quinta-feira, 17 de abril de 2025

Caxiense 0x2 Maranhão - Torneio Pedro Neiva de Santana 1973

No sábado, 23 de junho de 1973, a festa da beleza maranhense, com a escolha da nossa representante, sendo eleita Miss Maranhão, a enviada por São Luís. No domingo, 24, esperávamos que o espetáculo fosse repetido, com o destile dos grandes craques do futebol maranhense. Para surpresa nossa o que se viu domingo, no estádio Duque de Caxias, foi um desfile de pontapés, socos, palavrões, enfim, um desrespeito total, demonstrado pela irresponsabilidade dos próprios dirigentes da liga caxiense e do arbitro da partida.

Logo no início da partida notava-se um Maranhão superior, mas com a sua atuação prejudicada pelos erros do mediador Antônio Palhano. A equipe atleticana teve nos minutos iniciais a anulação de um gol legítimo, quando o goleiro Batista, espalmou a bola nos pés de Gilberto que finalizou com sucesso.

O arbitro achou por bem anular o gol alegando impedimento do atacante atleticano. Dai para frente MAC pressionou mais ainda o reduto final caxiense, com o domínio total da meia cancha e o ataque ganhando o duelo pelas pontas.

Aos quinze minutos, Cabecinha cobrou falta de fora da grande área surpreendendo a Batista que tentou abafar a bola, mas foi infeliz engolindo um "frango". Com 1 x 0 no marcador o domínio atleticano continuou, para conseguir o seu segundo gol por intermédio de Cabecinha cobrando pênalti cometido por Valdivino em Joari.

Diga-se de passagem que a falta foi clara e violenta, com o mediador não tendo dúvida em assinalar a penalidade máxima, pois não podia agir de outra maneira. Valdivino ao tentar cortar uma Investida do atacante atleticano o atingiu com um violento pontapé à altura do estomago.

Com dois a zero no marcador o primeiro tempo de partida foi encerrado, mas o MAC ainda perdeu um gol quando Cabecinha errou a cabeçada, frente a frente com o arco. Caso esse gol fosse marcado o juiz iria invalidá-lo por ter anotado toque do atacante atleticano erradamente. Nesse tempo de jogo a equipe caxiense não chegou se encontrar em campo pois a defesa era constantemente envolvida e O meio campo não jogava como era esperado.

Para a segunda etapa de partida, a equipe caxiense veio mais disposta, incentivada por sua torcida. A equipe passou a explorar os lançamentos em profundidade com entrada de Zito para lugar de Geraldino. Constantemente Carlos Alonso era chamado a intervir e mostrava-se um goleiro seguro.

O maior erro atleticano foi querer segurar o placar, acomodando-se com as jogadas curtas do meio campo com o que proporcionou à reação da Associação. Aos 20 minutos de jogo do segundo tempo surgiu o gol inaugural dos Caxienses, graças ainda a outro erro do Sr. Antônio Palhano, quando na cobrança de um escanteio, Carlos Alonso foi deslocado pelo ataque caxiense, numa falta clara e não marcada. Na sobra da bola, Manoel a enviou para o fundo da rede.

Aos 25 minutos, o zagueiro Candido amaciou a bola no peito e quando se preparava para chutar mas foi surpreendido, pelo apito do arbitro que anotava pênalti contra o Maranhão, dando inicio a transformação do estádio Duque de Caxias num ginásio de ring.

O Pênalti não foi cobrado e os jogadores atleticanes encabeçados por Joari, cercaram o juiz da Partido, na tentativa de não permitir a cobrança da falta máxima A partir desse instante tudo passou a ser bagunça, com a chegada do goleiro Batista que saiu de sua cidadela para agredir os jogadores atleticanos .

Pontapés, correias, invasão do campo pela torci da, na tentativa de espancar os jogadores do Maranhão. Ninguém mais te entendia e o pequeno número de policiais era insuficiente para conter a in vestida do publico Todo mundo brigou dos reservas aos titulares, com o Maranhão demonstrando não ser bom apenas na bola, mas na briga também.

O fato mais lamentável registrou entre Mario Breves e Batista. Não se sabe de onde, apareceu com uma faca, errando o seu alvo, atingindo, na mão, o jogador Galego, reserva de Batista.
 
Não se pode culpar em sua totalidade a Federação ou o Departamento de Árbitros pelos incidentes de Caxias. A federação,  que tomou providência que por certo evitariam aquelas cenas lamentáveis, escalando o árbitro Josenil Souza que se encontrava em Caxias.

O Major Julio Aboud em entendimento com os dirigentes da liga e levando em consideração os dois primeiros jogos, acertou tudo, para resolver o problema de arbitragem, sendo que ninguém chegou a discordar do diretor
Federacionista. Para surpresa nossa e devido Major ter chegado um pouco tarde ao estádio, a direção da Liga achou por bem modificar tudo deter minando ao Sr. Palhano que dirigisse a partida Essa decisão da Liga surpreendeu até mesmo ao Major Júlio que, ao chegar ao estádio, encontrou o Arbitro Antônio Palhano na direção do espetáculo, não podendo, inclusive, encontrar uma explicação para o isto, pois a Liga é desorganizada .

O Sr. Antonio Palhano não tinha condições para dirigir uma partida de futebol, pois passou a manhã tomando bebidas alcoólicas, não se justificando a atitude dos dirigentes da Liga, quando o indicaram para tão importante trabalho A nossa reportagem chegou até mesmo a alertar aos dirigentes do Maranhão para a situação do mediador, mas nada foi possível fazer para modificar a decisão dos dirigentes do futebol de Caxias.
 
Major Júlio deverá apresentar na Federação um minucioso relatório condenando a atitude dos dirigentes caxienses, o juiz Antônio Palhano e o campo de jogo Duque de Caxias. Diante desse fato, nota-se, que o futebol caxiense voltará a que era, pois prepararam uma grande equipe, mas esqueceram que é necessário ter condições para se saber ganhar e perder.

Não soube aproveitar a oportunidade para se firmar no profissionalismo do Maranhão e as três das nossas principais equipes voltaram da "Princesa do Sertão reclamando do tratamento recebido. A falta de assistência às equipes, mostra de que a cidade de Caxias ainda não está preparada para fazer um futebol profissional.

O pênalti não foi cobra do e portanto, o Arbitro não terá condições para Informar quem, na realidade, venceu a partida. Sendo assim, a partida de anteontem em Caxias, poderá ser nula e jogada em outra oportunidade em nossa capital ou em campo neutro.

O Maranhão formou com Carlos Afonso, Roberto, Jorge Luis, Candido e Claudionor: Tataco, Mario Breves e Joari; Gilberto, Cabecinha depois Riba e Dario.  Benaci estreiou, jogou e apanhou. O Caxias com Batista; Manoel, Valdivino, Benack, Barros: Reinaldo e Pinto Cutrim, Sanega depois Isabel, Vanderley e Geraldino mais tarde Zito.


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