Especial Sampaio Corrêa Campeão - 41 anos do título do Brasileirinho 1972

Em 2013 o Sampaio Corrêa completa 41 anos do inesquecível título do Brasileiro da Segunda Divisão de 1972. No começo de 1971, a Confederação Brasileira de Desportos criou o campeonato Brasileiro de futebol, sucedendo, assim, o torneio Roberto Gomes Pedrosa (popularmente conhecido como Robertão) e definindo os representantes brasileiros nas competições Sul-americanas. O Campeonato Brasileiro seria uma extensão do torneio Rio-São Paulo e aos paulistas e cariocas juntaram-se os baianos, gaúchos, mineiros e pernambucanos. Por concessão de clubes de outros Estados que ficaram de fora da competição, os dirigentes da Confederação de Futebol foram obrigados a criar fórmulas, divisões, taças, etc., pois a cada ano o número aumentava, até chegar ao estágio de 1989 com, 100 clubes. Assim, clubes de outras regiões do Brasil que não disputavam a chamada elite do campeonato, integravam o chamado Brasileirinho. O Sampaio Corrêa, ao lado do Maranhão Atlético Clube, foi o primeiro representante do Estado do Maranhão nas disputas do recém criado campeonato. As equipes maranhenses integravam o grupo C, ao lado de River e Flamengo do Piauí e do Guarany de Juazeiro. No ano seguinte, a Bolívia novamente representou e trouxe o título Nacional, o primeiro conquistado por um clube do Nordeste. Deixo abaixo um pequeno especial, com textos extraídos do livro "Sampaio Corrêa, uma Paixão dos Maranhenses" e áudios diversos do Canal no Youtube do Blog Futebol Maranhense e Podcast Memórias do Futebol Maranhense:


Em 1972 o Sampaio Corrêa foi administrado por uma junta Governativa. Jurandir Azevedo Santos, que havia assumido a presidência do clube em 1969 devido ao afastamento de Ronald Carvalho, ficou por seis meses na presidência do clube e tratou de conseguir recursos através de sua amizade no meio empresarial maranhense. Rupert Macieira e Walter Zaidan ocuparam, respectivamente, a presidência e vice-presidência do Sampaio Corrêa. Já com José Rui Salomão na presidência, nova crise e nova junta Governativa. Jurandir Santos voltava a ter nas mãos a responsabilidade de sanar débitos, dentre eles os quatro meses de salários atrasados de jogadores e funcionários, além de manter a equipe para as disputados do Campeonato Brasileiro (atual Segunda Divisão), graças à ajuda de amigos.

O campeonato de 1972 reuniu 23 times do Nordeste, divididos em quatro grupos. O tricolor compunha o grupo A, juntamente com Moto Clube de São Luis, Tiradentes e Flamengo do Piauí e Fortaleza e Guarany de Sobral. O Sampaio Corrêa fez uma excelente campanha. Aqui, vale ressaltar alguns problemas enfrentados pelo clube maranhense ao longo da disputa. Na segunda fase da competição, por exemplo, na cidade de Alagoinhas (BA) contra o Atlético, a delegação do clube maranhense chegou na cidade a poucas horas da partida. “O clima é um pouco diferente, o calor da torcida adversária, o fator campo e o principal, a longa viagem rodoviária, sentado em um ônibus com regular conforto, mas ficando os atletas com as pernas entorpecidas”, relatava o ‘Jornal do Dia’ quando do confronto no interior da Bahia.

Com uma equipe modesta, onde não despontava nenhum atleta de grande expressão nacional, o Sampaio Corrêa era uma autêntica formação de jogadores nordestinos, sob o comando do maranhense Marçal Tolentino Serra. O elenco foi um dos melhores ao longo de toda a história do clube, segundo relatos dos torcedores mais antigos e da crônica esportiva maranhense. Para os saudosistas, foi a melhor formação em toda a história do Sampaio Corrêa: A equipe que conquistou o Campeonato Nacional está no coração de todos os ‘bolivianos’: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima, Gojoba e Edmilson Leite; Limas, Djalma (ídolo da torcida e o craque do time), Pelezinho e Jaldemir (um ponteiro driblador que agitava a galera).

O clube chegou à final jogando contra a Campinense da Paraíba. A Confederação Brasileira de Desportos sorteou no dia 14 de dezembro a cidade de São Luis como local da decisão entre Sampaio e Campinense e a FMD recebeu a comunicação enchendo a notícia de alegria a torcida maranhense pois com isto, o nosso representante terá muito mais chances de ser o campeão, porque joga com o apoio total. A partida foi um marco na época, principalmente pelo fato de se tratar de um título inédito no futebol maranhense e nordestino. Grande número de torcedores já se movimentam para levarem ao Municipal, foguetes, papel picado, escolas de Samba e muitos outros atrativos para o incentivo que o Sampaio necessita para sagrar-se campeão do Brasil. Pela primeira vez em sua história o clube chegava a uma decisão de campeonato a nível nacional: “nosso estádio foi bastante pequeno para conter o grande número de torcedores que suportou o ‘empurra-empurra’ e ‘passa por cima’, a fim de incentivar o Sampaio Corrêa a trazer para o futebol maranhense, o título nacional da primeira divisão.

A equipe maranhense disputou a final da competição com Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Waldeci Lima; Gojoba, Djalma e Edmilson Leite; Lima, Pelezinho e Jaldemir. Paulo Figueiredo, goleiro titular, foi afastado pelo presidente Jurandir Santos por causa de um desentendimento do jogador com o treinador Marçal Tolentino Serra. A equipagem tricolor da grande decisão, um conjunto de camisas nas cores verdes com as golas amarelas e detalhes vermelhos, foi comprada na cidade do Rio de Janeiro.

Na grande decisão, realizada na noite do dia 17 de dezembro, o Sampaio Corrêa chegaou ao título após vencer a final contra o Campinense, em São Luis, por 5x1, na disputa de penalidades máximas, depois de um empate no tempo normal por 1x1, e a 0a0, na prorrogação. Volmir, aos 37 minutos do primeiro tempo (Campinense), e Pelezinho, aos 44 minutos da etapa final, fizeram os gols do tempo normal. O título então foi decidido nos pênaltis:

Por uma solicitação dos adversários apenas um jogador de cada time faria a cobrança de penalidade. Neguinho cobrou primeiramente pelo Sampaio e marcou os cinco gols. Na vez do Campinense, Ivan Limeira converteu o primeiro e no segundo o goleiro Jurandir defendeu a bola. A comemoração foi tão grande que alguns torcedores, atrás do suvenir, deixaram os jogadores de cueca no campo. O campeão maranhense encerrou a sua participação com oito vitórias, quatro empates e cinco derrotas, assinalando 19 gols e sofrendo apenas 8, além de ter um jogador como o artilheiro da competição - Pelezinho, que assinalou 8 gols.

A equipe de destacou pelo seu elevado espírito de luta e raro talento em termos de conjunto, com alguns jogadores revelando uma notável categoria, segundo consta da crônica maranhense: o meia Djalma Campos, considerado o maestro da equipe e o jogador mais virtuoso da competição, Jalmir um dribaldor emérito que desconcertava os advesários jogando na ponta esquerda, o rápido e insinuante Lima na ponta direita; os eficientes alas Hélio Rodrigues e Valdecy Lima, o experiente Gojoba como volante, a raça incomum de Neguinho, como xerife do time, e o oportunismo de Pelezinho, um centroavante rápido e inteligente. Apesar de destaques, o time inteiro era de uma impressionante coesão.  

Pôster do time - partida contra a Campinense (PB)

Sampaio Corrêa em foto oficial pelo título do Brasileirinho em 1972

Camisa utilizada na grande decisão contra a Campinense (PB)

Bola utilizada na grande decisão contra a Campinense (PB)

ENTREVISTAS

No Podcast "Memórias do Futebol Maranhense", três personagens daquela campanha deram depoimento, contando sobre o Brasileiro de 72, com histórias de bastidores e algumas passagens emocionantes do clube, sobretudo na grande decisão contra a Campinense. O xerifão Neguinho, que tomou para si a responsabilidade de cobrar as cinco penalidades, contou que, antes da decisão por pênaltis, em comum acordo, as duas equipes escolheram apenas um batedor - havia essa alternativa, além, é claro, da opção de cinco cobranças através de cinco atletas diferentes. Para ouvir a entrevista do eterno zagueirão e ídolo boliviano, clique AQUI. O lateral Célio Rodrigues, que participou de toda a campanha da Bolívia em 72, também comentou sobre a conquista. Para ouvir, clique AQUI. Por fim, o centroavante Pelezinho, um dos grandes destaques da equipe Tricolor no Brasileirinho. Para ouvi-lo, clique AQUI.

ÁUDIO

Aqui, deixo o áudio da heroica vitória Tricolor diante do Fortaleza, dentro do Estádio Presidente Vargas, no dia 18 de Novembro, pela Segunda Fase da competição. A narração é do já falecido Juraci Vieira:


CAMPANHA NO BRASILEIRINHO DE 1972

PRIMEIRA FASE (GRUPO C)

10/09/1972-Moto Club 1x0 Sampaio Corrêa
Estádio
Nhozinho Santos
Juiz: Ronald Monassa (PI)
Gols: Marcos aos 25 minutos do primeiro tempo
Moto Club: Ubirajara; Reinaldo, Marins, Sérgio e Pinheiro; Faisca e Joari; Tuica, Marcos (Garrinchinha), Zé Branco e Batistinha (Chicolé). Técnico: Antônio Pereira
Sampaio Corrêa: Paulo Figueiredo; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Romildo; Airton e Edmilson Leite; Prado (Paraíba), Zezé (Djalma Campos), Pelezinho e Jaldemir. Técnico: Marçal Tolentino Serra

19/09/1972-Flamengo (PI) 0x0 Sampaio Corrêa

24/09/1972-Tiradentes
(PI) 1x1 Sampaio Corrêa

01/10/1972-Sampaio Corrêa 1x2 Guarany de Sobral (CE)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Ronald Monassa (PI)
Gols: Manoelzinho aos 40 e Nadinho aos 43 minutos do primeiro tempo; Neguinho (pênalti) aos 34 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Romildo, Neguinho, Clécio (Nivaldo) e Valdecy Lima; Gojoba e Edmilson Leite; Lima, Djalma Campos (Zezé), Paraíba e Pelezinho (Djalma). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Guarani de Sobral (CE): Jairo; Arteiro, Zezinho, Zequinto e Fidélis; Zé Maria e Teco-Teco; Manoelzinho, Isaac, Nadinho (Mariola) e Zequinha (Cabeção). Técnico: Sousa Neto

08/10/1972-Sampaio Corrêa 1x0 Fortaleza (CE)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Ronald Monassa (PI)
Gol: Zé Carlos (contra) aos 24 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Paulo Figueiredo; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba e Airton; Lima (Prado), Paraíba (Lima) (Djalma Campos), Pelezinho e Jaldemir. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Fortaleza (CE): Lulinha; Alexandre, Zé Paulo, Dimas e Ronner; Serginho (Josias) e Zé Carlos; Chinezinho, Nunes, Geraldino (Dudu) e Mimi. Técnico: Carlos Castilho

22/10/1972-Sampaio Corrêa 0x0 Moto Club
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Wilson de Moraes Vanlume
Público: 8.391 pagantes
Renda: Cr$ 31.647,00
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Ferreira; Gojoba e Airton; Lima, Zezé (Djalma Campos), Pelezinho (Paraíba) e Jaldemir. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Moto Club: Ubirajara; Reinaldo, Marins, Sérgio e Edair; Faisca e Joari; Eusébio (Wanderlei), Marcos, Zé Branco e Batistinha (Tuíca). Técnico: Antônio Pereira

29/10/1972-Sampaio Corrêa 5x0 Flamengo (PI)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Francisco Monteiro da Silva (CE)
Gols: Itamar aos 14, Djalma Campos aos 19, Pelezinho aos 33 e Itamar aos 43 minutos do primeiro tempo; Lima aos 4 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Ferreira; Gojoba e Edmilson Leite; Lima (Prado), Djalma Campos (Lima), Pelezinho (Zezé) e Itamar (Pelezinho). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Flamengo (PI): Ademir; Zé do Braga, Reginaldo, Matintin e Franklin; Café e Reinaldo (Carlinhos); Gringo, Mota, Décio Costa e Tião (Nivaldo). Técnico: Sousa Arantes

05/11/1972-Sampaio Corrêa 2x0 Tiradentes (CE)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: José Leandro Serpa (CE)
Gols: Sérgio (contra) aos 3 minutos do primeiro tempo; Lima aos 11 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba e Edmilson Leite (Airton); Lima, Djalma (Zezé), Pelezinho e Itamar (Edmilson Leite). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Tiradentes (CE): Toinho; Sérgio, Serjão, Murilo e Tinteiro; Simplício (Eliezer) e Soares; Caveirinha, Luizinho, Chiclete (Mimi) e Xavier. Técnico: Paulistinha
 

08/11/1972-Guarany (CE) 0x1 Sampaio Corrêa

18/11/1972-Fortaleza
(CE) 0x1 Sampaio Corrêa

SEGUNDA FASE (GRUPO E)


26/11/1972-Atlético (BA) 1x2 Sampaio Corrêa

29/11/1972-Itabaiana
(SE) 0x0 Sampaio Corrêa

03/12/1972-Sampaio Corrêa 0x0 Tiradentes (CE)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Nacor Arouche
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba e Edmilson Leite (Airton); Lima, Djalma, Pelezinho (Zezé) e Jaldemir. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Tiradentes (CE): Toinho; Esteves, Serjão, Murilo e Tinteiro; Eliezer e Soares; Caveirinha, Chiclete (Mimi) Luizinho e Wagner. Técnico: Paulistinha

06/12/1972-Sampaio Corrêa 2x0 Atlético de Alagoinhas (BA)
Local:
Estádio Nhozinho  Santos
Juiz: Adelson Julião (CE)
Gols: Pelezinho aos 29 do primeiro tempo e Edmilson Leite aos 6 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba (Airton) e Edmilson Leite; Lima, Djalma, Pelezinho e Jaldemir (Itamar). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Atlético de Alagoinhas (BA): Alex; Nelson, Enio, Silva e Juca; Deco e Catú; Rubinho (Paulinho), Santa Cruz, Ventilador (Dendê) e Vitor (Ventilador). Técnico: Silva

10/12/1972-Sampaio Corrêa 1x0 Itabaiana (SE)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: José Leandro Serpa (CE)
Gols: Jaldemir aos 30 minutos do primeiro tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues (Ferreira), Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba (Airton) e Edmilson Leite; Lima, Djalma, Pelezinho e Jaldemir. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Itabaiana (SE): Carlinhos; Danilo, Paulo, Assis e Messias; Gustinho e Liosmar; Piranha, Debinha (Rinaldo), Tatica e Guaraná.  Técnico: Valdemir Gusmão


13/12/1972-Tiradentes (CE) 2x1 Sampaio Corrêa

DECISÃO DO CAMPEONATO

17/12/1972-Sampaio Corrêa 1x1 Campinense (PB)
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Ronald Monassa (PI)
Gols: Wolmir aos 36 minutos e Pelezinho aos 45 minutos do primeiro tempo
Sampaio Corrêa: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba e Edmilson Leite (Airton); Lima, Djalma, Pelezinho (Prado) e Jaldemir (Pelezinho). Técnico: Marçal Tolentino Serra
Campinense (PB): Olinto; Miro, Ivan Lopes, Deca e Zé Preto; Vavá e Dão; Dinga, Erasmo (Edgar), Pedrinho e Wolmir. Técnico: Zé Preto

Após a prorrogação (30 minutos), a decisão foi decidida nos pênaltis: Sampaio Corrêa 5x4 Campinense (PB)


CAMPANHA: 17 jogos - 8 vitórias - 4 empates - 5 derrotas - 19 gols a favor - 8 gols contra

sábado, 28 de setembro de 2013

Entrevista ao Blog de Notícias João Filho

Deixo aqui uma matéria que fiz hoje, dia 29 de Setembro, para o Blog de Notícias, do jornalista João Filho.

Boliviano, Motense ou Maqueano?



O pinheirense Hugo José Saraiva Ribeiro, nacionalmente conhecido como escritor Hugo Saraiva, ganhou destaque no mundo futebolístico, ao escrever um livro sobre a história do Sampaio Corrêa do Maranhão. Com o título “Sampaio Corrêa, uma paixão dos maranhenses” o livro foi Recorde de venda e se esgotou em poucas semanas. Após o sucesso de venda do livro sobre a Bolívia querida, Hugo começou a escrever um livro sobre a história do Moto Club de São Luís. Criativo e muito estudioso, o escritor batizou a nova obra, com o título: “Memória Rubro-Negra, de Moto Club a eterno Papão do Norte”, que foi lançada e bateu o recorde de venda do seu primeiro trabalho.

Nascido no interior do Maranhão, na cidade de Pinheiro, carinhosamente chamada de Princesinha da baixada, Hugo Saraiva viveu um sonho até aos 17 anos, quando em 1996, o pequeno pinheirense, teve seu primeiro contato com o esporte, através do rádio AM. Naquele momento, a rádio tocava o hino do Maranhão Atlético Clube (MAC) que por sua vez, Hugo achou muito lindo. No mesmo ano (1996) Hugo Saraiva acompanhou em VT, toda campanha do Moto Club no Campeonato Brasileiro Série B.

 Para finalizar o ano de 1996, o jovem Hugo, mesmo ouvindo uma derrota do Sampaio para o Potiguar-RN pela Série C do Campeonato Brasileiro, o futuro escritor na época, acabou virando torcedor Boliviano. O mais curioso de toda história, era que Hugo mesmo com 17 anos na época, nunca havia pisado em um estádio de futebol em São Luís. Naquele ano (1996) a cidade natal de Hugo Saraiva era representada no Campeonato Maranhense, por um dos melhores times já visto no interior do Maranhão, “O Pinheiro Atlético Clube” apelidado por sua torcida, de “PAC”. O time era formado por jogadores genuinamente da baixada maranhense e teve a façanha de conquistar o vice-campeonato daquele ano.


Para ler a entrevista completa, clique no link abaixo:



Paulo Figueiredo, goleiro da Bolívia Querida na década de 70

Deixo aqui no Blog algumas fotos que foram enviadas pelo ex-goleiro Paulo Figueiredo, que passou pelo Sampaio Corrêa no início da década de 70. O carioca Paulo Figueiredo teve passagens, além do Sampaio, pelo futebol piauiense e, curiosamente, o atleta foi trazido ao nosso futebol para vestir a camisa do Moto Club. Mal aproveitado, acabou emprestado ao Sampaio, onde foi campeão do Brasileirinho de 1972. Paulo foi reserva em algumas partidas da Bolívia naquela competição e, na fase decisiva, Paulo foi afastado pelo então Presidente Jurandir Santos por conta de um desentendimento do goleiro com o treinador Marçal Tolenitno Serra. A base da Bolívia campeã daquele ano era a seguinte: Jurandir (Paulo Figueiredo); Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecy Lima; Gojoba e Edmilson Leite; Lima, Djalma, Pelezinho e Jaldemir. Seis dias após a conquista do Brasileirinho, no empate com a Campinense da Paraíba (e posterior vitória nos pênaltis), o Sampaio decidiu o título do Estadual contra o Moto Club. Novamente Paulo Figueiredo foi afastado pelo Presidente boliviano, que improvisou o atacante Zezé no gol. O Sampaio empatou a partida em 1 a 1 e conquistou o título maranhense daquele ano. Paulo Figueiredo ainda passou pelo Tiradentes em 1973, onde foi campeão do Torneio Seletivo que daria direito a um clube piauiense a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro pela primeira vez naquele ano, e pelo River, em 1977.
















Paulo Figueiredo em 2013

César “industrial, político, desportista” Aboud, eterno Presidente do Papão do Norte

Fragmentos extraídos do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte".

César boud

Acreano de nascença, maranhense de criação – e por que não dizer de coração? Quando se fala em alguém que tenha trabalhando tanto e em diferentes áreas em nosso Estado (e em prol dele), sobretudo na industrial e na política, automaticamente vem à cabeça o nome do ex-governador, um dos fundadores do Moto Club de São Luis e dono da extinta Fábrica de Tecidos Santa Isabel, durante anos um dos principais pilares da economia maranhense. A fábrica constituiu-se apenas em um dos braços do império que a família Aboud montou na capital e que envolvia a posse de dezenas de áreas e prédios habitacionais e comerciais. Junto com o seu irmão, Alberto Aboud, fundou um império de empresas em São Luis e pertencia a uma família tradicional do Estado e descendente de libaneses. Esse era César Alexandre Aboud, nascido no dia 23 de Fevereiro de 1910 e falecido, aos 84 anos, em 20 de Agosto de 1996. Foi um jovem senhor que conseguiu ser ao mesmo tempo comerciante, industrial, político, esportista, maçom, rotariano e líder empresarial. César foi um dos principais fundadores do Moto Club. Foi, também, o responsável pela inclusão do time motense na modalidade de futebol. Ficou na história rubro-negra pelo seu trabalho e dedicação na tentativa de colocar o Moto entre as grandes associações do desporto maranhense. César Aboud emprestou, substancialmente, a lucidez de sua inteligência administrativa, tornando o poderoso rubro-negro em um dos mais temíveis clubes de futebol das praças gonçalinas, na época em que nosso esporte sofria visível decadência em seu plantel. Debaixo de sua diretriz, conseguiu ao fim de pouco tempo elevá-lo à condição de onzena respeitável em todo o território nacional.

No começo do século XX, a viúva Júlia Drubi, acompanhada dos filhos Jorge e Rajy Nahoun, desembarcavam na cidade do Rio de Janeiro, vindos do Líbano. Assim como a grande maioria dos descendentes libaneses da época – e mantendo a tradição da união somente entre casais sírio-libaneses, dona Júlia conheceu, na Cidade Maravilhosa, o libanês Alexandre Aboud, com o qual se casou. A vontade de vencer na vida, uma das principais características dos libaneses no continente americano, fez com que Alexandre e Júlia partissem, no ano de 1907, para a cidade acreana de Cruzeiro do Sul, onde nasceram os três primeiros filhos – Eduardo, Vitória e César. Quando César estava com 2 anos, os pais, em 1912, se transferiram para o maranhão, a convite de Wady, Manih e Felipe, irmãos de Alexandre, que trabalhava no comércio. Na capital maranhense, César foi alfabetizado e passou a estudar no Colégio Marista, onde fez o curso primário. Contudo, um fato mudou o rumo da família Aboud: o seu pai Alexandre, estabelecido na cidade de Pinheiro, onde trabalhava no comércio, veio a falecer. César e família, então, mudaram-se para Buenos Aires, em 1920. Na Argentina, César começou a trabalhar como transportador de mercadorias na firma José Gassard, para ajudar a mãe na manutenção da família. Em 1922, Dona Júlia e os filhos já estavam de volta ao Brasil, a convite do seu tio, Many. Em São Luis, César foi estudar no Colégio Gilberto Costa e empregou-se na firma Chames Aboud, onde viajava pelo interior do Estado, convencendo os comerciantes a comprarem as suas mercadorias, especialmente tecidos. A partir daquele emprego, o gosto pelo trabalho se enraizou na alma e no corpo de César, que, mesmo trabalhando, não abandonou os estudos.

Inclinado para a atividade empresarial, matriculou-se no Centro Caixeiral, por onde diplomou-se contador, em 1926. Mudou-se, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar na empresa Many Aboud e Companhia, da qual César e o irmão Alexandre se associaram, e cuja atividade principal era importar do Maranhão arroz e babaçu e colocar no mercado sulista. Em seguida, casou-se, em 23 de Julho de 1933, cidade de São José (SC), com a catarinense Ruth, irmã da esposa de Many, e com quem teve as filhas Nazi (adotiva), Maria Ruth, Ana Maria, Júlia Flávia e Cristina. A empresa Many Aboud e Companhia estava em expansão quando, inesperadamente, em 1938, César voltou para São Luis e colocou em ação toda a experiência profissional adquirida na Companhia Industrial Mineira, por onde trabalhou durante um ano antes do seu retorno à capital maranhense. A Fábrica Santa Isabel, de propriedade de Nhozinho Santos, não atravessava uma boa situação financeira e decretou falência em 1935; foi comprada em 1938 pelos novos acionistas, os Aboud. César foi convocado para gerenciá-la, passando a residir no casarão colonial da Rua Oswaldo Cruz. Após morar na Rua Grande com a sua família, essa foi a primeira residência de César sem a sua família. Em virtude das dificuldades geradas pela Segunda Guerra Mundial, foi imediatamente deflagrado um trabalho para a recuperação da Fábrica Santa Isabel, com a importação de equipamentos vindos da Europa. Em pouco tempo a fábrica já apresentava uma nova linha de produção, que ia do riscado, seu principal artigo, à produção de novos tipos de tecidos, como a lona, morim, brim, mescla, xadrez, etc. Sob o comando de César, a fábrica tornou-se uma das indústrias mais sólidas e conceituadas do país, exportando seus tecidos até para o estrangeiro.

Um esportista nato. Assim era César Aboud. A sua forte personalidade ligada ao esporte veio desde a infância, onde o box e o futebol, ao longo da vida, constituíram-se duas fervorosas paixões. O box, por exemplo, César praticou durante a estadia da sua família na capital Buenos Aires. Quanto ao futebol, aos 4 anos de idade já tinha organizado em São Luis um time, o Botafogo, que saía pela cidade a desafiar a garotada que jogava bola. Na adolescência, fez parte do Esporte Clube Sírio Brasileiro, formado à base de descendentes libaneses, do qual era dirigente e jogador (lateral direito). Anos mais tarde, após uma dissidência no Sírio Brasileiro, César chegou ao Maranhão Atlético Clube, onde foi técnico. Em 1939 a sua fama de esportista já ganhava repercussão, fato que lhe rendeu um convite do capitão do exército, Vitor Santos, para dirigir o Moto Club de São Luis. No rubro-negro, César Abou dedicou nada menos do que 15 anos da sua vida como Presidente. Durante o seu mandato, o Moto conquistou 13, dos 16 títulos disputados no campeonato estadual.

Com o dinamismo que corria nas veias, procedeu mudanças e alterações no Moto, começando pelas cores da camisa, que de verde e branca passou para vermelho e preto, por causa do Flamengo. Reorganizou a estrutura do clube, ampliou o departamento de voleibol e basquete e reformou o estádio Santa Isabel, construindo arquibancadas, para dotá-lo de condições apropriadas para o exercício do bom futebol que se praticava no Maranhão. O plantel de jogadores era constituído da melhor qualidade técnica, pois os recursos para tal fim eram fornecidos pela Fábrica de Tecidos Santa Isabel, que mantinha o clube. Foi sob o comando de César Aboud que o Moto viveu seus maiores dias de glórias. Foi ele quem comandou o heptacampeonato (de 1944 a 1950), título que só o Moto possui no futebol maranhense e poucos times no cenário mundial têm. Graças à formação do elenco que possuía, o Moto passou a ser conhecido nacionalmente como Papão do Norte. Dos 19 títulos de campeão maranhense, César Aboud ganhou 13, como presidente do Conselho Diretor e do Conselho Deliberativo. A história do Moto está inteiramente ligada à família Aboud. Foram eles que, por mais de 20 anos, praticamente sustentaram o clube, desde alojamento, campos de futebol, títulos memoráveis e a célebre equipe dos anos 40, na inédita façanha do heptacampeonato, que até hoje envaidece a torcida rubro-negra.

Vítima de um acidente vascular cerebral na noite do dia 20 de Agosto de 1996, César Abou faleceu, aos 86 anos, após trinta dias internado na UTI do hospital São Domingos, deixando de luto a família rubro-negra e o futebol maranhense. O corpo foi enterrado no setor dos Cravos do Cemitério Jardim da Paz, na estrada de Ribamar. Sobre o caixão foi colocada uma camisa do Moto Club, fundado e presidido por Aboud por quase duas décadas. A sua última aparição pública havia sido no dia 13 de Setembro de 1995, quando foi homenageado pela passagem dos 58 anos de fundação do Papão. O Presidente José Raimundo Rodrigues lhe entregou uma placa de prata em sinal de agradecimento pelo muito que fez pelo rubro-negro.

FOTOS DE CÉSAR ABOUD

 Papão do Norte campeão maranhense em 1947: em pé – desconhecido, Santiago, Carapuça, Rui, Sandoval, Zuza, Waldemar, Walber, Frázio e César Aboud; agachados – Nêgo Luz (massagista), Galêgo, Mosquito, Pepê, Vinicius, desconhecido, desconhecido e Jaime

  Casarão onde César Aboud morou, ali no Canto da Fabril, próximo ao Ministério da Fazenda

  César Aboud

 César Aboud e Antônio Frazão, na década de 80

  César como goleiro do Rotary Club, na década de 40

  Arquibancadas do extinto Estádio Santa Izabel, construídas na gestão de César enquanto Presidente do Papão do Norte

 César Aboud quando era Presidente do Moto Club

  César, primeiro em pé, com o Moto tricampeão em 1947

 César sendo homenageado pelo então Presidente do Moto, José Raimundo Rodrigues, em 1995, no Nhozinho Santos

Enterro de César Aboud, em Agosto de 1996

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

VÍDEO - São Raimundo 2x0 Maranhão (Final da Copa Norte 2000)

Registro da decisão da Copa Norte de 2000 entre as equipes amazonense e maranhense.


VÍDEO

Livros sobre o futebol maranhense

Em mãos mais um belo trabalho para reforçar a literatura do futebol maranhense: o livro "Maranhão Atlético Clube, 80 Anos de Glórias", do jornalista Haroldo Silva. Rico em informações sobre dirigentes e personagens importantes da história do Bode Gregório, o livro é indispensável não somente aos torcedores maqueanos, mas àqueles que gostam do futebol do nosso Estado. Com quase 200 páginas, o livro traz ainda um grande número de resultados importantes e todos os jogos do MAC ao logo dos seus mais de 81 anos.

Livro do MAC, escrito pelo jornalista Haroldo Silva

O livro do MAC junta-se a outras publicações interessantes sobre o futebol do Estado do Maranhão. Dentre alguns títulos, temos o maravilhoso “TERRA, GRAMA E PARALELEPÍPEDOS: os primeiros tempos do futebol em São Luís (1906-1930)”, do historiador Claunísio de Amorim. O livro é uma pesquisa de fôlego sobre os primórdios do futebol na capital maranhense, fruto da pena inquieta do jovem historiador Claunisio Amorim Carvalho. A obra faz justa reconstituição da história das três primeiras décadas do futebol maranhense e homenageia todos os que contribuíram para reafirmar o futebol como o mais popular dos esportes, identificado por muitos como um dos elementos de unidade nacional. O livro ainda aborda questões sobre a criação de clubes e ligas em nossa capital, com uma linguagem fácil, dinâmica e que certamente agradará a todos os públicos. É um verdadeiro convite ao passado. Temos também os recém-lançados "HISTÓRIA DO ESTÁDIO CASTELÃO (1982-1997)", do historiador Manoel Raimundo do Amaral, e "HISTÓRIA DO FUTEBOL MARANHENSE", do jornalista Manoel Martins. Ambos são dois historiadores e estatísticos que eu, particularmente, sou muito fã dos seus trabalhos e tenho muito respeito pelas suas histórias e pelas contribuições que ambos deram e dão ao nosso futebol. Manoel Raimundo do Amaral é piauiense de Piripiri e nasceu no dia 18 de Março de 1946. Começou usa carreira de pesquisador aos 26 anos e, através de outros trabalhos, recebeu vários prêmios e comendas, tais como: "Personalidade do Futebol Brasileiro", pela Enciclopédia do Futebol Brasileiro,"Personalidade do Futebol Maranhense", pela Sociedade Esportiva Tupan, "Personalidade Desportiva Maranhense/ACLEM 2000" e "Medalha do Mérito Timbira", como Comendador, pelo Governo do Estado do Maranhão, em 2001. Manoel Martins, que lançou em 1996 o livro "PELA LINHA DE FUNDO: FUTEBOL MARANHENSE NO NACIONAL", é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 1980, tendo trabalhado nos seguintes órgão: Rádio Ribamar, Rádio Timbira, Rádio Educadora e Jornal O Imparcial. Foi Vice-Presidente da Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Maranhão (ACLEM) e vem fazendo estatísticas do nosso futebol por mais de 40 anos. É professor de cursos profissionalizantes no Serviço Nacional de Aprendizagem e Comercio (SENAC) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Por fim, as minhas duas publicações: "SAMPAIO CORRÊA: UMA PAIXÃO DOS MARANHENSES", lançado em 2011, e "MEMÓRIA RUBRO-NEGRA: DE MOTO CLUB A ETERNO PAPÃO DO NORTE", lançado em Setembro do ano passado. A "família" ainda ganhará outro livro, com lançamento previsto para a metade de 2014: "SALVE, SALVE, MEU BODE GREGÓRIO: A HISTÓRIA DO MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE", trabalho esse que iniciei em Outubro do ano passado e que fecha a trilogia sobre os grandes clubes do nosso futebol.

Na ordem: “TERRA, GRAMA E PARALELEPÍPEDOS: os primeiros tempos do futebol em São Luís (1906-1930)”, "HISTÓRIA DO ESTÁDIO CASTELÃO (1982-1997)", "HISTÓRIA DO FUTEBOL MARANHENSE", "MEMÓRIA RUBRO-NEGRA: DE MOTO CLUB A ETERNO PAPÃO DO NORTE", "SAMPAIO CORRÊA: UMA PAIXÃO DOS MARANHENSES", "PELA LINHA DE FUNDO: FUTEBOL MARANHENSE NO NACIONAL", "MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE: 80 ANOS DE GLÓRIAS + 1" e "MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE: 80 ANOS DE GLÓRIAS"

Moto Club campeão do Torneio Maranhão-Pará de 1972

Texto extraído do livro "Memória Rubro-negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte" sobre o título do Moto no primeiro Torneio Maranhão-Pará, em 1972:

 Moto Club campeão do Torneio Maranhão-Pará de 1972

 Levantando o troféu de campeão

 Moto Club campeão do Torneio Maranhão-Pará de 1972

 Jogadores sendo recepcionados no aeroporto em São Luis

 Festa em campo

Torcida do Moto comemorando o título do primeiro turno nas ruas de São Luis

1º TURNO (todos jogos disputados em Belém/PA)

20.02.1972
REMO 3-2 MOTO CLUBE
PAYSANDU 2-0 SAMPAIO CORRÊA
22.02.1972
PAYSANDU 3-4 MOTO CLUBE
REMO 0-0 SAMPAIO CORRÊA
24.02.1972
MOTO CLUBE 3-2 SAMPAIO CORRÊA
PAYSANDU 1-1 REMO


2º TURNO (todos os jogos disputados em São Luís/MA)

27.02.1972
MOTO CLUBE 1-0 REMO
SAMPAIO CORRÊA 2-0 PAYSANDU
29.02.1972
SAMPAIO CORRÊA 1-3 REMO
MOTO CLUBE 2-1 PAYSANDU
02.03.1972
REMO 3-2 PAYSANDU
MOTO CLUBE 0-0 SAMPAIO CORRÊA


CAMPEÃO: Moto Clube (MA)

Moto Club de São Luis, Sport Club Paysandu, Clube do Remo do Pará e Sampaio Corrêa Futebol Clube. De um lado, a força e a tradição do futebol paraense, sendo representado pelos dois maiores desse Estado. Do outro, a rivalidade entre rubro-negros e bolivianos à disposição do futebol maranhense para as disputas da novata competição. A união entre os dois Estados resultaria em um torneio que, se não foi adiante, não chegou a entrar oficialmente no calendário do futebol das duas Federações, valeu pela força e pela rivalidade em campo. Surgia o I Torneio Maranhão-Pará, que seguia os mesmos moldes do que já havia sendo realizado entre maranhenses e os seus vizinhos piauienses. Sobre o Maranhão-Piauí, a competição já havia sido realizada em 1967 e 1968 e deu resultados positivos para ambos os Estados. Aliás, ainda em 1972, antes das disputas entre maranhenses e paraenses, chegou a São Luis um telegrama da Federação Piauiense de Desportos, propondo a realização do Torneio Interestadual Maranhão-Piauí, sendo exigência dos mafrenses a participação de Moto Club e Sampaio Corrêa, o que dificultou a confirmação do certame, já que Maranhão Atlético Clube e Ferroviário, embora contando com um número menor de torcedores em nossa cidade, reivindicaram os mesmos direitos de participação. Assim, foi proposto, de início, um quadrangular eliminatório para classificar os dois representantes maranhenses no torneio, mas os piauienses desejaram apenas tricolores e rubro-negros, que têm melhor renda em Teresina. No seletivo corria-se o risco de classificar os outros dois clubes de menor apelo popular em São Luis (leia-se fracasso de renda na competição).

Baseado na experiência de competições passadas com os piauienses, e prevendo o sucesso de público e renda, o Sampaio defendeu a realização do torneio com os paraenses para melhorar o intercâmbio com o Pará e fugir da rotina do Piauí. Contudo, os primeiros contatos com os vizinhos nortistas mostraram que a competição deveria ser mais bem estudada por ambas as Federações. Questões financeiras configuravam-se como um entrave para a realização da primeira edição do torneio. A Federação Paraense não concordou em realizar o torneio com os clubes locais dentro das mesmas condições financeiras para São Luis e Belém, já que os marajoaras pediram uma diferença de um mil cruzeiros em cada jogo sobre a cota que pagariam aos maranhenses na cidade de Belém. Em seguida, Remo e Paysandu aceitariam jogar por uma cota de 12 mil cruzeiros. Os dirigentes motenses, a contrário dos bolivianos, não concordaram. Foi acordado que, caso o time motense desistisse, o Sampaio Corrêa aceitaria as condições dos clubes paraenses para uma permuta de jogo com um dos dois para aproveitar as últimas datas antes do início da Taça Cidade, que começaria no dia 5 de Fevereiro. A FMD recomendou aos dirigentes de Sampaio e Moto só aceitarem os jogos com os marajoaras em condições idênticas, tanto em São Luis quanto em Belém do Pará. Para o Presidente José Oliveira, há necessidade de se valorizar os nossos clubes que têm feito contratações caras e não estão nada a dever aos paraenses.

A princípio, a competição não foi aceita pelos dois times maranhenses, uma vez que os paraenses queriam ganhar cota superior a Moto Club e Sampaio Corrêa, o que vinha tornando difícil a sua concretização. Contudo, as questões financeiras, enfim, foram resolvidas e o I Torneio Maranhão-Pará, organizado pelo empresário Francisco Meireles, seria realizado nas capitais maranhense e paraense. Em Belém, os maranhenses, receberão dez mil cruzeiros (cada clube) além da hospedagem e na semana vindoura, pagarão aqui doze mil cruzeiros a Remo e Paissandú. Os jogos em Belém serão dirigidos por árbitros paraenses, enquanto em São Luis estarão em ação árbitros locais.

A base do Papão do Norte para as disputas do Torneio Maranhão-Pará de 1972 era a seguinte: Brito; Reginaldo (veio da Tuna Luso trazido por Nagib Heickel), Marins (zagueiro carioca que foi em seguida pro River do Piauí), Clécio (zagueiro pernambucano que, além do Moto, jogou ainda no Sampaio e MAC) e Romildo (veio do Guarany de Sobral para jogar no Sampaio, mas, segundo informações não oficiais, ele teria entregado um jogo ao Moto e acabou demitido pelo Tricolor; em seguida transferiu-se para o Moto); Joari (meia que veio do Guarany de Sobral), Marcos do Boi (cearense, Marcos era um jogador indisciplinado, pois faltava aos treinos, sumia da concentração, etc.; porém, era um grande jogador, grande batedor de falta) e Iomar (maranhense que morava no Monte Castelo, foi para o Moto por empréstimo junto ao MAC, não era craque, mas sim um ótimo “carregador de piano”); Wanderley (cearense, ponta-direita rápido e habilidoso), Zé Branco (artilheiro nato, veio do Guarany de Sobral. Após romper os ligamentos do joelho numa bola dividida contra o goleiro Carlos Afonso, do MAC, nunca mais repetiu as mesmas atuações) e Garrinchinha (maranhense que jogou de ponta-direita no Botafogo carioca, era rápido e driblador).

No desembarque de bolivianos e motenses em Belém, houve uma série de hostilidades por parte dos clubes maranhenses, fato até natural pela rivalidade entre ambos, demonstrada claramente até fora de campo, ao ponto de não se unirem no mesmo local em Belém para a hospedagem. Apesar de os dois times deixaram São Luis dias após o carnaval e sem o correto tempo de treinamento, tricolores e rubro-negros tiveram destacada atuação nos jogos realizados nos Estádios da Curuzu e Evandro Almeida (Baenão), arrancando elogios da crônica esportiva de Belém. O Primeiro Turno da competição teria início na capital marajoara, movimentando durante quinze dias o futebol paraense e maranhense, proporcionando aos torcedores dos dois Estados bons espetáculos de futebol. Há muito os dois centros não organizavam competições nem mesmo amistosas e agora com os torneios as quatro maiores formas dos dois Estados, teremos oportunidade de mudar um pouco a rotina dos amistosos com o futebol do Pará, que pouco proveito nos tem trasido, além de conhecer e equilatar as possibilidades atuais dos marajoaras e fazer um teste melhor com nossas equipes.

A Federação Paraense pretendia, ainda, sugerir à Federação Maranhense de Desportos a oficialização do certame, que seria realizado anualmente e até instituiu o troféu que receberia o nome do Dr. Pedro Amaral, diretor do DNER, em Belém, e um dos engenheiros responsáveis pela construção da Transamazônica. O troféu seria disputado em dois turnos (São Luis e Belém) e teria posse transitória.

O Papão do Norte apresentava um elenco forte para essa competição. Sob o comando do experiente treinador Marçal Tolentino Serra, que seria campeão brasileiro nesse mesmo ano pelo Sampaio Corrêa, a base motense era formada pela seguinte onzena: Brito; Reginaldo, Marins, Clécio e Heraldo Gonçalves; Faisca e Joari; Wanderley, Marcos, Zé Branco e Iomar. No Primeiro Turno da competição, o Papão mostrou porque era, naquela época, uma das maiores potências do futebol da região Nordeste. Antes do último jogo em Belém, contra os bolivianos, o time motorizado alcançou dois grandes resultados: A surpreendente façanha do rubro-negro maranhense ao empatar com o Clube do Remo, depois de estar perdendo por 2x0 e a estrondosa vitória diante do Paysandú, por 4x3, quando já amargava o escore de 3x1, encheu de justificado orgulho a sua fiel torcida, que ao ser marcado o ‘goal’ da vitória, estourou um foguetório em toda a idade, principalmente na área suburbana.

Vale destacar que, quando o Papão perdia pelo placar de 3x1 para o Paysandu, Gimico estava no banco de reservas. Ele virou-se para o treinador Marçal Tolentino Serra e pediu para entrar porque sentia que dava para virar o jogo. Porém, Marçal não deu ouvidos. Ele insistiu várias vezes para o técnico deixá-lo entrar, até que conseguiu. Quando estava em campo, infernizou a defesa adversária e ajudou o time a virar o placar para 4x3. A partir desse jogo, passaram então a chamá-lo de Satanás. Nessa partida, o Moto jogou debaixo de muita chuva e foi apoiado por muitos maranhenses que foram à Curuzu. Torcedores do Remo ainda reforçaram os motenses nas arquibancadas.

A vitória do time motense sobre o Sampaio Corrêa por 3x2 em terras paraenses coroou a boa fase do Papão no Torneio Maranhão-Pará e deu o título simbólico de campeão do Primeiro Turno ao Moto Club de São Luis, que ganhou os jogos em Belém na raça, no entusiasmo e na coragem. E seguiu-se uma verdadeira festa na capital maranhense, aproveitando o clima de carnaval que ainda movimentava a nossa cidade. Os torcedores rubro-negros, na recepção aos dois times no Aeroporto do Tirirical, seguiram em ônibus especiais, que partiram da Praça do Pantheon, em frente à Biblioteca Pública, enquanto outros seguiram em condução própria. Uma inédita manifestação de carinho foi prestada à delegação do Moto. Liderados pelo Presidente rubro-negro, Pereira dos Santos, a grande torcida do Papão foi às ruas para acompanhar o desfile que, de maneira até surpreendente, se formou para homenagear a delegação rubro-negra.

O aparelho da VASP tocou no Tirirical às 12,50, quando incalculável multidão esperava motenses. O desembarque foi marcado por abraços, gritos de ‘Moto, Moto’... ou ainda em menos número de aplausos também aos sampaínos. A torcida rubro-negra compareceu em massa e o desfile se formou pelas principais ruas da cidade, prolongando-se até por volta das 16 horas. Do aeroporto Cunha Machado, os jogadores foram conduzidos em carro aberto do 24º Batalhão de Caçadores, num desfile improvisado pela vibração dos torcedores, tanto – e principalmente – do Moto, como do Sampaio Corrêa. A todo instante o desfile era interrompido pelos problemas do transito, já que faltaram os batedores do DETRAN. O desfile na verdade não estava programado e foi improvisado pela vibração e entusiasmo que tomou conta dos motenses. Os jogadores do Sampaio Corrêa, talvez decepcionados com o resultado de 3x2 frente ao rubro-negro (na vitória sobre o Sampaio em Belém, o Moto vinha de um longo jejum contra o Tricolor), não ligaram ao entusiasmo de sua torcida que também foi ao aeroporto. Os sampaínos receberam ordens liberando toda a delegação e rapidamente os jogadores fugiram do contato com os torcedores, tomando taxis para suas respectivas residências. O fato deixou decepcionado grande número de torcedores bolivianos.

Os dirigentes de Remo e Paysandu, em uma jogada para tentar salvar a reputação dos paraenses na competição, tentaram reformular a tabela para o returno: ficou acertado que o Segundo Turno começaria com todos os clubes zerados, sendo que o Moto fica com a garantia da conquista do turno e com direito de disputar o título do torneio com o campeão do returno. Comercialmente, o Torneio Maranhão-Pará teria mais sentido com o returno começando do zero, pois com os pontos corridos tudo poderia ficar decidido logo na primeira partida em São Luis e as duas últimas rodadas perderiam totalmente o interesse do público, o que representaria um sensível afastamento do torcedor maranhense dos jogos finais.

O empresário Francisco Meireles esteve novamente em São Luis, desta vez para acertar os últimos detalhes da acomodação dos clubes paraenses em nossa capital. Os marajoaras ficarão hospedados nas dependências do Ginásio Costa Rodrigues, liberadas pela Coordenadoria dos Esportes. As refeições serão servidas no local do alojamento pelo restaurante Palheta. Segundo a tabela confeccionada para a o returno, na penúltima rodada, o Moto jogaria por um empate contra o Paysandu para conquistar o torneio. Paysandu e Remo faziam o chamado “Clássico da Amazônia” e lutavam, além do título em isolado, pela conquista para o futebol do Pará. Na capital maranhense, novo baile em vermelho e preto, desta vez com direito a duas vitórias contra os vizinhos paraenses, o que aumentaria a pontuação final do Papão no torneio e a supremacia do futebol do nosso Estado frente ao marajoaras: no segundo turno, disputado em São Luis, o Moto venceu o Remo por um tento a zero. Derrotou o Payssandu por dois a um e finalmente empatou sem abertura de contagem, ontem à noite, com o Sampaio Corrêa. O rubro-negro maranhense consagraria-se campeão invicto do Torneio Maranhão-Pará, depois de empatar com o Sampaio Corrêa. O juiz Wilson Vanlume teve uma participação apenas regular, sem chegar a prejudicar o encontro, mas permitindo certo grau de indisciplina no gramado. O Presidente da Federação Maranhense de Desportos entregou ao Papão do Norte o troféu de campeão. O Remo, que venceu o seu rival bicolor por 3x2 na preliminar, ficaria com o vice-campeonato.

Sobre o jogo decisivo, realizado no dia 02 de Março de 1972 e que valeria ao Moto Club o título de campeão da primeira edição desse curto torneio, o Sampaio Corrêa possuía um timaço, a base da equipe que seria campeã do Brasileirinho de 1972. O time boliviano entrou a campo com a seguinte formação, considerada a melhor em toda a história do Sampaio Corrêa Futebol Clube: Paulo Figueiredo, Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba, Djalma e Soares, Prado, Lelé e Pelezinho. O Papão do Norte, por sua vez, perfilou assim para a última partida no torneio, contra o tricolor: Assis; Reinaldo, Marins, Clécio e Romildo; Joari, Marcos e Iomar; Wanderley, Zé Branco e Garrinchinha. Na partida contra o seu rival, o Moto não esteve tão bem como nos anteriores. Somente durante os primeiros quinze minutos é que conseguiu imprimir maior velocidade aos seus atacantes e colocar em perigo a meta adversária, defendida por Paulo Figueiredo. Com o passar do tempo, o Moto Club segurou o jogo, na pretensão de um empate que lhe garantisse o título e a condição de campeão invicto absoluto do Torneio. No primeiro tempo o Moto chutou contra o gol do adversário apenas quatro bolas, enquanto o Sampaio fez Brito se movimentar em sua meta, por seis vezes. Com o empate conquistado perante o Sampaio Corrêa, o time motense conseguiu sagrar-se campeão invicto da competição, após vencer quatro partidas e empatar duas. As quase 9 mil pessoas presentes no Nhozinho Santos na partida decisiva entre rubro-negros e bolivianos presenciariam o Papão alcançar um dos títulos mais festejados em toda a sua história. A façanha do Papão no Torneio Maranhão-Pará seria uma extensão do carnaval em nossa cidade. E a torcida rubro-negra tinha motivos de sobra para isso...