Belo registro de dois grandes craques do futebol maranhense: o zagueiro Neguinho, o "Deus da Raça", e do "Menino da Vila do Anil", o habilidoso Carlos Alberto. Na época do registro, em Novembro de 1974, Neguinho atuava pelo Moto Club e Carlos Alberto defendia as cores do Ferroviário.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Maranhão Atlético Clube no ano de 1936
Belo registro do Maranhão Atlético Clube no ano de 1936, quando do vice-campeonato maranhense. Naquela no, a equipe ainda ostentava camisas nas cores vermelho e preto (chamado, então, de rubro-negro, vindo a ser denominado quadricolor apenas alguns anos depois, quando incluiu o azul em seu escudo e uniforme). Na época da foto, o MAC havia realizado em toda a sua história apenas 114 jogos, com 71 vitórias, 14 empates e apenas 20 derrotas. O Bode, até então, mantinha superioridade diante do Sampaio Corrêa, com oito vitórias diante dos bolivianos, com apenas 6 derrotas. Também mantinha superioridade diante do Tupan, um dos maiores clássicos da época, com 14 vitórias diante do chamado "Grêmio Indígena", contra 11 vitórias do Tupan.
Xavier, caríssimo Peru
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 16 de Março de 1998
Página sobre a Seleção Maranhense editada no Álbum de 1954
Nos quartéis o respeito como Coronel Xavier, mas nos campos de futebol foi o nome que consagrou o “half” esquerdo mais temperamental do Maranhão. Jogador de muito potencial, com passagens pelo Moto, Maranhão Atlético Clube, Sampaio Corrêa e Seleção Maranhense, ele marcou época na década de 50.
Francisco Xavier Gomes Filho nasceu na cidade de Bequimão, interior do Estado. Viveu lá apenas alguns meses. Criado em Alcântara, só aprendeu a gostar do futebol quando veio morar em São José de Ribamar, cidade localizada a 37 km de São Luís. Até então era conhecido como Chico.
Em 1946, com 14 anos de idade, passou a ser interno da Escola Técnica Federal do Maranhão. Número 20 na chamada, por ser um “branco vermelho”, recebeu o apelido de Peru. E não adiantou se zangar. Aliás, desde então o garoto mostrava que não levava desaforo para casa. Esse apelido, no entanto, teve que engolir por toda sua carreira de jogador de futebol, que se tornou mais evidente nos campos da ETFM, hoje CEFET.
Dois anos depois Peru já fazia parte da seleção da escola. A equipe participava de jogos intercolegiais e da disputa da Segunda Divisão do Campeonato Maranhense com o nome de Tupy, cujo técnico era Jafé Mendes Nunes. Peru jogava com extrema facilidade, sendo um elo da defesa com o meio de campo. Um centromédio, que era impiedoso com os adversário. Quando estava com 18 anos o inspetor de alunos da escola, João Ribeiro Lima, o conhecido Fatiguê, técnico do Moto nas horas vagas, levou Peru para treinar com ele. Com um contrato de atleta não amador, foi empregado na Fábrica Santa Izabel, da família Aboud, para poder ganhar dois salários mínimos da época, um pelo Moto e outro pela fábrica.
Nesse ano, 1952, o Vitória do Mar recebia investimento de um grupo da Estiva e conquistava assim o primeiro e único título de sua história, o Campeonato Maranhense. Peru, que tinha se destacado na campanha do moto, recebeu convite do Sport Clube Recife, mas não aceitou a mudança de clube e cidade porque estava muito apegado a São Luís.
O jogador casou cedo, com 13 anos, em 1953. Mesmo assim não deixava de aprontar das suas. Quando o Flamengo veio jogar amistosamente contra o Moto, na segunda partida, a revanche para o rubro-negro carioca, que havia perdido o primeiro jogo no Santa Izabel por 2x0, ele novamente se envolveu em confusão. Brigou logo nos primeiros minutos com o ponta-esquerda Chico. Ambos terminaram sendo expulsos de campo.
Peru saiu do Moto em 54 para ingressar no Maranhão Atlético Club. Nesse ano recebeu a convocação para a Seleção Maranhense, que enfrentaria o Ceará. Perdendo por 1x0 aqui e lá, o Maranhão saiu da competição desclassificado.
Ele seguia sua carreira sem títulos pelo MAC. Em 56 voltou â Seleção Maranhense, do técnico Comitante, que novamente foi barrado pelo Ceará, apesar de ter vencido aqui por 4x2. No jogo de volta, perdeu no tempo normal por 1x0 e na prorrogação por 3x0.
Em 58 o Sampaio entrava no quarto ano sem títulos. O Presidente Ronald Carvalho tratou de formar um time mais técnico para ter condições de ir em busca do caneco. Dentre outras contratações, trouxe Peru. O passe, estipulado em Cr$ 25 mil, foi o mais alto da época. Quando o negócio foi fechado, um jornal estampou no dia seguinte a manchete: “O Peru mais caro do Brasil!”, fazendo alusão à contratação do jogador.
Mesmo ganhando um dos maiores salários da época, Peru não deixava seu lado temperamental, um jeito “Edmundo de ser”, como ele mesmo se auto define. Na sua estreia, contra o timaço do Ferroviário, que ia em busca do bicampeonato, o juiz Cebola validou um gol, que Peru não concordo. Não deu outra. Ele agrediu o juiz de tal maneira que a Federação Maranhense de Futebol queria excluí-lo para sempre do futebol. Isso só não aconteceu por causa da defesa do Presidente e advogado Ronald Carvalho. A pena foi de seis meses longe dos gramados.
Depois de passar esse tempo na “geladeira”, só participando de amistosos com nome trocado, Peru foi convidado para fazer um teste no América do Rio de Janeiro. “Jogador sem nenhuma assistência”, como ele mesmo conta, veio embora para São Luís em menos de u mês.
Convocado para o serviço ativo do exército ainda em 58, o comando da região Militar o proibiu de participar do futebol profissional. Assim ele encerrava a sua brilhante carreira e deixava de fazer o que mais gostava na vida, apesar do jeito agressivo de encarar jogadas e decisões de árbitros.
Francisco Xavier Gomes Filho nasceu na cidade de Bequimão, interior do Estado. Viveu lá apenas alguns meses. Criado em Alcântara, só aprendeu a gostar do futebol quando veio morar em São José de Ribamar, cidade localizada a 37 km de São Luís. Até então era conhecido como Chico.
Em 1946, com 14 anos de idade, passou a ser interno da Escola Técnica Federal do Maranhão. Número 20 na chamada, por ser um “branco vermelho”, recebeu o apelido de Peru. E não adiantou se zangar. Aliás, desde então o garoto mostrava que não levava desaforo para casa. Esse apelido, no entanto, teve que engolir por toda sua carreira de jogador de futebol, que se tornou mais evidente nos campos da ETFM, hoje CEFET.
Dois anos depois Peru já fazia parte da seleção da escola. A equipe participava de jogos intercolegiais e da disputa da Segunda Divisão do Campeonato Maranhense com o nome de Tupy, cujo técnico era Jafé Mendes Nunes. Peru jogava com extrema facilidade, sendo um elo da defesa com o meio de campo. Um centromédio, que era impiedoso com os adversário. Quando estava com 18 anos o inspetor de alunos da escola, João Ribeiro Lima, o conhecido Fatiguê, técnico do Moto nas horas vagas, levou Peru para treinar com ele. Com um contrato de atleta não amador, foi empregado na Fábrica Santa Izabel, da família Aboud, para poder ganhar dois salários mínimos da época, um pelo Moto e outro pela fábrica.
Nesse ano, 1952, o Vitória do Mar recebia investimento de um grupo da Estiva e conquistava assim o primeiro e único título de sua história, o Campeonato Maranhense. Peru, que tinha se destacado na campanha do moto, recebeu convite do Sport Clube Recife, mas não aceitou a mudança de clube e cidade porque estava muito apegado a São Luís.
O jogador casou cedo, com 13 anos, em 1953. Mesmo assim não deixava de aprontar das suas. Quando o Flamengo veio jogar amistosamente contra o Moto, na segunda partida, a revanche para o rubro-negro carioca, que havia perdido o primeiro jogo no Santa Izabel por 2x0, ele novamente se envolveu em confusão. Brigou logo nos primeiros minutos com o ponta-esquerda Chico. Ambos terminaram sendo expulsos de campo.
Peru saiu do Moto em 54 para ingressar no Maranhão Atlético Club. Nesse ano recebeu a convocação para a Seleção Maranhense, que enfrentaria o Ceará. Perdendo por 1x0 aqui e lá, o Maranhão saiu da competição desclassificado.
Ele seguia sua carreira sem títulos pelo MAC. Em 56 voltou â Seleção Maranhense, do técnico Comitante, que novamente foi barrado pelo Ceará, apesar de ter vencido aqui por 4x2. No jogo de volta, perdeu no tempo normal por 1x0 e na prorrogação por 3x0.
Em 58 o Sampaio entrava no quarto ano sem títulos. O Presidente Ronald Carvalho tratou de formar um time mais técnico para ter condições de ir em busca do caneco. Dentre outras contratações, trouxe Peru. O passe, estipulado em Cr$ 25 mil, foi o mais alto da época. Quando o negócio foi fechado, um jornal estampou no dia seguinte a manchete: “O Peru mais caro do Brasil!”, fazendo alusão à contratação do jogador.
Mesmo ganhando um dos maiores salários da época, Peru não deixava seu lado temperamental, um jeito “Edmundo de ser”, como ele mesmo se auto define. Na sua estreia, contra o timaço do Ferroviário, que ia em busca do bicampeonato, o juiz Cebola validou um gol, que Peru não concordo. Não deu outra. Ele agrediu o juiz de tal maneira que a Federação Maranhense de Futebol queria excluí-lo para sempre do futebol. Isso só não aconteceu por causa da defesa do Presidente e advogado Ronald Carvalho. A pena foi de seis meses longe dos gramados.
Depois de passar esse tempo na “geladeira”, só participando de amistosos com nome trocado, Peru foi convidado para fazer um teste no América do Rio de Janeiro. “Jogador sem nenhuma assistência”, como ele mesmo conta, veio embora para São Luís em menos de u mês.
Convocado para o serviço ativo do exército ainda em 58, o comando da região Militar o proibiu de participar do futebol profissional. Assim ele encerrava a sua brilhante carreira e deixava de fazer o que mais gostava na vida, apesar do jeito agressivo de encarar jogadas e decisões de árbitros.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Nestor, coração maqueano
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 26 de Janeiro de 1998
Time campeão em 1970: em pé - Jurandir Brito, Raul Guterres, Nestor, Zé Neguinho, Goulart, Carlos Mendes, Marçal, Luis Carlos, Raimundo Silva e Carlos Guterres; agachados - Da Silva, baezinho, Sansão, Antônio Carlos, Clécio, Jorge Silva, Elias, Campos e Dario; sentados - Marciano, Patrcínio, Walker, Ivanildo, Euzébio, Almir, Yomar, Jacinto, Hamilton e Sanatiel
Um dos grandes dirigentes do futebol maranhense está com 88 anos e continua com um coração apaixonado pelo Maranhão Atlético Clube. Nestor Ferreira Campos pode não ter o mesmo vigor que o levava a enfrentar desafios, mas ainda pulsa em suas veias um antigo amor, que o transformou em um dirigente sem nunca ter tido experiência semelhante. Coisas do destino.
Ele sempre gostou do futebol e do MAC. Fazia malabarismos para entrar no estádio Santa Izabel e ver seu time jogando. O maior deles era se embrenhar pelas matas da Quinta do Barão para burlar a fiscalização e não pagar ingresso, já que o dinheiro que ganhava não dava para extravagâncias. Mas chegar a ser dirigente, isso nunca havia passado pela cabeça dele. Até que numa bela noite do ano de 1968 Nestor resolveu participar da assembleia que elegeria a nova diretoria do clube. Encontrou com velhos conhecidos: Nicolau Duailibe, o Presidente que deixava o cargo, e Raul Guterres, ex-dirigente que não podia assumir a presidência por causa do emprego na Receita Federal. Além dos dois podia-se ver na plateia vários jogadores maranhenses, que estavam sem receber salários fazia oito meses.
O sim – Nicolau, que sabia das paixões de Nestor, pediu que ele tomasse a frente do MAC, garantindo que todos os dirigentes mais antigos o ajudariam. A decisão tinha que ser rápida. Quando os jogadores disseram que esqueceriam os atrasos para enfrentar uma nova vida, ele não teve escapatória e terminou aceitando. Fazendo pessoalmente as cobranças dos sócios, pedido ajuda aqui e acolá, Nestor seguia com a difícil tarefa de manter em dia o pagamento do plantel. Quando o salário atrasava por algum motivo, os jogadores iam bater na casa dele, na Rua do Ribeirão. Se fosse na hora do almoço, ele sabia que no fogão estaria só o próprio prato, já que a ordem era para não deixar ninguém com fome. Inteirava com ovo a pouca comida restante e se dava por satisfeito, pois tinha alimentado quem ia até ele pedir ajuda. Soltava um dinheirinho para um e outro, resolvendo temporariamente os problemas de cada um.
Um virador – A vida do dia a dia era grande e nada fácil. Além de procurar manter o pagamento dos salários dos jogadores, zelava pelo material de treino e jogo do MAC. Andava atrás de empresários amigos, pedindo contribuições para a compra de camisas, calções, meias e chuteiras. “Quando eu não conseguia colaboradores, batia na porta dos gerentes das casas do comércio, que por confiarem em mim, me vendiam fiado”, conta.
Como alfaiate, muitas vezes sentava na máquina de costura para consertar os uniformes ou fazer outros novos. Para evitar gastos, após os jogos levava a equipagem do time para casa. A lavadeira Maria José “Buchinho” dava um duro danado, segundo as determinações do exigente patrão, que queria ver tudo muito limpo. “Muitas vezes eu chegava de manhã e seu Nestor já tinha tirado o grosso da sujeira de noite, para facilitar o trabalho. Ele era incansável”, diz ela, que aos 70 anos ainda mora com Nestor e mantém a mesma alegria que encarava o duro trabalho do passado.
O MAC não tinha sede própria na época. Os troféus, as reuniões, tudo ficava para a casa de Nestor. Os treinos aconteciam na casa de dona Conceição, no Turu. O carro dele, uma rural, rodava cheia. Em dia de jogo servia de transporte para a equipe.
Com muito esforço e colaboração dos dirigentes, o Presidente conseguiu montar um excelente time caseiro. E para a sua glória foi campeão no final de sua administração, em 1969. O time da época era formado como Da Silva; Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Riba e Jacinto (ou Dario).
Na nova eleição do MAC, Nestor saía da presidência. Entrava um cargo e, por causa do excelente trabalho realizado no ano anterior, entrava para outro, que terminou eternizando-o no clube: o de diretor. Uma espécie de supervisor-representante da presidência. Por aos seguidos foi assim, com ele sempre à frente na administração do material (ao lado de Carinha e Marciano) e na direção das equipes, principalmente em viagens, que foram muitas. Na cozinha, ele levava para trabalhar dona Ana, nova integrante da equipe.
Hoje só lhe restam as lembranças e as lamentações pelo fato do Maranhão Atlético Clube não estar participando das disputas do futebol, pois queria continuar indo aos estádios torcer pelo “Glorioso” de tantas conquistas.
Ele sempre gostou do futebol e do MAC. Fazia malabarismos para entrar no estádio Santa Izabel e ver seu time jogando. O maior deles era se embrenhar pelas matas da Quinta do Barão para burlar a fiscalização e não pagar ingresso, já que o dinheiro que ganhava não dava para extravagâncias. Mas chegar a ser dirigente, isso nunca havia passado pela cabeça dele. Até que numa bela noite do ano de 1968 Nestor resolveu participar da assembleia que elegeria a nova diretoria do clube. Encontrou com velhos conhecidos: Nicolau Duailibe, o Presidente que deixava o cargo, e Raul Guterres, ex-dirigente que não podia assumir a presidência por causa do emprego na Receita Federal. Além dos dois podia-se ver na plateia vários jogadores maranhenses, que estavam sem receber salários fazia oito meses.
O sim – Nicolau, que sabia das paixões de Nestor, pediu que ele tomasse a frente do MAC, garantindo que todos os dirigentes mais antigos o ajudariam. A decisão tinha que ser rápida. Quando os jogadores disseram que esqueceriam os atrasos para enfrentar uma nova vida, ele não teve escapatória e terminou aceitando. Fazendo pessoalmente as cobranças dos sócios, pedido ajuda aqui e acolá, Nestor seguia com a difícil tarefa de manter em dia o pagamento do plantel. Quando o salário atrasava por algum motivo, os jogadores iam bater na casa dele, na Rua do Ribeirão. Se fosse na hora do almoço, ele sabia que no fogão estaria só o próprio prato, já que a ordem era para não deixar ninguém com fome. Inteirava com ovo a pouca comida restante e se dava por satisfeito, pois tinha alimentado quem ia até ele pedir ajuda. Soltava um dinheirinho para um e outro, resolvendo temporariamente os problemas de cada um.
Um virador – A vida do dia a dia era grande e nada fácil. Além de procurar manter o pagamento dos salários dos jogadores, zelava pelo material de treino e jogo do MAC. Andava atrás de empresários amigos, pedindo contribuições para a compra de camisas, calções, meias e chuteiras. “Quando eu não conseguia colaboradores, batia na porta dos gerentes das casas do comércio, que por confiarem em mim, me vendiam fiado”, conta.
Como alfaiate, muitas vezes sentava na máquina de costura para consertar os uniformes ou fazer outros novos. Para evitar gastos, após os jogos levava a equipagem do time para casa. A lavadeira Maria José “Buchinho” dava um duro danado, segundo as determinações do exigente patrão, que queria ver tudo muito limpo. “Muitas vezes eu chegava de manhã e seu Nestor já tinha tirado o grosso da sujeira de noite, para facilitar o trabalho. Ele era incansável”, diz ela, que aos 70 anos ainda mora com Nestor e mantém a mesma alegria que encarava o duro trabalho do passado.
O MAC não tinha sede própria na época. Os troféus, as reuniões, tudo ficava para a casa de Nestor. Os treinos aconteciam na casa de dona Conceição, no Turu. O carro dele, uma rural, rodava cheia. Em dia de jogo servia de transporte para a equipe.
Com muito esforço e colaboração dos dirigentes, o Presidente conseguiu montar um excelente time caseiro. E para a sua glória foi campeão no final de sua administração, em 1969. O time da época era formado como Da Silva; Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Riba e Jacinto (ou Dario).
Na nova eleição do MAC, Nestor saía da presidência. Entrava um cargo e, por causa do excelente trabalho realizado no ano anterior, entrava para outro, que terminou eternizando-o no clube: o de diretor. Uma espécie de supervisor-representante da presidência. Por aos seguidos foi assim, com ele sempre à frente na administração do material (ao lado de Carinha e Marciano) e na direção das equipes, principalmente em viagens, que foram muitas. Na cozinha, ele levava para trabalhar dona Ana, nova integrante da equipe.
Hoje só lhe restam as lembranças e as lamentações pelo fato do Maranhão Atlético Clube não estar participando das disputas do futebol, pois queria continuar indo aos estádios torcer pelo “Glorioso” de tantas conquistas.
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Raul Guterres, atleta completo
Basquete da FAME em 1954. Em pé: Raul, Hugo, Bittencourt, Daniel, Rubem Goulart e Almeida e Silva; Agachados: Teopblister, Arruda, Bragança, Ronald Carvalho e Flávio Teixeira
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 20 de Outubro de 1997
Quantas pessoas tiveram a oportunidade de treinar e chegar a ser atleta em várias modalidades? Com certeza pode-se contar nos dedos. Raul Guterres é um dos que está no rol dos mais completos. Jogou futebol, basquete, vôlei e futsal; também atuou no atletismo. Uma demonstração de muita vitalidade. Raul, quase 71 anos de idade, contabiliza o saldo deixado pelo esporte com muito discernimento. Com uma memória fantástica, ele fez questão de lembrar o nome de outros atletas que foram grades como ele. Se a nossa reportagem fosse atrás de tantas histórias, seria necessárias três páginas como esta para falar quem foi este homem, que “exclusivamente como amador”, como ele faz questão de frisar, defendeu com tanto esmero as equipes por onde passou.
O início – com 15 anos de idade, Raul, 1m60 de altura, passou a jogar no gol de futebol de campo. Era de uma impulsão e elasticidade que impressionavam. Esses dois predicativos aliados à garra terminavam fazendo com que ele fosse diferente. Sua carreira ficou marcada porque, além de tudo, Raul defendia muitos pênaltis.
Foi campeão estudantil em 42 pelo Ateneu. Ele no gol e a zaga com Biló Murad e Mário Silva (já falecido). Em 23 de Janeiro de 1943 ingressou no FAC – Futebol Atlético Clube -, time estritamente amador da primeira Divisão que disputava campeonatos ao lado de Moto, MAC, Sampaio e Tupan.
Com a extinção do FAC, aceitou o convite para defender o MAC. Nesse mesmo ano, 1943, o time foi campeão maranhense e ele estava no banco para o cearense Pintado, o gazo que passava carvão em volta dos olhos nos jogos noturnos do Estádio Santa Izabel.
Na cabeça de Raul Guterres ainda estão bem nítidos os nomes de muitos jogadores de times da década dele, de 40. Pelo MAC: Raul Guterres, Erasmo, Arel, Batistão, Vicente, Mercy, Celso Cantanhede, Inaldo, Mozart, Duo, Nezinho, Moura, Coelho, Cosmo, Dilson, Tarrindo, Tataraí, Justino e Batista; Pelo Sampaio: Baltazar (gol), Cido, Cerejo, Reginaldo, Jejeca, Decadela, Bodinho, Albano, Govani e Zé Pequeno. Pelo Moto: Rui (gol), Santiago, Carapuça, Sandoval, Frázio, Nascimento, Pepê, Galego, Valentim, Zuza e Jaime; Raul coloca no alto do pedestal dos melhores que viu atuando no futebol maranhense: Pepê, Hamilton e Croinha.
O complemento – paralelamente ao futebol, Raul Guterres jogava basquete (o segundo em preferência) no Oito de Maio, de Rubem Goulart. Conquistou o tricampeonato m 1947/48/49. Era praticamente o mesmo time que jogava vôlei, também pelo Oito de Maio, muitas vezes campeão. Como um dos que estavam na casa de João Rosa para fundar o futsal, Raul terminou sendo goleiro da “bola pesada”. E voltou a conquistar títulos: tricampeã pelo Santelmo em 1948/49/50.
O nosso atleta não media esforços para dar sua parcela de colaboração às equipes que integrava. Já cursando Direito na UFMA, participou dos Jogos Universitários pela FAME – Federação Acadêmica Maranhense de Esportes: Recife em 50, Belo Horizonte em 52 e São Paulo em 54. Além de futebol, basquete e vôlei, competia no atletismo nos saltos em altura e distância, assim como nos arremessos e lançamentos de dardo. Lembra com orgulho do Presidente da FAME em 54, o também estudante de Direito, hoje desembargador, Almeida e Silva.
Outra grande lembrança foi o “não” que deu ao Ceará Sporting (para substituir o famoso Gutemberg), ao Remo paraense (que o queria no lugar de Vélez) e ao Juventus e Portuguesa, clubes paulistas. “O estudo e o quartel não me permitiam pensar em futebol para ganhar dinheiro”, justifica-se.
Em 1947 Raul Guterres largou todos os clubes e passou a jogar somente pelo 24 BC. Porém, não deixou a vida esportiva fora do quartel. Anos mais tarde, assumiu a presidência do MAC (1965) e ficou por lá até 1971. Dos muitos títulos conquistados, ressaltamos o de bicampeão maranhense profissional em 69 e 70. Time: Lunga; Neguinho, Negão, Clésio e Carlindo; Zuza e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar. Banco: Adaulto Neto, Vareta e Moacir Bueno.
Ainda foi técnico da Seleção de Pinheiro, campeão intermunicipal em 1966 e passou pela diretoria do Jaguarema de 1971 a 1973. Recebeu em 1987 a Medalha do Mérito Esportivo no fim da gestão do Secretário da SEDEL, Biló Murad. Nesse mesmo ano, na homenagem prestada no governo Cafeteira, quando assumiu a SEDEL o sobrinho Carlos Guterres, Raul recebeu uma placa que dizia: “Pela contribuição à grandeza do desporto maranhense, a homenagem do Governo do Estado”.
O início – com 15 anos de idade, Raul, 1m60 de altura, passou a jogar no gol de futebol de campo. Era de uma impulsão e elasticidade que impressionavam. Esses dois predicativos aliados à garra terminavam fazendo com que ele fosse diferente. Sua carreira ficou marcada porque, além de tudo, Raul defendia muitos pênaltis.
Foi campeão estudantil em 42 pelo Ateneu. Ele no gol e a zaga com Biló Murad e Mário Silva (já falecido). Em 23 de Janeiro de 1943 ingressou no FAC – Futebol Atlético Clube -, time estritamente amador da primeira Divisão que disputava campeonatos ao lado de Moto, MAC, Sampaio e Tupan.
Com a extinção do FAC, aceitou o convite para defender o MAC. Nesse mesmo ano, 1943, o time foi campeão maranhense e ele estava no banco para o cearense Pintado, o gazo que passava carvão em volta dos olhos nos jogos noturnos do Estádio Santa Izabel.
Na cabeça de Raul Guterres ainda estão bem nítidos os nomes de muitos jogadores de times da década dele, de 40. Pelo MAC: Raul Guterres, Erasmo, Arel, Batistão, Vicente, Mercy, Celso Cantanhede, Inaldo, Mozart, Duo, Nezinho, Moura, Coelho, Cosmo, Dilson, Tarrindo, Tataraí, Justino e Batista; Pelo Sampaio: Baltazar (gol), Cido, Cerejo, Reginaldo, Jejeca, Decadela, Bodinho, Albano, Govani e Zé Pequeno. Pelo Moto: Rui (gol), Santiago, Carapuça, Sandoval, Frázio, Nascimento, Pepê, Galego, Valentim, Zuza e Jaime; Raul coloca no alto do pedestal dos melhores que viu atuando no futebol maranhense: Pepê, Hamilton e Croinha.
O complemento – paralelamente ao futebol, Raul Guterres jogava basquete (o segundo em preferência) no Oito de Maio, de Rubem Goulart. Conquistou o tricampeonato m 1947/48/49. Era praticamente o mesmo time que jogava vôlei, também pelo Oito de Maio, muitas vezes campeão. Como um dos que estavam na casa de João Rosa para fundar o futsal, Raul terminou sendo goleiro da “bola pesada”. E voltou a conquistar títulos: tricampeã pelo Santelmo em 1948/49/50.
O nosso atleta não media esforços para dar sua parcela de colaboração às equipes que integrava. Já cursando Direito na UFMA, participou dos Jogos Universitários pela FAME – Federação Acadêmica Maranhense de Esportes: Recife em 50, Belo Horizonte em 52 e São Paulo em 54. Além de futebol, basquete e vôlei, competia no atletismo nos saltos em altura e distância, assim como nos arremessos e lançamentos de dardo. Lembra com orgulho do Presidente da FAME em 54, o também estudante de Direito, hoje desembargador, Almeida e Silva.
Outra grande lembrança foi o “não” que deu ao Ceará Sporting (para substituir o famoso Gutemberg), ao Remo paraense (que o queria no lugar de Vélez) e ao Juventus e Portuguesa, clubes paulistas. “O estudo e o quartel não me permitiam pensar em futebol para ganhar dinheiro”, justifica-se.
Em 1947 Raul Guterres largou todos os clubes e passou a jogar somente pelo 24 BC. Porém, não deixou a vida esportiva fora do quartel. Anos mais tarde, assumiu a presidência do MAC (1965) e ficou por lá até 1971. Dos muitos títulos conquistados, ressaltamos o de bicampeão maranhense profissional em 69 e 70. Time: Lunga; Neguinho, Negão, Clésio e Carlindo; Zuza e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar. Banco: Adaulto Neto, Vareta e Moacir Bueno.
Ainda foi técnico da Seleção de Pinheiro, campeão intermunicipal em 1966 e passou pela diretoria do Jaguarema de 1971 a 1973. Recebeu em 1987 a Medalha do Mérito Esportivo no fim da gestão do Secretário da SEDEL, Biló Murad. Nesse mesmo ano, na homenagem prestada no governo Cafeteira, quando assumiu a SEDEL o sobrinho Carlos Guterres, Raul recebeu uma placa que dizia: “Pela contribuição à grandeza do desporto maranhense, a homenagem do Governo do Estado”.
domingo, 10 de maio de 2015
Faleceu o historiador Manoel Raimundo do Amaral
Faleceu nessa madrugada, 10 de Maio, o historiador Manoel Raimundo do Amaral, ilustre torcedor do Sampaio e conselheiro do clube. Amaral foi uma pessoa que muito contribuiu com o memorial boliviano, doando bolas antigas, como a do título brasileiro de 1972, faixas, flâmulas, recorte de jornais, além de camisas históricas.
Piauiense da cidade de Piripiri, Manoel Raimundo do Amaral chegou ao Maranhão na década de 60, quando passou a adotar a Bolívia Querida em sua vida. Com uma vida inteira ligada ao futebol do nosso Estado, Amaral foi durante muitos anos Presidente e secretário do time tricolor, além de outros cargos pela Federação Maranhense de Futebol. Começou usa carreira de pesquisador aos 26 anos e, através de outros trabalhos, recebeu vários prêmios e comendas, tais como: "Personalidade do Futebol Brasileiro", pela Enciclopédia do Futebol Brasileiro,"Personalidade do Futebol Maranhense", pela Sociedade Esportiva Tupan, "Personalidade Desportiva Maranhense/ACLEM 2000" e "Medalha do Mérito Timbira", como Comendador, pelo Governo do Estado do Maranhão, em 2001.
Amaral também proporcionou um momento histórico nos clássicos Sampaio e Moto. Na década de 1970, o Moto Club alcançou um longo período sem derrotas frente ao Tricolor. Amaral, então, como um ferrenho boliviano que sempre foi, decidiu que só cortaria o cabelo no momento em que a Bolívia Querida quebrasse essa escrita.
O problema foi que nem ele e nem o mais pessimista dos tricolores poderia imaginar um jejum tão longo, que já perdurava por longínquos 26 jogos. Entretanto, no Campeonato Maranhense de 1975, na última partida da competição, realizada sob as vistas de mais de 14 mil motenses e bolivianos apaixonados, o Sampaio venceu o Moto Club por 1 x 0, sagrando-se campeão maranhense.
Contudo, outra marca foi quebrada: após 2 anos e 11 meses de sofrimento (tempo do jejum boliviano), Amaral desceu ao gramado, percorreu a extensão dos travessões de joelho e depois cumpriu a promessa, acabando com os longos cabelos que caíam sobre os ombros. Assim, finalmente o Raimundo do Amaral cortou os cabelos, no final do grande clássico.
Piauiense da cidade de Piripiri, Manoel Raimundo do Amaral chegou ao Maranhão na década de 60, quando passou a adotar a Bolívia Querida em sua vida. Com uma vida inteira ligada ao futebol do nosso Estado, Amaral foi durante muitos anos Presidente e secretário do time tricolor, além de outros cargos pela Federação Maranhense de Futebol. Começou usa carreira de pesquisador aos 26 anos e, através de outros trabalhos, recebeu vários prêmios e comendas, tais como: "Personalidade do Futebol Brasileiro", pela Enciclopédia do Futebol Brasileiro,"Personalidade do Futebol Maranhense", pela Sociedade Esportiva Tupan, "Personalidade Desportiva Maranhense/ACLEM 2000" e "Medalha do Mérito Timbira", como Comendador, pelo Governo do Estado do Maranhão, em 2001.
Amaral também proporcionou um momento histórico nos clássicos Sampaio e Moto. Na década de 1970, o Moto Club alcançou um longo período sem derrotas frente ao Tricolor. Amaral, então, como um ferrenho boliviano que sempre foi, decidiu que só cortaria o cabelo no momento em que a Bolívia Querida quebrasse essa escrita.
O problema foi que nem ele e nem o mais pessimista dos tricolores poderia imaginar um jejum tão longo, que já perdurava por longínquos 26 jogos. Entretanto, no Campeonato Maranhense de 1975, na última partida da competição, realizada sob as vistas de mais de 14 mil motenses e bolivianos apaixonados, o Sampaio venceu o Moto Club por 1 x 0, sagrando-se campeão maranhense.
Contudo, outra marca foi quebrada: após 2 anos e 11 meses de sofrimento (tempo do jejum boliviano), Amaral desceu ao gramado, percorreu a extensão dos travessões de joelho e depois cumpriu a promessa, acabando com os longos cabelos que caíam sobre os ombros. Assim, finalmente o Raimundo do Amaral cortou os cabelos, no final do grande clássico.