Sampaio Corrêa em 1955: Neto Peixe Pedra, Lourival e Pipira
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 26 de Junho de 2000
Lourival é da época em que jogar futebol era sinônimo de paixão pelo esporte e pelo clube que defendia. Ninguém se tornava profissional. Ganhar dinheiro, só como atleta “amador marrom”, o suficiente para tomar umas e outras cervejas com os companheiros após cada partida. Com pouco mais de 1m60 e 59 quilos, esse ponteiro tinha muita coragem, habilidade e técnica: impunha respeito aos adversários. Batia mais do que apanhava. Dentro e fora de campo sempre foi casqueiro. Adorava uma boa briga. Ao longo dos seus quase 72 anos de vida, ganhou alguns apelidos que condizem com a sua personalidade: “Prejuízo”, “Consumição”, “Loló da Bolívia” e o mais marcante de todos, “Bazar de Barulho”.
Lourival começou nossa conversa demonstrando sua antiga paixão pela bola. “Tem dia que acordo com uma vontade danada de bater uma bolinha. Depois da minha família, a bola foi a minha maior paixão”. De cara dá pra perceber que para ele o outros da época jogar futebol era puro prazer. O atleta procurava honrar a camisa que vestia. Ao contrário dos dias atuais, o nome do clube estava à frente de qualquer interesse, fossem eles financeiros ou políticos. Com algumas exceções, todos trabalhavam e saiam direto do serviço para o campo. Não pera permitido o uso do “regra três”, ou seja, o reserva. Apenas onze atletas faziam parte da equipe. Quem se machucasse durante uma partida, adoecesse ou faltasse ao jogo por qualquer motivo, desfalcava o grupo. “Nós tínhamos que ser bons de bola e responsável. Todos dependiam de todos”, complementa.
Lourival foi uma pessoa que nunca frequentou uma cadeira de escola, Não saber ler nem escrever, mas que teve a dignidade de criar onze filhos e, a exemplo da vida atlética, ser um vencedor no dia a dia. A luta pela vida começou quando ele tinha oito anos de idade. Morava com mais quatro irmãos menores e os pais Teotônio José Ferreira e Amazília Rosa Ferreira em um sítio na Maioba – onde nasceu, no dia 15 de Dezembro de 1928. Pegava as frutas no quintal de casa e saía a pé até o Anil para vendê-las. Foi por lá que deu os primeiros toques em bolas de meia, depois de bexiga, até chegar a de couro.
Dois anos depois veio morar com a família na Rua Paulino de Souza, no Bairro do Matadouro. “Eu não tinha registro de nascimento quando morava na Maioba. Só fui registrado quando cheguei no Matadouro; Isso era um acontecimento comum da época”, disse Lourival.
Com uma personalidade forte, foi se destacando em peladas de futebol batidas no Matadouro. Quando estava com 12/13 anos de idade, a família foi morar no Bairro do João Paulo. Se enturmou com Misael, Benedito, Zé Rocha e Leônidas, todos jogadores do Vitória do Mar e o Canto do Rio do João Paulo. “Não demorou muito e eu estava vestindo a camisa do Canto do Rio juntamente com eles”, lembra.
No início gostava de jogar na meia ou ponta direita. Se orgulha quando diz que era pequeno, mas não se amedrontava com o tamanho dos seus marcadores. Casqueiro, arrumava confusão para si e para os companheiros. Jogava o tempo inteiro falando, orientando os companheiros e provocando os adversário. Tinha um excelente toque de bola, além de ser ligeiro e chutar bem a gol. “Eu não via a hora de chegar o domingo. Depois de uma semana inteira de batalho, jogar bola me relaxava, Até brigar era bom. Chegava em casa leve e pronto para mais uma semana de dureza”.
Por jogar bem, foi convidado para trabalhar como colaborador de ônibus na linha que fazia São José de Ribamar/São Luís. Em troca defendia o Ribamar. Ele lembra de um clássico da confusão entre Ribamar x São Cristóvão. “Dificilmente o jogo terminava. As cascarias acabavam antecipando o final em forma de briga”, frisa. Do lado do time de Ribamar os dois melhores eram Lourival e Neto Peixe Pedra. No São Cristóvão se destacava Gedeão Matos (hoje coronel da PMMA). Paralelo ao campeonato ribamarense, Lourival jogava no Bacuritíua e depois defendeu o Onze da Ilha.
Em 1950/51, quando estava com 22 para 23 anos de idade, Lourival foi levado para fazer um teste no Sampaio Corrêa, time que sempre torceu. Jogou bem e foi aprovado. Por lá encontrou só feras: Baltazar; Cid e Serejo; Reginaldo Mucurão, Jejeca e Decadela;, Boninho, Duó, Geovane, Albano e Zé Pequeno. “Era um timaço! Ficava sem acreditar que iria fazer parte dele. Um sonho realizado. Imagina que eu ainda iria receber um bom dinheiro para jogar no time do meu coração. Minha vida se transformou em pura alegria”, relembra com emoção.
Em 1952 Lourival e toda a equipe do Sampaio Corrêa tiveram que se render ao imbatível Vitória do Mar, que acabou conquistando o único título estadual durante toda a sua existência.
Em 1953 e 1954 só deu Sampaio Corrêa. “Foi uma fase maravilhosa. Fui seleção maranhense e aceitei uma proposta para jogar no Moto Club. Eu ganhava 300 réis no Sampaio e o Papão me ofereceu 2 contos de réis, muito dinheiro. Não pude recusar”.
Em 1955 e 1956 Lourival levantou outro bicampeonato pelo Moto Club, juntamente com Nabor, Zezico, Walber Penha, Baezão e outros craques. Em 1857 a torcida sampaína exigiu a volta dele ao clube. Mesmo assim foram quatro anos de jejum. O Ferroviário ficou com o bicampeonato em 1957/58 e o Moto em 1959/60. As alegrias só voltaram em 1961/62, quando o Sampaio conquistou outro bicampeonato, Lourival estava lá.
Em 1963, quando estava prestes a completar 35 anos de idade, largou o futebol e foi trabalhar como vigia portuário. “Encerrei minha carreira e nunca mais joguei bola, nem peladas. Hoje recordo, com um imenso prazer, alguns nomes com quem joguei no Sampaio Corrêa. São amigos inesquecíveis: Terrível, Cacaraí, Wallace, os coronéis Gedeão Matos, Bebeto e Xavier (Peru), Reginaldo Almeida, Jozafá, Qui Qui Qui (García), Reginaldo Mucurão, Almério, Canhotinho, Chamorro, Biné, Nonato Cassas, Pedro Baa, Neto Peixei Pedra, Enêmer, Ceará, Zé Ferreira, Pipira, Chico Preto, Milson Cordeiro e outros”.
Lourival começou nossa conversa demonstrando sua antiga paixão pela bola. “Tem dia que acordo com uma vontade danada de bater uma bolinha. Depois da minha família, a bola foi a minha maior paixão”. De cara dá pra perceber que para ele o outros da época jogar futebol era puro prazer. O atleta procurava honrar a camisa que vestia. Ao contrário dos dias atuais, o nome do clube estava à frente de qualquer interesse, fossem eles financeiros ou políticos. Com algumas exceções, todos trabalhavam e saiam direto do serviço para o campo. Não pera permitido o uso do “regra três”, ou seja, o reserva. Apenas onze atletas faziam parte da equipe. Quem se machucasse durante uma partida, adoecesse ou faltasse ao jogo por qualquer motivo, desfalcava o grupo. “Nós tínhamos que ser bons de bola e responsável. Todos dependiam de todos”, complementa.
Lourival foi uma pessoa que nunca frequentou uma cadeira de escola, Não saber ler nem escrever, mas que teve a dignidade de criar onze filhos e, a exemplo da vida atlética, ser um vencedor no dia a dia. A luta pela vida começou quando ele tinha oito anos de idade. Morava com mais quatro irmãos menores e os pais Teotônio José Ferreira e Amazília Rosa Ferreira em um sítio na Maioba – onde nasceu, no dia 15 de Dezembro de 1928. Pegava as frutas no quintal de casa e saía a pé até o Anil para vendê-las. Foi por lá que deu os primeiros toques em bolas de meia, depois de bexiga, até chegar a de couro.
Dois anos depois veio morar com a família na Rua Paulino de Souza, no Bairro do Matadouro. “Eu não tinha registro de nascimento quando morava na Maioba. Só fui registrado quando cheguei no Matadouro; Isso era um acontecimento comum da época”, disse Lourival.
Com uma personalidade forte, foi se destacando em peladas de futebol batidas no Matadouro. Quando estava com 12/13 anos de idade, a família foi morar no Bairro do João Paulo. Se enturmou com Misael, Benedito, Zé Rocha e Leônidas, todos jogadores do Vitória do Mar e o Canto do Rio do João Paulo. “Não demorou muito e eu estava vestindo a camisa do Canto do Rio juntamente com eles”, lembra.
No início gostava de jogar na meia ou ponta direita. Se orgulha quando diz que era pequeno, mas não se amedrontava com o tamanho dos seus marcadores. Casqueiro, arrumava confusão para si e para os companheiros. Jogava o tempo inteiro falando, orientando os companheiros e provocando os adversário. Tinha um excelente toque de bola, além de ser ligeiro e chutar bem a gol. “Eu não via a hora de chegar o domingo. Depois de uma semana inteira de batalho, jogar bola me relaxava, Até brigar era bom. Chegava em casa leve e pronto para mais uma semana de dureza”.
Por jogar bem, foi convidado para trabalhar como colaborador de ônibus na linha que fazia São José de Ribamar/São Luís. Em troca defendia o Ribamar. Ele lembra de um clássico da confusão entre Ribamar x São Cristóvão. “Dificilmente o jogo terminava. As cascarias acabavam antecipando o final em forma de briga”, frisa. Do lado do time de Ribamar os dois melhores eram Lourival e Neto Peixe Pedra. No São Cristóvão se destacava Gedeão Matos (hoje coronel da PMMA). Paralelo ao campeonato ribamarense, Lourival jogava no Bacuritíua e depois defendeu o Onze da Ilha.
Em 1950/51, quando estava com 22 para 23 anos de idade, Lourival foi levado para fazer um teste no Sampaio Corrêa, time que sempre torceu. Jogou bem e foi aprovado. Por lá encontrou só feras: Baltazar; Cid e Serejo; Reginaldo Mucurão, Jejeca e Decadela;, Boninho, Duó, Geovane, Albano e Zé Pequeno. “Era um timaço! Ficava sem acreditar que iria fazer parte dele. Um sonho realizado. Imagina que eu ainda iria receber um bom dinheiro para jogar no time do meu coração. Minha vida se transformou em pura alegria”, relembra com emoção.
Em 1952 Lourival e toda a equipe do Sampaio Corrêa tiveram que se render ao imbatível Vitória do Mar, que acabou conquistando o único título estadual durante toda a sua existência.
Em 1953 e 1954 só deu Sampaio Corrêa. “Foi uma fase maravilhosa. Fui seleção maranhense e aceitei uma proposta para jogar no Moto Club. Eu ganhava 300 réis no Sampaio e o Papão me ofereceu 2 contos de réis, muito dinheiro. Não pude recusar”.
Em 1955 e 1956 Lourival levantou outro bicampeonato pelo Moto Club, juntamente com Nabor, Zezico, Walber Penha, Baezão e outros craques. Em 1857 a torcida sampaína exigiu a volta dele ao clube. Mesmo assim foram quatro anos de jejum. O Ferroviário ficou com o bicampeonato em 1957/58 e o Moto em 1959/60. As alegrias só voltaram em 1961/62, quando o Sampaio conquistou outro bicampeonato, Lourival estava lá.
Em 1963, quando estava prestes a completar 35 anos de idade, largou o futebol e foi trabalhar como vigia portuário. “Encerrei minha carreira e nunca mais joguei bola, nem peladas. Hoje recordo, com um imenso prazer, alguns nomes com quem joguei no Sampaio Corrêa. São amigos inesquecíveis: Terrível, Cacaraí, Wallace, os coronéis Gedeão Matos, Bebeto e Xavier (Peru), Reginaldo Almeida, Jozafá, Qui Qui Qui (García), Reginaldo Mucurão, Almério, Canhotinho, Chamorro, Biné, Nonato Cassas, Pedro Baa, Neto Peixei Pedra, Enêmer, Ceará, Zé Ferreira, Pipira, Chico Preto, Milson Cordeiro e outros”.
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