sábado, 27 de maio de 2023

Entrevista - Hugo Saraiva no programa "História em Debate" (Rádio Timbira) - 27.05.2023

 

Entrevista com o Professor Hugo Saraiva no programa "História em Debate", da Rádio Timbira (e apresentado por Marcus Saldanha), divulgando o livro "Almanaque do futebol maranhense antigo: clubes menores da capital", que será lançado em julho

domingo, 14 de maio de 2023

Sampaio Corrêa a um passo do título de 1976

 Jogando um futebol rápido, objetivo e tecnicamente bom e mais ainda dominando territorialmente o adversário durante boa parte do jogo, o Sampaio venceu com indiscutíveis méritos ao MAC por 3 a 0.

O placard elástico e construído com inteligência refletiu perfeitamente a maior categoria tricolor sob todos os aspectos. No global, a partida agradou ao bom público presente ao Estádio apresentando lances sensacionais e especialmente por parte do time do Sampaio que estava numa tarde iluminada e com um ataque arrasador e insinuante.

Em momento algum o ataque maqueano marcou presença e a rigor só uma jogada de Murtosa ao chutar uma bola de fora da área chegou a assustar o goleiro Clésio, aos 22 minutos do primeiro tempo. Afora isso, nada mais fez de positivo a linha de frente quadricolor que se revelou, mais uma vez, desorganizada, apática e sem inspiração.

Também o meio campo do MAC esteve irreconhecível e nem mesmo as modificações introduzidas no segundo tempo conseguiram modificar o panorama deste importante setor maqueano. A sua defesa esteve numa tarde e pedaço da noite, sem qualquer equilíbrio - técnico e emocional – e este estado de coisas obrigou o treinador Marçal a fazer uma nova experiência, tirando Lambau e recuando Tataco, o que na prática não surtou efeito, pois os esforços se tornaram em vão e até mesmo o entusiasmo de alguns jogadores não bastou para evitar a debacle que se fez inevitável.

UM SAMPAIO HOMOGÊNEO – sem dúvida a vitória sampaína não aconteceu à toa porque as suas linhas se entenderam muito bem e com um futebol harmônico e solidário conseguiu envolver por completo a onzena maqueana que se tornou impotente para impedir o completo domínio boliviano. A prova disso é que a defesa sampaína se deu ao luxo de esnobar com jogadas clássicas sem que houvesse qualquer reação do inimigo. O meio campo fez um primeiro tempo primoroso e exuberante e repetiu a dose na etapa de complemento.

Até mesmo as peças destoantes da primeira fase – Zé Alberto, Ramos e Paim – se integraram totalmente no segundo tempo. Foi uma das melhores exibições do Sampaio em todo o campeonato, credenciando-o a enfrentar o Ferroviário nas finais com grandes condições de chegar ao triunfo, que entretanto será muito difícil, em razão da categoria do adversário.

COMPORTAMENTO INDIVIDUAL – no Sampaio quase todos atuaram bem, mas logicamente alguns estiveram em plano superior. Clésio na meta voltou a demonstrar que está em boa forma realizando boas defesas, apesar da impotência do ataque maqueano, foi traído uma só vez pelo terreno e esteve bem. Zé Alberto começou nervoso e fez um primeiro tempo discreto, mas subiu imensamente de produção na etapa complementar. Paulinho se constituiu na maior figura da defesa com uma notável capacidade de recuperação.

Ao seu lado, Sérgio foi um complemento perfeito usando toda a sua experiência nos momentos mais difíceis e Ferreira, na lateral esquerda, jogou o bastante para não comprometer o time e chegando até a fazer jogadas de vulto descendo em apoio ao seu ataque. O meio campo esteve inspiradíssimo com Eliézer. Tupan e Ferraz no mesmo plano e até mesmo Bolinha que entrou nos minutos finais esteve bem.

Ramos teve uma atuação discreta, talvez sacrificado pela função que teve que desempenhar, não repetindo as suas melhores atuações, quase sempre vitoriosas. Cabecinha foi sensacional no comando, não apenas pelos gols que marcou, mas também pela presença constante e inteligente na grande área adversária. Na ponta esquerda, Paim produziu pouco, mas o batente para levar seus companheiros a atuarem bem, foi outro que não repetiu as suas grandes atuações, sem, contudo, comprometer e Durval que entrou no lugar de Cabecinha, marcou presença pelo espírito de luta e quase marca o quarto gol.


O MAC FOI ASSIM – Santos na meta fez o que pode, mas não conseguiu evitar a derrota. Fez defesas excelentes no início do jogo e foi talvez o destaque do time. Roberto não se revelou um grande marcador e apareceu apenas quando o Sampaio permitiu que o MAC atacasse. Lambau na zaga central foi mais uma vez sacrificado e foi substituído por Tataco, que também não se houve bem na posição. Emidio, muito valente e chegando a ser viril em algumas jogadas, foi vítima do desespero, chegando a perder a cabeça e atingindo sem a bola a Cabecinha e Paim. Nabé, valente e só isso, na lateral esquerda. Tataco, Murtosa e Lousada foi um meio campo sem talento e criatividade, tento sido envolvido pelo meio campo adversário. Depois entrou Álvaro e não modificou o panorama. Neco esteve sofrível na ponta direita e depois Murtosa na posição pouco melhorou o ataque. Riba, que entrou no segundo tempo, lutou muito, mas esteve infeliz nas conclusões, Joãozinho discreto e Léo na ponta esquerda pouco fez para marcar presença.


domingo, 7 de maio de 2023

Livro Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Clubes Menores da Capital - RESERVAS

 Aos amigos interessados, em julho será lançado o livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Clubes Menores da Capital", com tiragem limitada no formato físico e no digital. Para reservar o seu exemplar, basta entrar em contato comigo pelo meu Instagram (clique AQUI) ou através do email, AQUI. Em São Luis, o livro estará disponível na Livraria e Espaço Cultural AMEI, do Shopping São Luis. No formato digital, o livro será vendido pela Amazon, Mercado Livre e Hotmart



Podcast "Memórias do Futebol Maranhense" - Episódio 2 - NEGUINHO

 Podcast "Memórias do Futebol Maranhense" - Episódio 2 - NEGUINHO

 
 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Tem zebra no Maracanã: Flamengo empata em casa com o Moto Club

 Texto extraído do livro "Memória rubro-negra: de Moto Club a eterno Papão do Norte"

O Moto Club foi responsável por uma das maiores zebras da Loteria Esportiva, no empate de 1 a 1 frente ao poderoso Flamengo, dentro do Maracanã pela Taça Ouro, resultado que tirou muita gente da corrida pelos milhões da semana. Esse era o titulo da capa de um dos maiores jornais em circulação de São Luis na década de 1980 (e acredito que ainda o é). A chamada mostrou, sem exageros, o que foi um heroico Moto Club dentro de um Maracanã em vermelho e preto. O empate com gosto de vitória fez com que o time motorizado, por alguns instantes, se sentisse em casa, em um mar de rubro-negros nas arquibancadas. Mais apropriado, impossível. O representante maranhense armou um esquema perfeito e quase saiu do Rio de Janeiro com uma vitória com uma perfeita atuação do ponteiro direito Newton, ponta direita que jogava com a camisa 7 e que se consagrou definitivamente dentro do futebol maranhense. Era ele a grande sensação desse time do Moto.

A Taça Ouro de 1983, atual Brasileirão, contou com a participação de 28 clubes, sendo os 16 primeiros colocados da edição do ano anterior, oito fundadores (para garantir os clubes grandes, como Corinthians, Flamengo, etc.), o campeão e o vice da Taça de Prata em 1982 e mais dois clubes por convite de acordo com a conveniência da CBF. E o Moto Club estava entre os 28 que compunham a disputa. Para a competição, o clube maranhense inscreveu os seguintes jogadores, entre atletas importados de outros Estados e os chamados “pratas da casa”: Moacir, Ganga, Cabrera, Irineu, Paulino, Moacir, Pernambucano, Luis Carlos, Tião, Zé Carlos, Lutércio, Raimundinho, Pirila, Gilmar, Zé Roberto, Gil Lima, Norinho, Santos e Alberto. O rubro-negro ainda tentou a contratação do atacante Rui Rei, que entrou para a história do futebol na final entre Ponte Preta e Corinthians, no Morumbi, em Outubro de 1977, quando Corinthians saiu da fila após 22 anos sem títulos. Rui foi acusado de se vender pela Ponte Preta, por ter provocado a sua expulsão de campo, com apenas cinco minutos de jogo, para facilitar as coisas para o Corinthians, que por coincidência o contratou um mês depois. Sem a concretização da vinda do atleta, no seu lugar o Moto Club contratou por empréstimo junto ao Sampaio Corrêa o lendário centroavante Cabecinha.

Apesar do forte elenco, um dos jogadores inscritos, contudo, fez história no rubro-negro, ao marcar o gol de uma das maiores zebras já registradas até então na história do velho Maracanã: o ponteiro direito Newton, craque do futebol maranhense e que chegou a ser titular absoluto em todas as seleções formadas ao final da temporada. Considerado a maior revelação do futebol maranhense nos últimos anos, o jovem Newton chegou ao Papão em 1982, comprado junto ao Expressinho do bairro da Cohab, em uma transação até hoje não explicada às claras, envolvendo o ex-presidente do quadro cohabense, Hilton Rocha, na época acusado de ter facilitado a transação pela sua condição de motense. O atleta despontou como a grande esperança rubro-negra para as disputas da Taça Ouro de 1983. Baixinho, veloz e de drible fácil, Newton não batia perfeitamente na bola, mas tinha boa presença de área. Após dois anos no Expressinho, quem o levou ao Moto Club foi o Dr. Cassas de Lima.

Naquele ano, o Flamengo foi o campeão Brasileiro e o Moto Clube apena o lanterna em sua chave. Antes da inesquecível zebra no Maracanã, o Moto vinha de uma campanha muito ruim, digna de um mero figurante na competição: Moto Club 1x1 Paysandu, em São Luis, e Santos 3x1 Moto Club, fora de casa. Após o heróico empate no Maracanã, o Papão seguiu com a sua pífia campanha: além de derrotas frente aos paraenses do Paysandu (2x1) e até dos amazonenses do Nacional (1x0), o rubro-negro maranhense havia sofrido uma goleada em pleno Castelão para o próprio Flamengo por 5x1. Na ocasião dessa goleada frente ao time carioca, um jornalista perguntou ao técnico do Papão se o jogador Zico teria uma marcação especial. O treinador do rubro-negro respondeu que não, pois Zico era um jogador como qualquer outro. A goleada por si só respondeu tal leviandade do técnico motense... Contudo, ainda arrumou tempo para empatar em São Luis com o Santos, em 1x1, dia 06 de Março. Ou seja: foi a zebra pra cima dos grandes, mas conseguiu se complicar diante dos pequenos. Coisas do futebol...

Sobre a partida frente ao Clube de Regatas Flamengo, realizada na tarde do dia 30 de Janeiro de 1983, mais de 23 mil pessoas pagaram para ver mais uma goleada rubro-negra para cima do limitado elenco motense. Nessa competição, o Flamengo tinha “só” Raul, Leandro, Júnior, Andrade e Zico. Com um elenco desses, a repetição o mesmo placar em São Luis (5x1) parecia até pouco. Contudo, quem pagou ingresso para ver Zico em ação, acabou conhecendo o ponteiro Newton, que escreveu o seu nome no hall de zebras que pintaram pelo Maracanã em tempos recentes. “Depois que o CSA venceu o Fluminense e a Ferroviária derrotou o Botafogo, hoje foi a vez do Moto Clube equilibrar o jogo contra o Flamengo e sair do Maracanã com um honroso empate de 1 a 1. O torcedor carioca foi surpreendido pelo rubro-negro maranhense e não perdoou a pior exibição do Flamengo nos últimos tempos, vaiando demoradamente a equipe na saída do jogo. O narrador Luis Mendes, da Rádio Nacional-RJ, ainda comentou: Quero deixar bem claro para o torcedor do Flamengo que o time que está de vermelho e preto é o Moto Club do Maranhão e que está dando um show de bola no time de branco, o Flamengo!” O Moto, além de muito espírito de luta, mostrou o excelente ponta-direita Newton, “autor do gol dos motenses aos 35 minutos abrindo o escore, aproveitando-se de uma indecisão dos flamenguistas Raul e Júnior. O Mengão empatou de bola parada, numa perfeita cobrança de falta através de Zico, aos 38 minutos do primeiro tempo.

A heroica formação motense que empatou em pleno Maracanã contra o futuro campeão nacional daquele ano era composta pelos seguintes atletas: Samuel, Cabreira, Sandoval, Guaracy e Tião Baiano; Zé Carlos e Raimundinho; Newton, Paulo Cardoso e Lutércio. Segundo relato2, Newton deu um baile em Júnior, na época lateral-esquerdo do Flamengo e hoje comentarista da Rede Globo. A imprensa carioca deu grande destaque para a atuação do jogador motense, que deu muito trabalho a Júnior. Pela sua grande atuação na partida contra o Flamengo no Maracanã, após o Campeonato Brasileiro desse ano Newton foi vendido ao Soa Paulo de Telê Santana. Porém, acabou sendo pouco aproveitado no time titular e jogou mais pela equipe “B” do São Paulo.

A delegação motense foi recebida com enorme euforia pelos torcedores maranhenses, que nem sequer lembravam-se da fraca campanha rubro-negra na competição. Empatar diante de uma das maiores equipes do mundo, fora de casa, era a maior das vitórias e valia muito mais do que qualquer decepcionante campanha. O goleiro Samuel, apesar dos 14 gols sofridos ao longo da competição, foi um dos principais jogadores do time motense. Newton foi o artilheiro do Papão na competição, com três gols. Mais de 345 milhões de cruzeiros foram arrecadados só nas partidas em São Luis, o que prova que nunca ninguém tinha sido tão apoiado pelo público, apesar da decepcionante campanha.  Na última rodada da Taça Brasil, além de vencer o Santos, o Moto Club torcida por uma vitória do Rio Negro em Belém contra o Paysandu (o jogo acabou em 1x1). Paraenses e amazonenses terminaram, respectivamente, em antepenúltimo e último colocados na chave; o Moto encerrou a sua participação na terceira colocação, o que daria direito de seguir na Taça de Ouro (repescagem). A luta, naquelas alturas, ficou resumida por almejar o quarto o lugar entre motenses e bicolores.



Hamilton se despede do futebol com a camisa do Maranhão (1970)

 Texto extraído do livro "Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube"

Décimo primeiro artilheiro em toda a história do Maranhão Atlético Clube, com 71 gols em apenas duas temporadas (1969/70). Maior artilheiro na história do Moto Club e um dos grandes nomes que vestiram a camisa da Seleção Maranhense de Futebol. Isso, é claro, aclamado como o maior centroavante de todos os tempos do futebol maranhense. Alguns ousam em apontá-lo como o maior jogador que já existiu no Brasil. O seu único erro: ter nascido em época errada, segundo muitos comentam. A história de Hamilton Sadias Campos, paraense de Pesqueiro, mistura-se à história dos grandes clubes do nosso futebol. O craque dedicou toda uma vida aos gramados e hoje, na lucidez e tranquilidade do merecido descanso, ainda é lembrado pela antiga geração que o via desfilar em campo com a bola nos pés.

Quinze anos de futebol, tendo defendido Tuna Luso, Ferroviário, Santa Cruz e Moto Club e Maranhão. O craque, aos 37 anos de muito futebol e aproximadamente 499 gols oficiais, resolveu, enfim, abandonar os gramados. A sua estreia com a camisa do Glorioso aconteceu no dia 01 de Maio de 1969, em um amistoso diante do Atlético de Pedreiras, no Estádio Marechal Castelo Branco, em Pedreiras. E foi logo deixando a sua marca, no empate em 1 a 1 contra a equipe do interior do Estado.

Ainda em contrato vigente com o Maranhão, o craque despediu-se do futebol ostentando a camisa do Glorioso, em partida amistosa realizada no dia 08 de Dezembro de 1971, no Estádio Municipal Nhozinho Santos. E a data seria escolhida pelo próprio Hamilton, já que o 08 de Dezembro era dia consagrado a Nossa Senhora da Conceição. A Coordenadoria de Esportes, em parceria com a FMD, providenciou a promoção da festa de despedida do craque. A renda da partida seria toda destinada a Hamilton, sem taxas. O centroavante atuaria um tempo pelo Maranhão e outro pelo Moto Club. Os clubes não receberiam nada pela partida amistosa. Algumas homenagens seriam prestadas ao extraordinário jogador antes da sua despedida.

Pelo cronograma da festividade, que se iniciaria às 16h30, Hamilton seria homenageado pelo Maranhão, Moto Club, Ferroviário, imprensa, Coordenadoria dos Esportes e FMD. Todos os clubes ofereceriam placas de prata, com inscrições lembrando sua passagem por cada agremiação. A federação colocaria em jogo o troféu “Hamilton Sadias Campos” e o atleta daria a volta Olímpica. Receberia ainda as duas camisas com as quais atuaria e mais uma do Santa Cruz, vinda de Recife. Às 17h00 começaria a partida, com ingressos ao preço de Cr$ 6,00 e arquibancada e Cr$ 3,00 para a geral. A FMD e a Coordenadoria dispensaram todas as taxas e até o juiz Francisco Sousa apitaria de graça.

Seis dias antes do jogo, o craque foi homenageado antes do amistoso entre Moto Club e Santa Cruz, clube este pelo qual Hamilton jogou durante dois anos e foi campeão pernambucano. O craque deu o pontapé inicial à partida e ainda recebeu uma flâmula do clube de Recife, em partida realizada no dia 06 de Dezembro, no Municipal. O Coronel Josias Vasco, Presidente do Santa, ainda fez rasgados elogios ao craque à imprensa que cobria a partida.

Com o Municipal lotado, Hamilton, enfim, preparava-se para encerrar a sua vitoriosa carreira de 18 anos como profissional. O dia 08 de Dezembro ficaria marcado para sempre nos anais do futebol maranhense como o dia em que uma lenda não mais agraciaria o público com um futebol de muita habilidade, dribles desconcertantes, técnica e uma calma descomunal. Para quem o via jogar, sabia que o craque paraense era incapaz de provocar o adversário. Compensava a marcação com gols, muitos gols. E o fazia em seu melhor estilo: apenas erguia o punho cerrado, intimamente comemorava o seu tento e tão logo retornava para o reinício da partida, em uma clara alusão à sua famosa timidez. Assim perfilaram as duas equipes na histórica partida: o Moto Club do treinador Marçal mandou a campo Assis; Ribeiro, Marins, Sérgio e Romildo; Jorge e Joari; Ivanildo, Marcos, Hamilton e Garrinchinha; o MAC atuou com Marcos; Jacinto, Luís Carlos, Sansão e Elias; Almir e Lucas; Euzébio, Antônio Carlos, Sanega e Dario, comandados pelo técnico Walter Cruz.

Hamilton foi calorosamente aplaudido pela torcida. Em campo, Moto e Maranhão empataram pelo placar de 1 a 1, em partida das mais disputadas, chegando a agradar o público que compareceu ao Municipal. Na fase inicial, aos 31 minutos, o Maranhão marcou o seu gol através de Dario, em excelente jogada de Euzébio pela direita, que bateu seu marcador, cruzando rasteiro para a entrada fulminante do ponteiro-esquerdo, atirando sem chances para o goleiro Assis, que nada pôde fazer. No intervalo, recebendo o justo aplauso, Hamilton deu a volta Olímpica no gramado com as chuteiras nas mãos. Clubes e entidades então o homenagearam, exceção feita pelo Ferroviário, que inexplicavelmente não participou da festa. Até o Sampaio Corrêa, clube o qual Hamilton sequer atuou, prestou-lhe o devido reconhecimento. Hamilton recebeu cumprimento de todos os jogadores, dirigentes, troféus, placar e brindes de firmas comerciais. Na etapa final, Hamilton envergou a camisa do Maranhão, entrando em lugar de Antônio Carlos. E o Moto chegaria ao empate somente aos 44 minutos, após forte chute de Garrinchinha e que o goleiro Marcos não conseguiu segurar. Após a partida, Hamilton ofereceu a camisa que jogou a sua última partida como profissional ao diretor Carlos Guterres. A renda somou a quantia de Cr$ 7.500.

Após encerrar a carreira, Hamilton passou a ocupar a função de Diretor da Escolinha de Craques da Coordenadoria de Esportes da Prefeitura de São Luís – a mesma entidade que empregara, após o final de carreira, Dudu e Zé Raimundo (Sampaio Corrêa), Nabor e Baezão (Moto Club) e Serra (Vitória do Mar), dentre outros.

Elogiado pelos melhores comentaristas do Nordeste, Hamilton ganhou manchetes sensacionais, foi aplaudido de pé e cumprimentado por grandes autoridades, mas sempre humilde e dedicado ao clube que lhe tinha sob contrato. Ele foi um profissional correto. Após pendurar as chuteiras, o craque, a princípio, descartou a possibilidade de seguir carreira como técnico, tento rejeitado alguns convites para ficar dirigindo o Maranhão. “Futebol mesmo só jogando. Técnico é difícil”, relembra o craque, no alto da sua simplicidade. No ano seguinte, porém, iniciou carreira como treinador no São José. A sua passagem como técnico, porém, duraria pouco tempo. Para quem viu Hamilton jogar em grande forma, é difícil compará-lo a qualquer jogador de hoje. Ele esteve perto da perfeição como atleta.