Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 26 de Janeiro de 1998
Time campeão em 1970: em pé - Jurandir Brito, Raul Guterres, Nestor, Zé Neguinho, Goulart, Carlos Mendes, Marçal, Luis Carlos, Raimundo Silva e Carlos Guterres; agachados - Da Silva, baezinho, Sansão, Antônio Carlos, Clécio, Jorge Silva, Elias, Campos e Dario; sentados - Marciano, Patrcínio, Walker, Ivanildo, Euzébio, Almir, Yomar, Jacinto, Hamilton e Sanatiel
Um dos grandes dirigentes do futebol maranhense está com 88 anos e continua com um coração apaixonado pelo Maranhão Atlético Clube. Nestor Ferreira Campos pode não ter o mesmo vigor que o levava a enfrentar desafios, mas ainda pulsa em suas veias um antigo amor, que o transformou em um dirigente sem nunca ter tido experiência semelhante. Coisas do destino.
Ele sempre gostou do futebol e do MAC. Fazia malabarismos para entrar no estádio Santa Izabel e ver seu time jogando. O maior deles era se embrenhar pelas matas da Quinta do Barão para burlar a fiscalização e não pagar ingresso, já que o dinheiro que ganhava não dava para extravagâncias. Mas chegar a ser dirigente, isso nunca havia passado pela cabeça dele. Até que numa bela noite do ano de 1968 Nestor resolveu participar da assembleia que elegeria a nova diretoria do clube. Encontrou com velhos conhecidos: Nicolau Duailibe, o Presidente que deixava o cargo, e Raul Guterres, ex-dirigente que não podia assumir a presidência por causa do emprego na Receita Federal. Além dos dois podia-se ver na plateia vários jogadores maranhenses, que estavam sem receber salários fazia oito meses.
O sim – Nicolau, que sabia das paixões de Nestor, pediu que ele tomasse a frente do MAC, garantindo que todos os dirigentes mais antigos o ajudariam. A decisão tinha que ser rápida. Quando os jogadores disseram que esqueceriam os atrasos para enfrentar uma nova vida, ele não teve escapatória e terminou aceitando. Fazendo pessoalmente as cobranças dos sócios, pedido ajuda aqui e acolá, Nestor seguia com a difícil tarefa de manter em dia o pagamento do plantel. Quando o salário atrasava por algum motivo, os jogadores iam bater na casa dele, na Rua do Ribeirão. Se fosse na hora do almoço, ele sabia que no fogão estaria só o próprio prato, já que a ordem era para não deixar ninguém com fome. Inteirava com ovo a pouca comida restante e se dava por satisfeito, pois tinha alimentado quem ia até ele pedir ajuda. Soltava um dinheirinho para um e outro, resolvendo temporariamente os problemas de cada um.
Um virador – A vida do dia a dia era grande e nada fácil. Além de procurar manter o pagamento dos salários dos jogadores, zelava pelo material de treino e jogo do MAC. Andava atrás de empresários amigos, pedindo contribuições para a compra de camisas, calções, meias e chuteiras. “Quando eu não conseguia colaboradores, batia na porta dos gerentes das casas do comércio, que por confiarem em mim, me vendiam fiado”, conta.
Como alfaiate, muitas vezes sentava na máquina de costura para consertar os uniformes ou fazer outros novos. Para evitar gastos, após os jogos levava a equipagem do time para casa. A lavadeira Maria José “Buchinho” dava um duro danado, segundo as determinações do exigente patrão, que queria ver tudo muito limpo. “Muitas vezes eu chegava de manhã e seu Nestor já tinha tirado o grosso da sujeira de noite, para facilitar o trabalho. Ele era incansável”, diz ela, que aos 70 anos ainda mora com Nestor e mantém a mesma alegria que encarava o duro trabalho do passado.
O MAC não tinha sede própria na época. Os troféus, as reuniões, tudo ficava para a casa de Nestor. Os treinos aconteciam na casa de dona Conceição, no Turu. O carro dele, uma rural, rodava cheia. Em dia de jogo servia de transporte para a equipe.
Com muito esforço e colaboração dos dirigentes, o Presidente conseguiu montar um excelente time caseiro. E para a sua glória foi campeão no final de sua administração, em 1969. O time da época era formado como Da Silva; Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Riba e Jacinto (ou Dario).
Na nova eleição do MAC, Nestor saía da presidência. Entrava um cargo e, por causa do excelente trabalho realizado no ano anterior, entrava para outro, que terminou eternizando-o no clube: o de diretor. Uma espécie de supervisor-representante da presidência. Por aos seguidos foi assim, com ele sempre à frente na administração do material (ao lado de Carinha e Marciano) e na direção das equipes, principalmente em viagens, que foram muitas. Na cozinha, ele levava para trabalhar dona Ana, nova integrante da equipe.
Hoje só lhe restam as lembranças e as lamentações pelo fato do Maranhão Atlético Clube não estar participando das disputas do futebol, pois queria continuar indo aos estádios torcer pelo “Glorioso” de tantas conquistas.
Ele sempre gostou do futebol e do MAC. Fazia malabarismos para entrar no estádio Santa Izabel e ver seu time jogando. O maior deles era se embrenhar pelas matas da Quinta do Barão para burlar a fiscalização e não pagar ingresso, já que o dinheiro que ganhava não dava para extravagâncias. Mas chegar a ser dirigente, isso nunca havia passado pela cabeça dele. Até que numa bela noite do ano de 1968 Nestor resolveu participar da assembleia que elegeria a nova diretoria do clube. Encontrou com velhos conhecidos: Nicolau Duailibe, o Presidente que deixava o cargo, e Raul Guterres, ex-dirigente que não podia assumir a presidência por causa do emprego na Receita Federal. Além dos dois podia-se ver na plateia vários jogadores maranhenses, que estavam sem receber salários fazia oito meses.
O sim – Nicolau, que sabia das paixões de Nestor, pediu que ele tomasse a frente do MAC, garantindo que todos os dirigentes mais antigos o ajudariam. A decisão tinha que ser rápida. Quando os jogadores disseram que esqueceriam os atrasos para enfrentar uma nova vida, ele não teve escapatória e terminou aceitando. Fazendo pessoalmente as cobranças dos sócios, pedido ajuda aqui e acolá, Nestor seguia com a difícil tarefa de manter em dia o pagamento do plantel. Quando o salário atrasava por algum motivo, os jogadores iam bater na casa dele, na Rua do Ribeirão. Se fosse na hora do almoço, ele sabia que no fogão estaria só o próprio prato, já que a ordem era para não deixar ninguém com fome. Inteirava com ovo a pouca comida restante e se dava por satisfeito, pois tinha alimentado quem ia até ele pedir ajuda. Soltava um dinheirinho para um e outro, resolvendo temporariamente os problemas de cada um.
Um virador – A vida do dia a dia era grande e nada fácil. Além de procurar manter o pagamento dos salários dos jogadores, zelava pelo material de treino e jogo do MAC. Andava atrás de empresários amigos, pedindo contribuições para a compra de camisas, calções, meias e chuteiras. “Quando eu não conseguia colaboradores, batia na porta dos gerentes das casas do comércio, que por confiarem em mim, me vendiam fiado”, conta.
Como alfaiate, muitas vezes sentava na máquina de costura para consertar os uniformes ou fazer outros novos. Para evitar gastos, após os jogos levava a equipagem do time para casa. A lavadeira Maria José “Buchinho” dava um duro danado, segundo as determinações do exigente patrão, que queria ver tudo muito limpo. “Muitas vezes eu chegava de manhã e seu Nestor já tinha tirado o grosso da sujeira de noite, para facilitar o trabalho. Ele era incansável”, diz ela, que aos 70 anos ainda mora com Nestor e mantém a mesma alegria que encarava o duro trabalho do passado.
O MAC não tinha sede própria na época. Os troféus, as reuniões, tudo ficava para a casa de Nestor. Os treinos aconteciam na casa de dona Conceição, no Turu. O carro dele, uma rural, rodava cheia. Em dia de jogo servia de transporte para a equipe.
Com muito esforço e colaboração dos dirigentes, o Presidente conseguiu montar um excelente time caseiro. E para a sua glória foi campeão no final de sua administração, em 1969. O time da época era formado como Da Silva; Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Riba e Jacinto (ou Dario).
Na nova eleição do MAC, Nestor saía da presidência. Entrava um cargo e, por causa do excelente trabalho realizado no ano anterior, entrava para outro, que terminou eternizando-o no clube: o de diretor. Uma espécie de supervisor-representante da presidência. Por aos seguidos foi assim, com ele sempre à frente na administração do material (ao lado de Carinha e Marciano) e na direção das equipes, principalmente em viagens, que foram muitas. Na cozinha, ele levava para trabalhar dona Ana, nova integrante da equipe.
Hoje só lhe restam as lembranças e as lamentações pelo fato do Maranhão Atlético Clube não estar participando das disputas do futebol, pois queria continuar indo aos estádios torcer pelo “Glorioso” de tantas conquistas.
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