Bolívia Querida.
Belo registro da matéria, de 12 de Novembro de 1974, do Jornal O Estado do Maranhão, sobre a carreira do craque Djalma Campo com a camisa do Sampaio Corrêa. O texto foi adaptado e alguns dados devidamente revisados e atualizados.
Com uma distensão muscular que o afastou do jogo de domingo contra o Ferroviário, Djalma dos Santos Campos assistiu a partida do banco dos reservas. Calmo como sempre, não perdeu a serenidade nem mesmo quando no final do jogo viu a sua equipe sair derrotada e perdendo ali a oportunidade de continuar lutando pelo turno de classificação. Nos vestiários, teve uma palavra de conforto para os companheiros de equipe, mas não conseguia esconder sua decepção. Desde os primeiros minutos da partida, o torcedor boliviano começou a sentir sua falta. A falha do time estava justamente ali no meio-campo. Faltava o futebol simples, habilidoso e inteligente de Djalma. Faltava o líder que ele sabe ser dentro e fora de campo. A torcida começa a compreender e a aceitar sua ausência no gramado porque sabe que Djalma, fora de campo, tem também dado nos últimos anos uma colaboração muito grande ao clube e agora já se prepara para arquivar as chuteiras e passar definitivamente a dirigente.
Desde 1962, quando começou nos juvenis, o Sampaio tem feito parte da sua vida e agora que a cada ano tem sido mais difícil encontrar o dirigente certo, a torcida boliviana já se manifestou a favor de sua candidatura para Presidente em Janeiro. Eleito duas vezes Vereador mais votado da cidade pela torcida do Sampaio, agora Djalma está preiteando um cargo na Assembleia. Se chegar lá, como espera, o Sampaio vai ganhar um Presidente que gosta do clube, é grato à sua torcida com amplas condições de repetir na administração o que conseguiu nos campos ao longo destes 14 anos e 28 títulos. A história completa da carreira de Djalma resume a vida de um dos maiores craques do nosso futebol, com 282 partidas pelo Sampaio e 120 vitórias.
Djalma em ação no Superclássico
Jogadores do Moto parabenizam Djalma pela sua eleição a Deputado
Iniciou a sua carreira futebolística no juvenil do Sampaio Corrêa em 1962, onde permaneceu até 1967, jogando também nos aspirantes e em algumas partidas na equipe principal nesse período e levantou os seguintes títulos: campeão juvenil em 1962/63/64; bicampeão de aspirantes em 1966/67. Findo o campeonato aspirante de 1867, Djalma foi promovido definitivamente à equipe principal do Sampaio Corrêa, juntamente com alguns outros aspirantes, tais como Cadinho, Pompeu, Nivaldo, Maioba, João Bala, Cazoca, Antônio, Zé Osvaldo e outros, permanecendo na equipe principal do Sampaio até o início de 1968, quando teve seu passe de amador negociado com Guido Bettega, que presenteou ao Moto Club, que na época era dirigido por Allan Kardec.
A sua estreia no Moto Club deu-se no Campeonato de 1968, em 27 de Abril, a partida em que o placar final foi Moto Club 6x2 Renner, tendo o mesmo consignado na oportunidade dois belos gols. Permaneceu no Moto até Dezembro de 1969, onde conquistou os seguintes títulos: Taça José Oliveira, Tricampeão Maranhense e campeão da Amazônia/Norte em 1968, fazendo nesse mesmo ano o gol de empate do Moto na partida em Teresina, resultado este que deu ao Moto o direito de enfrentar o E. C. Bahia nas semifinais da Taça Brasil setor Nordeste. Foi também campeão da Taça Independência e Torneio Vicente Fialho, em 1969.
Em sua passagem pelo Moto Club, participou de 84 partida, das quais venceu 43, empatou 17 e perdeu 24. Ainda como jogador do Moto Club, foi emprestado ao Sampaio Corrêa, para disputar o final do Nordestão, onde realizou 4 partidas, empatando com o Maranhão, vencendo o River em Teresina e vencendo o Flamengo e Piauí em nossa capital. Devolvido ao mesmo, realizou sua partida de despedida jogando contra o mesmo Sampaio Corrêa em 16 de Dezembro de 1969, partida essa em que o Moto levou de vencido ao Sampaio por 1 a 0, gol de Garrinchinha.
Terminado o seu contrato com o Moto Club em Dezembro de 1969, Djalma ingressou no Sampaio, clube de sua paixão, onde permaneceu até o presente, a pedida da “Velha Guarda Maranhão”, estreou contra o Maranhão, no dia 18 de Janeiro de 1970, na partida que o Sampaio venceu pelo placar de 2 a 1. Como jogador do Sampaio, Djalma conquistou os seguintes títulos: vice-campeão do Torneio Maranhão 1970, tri-vice-campeão da Taça Cidade de São Luis 1970/71/72, Campeão do Torneio Início 1970, bi-vice-campeão maranhense 1970/71 (este último invicto), Taça José Ribamar Araújo 1970; Campeão do Torneio José Maarão 1971, Campeão do Torneio da Vitória 1971, Torneio Zoroastro Maranhão 1972, Taça Engenheiro Lourenço da Silva 1972; Taça João Havelange 1972, Campeão Nacional em 1972 e Campeão Maranhense 1972 e em 1973 levantou a Taça Cidade de São Luis e do Torneio Maranhão-Pará.
Belo registro do jornalista França Melo. Na imagem, temos a formação do Bode Gregório da década de 80, com Juca Baleia, Uberaba, Carrinho, Tataco, Neto Martins, repórter José Carlos Teixeira, Neco, Bacabal, Riba e Chiquinho.
Sampaio e Moto realizaram uma partida emocionante na noite do dia 04 de Março no Estádio Municipal, jogo que teve um primeiro tempo equilibrado e um ligeiro domínio, mesmo desordenado, do Moto, na segunda etapa. A direção do espetáculo foi do cearense Gilberto Ferreira, que também andou complicando no final, invertendo faltas e prendendo muito o jogo, querendo aparecer demasiadamente.
Como acontece em todos os jogos de Moto e Sampaio, o início foi um pouco monótono, com uma equipe procurando fazer justamente o que a outra fazia e com isso o público somente foi vibrar aos 25 minuto, com o gol de Cabecinha, que sacudiu a galera. Outras boas oportunidades foram desperdiçadas pelas duas equipes, principalmente o Sampaio, que tinha uma defesa um pouco mais plantada e consciente e um meio campo destruindo normalmente, mesmo com a fraca atuação de Eliézer na cabeça da área.
Para a segunda etapa, com o campo totalmente alagado, o Sampaio sentiu a falta de treinamentos, o que se aproveitou o Moto Club para apertar, mesmo desordenado. O plantel sampaíno aguentou a pressão e ainda chegava ao gol do Moto com um certo perigo graças mais ao individualismo de seus atletas. Se o Moto não chegou ao empate, deve exclusivamente a Dorival, que mais uma vez mostrou ser um excelente goleiro.
Pela ocasião da vitória - e com a vitória do Leão paraense diante do Paysandu em Belém, Remo e Sampaio lideravam o Torneio Maranhão/Pará de 1977 com 4 pontos, seguidos de Moto com 3 e Paysandu com apenas 1 ponto.
FICHA DO JOGO
Sampaio Corrêa 1x0 Moto Club Data: 04 de Março de 1977 Local: Estádio Nhozinho Santos Renda: Cr$ 150 mil Público: 8.957 torcedores Juiz: Gilberto Ferreira (CE) Bandeirinhas: Nacor Arouche e Roberval Castro Gol: Cabecinha aos 25 minutos do primeiro tempo Sampaio Corrêa: Dorival; Cabrera, Almir, Sérgio (Zé Alberto) e Ferreira; Eliézer, Bira e Carlos Alberto; Itamar (Saneguinha), Cabecinha e Bimbinha. Técnico: Brandãozinho Moto Club: Marão; Célio Rodrigues, Irineu (Vivico), Paulo Ricardo e Beato; Rogério, Adãozinho e Toninho; Lima (Caio), Paulo César e Acir. Técnico: Juan Alvarez
Encontrei pelo Facebook uma inusitada página dedicada ao já extinto Vasco da Gama Sport Club, que configurou no futebol maranhense entre os anos de 1919 a 1928 - pelo menos dentro das competições profissionais/oficiais. Sobre a origem da equipe cruzmaltina ludovicense, seria necessário um estudo maior, o que será feito futuramente. De momento, aqui cabe algumas informações básicas sobre a equipe: em 1919 a equipe disputou a sua primeira edição do Campeonato Maranhense de futebol, na época promovido pela Liga Maranhense de Sports (LMS). Além do Vasco, a competição contava com a participação do Anilense Football Club, Brasil Sport Club, do FAC (não o Fabril, mas o Football Athletic Club) e do Luso Brasileiro. Realizado em dois turnos, em jogos de ida e volta, a equipe que chegasse à contagem de maior número de pontos seria declarada campeã daquele ano, o que coube ao Luso Brasileiro – o Vasco acabou com a segunda colocação. Vale destacar que, antes da competição, o FAC pediu afastamento e não participou do Estadual de 1919.
CAMPANHA EM 1919
15/06/1919-Vasco 2x0 Brasil 06/07/1919-Fênix 3x2 Vasco 27/07/1919-Anilense 2x1 Vasco 17/08/1919-Luso Brasileiro 6x0 Vasco 24/08/1919-Fênix 0x0 Vasco 21/09/1919-Luso Brasileiro 6x0 Vasco 05/10/1919-Vasco 3x0 Brasil 19/10/1919-Vasco 3x1 Anilense
No anos seguintes, após três terceiros lugares, a equipe cruzmaltina acabou conquistando o título em 1928, em seu último ano no futebol profissional. No campeonato daquele ano, as oito equipes jogaram entre si e os quatro melhores disputaram a fase final, com o maior pontuador conquistando o título. Bangu, Diamante Negro, Gurupi, Fênix, Luso Brasileiro, Sirio, Vasco e Tupi disputaram o estadual, que teve como artilheiro absoluto o ponta João Pretinho, do Vasco, com 15 gols.
Belo registro do Sampaio Corrêa em 1968. Na foto, temos a seguinte escalação: em pé - Laxinha, Osvaldo, Vico, Faísca, Tomás e Marcial; agachados - Toinho, Tutinha, Lobato, Carlos Alberto e Itamar
Belo registro, do acervo pessoal do ex-jogador Nélio, de uma foto com os jogadores João Luis (à esquerda) e Hiltinho (à direita). Nélio (ao centro) e os atletas estão no Estádio Castelão, em foto datada da década de 80.
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 22 de Junho de 1998
Na equipe do Moto em 1974. Em pé: Marçal Tolentino Serra, Edson, Esteves, Neguinho, França, Sérgio, Antônio Carlos, Barros (supervisor) e Júlio Buhatem (Diretor de Futebol); Agachados: Lima, Paraíba, Soares e Coelho
É impossível falar na história do futebol maranhense na década de 70 sem citar um quarto-zagueiro que veio do futebol cearense e que acabou conquistando títulos no Moto Club e Sampaio Corrêa, os dois principais times do futebol profissional local. Sérgio (Caveira ou Marreca, como queiram) sempre foi e continua sendo “fino” (nos dois sentidos) dentro e fora de campo. Fino, pelo “corpo atlético”, que ainda mantém. O segundo fino, que norteou a sua carreira e sua vida, ficou caracterizado na educação, na calma e na tranquilidade que sempre demonstrou. Um cavalheiro que marcou.
Sérgio não é maranhense, mas é como se fosse, pelo muito que fez defendendo nossas equipes. Ele nasceu em Fortaleza/CE, no dia 09 de Maio de 1943. O pai, seu João, foi jogador profissional e fez nome no futebol da Paraíba e Pernambuco. Um exemplo seguido pelo filho.
A infância de Sérgio foi como a de todos os garotos que gostam das peladas batidas no campinho próximo de onde residem. No Bairro Brasil Oiticica, em Fortaleza, ele brincou e até herdou o primeiro apelido: Caveira. Não para menos. Muito magro (cerca de 60 quilos) e alto (1m78), estava aquém dos padrões.
Com 15 anos ele passou das brincadeiras para o segundo quadro de Humaitá, que era do próprio bairro e não disputava campeonato oficial. Um olheiro o viu jogar e se encantou com suas principais características: o toque de bola fácil, a boa colocação na zaga, a capacidade de se antecipar e sair tocando da defesa para o ataque. Tudo isso com extrema habilidade e tranquilidade.
Apenas um ano foi necessário para Sérgio ser levado ao Tiradentes, time profissional, que disputava a segundona do Campeonato Cearense. O Tiradentes, que chegou a ser campeão em 1959, subiu para a Primeira Divisão.
Cheio de esperanças, Sérgio partiu para Teresina, onde foi jogar no Flamengo. Teve uma grande desilusão. O clube piauiense atravessava uma crise técnica e financeira e ele ficou sem receber salários por dois meses. Resolveu voltar para o Ceará. Já com 24 anos de idade passou pelo Ceará Sporting. Como não deu certo, resolveu seguir em frente e foi parar no Calouros do Ar, ainda na capital cearense, onde ficou uma temporada inteira.
Nada estava dando certo na vida atlética de Sérgio. Ele e o amigo louro (ponta-esquerda) se mantinham em forma treinando no Tiradentes. Tudo começou a mudar quando o Dr. Plínio Marques, Diretor do INCRA no Maranhão e Diretor do Moto Club, apareceu em Fortaleza à procura de Louro e de mais alguns jogadores que pudessem reforçar o rubro-negro para as disputas de uma melhor de três jogos que iria indicar o primeiro representante em um Campeonato Brasileiro. Dr. Plínio conversou e acertou com Louro, que acabou indicando o amigo Sérgio Caveira para o Papão. Os dois vieram para São Luís.
Louro e Sérgio Caveira chegaram a São Luís no dia 21 de Setembro de 1971. Uma data que o zagueiro não esquece. Por problemas com a esposa, Louro se desgostou e retornou a Fortaleza. As coisas no futebol nos anos 70 eram duríssimas em São Luís. Sérgio cota que quando eles iam para o Nhozinho Santos e viam que a casa estava cheia, tinham certeza que no dia seguinte pintaria uma grana. “Quando só tinha quatro ou cinco gatos pingados no estádio, a gente já entrava em campo desanimado porque sabia que não ia pintar nada”, conta ele.
Porque Marreca? – Sérgio quando entrevistado e perguntado de onde vem o apelido Marreca, disse que até hoje os amigos mais próximos e torcedores que o viram jogar, frequentemente fazem a mesma pergunta e a resposta é sempre a mesma: não sei. Ele não lembra quando e nem de quem partiu este apelido. “Acho que foi porque eu era magro e meio curvado e parecia uma marreca. O que me lembro é que de repente deixei de ser caveira e passei a ser marreca”, brinca.
Um dos piores momentos que passou no Moto foi quando em 1972, depois de uma série de empates contra o Sampaio Corrêa para ver quem iria disputar o Campeonato Brasileiro de 1973, antes das cobranças de penalidades máximas, no meio do campo o Presidente do Moto, Nagib Heickel, em tom forte, disse que em caso e derrota, todos os atletas motenses estariam dispensados. “Eu e meus companheiros estávamos sentados e relaxados perto do banco de reservas do Nhozinho. Depois que o homem disse isso minhas pernas balançaram. Eu não conseguia nem levantar. E o que é pior, fui escalado para bater um pênalti. Não deu outra, perdi a cobrança. Ainda bem que no final deu o nosso time e garantimos o emprego por mais uma temporada”.
Sérgio lembra que o Presidente Nagib Heickel era assim em caso de derrota, mal humor e ameaças de dispensas. Em caso de vitórias, churrasco na casa dele no dia seguinte e só festa, principalmente quando a vítima era o Sampaio. O time motense, que conquistou a vaga para o Campeonato Brasileiro de 1973, formou, segundo Marreca, com Edson no gol, Estevez, Neguinho, ele e Antônio Carlos; França, Santana e Soares; Lima, Paraíba e Coelho.
O convívio com o Moto durou três anos e meio. “Minha maior experiência como atleta foi participar do Campeonato Brasileiro de 1973. Conheci vários Estados brasileiros e joguei contra craques como Rivelino, Carbone, Serginho Chulapa, Murici e tantos outros”. Os mesmo tempo que Sérgio se emociona ao falar do Moto no Brasileirão 73, se decepciona ao recordar momentos em que deixou o Papão. “É uma passagem que gostaria de ter apagado da minha ente, mas não consigo. Depois do Brasileiro fui chamado pelo Dutra, que me disse que eu estava fora dos planos do clube para o ano seguinte. O mundo veio abaixo para mim. Tinha família e pensava em como iria sobreviver sem emprego. Foi triste demais”.
Em 1974 Marreca estava no Sampaio. Viu um montão de gente ser contratado para as disputas do Brasileiro e ficou no time “expressinho”, que ia ao interior do Estado fazer campanha política para o amigo Djalma Campos. Em 1975 e 1976 foi bi pelo Sampaio. Relembra com carinho de jogadores como Paulo Espanha (morto em acidente de ônibus quando o Sampaio fazia amistosos no interior do Estado), Paraíba (o amigo de sempre), e principalmente o zagueiro Paulinho, um gaúcho que foi contratado e que se deu bem com Sérgio na zaga do Tricolor. “Me dei bem jogando com dois zagueiros: Marins do Moto e Paulinho do Sampaio. Nosso entrosamento era por música”.
A grande característica de Sérgio era a habilidade. Conseguia impor respeito atrás, não porque jogava duro, mas porque sabia sair jogando com classe e estilo. Não tinha medo de atacantes. Respeitava um, que apesar de bem marcado, insistia em fazer gols em todos os jogos que disputava com Marreca, “Não tinha jeito. Nós podíamos até ganhar a partida, mas todo jogo Riba marcava pelo menos um gol. Ele era rápido, habilidoso e cabeceava muito bem, apesar de baixinho”. Sérgio encerrou a carreira jogando no Bacabal Esporte Clube e São José.
Dois belos registros do Sampaio Corrêa no ano de 1978. Na primeira foto, temos no elenco Marreca, Cabrera, o xerifão Rosclin Serra, Ferreira, Fernando Misterioso, Cabecinha, Teixeira Alexandre (ex-América/RJ), Almir, Maia, Marcelo (ex-América/RJ), dentre outros. O técnico era José Storino. Na segunda foto temos no elenco Marcelino, Cabrera, Jorge Travolta, Santos, Rosclin, Mica, Juarez, Badú, Dorval, Jorge Luis e outros.
Crédito da foto ao jornalista França Melo e as informações dos elencos a José Carlos Teixeira.
O radialista Herbert Fontenele Filho, o comentarista do povão, faleceu nesta terça-feira, 16 de Junho, aos 73 anos. Piauiense, nascido em Piracuruca, o comentarista esportivo lutava contra o câncer de próstata desde 2009 e estava internado, em estado grave, desde a noite do último domingo. No Maranhão, Fontenele era um dos maiores nomes da crônica esportiva de todos os tempos.
Nascido em 23 de dezembro, de 1941, Fontenelle chegou ao Maranhão ainda jovem, com 22 anos. No Estado Timbira iniciou a carreira como jornalista esportivo. Em terras maranhenses, além do jornalismo esportivo, Fontenele se apaixonou pelo Sampaio Corrêa, clube do qual nunca escondeu a sua admiração. Na Rádio Ribamar exerceu a função de repórter e chegou a ser chefe da equipe esportiva. No Grupo Mirante, onde estava atualmente, atuava como comentarista esportivo na TV e na Rádio Mirante AM, onde comandava o programa Fontenele Comenta de segunda à sexta. Foi diretor da emissora, quando da sua fundação em 10 de maio de 1988. Além disso, foi Secretário de Esporte em São Luís, durante o governo Jackson Lago. Em 2008, foi nomeado adjunto da Secretaria de Esporte do Governo do Maranhão, também na administração e Jackson Lago. Em meio a toda dedicação ao esporte, em 2009 Fontenele descobriu que estava com câncer de próstata. Os primeiros diagnósticos apontavam que o comentarista esportivo teria apenas mais um ano de vida. Mas com o avanço da medicina e novos métodos de tratamento, Fontec, como era carinhosamente conhecido entre os amigos, teve uma recuperação surpreendente.
Atualmente, Fontenele era o comentarista titular da Rádio Mirante AM, onde apresentava o programa Fontenele Comenta. Trabalhava também na TV Mirante, afiliada da Rede Globo, onde comentava e apresentava o bloco de esporte do Bom dia Mirante. Além disso, comentava os jogos do Sampaio no SporTV e no Premiere FC, pelo Brasileiro da Série B. Sua carreira também foi marcada pela cobertura de três Copas do Mundo, em 1986 (México), 1990 (Itália) e 1994 (EUA). A sua última transmissão esportiva pela Rádio Mirante AM foi no dia seis de junho, na grande vitória do Sampaio sobre o Ceará por 3 a 1. No SporTV, Fontenele comentou outra vitória do Tricolor, também por 3 a 1, diante do Criciúma, na última sexta, em jogo realizado no Castelão, em São Luís.
Por todos os serviços prestados ao futebol maranhense, além de participar da cobertura de três Copas do Mundo, Fontenele foi homenageado pelo Sampaio. Em janeiro de 2014, a sala de imprensa do clube recebeu o nome do comentarista, que também integra o Conselho Deliberativo. Além disso, em janeiro de 2015, Fontenele foi o homenageado especial do Troféu Mirante Esporte. Com depoimentos de colegas de trabalho, de sua esposa Diva e seus três filhos, o comentarista esportivo recebeu a sua última grande homenagem ainda em vida. "Isso é uma bênção, receber uma homenagem desse tipo. Faço o que gosto, o que sei fazer, não me imagino fazendo outra coisa. Fico muito grato, eu não mereço tanto, gostaria de ter feito muito mais, mas esse Troféu é a cereja no bolo, veio para coroar", afirmou Fontenele quando recebeu a premiação, no Teatro Arthur Azevedo.
DEPOIMENTOS DE AMIGOS, COLEGAS DE PROFISSÃO E DESPORTISTAS
(texto extraído do site Imirante)
- Acordamos tristes, o rádio perde um dos seus mais ilustres e competentes comunicadores. Tenho o doloroso dever de comunicar o falecimento de Herbert Fontenele, um profissional como poucos, dedicado, perfeccionista e cuidadoso. Segura meu amigo na mão de Deus e vai! Tive a honra de aprender muito com o Herbert! Deus o chamou, a sua missão na terra foi concluída! A saudade que ficou! - Laércio Costa, narrador da Mirante AM e Premiere FC.
- No Bom Dia Mirante, era cadeira cativa. Começou fazendo comentários, antes e depois dos jogos, e aos poucos, passou a participar diariamente do programa. Nos bastidores era chamado de audiência, pois todos tinham certeza que a audiência do programa aumentava com a presença dele. Nem mesmo em 2009, quando Herbert Fontenele recebeu o diagnóstico de câncer de próstata metastático, pensou em parar. Seguiu em frente, e mesmo sentindo que o tumor invadira a bexiga, a uretra e os ossos, esteve com dor ou sem dor, fazendo o que mais gostava: o comentário esportivo. Ele não desistia nunca. Foram sessões de quimioterapia e outras de radioterapia. Assim como o jogo de futebol que só acaba quando o juiz dá o apito final, Fontenele não descuidou do tratamento e a vontade de trabalhar seja, no rádio ou na TV, era uma terapia a mais na luta contra o câncer. Esteve no Bom Dia Mirante até sexta-feira, dia 5 cinco de junho, como se nem doente estivesse. Foi mais um dia de empolgação, motivação e vitória - Soares Junior, editor e apresentador do Bom Dia Mirante.
- A voz embarga, os olhos marejam e o coração aperta. Tive a felicidade de ser um ouvinte que realizou um sonho que foi trabalhar e conviver com Herbert Fontenele Filho, que chamo carinhosamente de “poeta”. É o tipo de notícia que já sabíamos que a qualquer momento poderia nos arrebatar, mas, pela vitalidade, pela força, alegria e vontade viver de Fontec, nos enganamos e imaginamos que ele ainda iria continuar nos ensinando por aqui. O Esporte, sobretudo o futebol, passa a partir de agora a conviver com um vazio. Vai ser difícil. O coração vai ficar aqui batendo 72 vezes de saudade de você, mestre!- Afonso Diniz, repórter do GloboEporte.com e da Mirante AM.
- Foi pouco tempo convivendo com Fontenele. Me lembro do primeiro dia que entrei no estúdio para passar o noticário do Maranhão Atlético Clube, ao vivo na Mirante AM, e Fontenele estava no estúdio. Eu dava os primeiros passos na carreira e um monstro do rádio a minha frente. Foram três anos de risos, discordâncias, brincadeiras e acima de tudo, muito trabalho. Trabalho do qual Fontenele sempre tinha alguma ponderação para fazer. A cada dia ensinava um pouco mais. Ficam os ensinamentos e as lembranças. Obrigado Fontec! - Bruno Alves, repórter do GloboEporte.com e da Mirante AM.
- Eu cresci ouvindo Fontenele. Fiz faculdade, escolhi o rádio para trabalhar e encontrei o Fontenele em 88 na fundação da Rádio Mirante AM quando trabalhamos juntos. Era muito jovem e procurava ouvir os mais experientes. Nos reencontramos em 99, quando retornei à Mirante, onde trabalhamos até hoje, Fontenele era exemplo do que podemos chamar de compromisso em qualquer profissão. Ele expressa isso e deixa esse grande ensinamento a todos nós. Não tinha dia, não tinha hora, não tinha nada... Tinha o trabalho para Herbert Fontenele - Zeca Soares, coordenador da Rádio Mirante AM, do G1 Maranhão e GE Maranhão.
- Para mim, Fontenele foi o resumo do jornalismo: não precisa agradar ninguém, mas deve informar e repercutir. Eu também cresci ouvindo ele e a primeira vez que participei do programa de meio dia foi por telefone. Depois de ele me dar as boas vindas eu não consegui ser repórter, fui mais um fã do que profissional. Só depois que me acostumei a tê-lo como colega de trabalho- João Ricardo, repórter do GloboEporte.com e da Mirante AM.
- Depois de uma luta árdua, contra o câncer de próstata, Fontenele nos deixa. Perdemos uma escola do rádio. Um homem que fez e consagrou um estilo. Fez escola para um estilo crítico. Quem trilha por essa linha ganha admiradores e desafetos, mas quem fala a verdade ganha amigo, constrói, edifica. Foi isso que ele deixou para todos nós. Ao longo do meu trabalho como jornalista, acompanhei Fontenele, mas não tive o privilégio de ter uma convivência mais próxima com ele. Tive a oportunidade de trabalhar mais perto dele, quando passamos a atuar no esporte do Bom Dia Mirante, quando passei a acompanhar a sua luta e vontade de viver. Nisso, ele ganhou um admirador. Eu pude perceber o quanto o rádio e o Sampaio o ajudavam a viver mais. O seu amor e paixão por esse trabalho, de viver o futebol, principalmente os jogos do Sampaio, serviram como um sedativo para ele amortecer a dor dessa doença terrível e cruel que ele tentava vencer, desde 2009. Nesse período, mesmo em alguns momentos difíceis, quando ele retornava dos tratamentos em São Paulo, você não via um lamento. Ele me ensinou uma coisa que vou carregar para o resto da vida: se ele teve a capacidade de enfrentar uma doença tão terrível como essa, e de bom humor, eu não tenho o direito de ficar triste com a vida, de acorda mau humorado, por causa de um problema econômico ou uma desavença qualquer. Talvez a cena que possa representar tudo que estou falando, ela não tem registro, não tem vídeo, das muitas histórias dessa carreira. Foi em um jogo que ele se ajoelhou, pena que ali nossos companheiros não tiveram a agilidade para fotografar ou registrarem em vídeo, para retratar bem o que era sua paixão pelo Sampaio. é uma história vitoriosa - Roberto Fernandes, locutor e comentarista da Mirante AM.
- Algumas pessoas trabalham 30, 40, 50 anos em uma única profissão e passam pela vida. Fontec marcou a vida dele dentro do futebol. Amado e odiado por muitos, mas sempre foi ele próprio: polemico, critico contundente, porém, um eterno apaixonado pelo futebol maranhense, brasileiro e mundial- Edivaldo Pereira Biguá, comentarista esportivo.
- Paixão até o último momento pelo trabalho e pelo futebol maranhense: esse foi o exemplo que Fontenele me deixou. Na transmissão que a TV Mirante fez da estreia do Sampaio Corrêa na Série B deste, ano ganhando de 2 a 0 do Vitória, em salvador, ele foi o primeiro a chegar e depois quis avaliar como tudo foi. Chegou a hora dele finalmente descansar - Márcio Pinto, editor de esportes da TV Mirante. - Nesse momento é realmente difícil falar qualquer coisa sobre a passagem de Fontenele no rádio maranhense. Devo dizer que a passagem dele deixa, acima de tudo, um exemplo raro de dedicação e amor ao esporte, notadamente ao futebol. Ele era um apaixonado pelo que fez durante a maior parte de sua vida, em 55 anos de profissionalismo. Informando, comentando e criticando como a galera gosta. Com Fontenele eu trabalhava desde 1976, na extinta rádio Ribamar, quando ele montou a sua equipe de esportes, por meio da sua empresa. Além de companheiro de trabalho, éramos realmente amigos e trocávamos muitas ideias sobre o esporte e sobre o rádio. Ele acertava muito mais nas suas críticas, do que errava. Como repórter ele foi um dos mais completos de sua geração. Como comentarista, foi aplaudido e contestado. quem ouvia o Fontenele pelo rádio, dificilmente imaginaria que fora dos microfones estava uma pessoa bem humorada, capaz de chamar a atenção de muitos companheiros de trabalho. O rádio maranhense perde uma grande referência esportiva, mas fica para os mais jovens, um exemplo de como é possível, mesmo em momento de dificuldades tecnológicas, como foi no passado, pode ser feito o melhor. A missão mais difícil de Fontenele, que ele não pode derrota, foi enfrentar o câncer. Mas foi um guerreiro, lutou até a última volta do ponteiro, tombando heroicamente. O futebol maranhense está de luto - Neres Pinto, editor de O Imparcial e da Mirante AM.
- Hoje estou muito triste, o futebol maranhense perde uma de suas grandes bandeiras; morreu Fontenele. O seu carisma lhe fez imortal; pois todas as vezes que ligarmos o televisor, ligarmos o rádio vamos lembrar dele -Flávio Araújo, atual técnico do River-PI e técnico do Sampaio entre 2012 e 2014.
- Ele tinha um estilo forte, polêmico, irreverente e crítico, mas sobretudo sincero em suas colocações. Parabéns pela vida do Fontenele, porque na passagem dele ele deixa um multidão de amigos, admiradores e sobretudo o legado dele. Ele me pediu uma bandeira do Sampaio, para ver os jogos do Sampaio, e essa bandeira vou levar hoje para o Márcio. Era para ser uma homenagem para ele em vida. Mas, eu tive o prazer a honra de homenagear o Fontenele vivo, porque a única sala de imprensa que existe, é do Sampaio e se chama Hebert Fontenele Filho- Sérgio Frota, presidente do Sampaio.
- Hoje é o dia em que o Maranhão amanheceu mais triste, pela perda do Fontenele. Eu sou suspeito para falar, porque sou amigo de infância do Márcio. Hoje é um dia que o nosso coração fica mais apertado. É o ciclo da vida, não concordo com isso de que ele perdeu a guerra contra o câncer. Ele foi um lutador, um vencedor e durante todos os anos ajudando o esporte. Ele vai ficar na nossa memória - Hans Nina, presidente do Moto.
- O futebol maranhense está de luto e todos estamos tristes pela perda do nosso comandante Fontenele. Em nome do Maranhão Atlético Clube gostaria de externar os nossos sentimentos com essa perda. Acompanhei muito a vida de Fontenele e sempre acompanhava o programa dele. Apesar dele ser boliviano, sempre teve um carinho muito grande pelo futebol maranhense - França Dias, presidente do Maranhão.
ÁUDIO
Especial no programa Panorama, da Rádio Mirante AM de hoje, 16 de Junho, no mesmo dia do seu falecimento. No programa, mensagens dos ouvintes e a participação do jornalista João Ricardo, ao vivo, do Estádio Castelão, onde acontecia o velório do eterno "Comentarista do Povão".
Belo registro da equipe do Ferroviário no ano de 1957, quando conquistou o título de campeão maranhense. A foto faz parte do acervo do jornalista França Melo.
Belo registro de dois grandes craques do futebol maranhense: o zagueiro Neguinho, o "Deus da Raça", e do "Menino da Vila do Anil", o habilidoso Carlos Alberto. Na época do registro, em Novembro de 1974, Neguinho atuava pelo Moto Club e Carlos Alberto defendia as cores do Ferroviário.
Belo registro do Maranhão Atlético Clube no ano de 1936, quando do vice-campeonato maranhense. Naquela no, a equipe ainda ostentava camisas nas cores vermelho e preto (chamado, então, de rubro-negro, vindo a ser denominado quadricolor apenas alguns anos depois, quando incluiu o azul em seu escudo e uniforme). Na época da foto, o MAC havia realizado em toda a sua história apenas 114 jogos, com 71 vitórias, 14 empates e apenas 20 derrotas. O Bode, até então, mantinha superioridade diante do Sampaio Corrêa, com oito vitórias diante dos bolivianos, com apenas 6 derrotas. Também mantinha superioridade diante do Tupan, um dos maiores clássicos da época, com 14 vitórias diante do chamado "Grêmio Indígena", contra 11 vitórias do Tupan.
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 16 de Março de 1998
Página sobre a Seleção Maranhense editada no Álbum de 1954
Nos quartéis o respeito como Coronel Xavier, mas nos campos de futebol foi o nome que consagrou o “half” esquerdo mais temperamental do Maranhão. Jogador de muito potencial, com passagens pelo Moto, Maranhão Atlético Clube, Sampaio Corrêa e Seleção Maranhense, ele marcou época na década de 50.
Francisco Xavier Gomes Filho nasceu na cidade de Bequimão, interior do Estado. Viveu lá apenas alguns meses. Criado em Alcântara, só aprendeu a gostar do futebol quando veio morar em São José de Ribamar, cidade localizada a 37 km de São Luís. Até então era conhecido como Chico.
Em 1946, com 14 anos de idade, passou a ser interno da Escola Técnica Federal do Maranhão. Número 20 na chamada, por ser um “branco vermelho”, recebeu o apelido de Peru. E não adiantou se zangar. Aliás, desde então o garoto mostrava que não levava desaforo para casa. Esse apelido, no entanto, teve que engolir por toda sua carreira de jogador de futebol, que se tornou mais evidente nos campos da ETFM, hoje CEFET.
Dois anos depois Peru já fazia parte da seleção da escola. A equipe participava de jogos intercolegiais e da disputa da Segunda Divisão do Campeonato Maranhense com o nome de Tupy, cujo técnico era Jafé Mendes Nunes. Peru jogava com extrema facilidade, sendo um elo da defesa com o meio de campo. Um centromédio, que era impiedoso com os adversário. Quando estava com 18 anos o inspetor de alunos da escola, João Ribeiro Lima, o conhecido Fatiguê, técnico do Moto nas horas vagas, levou Peru para treinar com ele. Com um contrato de atleta não amador, foi empregado na Fábrica Santa Izabel, da família Aboud, para poder ganhar dois salários mínimos da época, um pelo Moto e outro pela fábrica.
Nesse ano, 1952, o Vitória do Mar recebia investimento de um grupo da Estiva e conquistava assim o primeiro e único título de sua história, o Campeonato Maranhense. Peru, que tinha se destacado na campanha do moto, recebeu convite do Sport Clube Recife, mas não aceitou a mudança de clube e cidade porque estava muito apegado a São Luís.
O jogador casou cedo, com 13 anos, em 1953. Mesmo assim não deixava de aprontar das suas. Quando o Flamengo veio jogar amistosamente contra o Moto, na segunda partida, a revanche para o rubro-negro carioca, que havia perdido o primeiro jogo no Santa Izabel por 2x0, ele novamente se envolveu em confusão. Brigou logo nos primeiros minutos com o ponta-esquerda Chico. Ambos terminaram sendo expulsos de campo.
Peru saiu do Moto em 54 para ingressar no Maranhão Atlético Club. Nesse ano recebeu a convocação para a Seleção Maranhense, que enfrentaria o Ceará. Perdendo por 1x0 aqui e lá, o Maranhão saiu da competição desclassificado.
Ele seguia sua carreira sem títulos pelo MAC. Em 56 voltou â Seleção Maranhense, do técnico Comitante, que novamente foi barrado pelo Ceará, apesar de ter vencido aqui por 4x2. No jogo de volta, perdeu no tempo normal por 1x0 e na prorrogação por 3x0.
Em 58 o Sampaio entrava no quarto ano sem títulos. O Presidente Ronald Carvalho tratou de formar um time mais técnico para ter condições de ir em busca do caneco. Dentre outras contratações, trouxe Peru. O passe, estipulado em Cr$ 25 mil, foi o mais alto da época. Quando o negócio foi fechado, um jornal estampou no dia seguinte a manchete: “O Peru mais caro do Brasil!”, fazendo alusão à contratação do jogador.
Mesmo ganhando um dos maiores salários da época, Peru não deixava seu lado temperamental, um jeito “Edmundo de ser”, como ele mesmo se auto define. Na sua estreia, contra o timaço do Ferroviário, que ia em busca do bicampeonato, o juiz Cebola validou um gol, que Peru não concordo. Não deu outra. Ele agrediu o juiz de tal maneira que a Federação Maranhense de Futebol queria excluí-lo para sempre do futebol. Isso só não aconteceu por causa da defesa do Presidente e advogado Ronald Carvalho. A pena foi de seis meses longe dos gramados.
Depois de passar esse tempo na “geladeira”, só participando de amistosos com nome trocado, Peru foi convidado para fazer um teste no América do Rio de Janeiro. “Jogador sem nenhuma assistência”, como ele mesmo conta, veio embora para São Luís em menos de u mês.
Convocado para o serviço ativo do exército ainda em 58, o comando da região Militar o proibiu de participar do futebol profissional. Assim ele encerrava a sua brilhante carreira e deixava de fazer o que mais gostava na vida, apesar do jeito agressivo de encarar jogadas e decisões de árbitros.
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 26 de Janeiro de 1998
Time campeão em 1970: em pé - Jurandir Brito, Raul Guterres, Nestor, Zé Neguinho, Goulart, Carlos Mendes, Marçal, Luis Carlos, Raimundo Silva e Carlos Guterres; agachados - Da Silva, baezinho, Sansão, Antônio Carlos, Clécio, Jorge Silva, Elias, Campos e Dario; sentados - Marciano, Patrcínio, Walker, Ivanildo, Euzébio, Almir, Yomar, Jacinto, Hamilton e Sanatiel
Um dos grandes dirigentes do futebol maranhense está com 88 anos e continua com um coração apaixonado pelo Maranhão Atlético Clube. Nestor Ferreira Campos pode não ter o mesmo vigor que o levava a enfrentar desafios, mas ainda pulsa em suas veias um antigo amor, que o transformou em um dirigente sem nunca ter tido experiência semelhante. Coisas do destino.
Ele sempre gostou do futebol e do MAC. Fazia malabarismos para entrar no estádio Santa Izabel e ver seu time jogando. O maior deles era se embrenhar pelas matas da Quinta do Barão para burlar a fiscalização e não pagar ingresso, já que o dinheiro que ganhava não dava para extravagâncias. Mas chegar a ser dirigente, isso nunca havia passado pela cabeça dele. Até que numa bela noite do ano de 1968 Nestor resolveu participar da assembleia que elegeria a nova diretoria do clube. Encontrou com velhos conhecidos: Nicolau Duailibe, o Presidente que deixava o cargo, e Raul Guterres, ex-dirigente que não podia assumir a presidência por causa do emprego na Receita Federal. Além dos dois podia-se ver na plateia vários jogadores maranhenses, que estavam sem receber salários fazia oito meses.
O sim – Nicolau, que sabia das paixões de Nestor, pediu que ele tomasse a frente do MAC, garantindo que todos os dirigentes mais antigos o ajudariam. A decisão tinha que ser rápida. Quando os jogadores disseram que esqueceriam os atrasos para enfrentar uma nova vida, ele não teve escapatória e terminou aceitando. Fazendo pessoalmente as cobranças dos sócios, pedido ajuda aqui e acolá, Nestor seguia com a difícil tarefa de manter em dia o pagamento do plantel. Quando o salário atrasava por algum motivo, os jogadores iam bater na casa dele, na Rua do Ribeirão. Se fosse na hora do almoço, ele sabia que no fogão estaria só o próprio prato, já que a ordem era para não deixar ninguém com fome. Inteirava com ovo a pouca comida restante e se dava por satisfeito, pois tinha alimentado quem ia até ele pedir ajuda. Soltava um dinheirinho para um e outro, resolvendo temporariamente os problemas de cada um.
Um virador – A vida do dia a dia era grande e nada fácil. Além de procurar manter o pagamento dos salários dos jogadores, zelava pelo material de treino e jogo do MAC. Andava atrás de empresários amigos, pedindo contribuições para a compra de camisas, calções, meias e chuteiras. “Quando eu não conseguia colaboradores, batia na porta dos gerentes das casas do comércio, que por confiarem em mim, me vendiam fiado”, conta.
Como alfaiate, muitas vezes sentava na máquina de costura para consertar os uniformes ou fazer outros novos. Para evitar gastos, após os jogos levava a equipagem do time para casa. A lavadeira Maria José “Buchinho” dava um duro danado, segundo as determinações do exigente patrão, que queria ver tudo muito limpo. “Muitas vezes eu chegava de manhã e seu Nestor já tinha tirado o grosso da sujeira de noite, para facilitar o trabalho. Ele era incansável”, diz ela, que aos 70 anos ainda mora com Nestor e mantém a mesma alegria que encarava o duro trabalho do passado.
O MAC não tinha sede própria na época. Os troféus, as reuniões, tudo ficava para a casa de Nestor. Os treinos aconteciam na casa de dona Conceição, no Turu. O carro dele, uma rural, rodava cheia. Em dia de jogo servia de transporte para a equipe.
Com muito esforço e colaboração dos dirigentes, o Presidente conseguiu montar um excelente time caseiro. E para a sua glória foi campeão no final de sua administração, em 1969. O time da época era formado como Da Silva; Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Riba e Jacinto (ou Dario).
Na nova eleição do MAC, Nestor saía da presidência. Entrava um cargo e, por causa do excelente trabalho realizado no ano anterior, entrava para outro, que terminou eternizando-o no clube: o de diretor. Uma espécie de supervisor-representante da presidência. Por aos seguidos foi assim, com ele sempre à frente na administração do material (ao lado de Carinha e Marciano) e na direção das equipes, principalmente em viagens, que foram muitas. Na cozinha, ele levava para trabalhar dona Ana, nova integrante da equipe.
Hoje só lhe restam as lembranças e as lamentações pelo fato do Maranhão Atlético Clube não estar participando das disputas do futebol, pois queria continuar indo aos estádios torcer pelo “Glorioso” de tantas conquistas.
Basquete da FAME em 1954. Em pé: Raul, Hugo, Bittencourt, Daniel, Rubem Goulart e Almeida e Silva; Agachados: Teopblister, Arruda, Bragança, Ronald Carvalho e Flávio Teixeira
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 20 de Outubro de 1997
Quantas pessoas tiveram a oportunidade de treinar e chegar a ser atleta em várias modalidades? Com certeza pode-se contar nos dedos. Raul Guterres é um dos que está no rol dos mais completos. Jogou futebol, basquete, vôlei e futsal; também atuou no atletismo. Uma demonstração de muita vitalidade. Raul, quase 71 anos de idade, contabiliza o saldo deixado pelo esporte com muito discernimento. Com uma memória fantástica, ele fez questão de lembrar o nome de outros atletas que foram grades como ele. Se a nossa reportagem fosse atrás de tantas histórias, seria necessárias três páginas como esta para falar quem foi este homem, que “exclusivamente como amador”, como ele faz questão de frisar, defendeu com tanto esmero as equipes por onde passou.
O início – com 15 anos de idade, Raul, 1m60 de altura, passou a jogar no gol de futebol de campo. Era de uma impulsão e elasticidade que impressionavam. Esses dois predicativos aliados à garra terminavam fazendo com que ele fosse diferente. Sua carreira ficou marcada porque, além de tudo, Raul defendia muitos pênaltis.
Foi campeão estudantil em 42 pelo Ateneu. Ele no gol e a zaga com Biló Murad e Mário Silva (já falecido). Em 23 de Janeiro de 1943 ingressou no FAC – Futebol Atlético Clube -, time estritamente amador da primeira Divisão que disputava campeonatos ao lado de Moto, MAC, Sampaio e Tupan.
Com a extinção do FAC, aceitou o convite para defender o MAC. Nesse mesmo ano, 1943, o time foi campeão maranhense e ele estava no banco para o cearense Pintado, o gazo que passava carvão em volta dos olhos nos jogos noturnos do Estádio Santa Izabel.
Na cabeça de Raul Guterres ainda estão bem nítidos os nomes de muitos jogadores de times da década dele, de 40. Pelo MAC: Raul Guterres, Erasmo, Arel, Batistão, Vicente, Mercy, Celso Cantanhede, Inaldo, Mozart, Duo, Nezinho, Moura, Coelho, Cosmo, Dilson, Tarrindo, Tataraí, Justino e Batista; Pelo Sampaio: Baltazar (gol), Cido, Cerejo, Reginaldo, Jejeca, Decadela, Bodinho, Albano, Govani e Zé Pequeno. Pelo Moto: Rui (gol), Santiago, Carapuça, Sandoval, Frázio, Nascimento, Pepê, Galego, Valentim, Zuza e Jaime; Raul coloca no alto do pedestal dos melhores que viu atuando no futebol maranhense: Pepê, Hamilton e Croinha.
O complemento – paralelamente ao futebol, Raul Guterres jogava basquete (o segundo em preferência) no Oito de Maio, de Rubem Goulart. Conquistou o tricampeonato m 1947/48/49. Era praticamente o mesmo time que jogava vôlei, também pelo Oito de Maio, muitas vezes campeão. Como um dos que estavam na casa de João Rosa para fundar o futsal, Raul terminou sendo goleiro da “bola pesada”. E voltou a conquistar títulos: tricampeã pelo Santelmo em 1948/49/50.
O nosso atleta não media esforços para dar sua parcela de colaboração às equipes que integrava. Já cursando Direito na UFMA, participou dos Jogos Universitários pela FAME – Federação Acadêmica Maranhense de Esportes: Recife em 50, Belo Horizonte em 52 e São Paulo em 54. Além de futebol, basquete e vôlei, competia no atletismo nos saltos em altura e distância, assim como nos arremessos e lançamentos de dardo. Lembra com orgulho do Presidente da FAME em 54, o também estudante de Direito, hoje desembargador, Almeida e Silva.
Outra grande lembrança foi o “não” que deu ao Ceará Sporting (para substituir o famoso Gutemberg), ao Remo paraense (que o queria no lugar de Vélez) e ao Juventus e Portuguesa, clubes paulistas. “O estudo e o quartel não me permitiam pensar em futebol para ganhar dinheiro”, justifica-se.
Em 1947 Raul Guterres largou todos os clubes e passou a jogar somente pelo 24 BC. Porém, não deixou a vida esportiva fora do quartel. Anos mais tarde, assumiu a presidência do MAC (1965) e ficou por lá até 1971. Dos muitos títulos conquistados, ressaltamos o de bicampeão maranhense profissional em 69 e 70. Time: Lunga; Neguinho, Negão, Clésio e Carlindo; Zuza e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar. Banco: Adaulto Neto, Vareta e Moacir Bueno.
Ainda foi técnico da Seleção de Pinheiro, campeão intermunicipal em 1966 e passou pela diretoria do Jaguarema de 1971 a 1973. Recebeu em 1987 a Medalha do Mérito Esportivo no fim da gestão do Secretário da SEDEL, Biló Murad. Nesse mesmo ano, na homenagem prestada no governo Cafeteira, quando assumiu a SEDEL o sobrinho Carlos Guterres, Raul recebeu uma placa que dizia: “Pela contribuição à grandeza do desporto maranhense, a homenagem do Governo do Estado”.
Faleceu nessa madrugada, 10 de Maio, o historiador Manoel Raimundo do Amaral, ilustre torcedor do Sampaio e conselheiro do clube. Amaral foi uma pessoa que muito contribuiu com o memorial boliviano, doando bolas antigas, como a do título brasileiro de 1972, faixas, flâmulas, recorte de jornais, além de camisas históricas.
Piauiense da cidade de Piripiri, Manoel Raimundo do Amaral chegou ao Maranhão na década de 60, quando passou a adotar a Bolívia Querida em sua vida. Com uma vida inteira ligada ao futebol do nosso Estado, Amaral foi durante muitos anos Presidente e secretário do time tricolor, além de outros cargos pela Federação Maranhense de Futebol. Começou usa carreira de pesquisador aos 26 anos e, através de outros trabalhos, recebeu vários prêmios e comendas, tais como: "Personalidade do Futebol Brasileiro", pela Enciclopédia do Futebol Brasileiro,"Personalidade do Futebol Maranhense", pela Sociedade Esportiva Tupan, "Personalidade Desportiva Maranhense/ACLEM 2000" e "Medalha do Mérito Timbira", como Comendador, pelo Governo do Estado do Maranhão, em 2001.
Amaral também proporcionou um momento histórico nos clássicos Sampaio e Moto. Na década de 1970, o Moto Club alcançou um longo período sem derrotas frente ao Tricolor. Amaral, então, como um ferrenho boliviano que sempre foi, decidiu que só cortaria o cabelo no momento em que a Bolívia Querida quebrasse essa escrita.
O problema foi que nem ele e nem o mais pessimista dos tricolores poderia imaginar um jejum tão longo, que já perdurava por longínquos 26 jogos. Entretanto, no Campeonato Maranhense de 1975, na última partida da competição, realizada sob as vistas de mais de 14 mil motenses e bolivianos apaixonados, o Sampaio venceu o Moto Club por 1 x 0, sagrando-se campeão maranhense.
Contudo, outra marca foi quebrada: após 2 anos e 11 meses de sofrimento (tempo do jejum boliviano), Amaral desceu ao gramado, percorreu a extensão dos travessões de joelho e depois cumpriu a promessa, acabando com os longos cabelos que caíam sobre os ombros. Assim, finalmente o Raimundo do Amaral cortou os cabelos, no final do grande clássico.
Uma das formações do Sampaio Corrêa de 1959/60. Em pé: Zé Raimundo, Milson Cordeiro, Vadinho, Maneco, Macaco e Decadela; Agachados: Nilson, Fernando Pernambucano, Serra "Pano de Barco", Canhotinho e Pinagé
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 07 de Agosto de 2000.
Na infância, quando todos os garotos eram apaixonados por futebol, Serra vibrava com bons filmes e se espelhava nos grandes atores de 1940/50. O futebol surgiu por acaso na vida dele, que estava prestes a completar 20 anos de idade. Jogava sem uma posição fixa. Certa vez, improvisado no gol, vestindo uma camisa de cor berrante e bem folgada, magro na hora de abrir os braços, dava a impressão que seria carregado pelo vento. Um torcedor resolveu batizá-lo de “Pano de Barco”. Atuou principalmente pela lateral-direita. Depois de defender várias equipes amadoras de São Luís, se profissionalizou e rodou por clubes de ponta do Maranhão, Piauí e Rio de Janeiro. Hoje, longe do futebol, se dedica a servir a Deus.
Em 1940/50, a brincadeira natural da garotada era o futebol. Não faltava espaço para jogar. Em todos os bairros da Ilha de São Luís tinha uma salina ou uma quinta, que acabavam virando um campo. O grande time maranhense da época era o Moto Club. Contrariando a normalidade do período, o garoto Benedito Vicente Serra, ludovicense e nascido em 05 de Abril de 1930 no Bairro da Madre Deus, filho dos rosarienses José Maximiano Serra e Joana Francisca Serra, acabou optando por assistir filmes no cinema. Sem condições de comprar ingressos, não se envergonhava em varrer os cinemas em troca de entradas. Indo aos cines São Luís (que depois se tornou conhecido como Rialto – Rua do Passeio), Olímpiada e Rival (que ficava na Rua Grande), aprendeu a gostar dos grandes astros e estrelas da época. “Eu sonhava em ser um daqueles galãs. Gosto de relembrar os nomes deles e a situação em que viviam e como vivem até hoje. Tenho catalogado na memória e no papel mais de 350 nomes de atores e atrizes do cinema nacional e internacional”, conta ele, mostrando que gostava mesmo da situação dos astros, que contracenavam com grandes estrelas, “mulheres verdadeiramente nota 10”, segundo Serra. Todo dinheiro ganho era investido em roupa e adereços que pudessem lembrar seus ídolos do cinema.
Em 1950, quando já estava prestes a completar 20 anos de idade, sem chances de vencer na carreira artística, resolveu jogar futebol. “Foi um início fácil. Jafé Mendes Nunes, radialista e técnico de futebol de salão e campo, me chamou para jogar como lateral-direito ao lado de verdadeiros craques: Caroba, Rui, Xavier (Peru), Gimico, Garcia, Moacir Bueno, Leôncio, Lelé Rodrigues e Calango (apelido do ex-atleta e árbitro profissional Wilson de Moraes Wan Lume). Todos esses feras jogavam no Tupi, do Bairro do Caminho da Boiada. Fomos campeões da segunda divisão e passamos a disputar o Campeonato Estadual da Primeira Divisão”.
Em apenas um campeonato Serra mostrou todo o seu potencial e acabou sendo convidado para jogar no Maranhão Atlético Club. Era a grande chance de se jogar um profissional de futebol. “Fui contratado para jogar no MAC na mesma posição do Tupi. Com o passar do tempo, acabei virando uma espécie de coringa, que se dava bem em qualquer posição” Confessa que o seu maior objetivo era estar no grupo e defender o clube.
Com habilidade nata, o inteligente Serra se adaptou aos esquemas táticos do futebol. Tinha um físico privilegiado e seu fôlego de gato permitia que corresse o tempo todo em campo. Jogava falando, orientando e, às vezes, xingando os companheiros. Chutava muito bem com as pernas direita e esquerda. Walfredo Maranhense, ex-companheiro de Sampaio Corrêa, relembra: “Com ele a bola corria. Sabia cadenciar o jogo quando era preciso”.
Serra jogou no MAC no período de 1952 a 1958. Durante esse tempo, conheceu muita gente boa que passou pelo clube. Cita Derval (goleiro), Rabelo “Carne Assada”, Batistão, Jejeca, Marianinho, Arel, Reginaldo Menezes, Mucurão, Coelho, Nélio, Moraes, Edson Moraes, Rego, Nonato, Xavier (Peru), Laxinha, Durvalino, Nunes, Kid, Calazans, Zé Ferreira, Cural e outros. “Muita gente passou pelo MAC e eu fui ficando. Acabei me tornando o líder do time. Pena que não tenha conseguido o título. O máximo que alcancei foi ser vice-campeão nas temporadas de 1956/57”, relembra.
No final de 1957, aconteceu uma coisa marcante na vida de Serra. Por não concordar em pagar pensão alimentícia à mulher que vivia com ele na época, acabou sendo predo em uma quarta-feira. No domingo o MAC iria jogar com o Moto. Deram um jeito de soltá-lo momentos antes da partida. Veio a vitória por 4x1. Cural e Moraes fizeram i gol cada e Serra fez dois. O gol do Moto foi de Aracatu. É evidente que depois do feito ele foi posto em liberdade.
Em 1958, “Pano de Barco” trocou o MAC pelo Sampaio Corrêa. Juntamente com Fernando Pernambucano, Vadinho, Peu, Zé Carlos “Barca Furada”, Jereba, Milson Cordeiro, Zé Raimundo, Macaco, Nonato Cassas, Canhotinho, Regino e outros, deu muitas alegrias à torcida sampaína. “Serra era cheio de molecagem nas concentrações. Gostava de andar engomadinho e adorava cantar em castelhano. Fazia coleções de revistas e dizia que era um artista. Nós o chamávamos de La Sierra por conta disso tudo”, relembra Milson Cordeiro, companheiro no Sampaio.
Em 1961 o Sampaio Corrêa foi campeão estadual. Serra jogou apenas o primeiro turno porque foi negociado com o Auto Esporte do Piauí e chegou a ser vice-campeão estadual e jogou na seleção piauiense.
Em 1962 retornou a São Luís e jogou no Graça Aranha Esporte Clube (GAEC), que havia subido da primeira divisão para a divisão especial. Um ano depois, foi tentar a sorte no Madureira do Rio de Janeiro, quando já estava com 32 anos de idade. “Era difícil tentar a sorte nessa idade. Uma ótima experiência que infelizmente não deu certo”. Em 1965 Serra voltou novamente a São Luís, como técnico do GAEC. Implantou o sistema tático 4x2x4 e chegou a ser campeão de um torneio chamado “Torneio da Morte”. Gostou da experiência e acabou dirigindo por vários anos equipes profissionais de São Luís, Teresina e seleções de cidades do interior do Maranhão que participavam do Torneio Intermunicipal.
Sampaio Corrêa em 1955: Neto Peixe Pedra, Lourival e Pipira
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 26 de Junho de 2000
Lourival é da época em que jogar futebol era sinônimo de paixão pelo esporte e pelo clube que defendia. Ninguém se tornava profissional. Ganhar dinheiro, só como atleta “amador marrom”, o suficiente para tomar umas e outras cervejas com os companheiros após cada partida. Com pouco mais de 1m60 e 59 quilos, esse ponteiro tinha muita coragem, habilidade e técnica: impunha respeito aos adversários. Batia mais do que apanhava. Dentro e fora de campo sempre foi casqueiro. Adorava uma boa briga. Ao longo dos seus quase 72 anos de vida, ganhou alguns apelidos que condizem com a sua personalidade: “Prejuízo”, “Consumição”, “Loló da Bolívia” e o mais marcante de todos, “Bazar de Barulho”.
Lourival começou nossa conversa demonstrando sua antiga paixão pela bola. “Tem dia que acordo com uma vontade danada de bater uma bolinha. Depois da minha família, a bola foi a minha maior paixão”. De cara dá pra perceber que para ele o outros da época jogar futebol era puro prazer. O atleta procurava honrar a camisa que vestia. Ao contrário dos dias atuais, o nome do clube estava à frente de qualquer interesse, fossem eles financeiros ou políticos. Com algumas exceções, todos trabalhavam e saiam direto do serviço para o campo. Não pera permitido o uso do “regra três”, ou seja, o reserva. Apenas onze atletas faziam parte da equipe. Quem se machucasse durante uma partida, adoecesse ou faltasse ao jogo por qualquer motivo, desfalcava o grupo. “Nós tínhamos que ser bons de bola e responsável. Todos dependiam de todos”, complementa.
Lourival foi uma pessoa que nunca frequentou uma cadeira de escola, Não saber ler nem escrever, mas que teve a dignidade de criar onze filhos e, a exemplo da vida atlética, ser um vencedor no dia a dia. A luta pela vida começou quando ele tinha oito anos de idade. Morava com mais quatro irmãos menores e os pais Teotônio José Ferreira e Amazília Rosa Ferreira em um sítio na Maioba – onde nasceu, no dia 15 de Dezembro de 1928. Pegava as frutas no quintal de casa e saía a pé até o Anil para vendê-las. Foi por lá que deu os primeiros toques em bolas de meia, depois de bexiga, até chegar a de couro.
Dois anos depois veio morar com a família na Rua Paulino de Souza, no Bairro do Matadouro. “Eu não tinha registro de nascimento quando morava na Maioba. Só fui registrado quando cheguei no Matadouro; Isso era um acontecimento comum da época”, disse Lourival.
Com uma personalidade forte, foi se destacando em peladas de futebol batidas no Matadouro. Quando estava com 12/13 anos de idade, a família foi morar no Bairro do João Paulo. Se enturmou com Misael, Benedito, Zé Rocha e Leônidas, todos jogadores do Vitória do Mar e o Canto do Rio do João Paulo. “Não demorou muito e eu estava vestindo a camisa do Canto do Rio juntamente com eles”, lembra.
No início gostava de jogar na meia ou ponta direita. Se orgulha quando diz que era pequeno, mas não se amedrontava com o tamanho dos seus marcadores. Casqueiro, arrumava confusão para si e para os companheiros. Jogava o tempo inteiro falando, orientando os companheiros e provocando os adversário. Tinha um excelente toque de bola, além de ser ligeiro e chutar bem a gol. “Eu não via a hora de chegar o domingo. Depois de uma semana inteira de batalho, jogar bola me relaxava, Até brigar era bom. Chegava em casa leve e pronto para mais uma semana de dureza”.
Por jogar bem, foi convidado para trabalhar como colaborador de ônibus na linha que fazia São José de Ribamar/São Luís. Em troca defendia o Ribamar. Ele lembra de um clássico da confusão entre Ribamar x São Cristóvão. “Dificilmente o jogo terminava. As cascarias acabavam antecipando o final em forma de briga”, frisa. Do lado do time de Ribamar os dois melhores eram Lourival e Neto Peixe Pedra. No São Cristóvão se destacava Gedeão Matos (hoje coronel da PMMA). Paralelo ao campeonato ribamarense, Lourival jogava no Bacuritíua e depois defendeu o Onze da Ilha.
Em 1950/51, quando estava com 22 para 23 anos de idade, Lourival foi levado para fazer um teste no Sampaio Corrêa, time que sempre torceu. Jogou bem e foi aprovado. Por lá encontrou só feras: Baltazar; Cid e Serejo; Reginaldo Mucurão, Jejeca e Decadela;, Boninho, Duó, Geovane, Albano e Zé Pequeno. “Era um timaço! Ficava sem acreditar que iria fazer parte dele. Um sonho realizado. Imagina que eu ainda iria receber um bom dinheiro para jogar no time do meu coração. Minha vida se transformou em pura alegria”, relembra com emoção.
Em 1952 Lourival e toda a equipe do Sampaio Corrêa tiveram que se render ao imbatível Vitória do Mar, que acabou conquistando o único título estadual durante toda a sua existência.
Em 1953 e 1954 só deu Sampaio Corrêa. “Foi uma fase maravilhosa. Fui seleção maranhense e aceitei uma proposta para jogar no Moto Club. Eu ganhava 300 réis no Sampaio e o Papão me ofereceu 2 contos de réis, muito dinheiro. Não pude recusar”.
Em 1955 e 1956 Lourival levantou outro bicampeonato pelo Moto Club, juntamente com Nabor, Zezico, Walber Penha, Baezão e outros craques. Em 1857 a torcida sampaína exigiu a volta dele ao clube. Mesmo assim foram quatro anos de jejum. O Ferroviário ficou com o bicampeonato em 1957/58 e o Moto em 1959/60. As alegrias só voltaram em 1961/62, quando o Sampaio conquistou outro bicampeonato, Lourival estava lá.
Em 1963, quando estava prestes a completar 35 anos de idade, largou o futebol e foi trabalhar como vigia portuário. “Encerrei minha carreira e nunca mais joguei bola, nem peladas. Hoje recordo, com um imenso prazer, alguns nomes com quem joguei no Sampaio Corrêa. São amigos inesquecíveis: Terrível, Cacaraí, Wallace, os coronéis Gedeão Matos, Bebeto e Xavier (Peru), Reginaldo Almeida, Jozafá, Qui Qui Qui (García), Reginaldo Mucurão, Almério, Canhotinho, Chamorro, Biné, Nonato Cassas, Pedro Baa, Neto Peixei Pedra, Enêmer, Ceará, Zé Ferreira, Pipira, Chico Preto, Milson Cordeiro e outros”.
Matéria interessante do Jornal O Estado do Maranhão, de 09 de Julho de 1976, sobre os árbitros maranhenses indicados para o quadro nacional no ano de 1976.
Nacor Arouche
Movimentando a nossa equipe de reportagem, conseguimos apurar extraoficialmente que o COBRAF já tem em mãos, pronta para enviar à Federação Maranhense de Desportos, a relação dos cinco nomes dos árbitros que irão integrar o quadro nacional para os jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Segundo notícias colhidas junto àquele órgão, foi encaminhado expediente ao senhor Diretor do Departamento de Árbitros da FMD, Dr. José Ruy Salomão Rocha, solicitando imediatamente o Curriculum Vitae dos seguintes juízes, integrantes do quadro local: Wilson de Moraes Van Lume, Josenil Souza, José Salgado, Nacor Arouche e Roberval Castro.
Sendo assim, se por toda esta semana por confirmada a notícia, ficarão de fora os senhores Francisco Souza, Claudionor Lopes e Jamil Gedeon Filho, que o ano passado pertenciam ao quadro nacional, permanecendo, entretanto os senhores Van Lume e José Salgado.
Dentre os novos integrantes do quadro nacional, o nome do senhor Roberval Castro se constitui uma surpresa em meio aos desportistas locais, mesmo considerando-se que o referido juiz teve uma rápida ascensão no decorrer do ano passado, tendo dirigido com acerto alguns clássicos do certame de 75.
Josenil Souza foi outro árbitro que se projetou na presente temporada, surgindo como uma das promessas do atual quadro de juízes da FMD, e sua indicação vem servir de incentivo àqueles que pretendem ingressar na difícil carreira.
Quanto a Nacor Arouche, não há nada a acrescentar, ainda que alguns companheiros só tenham criticado severamente após conturbado encontro entre Sampaio Corrêa e Maranhão, atirando-lhe sobre os ombros a responsabilidade atual do tumulto.
Toda a imprensa especializada reconhece as qualidades de Nacor Arouche, sem dúvida alguma, tecnicamente, o melhor juiz do nosso futebol, com uma passagem brilhante na Federação Cearense e por demais conhecido por suas boas atuações em todos os gramados do Nordeste.
O senhores Lercílio Estrela e Renato Rodrigues deixaram de participar da lista, naturalmente, porque o primeiro se desligou deliberadamente do quadro local e o segundo somente se reintegrou ao Departamento este ano, exercendo suas funções o ano passado em Teresina.
Matéria do Jornal Pacotilha/O Globo, relatando sobre a partida entre motenses e estivadores,no dia
20
de Junho de
1952, pelo Torneio
Municipal, competição patrocinado pela Federação Maranhense de Desportos
(FMD). Aqui, uma curiosidade: todos os atletas envolvidos na partida
pagaram a sua entrada na bilheteria do jogo.
Dando prosseguimento ao Torneio Municipal, ontem à trade o Moto Club venceu o Vitória do Mar pela contagem de 3x1, numa partida onde o público presenciou de tudo, menos futebol, tudo isto devido à fraca arbitragem do sargento Grajaú, que apesar de ter se esforçado para dirigir a partida com imparcialidade, errou clamorosamente e os seus erros foram técnicos, dando cabimento a que não somente os atletas que disputavam a partida perdessem o controle de si, como também a própria assistência, presente ao Estádio Santa Izabel.
Não tiveram os jogadores do Vitória do Mar a calma precisa para receberem a derrota como verdadeiros desportistas, pois não resta a menor dúvida de que falhou o juiz no lance que redundou o terceiro tento da tarde, mas esqueceram-se os rapazes da estiva que o placar se encontrava já de 2x1 pro rubro-negro nessa altura, sem levar em consideração as inúmeras oportunidades desperdiçadas por Ferreira, Chapola e João Batista.
Não compreendemos a razão pela qual os jogadores do Vitória do Mar se recusaram a atender uma decisão do juiz, quando faltava apenas minuto e meio para o término da partida, uma vez que há muito vinham acatando as decisões tanto certas como erradas do árbitros para em seguida haver forte “sururu”, onde por pouco Josafá e Santiago perdiam a vida por parte do Moto, enquanto um popular, com um cano de ferro, distribuía ferradas a torto e a direito nos atletas da estiva, apesar das interferências de terceiros. Enquanto isso, notava-se a ausência do policiamento em campo, tendo até os que assistiam a partida invadido a cancha e tomando parte ativa no conflito.
Estava praticamente encerrada a partida de futebol e o público que compareceu ao Estádio Santa Izabel mais uma vez abandonou aquela praça de esportes, contrariado com o que acabava de presenciar: um juiz bastante fraco, que contribuiu para que a indisciplina e a prática de jogo violento predominasse na cancha, ultimando com o espetáculo de “luta-livre” em plena partida de futebol.
O JOGO – Foi a partida iniciada às 16h15, apresentando-se os quadros em igualdade de condições, porém, aos poucos, foi o Moto Club assenhorando-se do terreno, para, aos 5 minutos de luta, Josafá inaugurar o placar, quando o citado atleta, ao receber a pelota de Perú, passou por Lourival e Misael, aproximando-se do gol, desviou inteligentemente de Batatais a pelota, mantendo-a ao fundo da meta.
O Vitória do Mar procurou reagir, porém, empregando em certas e determinadas jogadas a violência, no que era correspondido pelos atletas do Moto, ante o olhar complacente do juiz, que apenas limitava-se a apitar e dar conselhos desnecessários. Era o início da “tourada” que mais tarde infelizmente iriamos presenciar.
Com os ataques sucessivos do Vitória do Mar, Ferreira de posse da pelota, ao receber um passe de benedito, numa jogada quase que individual, passou Assunção e Santiago, atirando a gol, tendo Bacabal ainda defendido, mas a pelota tomou a direção do fundo da meta motense. Estava empatada a partida. Nova saída foi dada. Agora os motenses empregavam “botinadas” para conterem as arrancadas do Vitória do Mar, onde os seus atacantes perdiam oportunidades de ouro de desempatar a partida.
O Moto Club aos poucos tentava neutralizar esses perigosos contra-ataques e quando o cronógrafo assinalava 30 minutos, Zé Maria ao tentar passar por Misael, recebeu falta deste, o que imediatamente o juiz marcou. Cobrado por intermédio de Jesus, este atirou diretamente a gol, tendo a pelota tomado a direção das redes de Batatais, que falhara no lance. Com mais alguns lances sem expressão, chegou o término do primeiro tempo.
O Moto atuou com Bacabal; Santiago e Ademar; Waldinar, Assunção e Peru; Nerimar, Matuto, Zé Maria e Josafá. Jesus. O Vitória do Mar com Batatais; Zé Rocha e Misael; Lelé, Gordo e João Cinco; Chapola, Benedito, Gafanhoto e Ferreira; João Batista
Moto Club
Vitória do Mar
Defesa espetacular de Batatais sob as vistas dos seus companheiros de defesa
Um ataque do Vitória do Mar no momento exato em que Bacabal defendia um chute de Ferreira