sábado, 7 de junho de 2025

Estádio Mericão, em Bacabal (1988)

Matéria de 17 de maio de 1988, quando da partida entre Americano de Bacabal e Moto Club, pelo estadual daquele ano.

Localizado no bairro de Ramal, distante cinco minutos do centro da cidade, o Campo do Mericão, onde estão sendo realizados os jogos do Campeonato Maranhense da primeira divisão, na cidade de Bacabal, não reúne a menor condição, tanto pelo seu gramado irregular e desproporcional como pela gritante falta de segurança para árbitros e jogadores, tanto locais como visitantes.

O Mericão é um campo cercado de frondosas árvores, mas sem alambrado, sem arquibancada, sem vestiários e muito menos cabines de rádio, mas é o orgulho do seu proprietário, o sr. Antonio Merico, um velhinho simpático de 60 anos, que a cada jogo fatura Cr$ 15 mil de aluguel, dinheiro que n]ao é suficiente, entretanto, para fazer qualquer tipo de melhoria no seu patrimônio.

O campo de jogo é gramado, mas das duas áreas a grama é substituída por um terreno de areia fofa, o que faz com que a bola rasteira, muitas das vezes, mude a sua trajetória, sendo um perigo para os goleiros, principalmente os menos avisados como Denis, do Moto, que levou dois gols fáceis, justamente, segundo ele, por não ter apoio para ir de contra aos chutes longos do volante Wallace.

Sem alambrado, uma corda tenta separar o público dos jogadores, que isso nem sempre é possível, como foi observado no domingo, quando várias vezes a torcida invadiu o campo, inclusive numa delas julgando que o árbitro tinha terminado a partida aos 40 minutos do segundo tempo.

O policiamento, composto por cerca de vinte homens, da Polícia Militar e do Tiro de Guerra, tenta impedir que os torcedores de exaltem e criem problema para o andamento da partida, só que isso é inteiramente impossível, haja vista que a venda de cerca é livre e as garrafas passam de mão em mão entre os eufóricos simpatizantes do time da casa a ponte de fazer com que, mesmo com a vitória tranquila do Americano, torcedores, estimulados por bebida, sem ter modo pata tal, ainda assim burlou a vigilância e entrou em campo com a intenção visível de agredir o árbitro Renato Rodrigues. Os bandeirinhas Verandy Fontes e Washington Maciel, por causa da falta de espaço para correr nas laterais, tiveram que trabalhar dentro do campo. Washington Maciel, pro sinal, no segundo tempo da partida, não deixou o ataque do Moto receber nenhum lançamento, pois o seu lado era onde estava concentrado o maior número de torcedores e força-lo a levantar o bastão toda vez que o Papão ia para o ataque, fosse ou não impedimento.

Com receio de uma reação mais forte, o árbitro Renato Rodrigues deixou para terminar o jogo, já sem visibilidade, apenas quando a bola foi para o lado onde existiam mais policiais, a fim de buscar a proteção da segurança. 

Além de tudo, o Moto foi lesado na arrecadação. A federação mandou o funcionário Aurino com mil ingressos. Mas o Americano se encarregou de vender outro tipo de ingresso de uma loja, que igualmente dava direito ao torcedor a entrar no campo. No final de tudo, s[o os ingressos da federação foram computados e a renda apresentada foi de CR$ 113 mil. Depois, o presidente da Liga Bacabalense, que não tem nenhuma participação no problema, denunciou que a renda foi superior a Cr$ 260 mil e que não concordava com esse tipo de mutreta. 

 Na hora de assinar a súmula, é o maior sufoco, com os jogadores dos times esperando a vez

 A torcida se acotovela debaixo das árvores com apenas uma corda separando o campo

 Um tablado quebra o galho dos locutores de rádio nas transmissões

 No intervalo, jogadores e técnico ficam cercados por centenas de torcedores

 Quando a bola rola, os jogadores ficam tensos, pois sabem que se estourar uma bronca...
 
 O sufoco realmente começa com a assinatura da súmula no banco de reservas

 A casa da foto é do dono do campo, por onde podem entrar muitos torcedores 
 
 Para aumentar o perigo, cerveja corre solta, com garrafa e tudo, quase dentro de campo

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