domingo, 18 de junho de 2023

Sampaio responsabiliza árbitro pela derrota contra o Ferrim (1976)

Texto do jornal O Estado do Maranhão, de 12 de Julho de 1976, pelo jogo Ferroviário 1x0 Sampaio Corrêa, válido pelo Terceiro Turno do Campeonato Maranhense daquele ano. As duas equipes chegaram à decisão final do Estadual, vencida pelos bolivianos.

A derrota do Sampaio diante do Ferroviário foi bastante lamentada pelos seus dirigentes, que acusaram o árbitro Nacor Arouche de ter influenciado no resultado, modificando-o, a partir do momento em que cometendo uma sucessão de erros e especialmente quando deixou de punir o ponteiro Orlando com cartão amarelo ou vermelho, para imediatamente advertir com cartão amarelo o capitão Eliézer e expulsá-lo quase que simultaneamente quando ele voltou a reclamar, aos 13 minutos do segundo tempo. Com a saída de Eliézer, o mais importante jogador do meio-campo sampaíno, o time ficou inferiorizado em número de atletas e o Ferroviário cresceu até chegar à vitória.

“Esse moço não tem condições de dirigir uma partida de tanta responsabilidade e foi o principal culpado da nossa derrota. Mas isto não impede que eu reconheça que o Ferroviário foi uma equipe valente e que lutou com muito entusiasmo o tempo todo e eu aproveito o ensejo para parabenizar a sua diretoria e a sua torcida pelo triunfo. Lamento apenas que o orientador desta equipe volte a atingir a diretoria do Sampaio com insultos, o que vem acontecendo constantemente, me obrigando a admitir que ele seja um velho frustrado ou talvez um débil mental”, declarou o presidente Djalma Campos após o jogo.

BRITO REVOLTADO – o treinador Brito Ramos, que durante a realização da partida chegou a penetrar nas quatro linhas no momento da expulsão de Eliézer gesticulando para o árbitro da partida, após o jogo estava bastante revoltado e voltou a entrar em campo para criticar o árbitro e xingá-lo desde o círculo central, até a entrada dos vestiários e talvez o agrediria não fosse a intervenção do bandeirinha Francisco Sousa, que afastou de junto de Nacor o irrequieto treinador. “Este árbitro é um safado e não possui condições técnicas e morais para dirigir qualquer partida de futebol. A nossa diretoria tinha solicitado à FMD que não escalasse esse moço para a nossa partida, pois queríamos o senhor Josenil Sousa e não fomos atendidos, já que ‘as cartas estavam marcadas’”, disse Brito, que antes do jogo tinha afirmado que o seu time ganharia o jogo de qualquer forma.

UMA TRISTEZA DUPLA – dos jogadores do Sampaio, os que sentiram mais a derrota foram o goleiro Crésio e o zagueiro Moisés. O central porque cometeu a falta sobre Senega que resultou no gol ferrim, e o arqueiro porque ficou estático sem qualquer gesto de defesa.








 FICHA DO JOGO

Ferroviário 1x0 Sampaio Corrêa
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 83.784,00
Público: não divulgado
Juiz: Nacor Arouche
Bandeirinhas: José Salgado e Francisco Sousa
Gol: Odilon aos 40 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Crésio; Cabrera, Moisés, Sérgio e Ferreira; Eliézer, Tupan e Bolinha; Ramos, Cabecinha (Durval) e Ramos (Bimbinha). Técnico:  Brito Ramos
Ferroviário: Assis; Ferreira, Alzemar, Vivico (Gonçalves) e Carrinho; Jorge Santos, Evandro e Carlos Alberto; Saneguinha, Odilon e Orlando (Ozimir). Técnico: Rinaldi Maia

domingo, 11 de junho de 2023

Maranhão 3x1 Ferroviário - Campeonato Maranhense 1976

 

Depois da vitória por 3 a 1 diante do Ferroviário Esporte Clube, dirigentes e jogadores do Maranhão renovaram suas esperanças para a conquista do terceiro turno, uma vez que o time melhorou de produção e pode desencabular daqui pra frente.

Para Carlos Guterres, dirigente de Futebol, a vitória já era esperada porque o time tem bons jogadores e o que estava faltando mesmo era o espírito de união entre todos. “Este resultado é prova de um trabalho da diretoria que está dando inteira assistência ao time, orientando os jogadores para a maneira mais correta de se conduzir dentro de campo, ou seja, tranquilo e sem apelar para as jogadas mais bruscas que acabaram por se transformar nos tristes espetáculos do primeiro e do segundo turnos. O que queremos é que o time lute, sua a camisa e apresente aquela característica maior de todo jogador do Maranhão, a garra e o amor à camisa e isto graças a Deus estamos conseguindo e as vitórias vão continuar”.

O técnico Marçal, por sua vez, disse que o Maranhão começa a encontrar o seu melhor futebol e que se os jogadores continuarem no mesmo ritmo, acabarão chegando em boa posição nesta etapa do campeonato. As /jogadas que resultaram em gols foram trabalhadas durante os treinamentos e acabaram por dar certo dentro de campo de jogo. Entende, porém, que o Ferroviário valorizou a vitória maqueana porque em momento algum se entregou; pelo contrário, andou lhe assustando até enquanto o jogo estava 2 a 1. Quando surgiu o terceiro gol do Maranhão, diz Marçal, “eu me tranquilizei porque sabia que o Ferroviário não poderia reagir”.

O ponteiro-esquerdo Léo, autor do segundo gol, bastante emocionado com a vitória, falou: “Já era tempo de se conseguir um resultado como este, que não deixa nenhuma dúvida quanto ao nosso comportamento. Eu sempre disse e continuo a dizer que temos um grande time e que o azar era que estava nos perseguindo. Acredito, entretanto, que desta vez foi embora e não volta mais neste campeonato”.

O JOGO – com uma defensiva bem postada, onde Lambau com suas longas pernas fazia um perfeito trabalho de cobertura tanto do lado direito como da quarta-zaga, o Maranhão começou o jogo ganhando todas as bolas de ataque do Ferroviário, que começara a partida muito disposto. Todavia, o meio-campo do Maranhão, esquecendo o seu “tique-taque” tradicional, insistiu nos lançamentos através de Tataco e Lousada, até conseguir o primeiro gol por intermédio de Roberto. Uma bola lançada por Tataco aos 34 minutos do primeiro tempo apanhou a defesa Ferrim totalmente desprevenida e Roberto correu de trás para marcar (de costas pro gol), ante a saída apavorada d goleiro Assis. O tento até chegou a surpreender a torcida, já que a partida era ruim com os dois times errando em demasia nos passes e os dois ataques totalmente desentrosados e sem criatividade. Foi justamente depois da consignação do primeiro gol que o Maranhão passou a mandar no jogo, inclusive perdendo chances de sair de campo com dois a zero na primeira etapa.

A segunda etapa foi muito mais movimentada que a primeira, sendo que o MAC voltou para definir a partida em seu favor, marcando logo aos 19 minutos, através de Joaozinho. A bola lançada por Lousada mais uma vez deixou a defesa Ferrim na rua e encontrou Joãozinho cara a cara com Assis, que foi encoberto pelo atacante atleticano.

O Ferroviário não desanimou, mesmo estando inferiorizado em dois tentos e começou a atacar desesperadamente em sua do seu primeiro gol, conseguido aos 25 minutos, quando era maior a pressão contra o arco do goleiro Santos. Seneguinha recebeu uma bola na meia-esquerda e foi até a linha de fundo. Cruzou rasante e encontrou livre, sem qualquer marcação pela frente o seu companheiro Carlos Alberto para fulminar pelo alto e diminuir o placar.

O MAC, que já havia feito uma substituição (Álvaro no lugar de Chicão) realmente estava cedendo terreno porque seu meio-campo só tinha Tataco destruindo. Os outros homens só queriam armar. Mas essa insistência na armação acabou sendo benéfica, pois aos 36 minutos surgiu o terceiro e último tento maqueano, numa jogada de raça e muita fibra do garoto Joãozinho, que recebeu um lançamento pela meia-direita e penetrou até à linha de fundo mesmo recebendo pontapés da defesa. Cruzou para a pequena-área e Léo, que vinha na corrida, com muita tranquilidade apenas tocou para o fundo das redes. Daí para frente o Ferroviário se entregou totalmente e quase o MAC fazia o seu quarto gol.

FICHA DO JOGO

Maranhão 3x1 Ferroviário - Campeonato Maranhense 1976
Data:
04 de Julho de 1976
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 19.311,00
Público: não divulgado
Juiz: Renato Rodrigues
Bandeirinhas: José Salgado e Francisco Sousa
Gols: Roberto aos 35 minutos do primeiro tempo; Joãozinho aos 4, Carlos Alberto aos 18 e Léo aos 24 minutos do segundo tempo
Maranhão: Santos; Roberto, Lambau, Marcos e Nabé; Tataco e Louzada; Chicão, Martoso, Joãozinho e Léo.
Ferroviário:  Assis; Gonçalves, Alzimar, Vivico e Carrinho, Jorge Santos e Evandro; Saneguinha, Carlos Alberto, Odilon e Orlando








Bodinho, do Sampaio Corrêa para o Flamengo e Internacional

 Em 1944 o Sampaio Corrêa formou uma equipe poderosa, com grandes nomes em seu elenco, como Tarrindo, Moisés e Manoelzinho. Porém, chegaria ao vice-campeonato maranhense e não obteve nenhum título nesse ano. Contudo, o clube revelou um grande craque que, em pouco tempo, brilharia pelo Flamengo, Internacional e chegaria à Seleção Brasileira.

Nílton Coelho da Costa era pernambucano e popularmente conhecido como Bodinho. O seu apelido, como foi eternizado pela crônica esportiva e pelos torcedores, vinha da força da sua cabeceada. Começou a sua carreira jogando pelo folclórico Íbis de Pernambuco, antes de transferir-se para o Sampaio Corrêa, em 1944, onde foi vice-campeão estadual. Nesse mesmo ano, o Flamengo do Rio de Janeiro esteve excursionando pela capital maranhense. O clube carioca enfrentou e venceu por 3 a 1 o combinado formado por Maranhão Atlético Clube e Sampaio Corrêa, em amistoso realizado na noite do dia 15 de abril no Estádio Santa Isabel.

Pela sua grande atuação na partida pelo combinado maranhense, Bodinho chamou a atenção da delegação do Flamengo. Desfalcado para a partida seguinte no Maranhão, contra o Moto Clube de São Luis, a delegação carioca entrou em contato com a diretoria do Sampaio Corrêa, a fim de contar com o jogador para a partida contra os motenses, uma vez que Joaci e Luizinho estavam adoentados e não atuariam pelo rubro-negro carioca. Porém, desistiram em tê-lo somente na partida amistosa: um ano depois, em 1945, por Cr$ 30.000, Bodinho transferiu-se para o Flamengo, onde permaneceu até 1949. No ano seguinte, foi para o Internacional do Rio Grande do Sul, chegando à Seleção Brasileira em 1955, onde nesse mesmo ano conquistou o Campeonato Pan-Americano.

 Bodinho, do Sampaio Corrêa, antes de transferir-se para o Flamengo do Rio de Janeiro

Em 1971, de férias em São Luis, Bodinho foi entrevistado pelo jornal O Imparcial, em matéria publicada no dia 28 de Julho de 1971:

Encontra-se nesta capital o veterano Bodinho, grande jogador do passado, que em São Luis atuou pela equipe do Sampaio Corrêa Futebol Clube no período de 1947-50. Um dos maiores artilheiros da sua época, Bodinho, agora inteiramente afastado do seu esporte predileto e que o fez chegar até à Seleção Pernambucana de 1956, falou à reportagem de O IMPARCIAL.

“No momento, estou apenas matando uma saudade muito grande, qual seja, a de rever São Luis, esta cidade tão querida e que jamais pude esquecer. Foi nesta capital do Maranhão que passei grandes momentos como jogador de futebol e hoje funcionário da Caixa Econômica que sou, apenas transito rapidamente, já que venho do Rio Grande do Sul, via Brasília-Recife; Estive ontem, no Estádio Municipal e assisti o jogo Moto x Olaria, e hoje tive a felicidade de rever alguns amigos e ainda vou fazê-lo neste final de semana, porque passarei o domingo aqui e só rumo para recife na segunda-feira.

Bodinho, na sua época, foi o maior cabeceador de todo o Norte e Nordeste, fato que acabou o consagrando e o levando até ao Flamengo do Rio e ao Internacional de Porto Alegre. Ele recorda com muita lucidez a sua grande fase, afirmando: “Naquela época, parece-me que os homens que compunham uma equipe de futebol eram mais aguerridos. Não ganhávamos praticamente nada, mas na hora da luta, seja qual fosse o caráter do jogo, ninguém queria perder. O futebol não tinha essa história de tática defensiva e os gols eram feitos entre 3 e 4 em todos os jogos. Edésio Leitão era o nosso técnico e eu me recordo que ele tinha muita preocupação com os bons resultados, principalmente com os gols”.

Segundo Bodinho, o fato de ser um grande cabeceador não resultou em nenhum treinamento especial e ele até se surpreende com tato ensaio de cabeçadas hoje, porque “depois de Baltazar eu não vi mais ninguém com as mesmas habilidades e tem gente que até tem medo de meter a cabeça na bola”.

Para ele, a crise do Internacional já passou e o clube gaúcho no comento, ao lado do Cruzeiro, é um dos maiores clubes do futebol do Brasil. Treinar time de futebol foi uma coisa que nunca passou pela sua cabeça, pois “nunca tive vocação para tal profissão”. No futebol, Bodinho conseguiu apenas um apartamento que lhe foi presenteado na capital gaúcha, mas, segundo ele, marcou mais de 2.000 gols, se somados todos eles, desde que começou pelo Íbis e passou pelo Sampaio, Flamengo, Internacional de Porto Alegre e Seleção Pernambucana.

Bodinho em 1971, em São Luis

domingo, 4 de junho de 2023

Podcast "Memórias do Futebol Maranhense" - Episódio 3 - MARCELO BARON

 Podcast "Memórias do Futebol Maranhense" - Episódio 3 - MARCELO BARON

 

sábado, 3 de junho de 2023

Podcast 03 "Memórias do Futebol Maranhense" - MARCELO BARON

 O terceiro podcast "Memórias do Futebol Maranhense" irá ao ar no próximo dia 04 de junho, com uma entrevista com o eterno ídolo boliviano Marcelo Baron, campeão brasileiro da Série C em 1997. Imperdível!!! Você pode acompanhar o podcast pelo YouTube clicando AQUI ou pelo Spotify clicando AQUI