sábado, 13 de abril de 2024

Nilton Santos, bicampeão mundial, veste a camisa do MAC (1969)

Texto extraído do livro "Salve Salve Meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube"

Ele foi chamado de "A Enciclopédia" por causa dos conhecimentos sobre o futebol e por ser completo como jogador. Foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo. Revolucionou a posição de lateral-esquerdo, utilizando-se de sua versatilidade ao defender e atacar, inclusive marcando gols, numa época do futebol em que apenas tinha a função defensiva. Nilton Santos era um jogador à frente de sua época. Ao contrário dos zagueiros contemporâneos, gostava de ir ao ataque. Na Copa do Mundo de 1958, no jogo contra a Áustria, levou uma bronca do técnico Vicente Feola por ter passado do meio de campo. Ele fez mais. Tabelou com Mazzola e, na saída do goleiro, tocou com classe para fazer o segundo gol do Brasil.

Considerado com o melhor lateral-esquerdo da história, Nilton Santos defendeu apenas três times, o Botafogo, a Seleção Carioca e a Seleção Brasileira; porém, mesmo tendo atuado somente no Fogão, o ex-lateral era adorado por todo o país. Com o clube alvinegro, disputou 718 jogos e venceu por quatro oportunidades o Campeonato Carioca, nos anos de 1948, 1957, 1961 e 1962 e por duas vezes o Torneio Rio-São Paulo, em 1962 e 1964. Defendendo a Seleção Brasileira, o craque esteve presente nas Copas de 1950, 1954, 1958 e 1962, sagrando-se bicampeão, tendo disputado ao todo 84 partidas pelo Brasil e marcado três gols.

Em Junho de 1969, novamente o torcedor maranhense viria de perto um craque campeão mundial pela Seleção Brasileira. Dois anos antes, em 05 de Novembro de 1967, o Rei Pelé, atuando ainda pelo Santos, realizou um amistoso contra a Seleção Maranhense no Municipal. Na época, Pelé, já consagrado nos gramados, foi recebido no Palácio dos Leões pelo então Governador do Maranhão, José Sarney, que chegou a afirmar: “Vim ver o Santos jogar e vi a Seleção Maranhense”. O Rei do futebol ainda recebeu da FMF um Jubileu de Ouro, troféu em homenagem aos serviços prestados ao futebol nacional. A nossa Seleção perdeu o jogo pelo placar de 1 a 0, com a seguinte formação: Manguito; Paulo (Nivaldo), Alzimar, Alvim da Guia e Corrêa; Nélio (Carlos Alberto) e Barrão (Santana); Garrinchinha, Isaac, Cândido (Américo) e Pelezinho.

A vinda de Nilton Santos a São Luís foi uma promoção do então Diretor de Futebol, dr. Antônio Bento Cantanhede Farias. Além da “Enciclopédia”, Bento confirmou ainda a vinda de Foguete, jogador do Flamengo do Rio de Janeiro e na época preterido por diversos clubes. Junto a Nilton Santos, disputaria uma partida amistosa com a camisa do Maranhão diante do Moto Club, no Municipal. O dirigente ainda tentou confirmar a vinda do atacante Vavá, bicampeão mundial para o amistoso. Porém, em virtude de uma pancada no joelho no jogo diante da Portuguesa, o “Leão da Copa” desembarcaria em nossa capital apenas um mês depois, para envergar a camisa do Sampaio Corrêa em jogo amistoso diante do MAC.

Nilton Santos e Foguete receberam um cachê de Cr$ 2 mil, livres de despesas, pela apresentação. O Moto recebeu uma cota de Cr$ 1 mil novos e o Maranhão teve participação na renda da partida. Viajando pelo CD-6 da Vasp, os dois atletas desembarcaram às 16 horas no Aeroporto do Tirirical, na véspera do jogo amistoso, e ficaram hospedados no Hotel Central. Os patrocinadores da vinda dos famosos jogadores à nossa capital programaram, à noite, um coquetel, do qual também participou parte da imprensa local.

Na tarde do dia 05 de Junho de 1969, o Estádio Nhozinho Santos recebeu um excelente público para acompanhar o lateral-esquerdo envergar a camisa do Maranhão. Sob o comando do estreante treinador Rinaldi Maia, o MAC entrou a campo com Da Silva; Baezinho, Smith, Nilton Santos e Elias; Yomar e Toca; Ribamar, Hamilton, Foguete e Dario. O Papão, comandado por Sávio Ferreira, perfilou com Renê; Paulo, Alzimar, Ziza e Corrêa; João Bala e Santana; Djalma, China, Pelezinho e Ribamar. Embora se reforçando com as duas grandes estrelas, o Maranhão não conseguiu suplantar o poderio do Moto, que venceu com relativa facilidade pelo placar de 3 a 1, de virada. Nilton Santos voltou a demonstrar a indiscutível categoria que o fez conhecido nos gramados mundo afora pela nossa seleção. 

Aproveitando os lançamentos de Foguete, o MAC iniciou a partida com superioridade, explorando a velocidade de Hamilton, que caia pela ponta-esquerda, levando perigo à defesa rubro-negra. O Maranhão abriu a contagem aos 15 minutos, por intermédio de Dario, após boa jogada de Foguete. Pelezinho, pegando o rebote após falha de Nilton Santos, empatou aos 38 do primeiro tempo e Djalma desempatou aos 44 minutos. Na fase final, o Moto fechou a contagem em 3 a 1, após subida de Pelezinho pela esquerda, que tocou para Baezinho chutar contra o gol de Da Silva, que espalmou e deixou a bola livre para China, estreante com a camisa rubro-negra, fechar o marcador. Após o jogo, Nilton confidenciou a algumas pessoas que estava admirado pelo fato de Kelé, que havia passado pelo Botafogo, ter jogado no futebol maranhense. Kelé, usuário de droga, veio tentar a sorte no Maranhão, após final de carreira.

Ainda em 1969, São Luís receberia a visita de mais dos grandes gênios da bola: Vavá e Garrincha, bicampeões mundiais pela Seleção Brasileira. No dia 06 de Julho, o “Leão da Copa” vestiu a camisa do Sampaio Corrêa no empate em jogo amistoso diante do Maranhão por 2 a 2. O “Gênio das pernas tortas”, por sua vez, desembarcou em nossa capital no dia 15 de Novembro, em partida amistosa contra o Maranhão, que acabou empatada em 1 a 1. 

Nilton Santos morreu às 15h50 do dia 27 de Novembro de 2013, aos 88 anos, na Fundação Bela Lopes, em Botafogo, Zona Sul do Rio, vítima de uma infecção pulmonar. O quadro foi agravado por uma insuficiência cardíaca grave. O ex-craque também sofria de Alzheimer. Nilton Santos deixou um legado de fãs pelo Brasil e exterior, encantados com a sua genialidade dentro dos gramados. Restava à torcida atleticana, contudo, ter a primazia de ver o craque, durante apenas 90 minutos, ostentar a camisa Quadricolor. Uma honra para poucos.

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