Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Quem ouve falar na fama do ponteiro Gedeão, do Sampaio Corrêa, na década de 50, imaginava que era alguém de porte avantajado. Com 1,60 de altura, ele sabia tirar proveito da leveza e da velocidade, fundamentais para chegar na linha de fundo e fazer cruzamentos para os atacantes. Não era de marcar gols, porque tinha como grande característica sair da ponta-direita para apoiar os meio-campistas e atacantes mais habilidosos. Henrique Santos foi seu grande orientador nos tempos de futebol de campos e responsável por sele se tornar conhecido como “baixinho bom de bola”.
Quem ouve falar na fama do ponteiro Gedeão, do Sampaio Corrêa, na década de 50, imaginava que era alguém de porte avantajado. Com 1,60 de altura, ele sabia tirar proveito da leveza e da velocidade, fundamentais para chegar na linha de fundo e fazer cruzamentos para os atacantes. Não era de marcar gols, porque tinha como grande característica sair da ponta-direita para apoiar os meio-campistas e atacantes mais habilidosos. Henrique Santos foi seu grande orientador nos tempos de futebol de campos e responsável por sele se tornar conhecido como “baixinho bom de bola”.
Gedeão Pereira
de Matos é mais um maranhense que entrou para os anais da história do futebol
como um grande atleta, principalmente pela disciplina. Assim eram os meninos do
interior, que só queriam brincar para passar o tempo. Nascido no município de
Icatu, desde que se mudou para São José de Ribamar, tinha nas peladas da beira
da praia sua maior diversão. Com 10 anos estava com os amigos fundando o
Ribamarzinho, uma espécie de 2º Divisão do Ribamar Esporte Clube.
A pequena cidade
balneária ficou para trás quando ele veio para São Luis cursar o ginasial no
Colégio São Luis. A bola não! Nas brincadeiras na Praça do Quartel, hoje Praça
Deodoro, ele jogava com Esmagado, Canhoteiro, Denizar, Almeida, Márcio Viana
Pereira. Alguns cartolas ficavam sempre por á: José Mário Santos, Clóvis Viana
e Murilo Baima. Ano 1949.
Seleção Maranhense de Futebol de 1956: em pé -
Gedeão, Lourival, Cabelo Duro, Gimico e Negão; agachados - Peru, Moacir Bueno,
Pedro Buna, Terrível, Walber Penha, Carapuça e Carioca (massagista)
Gedeão, 14/15
anos, se deslocava para o ataque com facilidade e extrema velocidade. Logo
estavam no famoso campo do Tabocal, hoje Apicum. Na escola, transferia-se para
o Colégio Liceu Maranhense, disputando sua primeira Olimpíada Intercolegial
(organizada pelo professor Luís Rêgo), nas modalidades de atletismo, natação e
futebol. No atletismo, era um exímio velocista. Nas primeiras provas de natação
de competição que se tem notícia no Maranhão, o tanque que abastecia a Fábrica
Santa Isabel servia como piscina, porque tinha cerca de 30 metros de
comprimento por 10 metros de largura e outros 3 metros de profundidade. Para
quem estava acostumado a atravessar na enchente da mare o Canal do Vieira em
São José de Ribamar, competir em provas de 30, 60, 90 metros era fácil. Foi um
conquistador de medalhas. Mas o futebol de campo continuava sendo forte. Os
jogos escolares estavam servindo como vitrine. M meados de 1950 ele já estavam
integrando a famosa equipe do Santos, de Jafé Medes Nunes. Além de explorar sua
velocidade Gedeão tinha a vantagem de ser disciplinado tecnicamente. Era do
tipo que obedecia às ordens do treinador e jogava para a equipe.
Em 1952 o Santos
iria enfrentar o Sampaio. Nos vestiários do Estádio Santa Izabel, Jafé deu a
camisa do Sampaio para Gedeão. Ele estranhou, mas aceitou. Assim iniciava uma
grande paixão, que dura até hoje. O Tricolor foi seu grande e único clube.
Nessa estreia, ele marcou o gol da vitória de 1x0 contra o Santos e selou sua
carreira de não-amador de clube profissional. Mesmo pedindo desculpas pela
falta de memória, ele relaciona alguns nomes da época: Henrique Santos,
Cacaraí, Terrível, Josafá, “Carvão de Varinha” e os goleiros Lata de Lixo e
Lessa.
De 17 a 22 anos,
Gedeão nunca sentou no banco de reservas. Conquistou os títulos estaduais de
1953 a 1954. Uma das maiores formações dessa época foi: Gibreu (Coveiro
reserva); Levi (lateral-direito), Terrível (zagueiro-central), Elber
(centro-médio), Icabora (lateral-esquerdo), Lourival (meia-direita), Henrique
Santos (meia-esquerda), Gedeão (ponta-direita), Mozart Tavares (centroavante,
com Neto na reserva) e Garcia (ponta-direita). Ele viveu nesse clube suas
maiores alegrias. “No time todos nós éramos como uma família. O Presidente
Ronald Carvalho atava como amigo e conselheiro em um gripo extremamente amador,
que recebia os ‘bichos’ após cada vitória, rateando os valores entre os solteiros
e casados (esses recebiam um pouco mais)”.
O craque
Henrique Santos, o meia-esquerda piauiense que havia chegado em São Luís em
1948, agora um dentista de 27 anos, integrante do corpo médico do Sampaio e
ainda jogador, era o maior orientador de Gedeão. Em tempo para treinar, nos
jogos Henrique não tinha tanto preparo físico. Quando ia para o ataque, contava
com o apoio do baixinho, que depois de conduzir a bola pela ponta e fazer o
cruzamento, corria para cobrir o meio de campo e a defesa.
Em 1953, Gedeão
serviu o exército. Por causa do tenente coronel Nova da Costa, vice-presidente
da Federação Maranhense de Desportos, hoje FMF, não teve problemas em continuar
jogando. Foi assim até 1958, quando Nova da Costa, por desentendimento, saiu da
FMD e impediu os militares de participar do Campeonato Maranhense. Uma pena
para um atleta que chegou a ser por suas vezes convocado para a Seleção
Maranhense (1952 e 1956). Participando somente dos jogos militares, Gedeão
resolveu praticar também futebol de salão no Graça Aranha Esporte Clube.
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