sábado, 6 de setembro de 2014

Edison Moraes Rêgo


Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 08 de Novembro de 1999

Maranhão Atlético Clube em 1956. Em pé: Marianinho, Serra Pano de Barco, Balduíno, Cabeça, Derval, Moacir Bueno e Leôncio Rodrigues; Agachados: Nélio, Jaime, Moares, Moacir Graça, Edison e Rabelo Carne Assada

Bim, Anjo, Doutor Formiga e Mascote, estes foram alguns dos apelidos de Edison de Moraes Rêgo, um ponta de 1m57 de altura e 46 kg de peso, que infernizou as defesas de que enfrentou o Maranhão Atlético Clube de 1956 a 1960e o Sampaio Corrêa em 1961. Foi um atleta inteligente e bastante solidário com os companheiros de profissão. Jogar bola era uma coisa nata. Jogava porque sabia e, acima de tudo, gostava.

Edison Moraes Rêgo nasceu em Pedreiras, interior do Estado, no dia 22 de Dezembro de 1939. Recorda-se bem de que, quando estava com oito para nove anos de idade, acompanhava os atletas da Seleção Pedreirense nos jogos que faziam na cidade contra equipes e seleções de outras cidades. Nessa época ele era conhecido como Bim e já disputava peladas calçando chuteiras, mesmo a contragosto da família. “Não adiantava me proibir de jogar. Não sonhava em ser um atleta profissional, eu apenas queria jogar bola, só isso”, disse ele.

Quando estava com 11 para 12 anos de idade, depois de concluído a quarta série do primário, Edison foi mandado para São Luís. Ficou na casa de um tio e foi prestar exame de admissão no Colégio Marista. Foi aprovado e se tornou interno do colégio. Se destacou como aluno e atleta. “O colégio tinha três seleções. Uma de alunos menores, médios e maiores. Eu, mesmo sendo da ala menor, jogava no meio dos maiores. O que importava na época era o tamanho da bola que eu jogava e não o tamanho do corpo que eu tinha”.

No colégio, Edison passou a ser conhecido como Doutor Formiga. Nessa época, o Maranhão Atlético Clube treinava em um dos campos do Marista. Um dos ídolos da torcida atleticana era o Rabelo, conhecido como Carne Assada. Antes de um treino do MAC, Carne Assada vu Edison batendo bola em um dos campos do Marista e ficou impressionado com a habilidade daquele garoto franzino. O indicou para o técnico paraguaio Luiz Comitante, que dirigia o MAC na época. “Comitante gostou de mim e queria falar com a minha família para que me autorizasse a jogar. Como eu estava sob responsabilidade do colégio, ele foi falar com o diretor do Marista. Me lembro perfeitamente que, depois de alguns minutos de conversa, ele disse ao irmão para me fazer comer muito quiabo e maxixe para crescer e ficar forte”.

No dia 01 de Maio de 1956, quando ainda iria completar 17 anos de idade, Edison vestiu oficialmente a camisa do MAC em um jogo de portas abertas no Estádio Nhozinho Santos, contra o Vitória do Mar. Chovia muito. O MAC ganhou de 4x1 e Edison deixou a sua marca de artilheiro. “Um gol inesquecível. A bola foi cruzada da direita e u me apoiei no zagueiro Mizael, do Vitória Dei meia bicicleta e fiz um golaço. Foi a primeira vez que senti uma torcida vibrar e me emocionei muito. Sempre fui boliviano, mas naquele momento comecei a gostar do MAC”.

A partir daí Edison passou a ser admirado pela torcida atleticana e respeitado pela imprensa, que não poupava elogios à inteligência dele. Diziam os cronistas e locutores esportivos que ele era rápido, habilidoso, que tinha um excelente domínio de bola, chegava fácil à linha de fundo, cruzava bem e ainda ajudava na marcação no meio de campo. Jogava de ponta-direita ou esquerda. Botava a bola onde queria e se tornou exímio batedor de pênaltis. “Em um Torneio Início, bati 19 pênaltis e converti todos. Eu não tinha medo de goleiros”. Foi nessa época que Edison ganhou ao apelidos de Anjo e Mascote. Anjo porque era branco demais e Mascote porque era muito pequeno e nem parecia um jogador profissional.

Uma formação atleticana que Edison gostou de jogar tinha Derval no gol; Cabeça e Moacir Bueno; Marianinho, Serra “Pano de Barco” e Maçarico; Moacir Graça, Nélio, Moraes, Jaime e Edison. “Um excelente time. Pena que nós só ganhávamos torneios início. Taça Cidade de São Luís e outras competições menores. Na hora do campeonato estadual, quando conseguíamos muito, éramos vice-campeões”.

No MAC Edison ficou até 1960. Foi convidado para jogar em equipes de fora do Estado, mas a família não deixava. No ano seguinte, transferiu-se para o Sampaio e juntamente com Dadá, Peu, Fernando, Massaú, Canhotinho, Decadela, Milson Cordeiro, Vadinho, Damasceno e outras cobras, acabou conquistando o título estadual de 1961 com a camisa do seu time de coração.

Paralelo ao futebol de campo, Edison foi jogador de futebol de salão. Foi atleta fundador do Elétron e depois jogou pelo Próton. “Tive o prazer de jogar com Marinaldo, Rômulo, Vadico, Parú, Nonato e Elias Cassas, César Bragança, Cadico, Virão, Milson Cordeiro e outros”.

Em 1962, Edison sofreu uma entorse no joelho em um treino no Sampaio Corrêa. Seguidamente, em outro treino, acabou fraturando o mesmo joelho. Ficou no estaleiro um bom tempo. Tinha medo de operar e acabou ficando com uma sequela forte no joelho (até hoje). Neste mesmo ano, prestou concurso para o Banco do Estado do Maranhão (BEM), foi aprovado e acabou abandonando o futebol profissional. “Foram anos maravilhosos como atleta profissional. Só que havia chegado o momento de escolher entre segui carreira como profissional da bola (bichado) ou ser bancário. Escolhi o banco e fui para Pindaré-Mirim, como escriturário”.

Depois de Pindaré Edison foi transferido para Viana. Lá fez um excelente trabalho na agência do banco e na seleção de futebol local que chegou a conquistar o bicampeonato do Torneio Intermunicipal. “Nessa época descobri o ponta-esquerda Dario e o trouxe para o MAC em São Luís. Com o tempo ele se firmou como um dos maiores atletas do clube atleticano”.

Depois que se transferiu da cidade de Viana, Edison não conseguiu mais jogar futebol, nem em peladas, por causa do joelho. Daí pra frente o negócio dele era a carreira de bancário.

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