Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 27 de Abril de 1998
Corrêa e Djalma Campos, em 1968
Corrêa, o terceiro agachado, no Moto
Zezico, Corrêa, Baezinho, Josemar e Ronaldo em jogo de faixas pelo tricampeonato em 1968, contra o São Cristóvão/RJ
Moto Club em 1968: Neguinho, Vila Nova, C. Alberto, Alzimar, Geraldo e Corrêa. Baé, Djalma, Pelé, Amauri, Santana e Zezico.
Corrêa tricampeão pelo Moto Club
Francisco Corrêa Pereira poderia ter sido apenas mais um pescador do mar maranhense. Quis o destino que ele enveredasse pelos campos de futebol para se tornar um dos grandes jogadores da lateral-esquerda. Um orgulho do nossos Estado, que nos anos 66, 67 e 68 foi tricampeão pelo Moto. O mais incrível na vida de Corrêa é que desde pequeno, brincando de bola em São José de Ribamar, sua terra natal, ele sempre dizia que um dia jogaria pelo Moto. O caminho até a realização desse sonho começou a ser percorrido quando o garoto, com 1 anos, ingressou no segundo quadro do Vera Cruz, time de Ribamar. Dois anos mais tarde ele já reforçava o primeiro, mesmo tendo 1m55 de altura, sendo menor que todo mundo. A camisa, que ia pelos joelhos, não era empecilho para o então ponta-esquerda.
Outros times da cidade, como o Moropóia e São Cristóvão, também tiveram a oportunidade de ter Corrêa em seus quadros, antes dele se tornar um jogador profissional. Foi atuando pelo São Cristóvão que o atleta teve a oportunidade de conhecer jogadores tidos como profissionais de São Luís, levados pelo Presidente Paulinho para reforçar a equipe. Um deles, Neguinho, gostou tanto do ponteiro que o convidou para fazer um teste no Vitória do Mar.
O começo em São Luís – escondido da mãe, que nem sabia que ele jogava, Corrêa veio ao estádio Santa Izabel falar com o treinador Ferreira. Somente depois de aprovado é que a diretoria do Vitória foi a Ribamar pedir o consentimento da família, já que o rapaz (17 anos) era de menor. Ferreira deixou Corrêa na lateral-esquerda e nessa posição ele foi se adaptando. Entrar para jogar não foi possível por um longo período, já que o titular, Tutóia, tinha a preferência do treinador. Enquanto esperava, ele não desistia. Procurava aprender a marcar, tendo um cuidado especial com a sua preparação física.
Primeiro jogo – a primeira oportunidade que Corrêa teve para se firmar como titular veio com mais uma colaboração do destino. Conta ele que Tutóia adoeceu na véspera do jogo contra o Moto, que seria à noite no Estádio Nhozinho Santos. “Por volta de duas da tarde o Tenente Ferreira Novaes (técnico), acompanhado de Mizael (zagueiro-central) e Batatais (goleiro) veio me dizer que eu ia entrar jogando de titular. Naquele momento gritei de felicidade por dentro e pensei: hoje o pessoal de Ribamar vai ouvir meu nome no rádio”.
Corrêa, nesse dia, tinha a responsabilidade de marcar Garrinchinha, ponta-direita que estava prestes a ir para o Botafogo do Rio. E não decepcionou: a marcação cerrada impediu que Garrinchinha jogasse.
Os estivadores, que mantinham o time do Vitória do Mar, perguntavam no estádio quem era aquele garoto. Os brincalhões diziam que ele tinha vindo do Rio de Janeiro como um reforço, mas logo descobriram que o lateral tinha saído de Ribamar para se tornar conhecido em todo o Maranhão. O jogo foi de 1x0 para o Moto.
O jovem, de um vigor físico impressionante, agradou tanto que quando o titular da posição ficou bom de saúde, teve que se contentar com a reserva. Esse era o ano de 1960. Após a temporada, que apontou o Moto como bicampeão estadual, Corrêa recebeu da crônica esportiva o título de revelação do ano.
Concretizando um sonho – no final de 61 o Vitória do Mar atravessava uma enorme crise financeira. Como a Associação de Estivadores não teve condições de aumentar a contribuição para manter o pagamento dos jogadores, o plantel terminou sendo vendido. Corrêa foi para o Moto, ao lado de Mizael, Zequinha e Pedro Bala; Neguinho, Vareta, João Cristóvão passaram para o Maranhão Atlético Clube; Bastos, Pelezinho e Joãozinho foram para o Sampaio.
No Moto, Corrêa passou a treinar com o professor Rinaldi Maia, que elaborou um programa de treinamento para melhorar ainda mais sua boa condição física. Mesmo atravessando uma excelente fase, o lateral-esquerdo só veio a conhecer o sabor de campeão em 66, quebrando a cara daqueles que diziam em Ribamar que ele não tinha sorte.
A estrela do jogador continuou brilhando. E novas conquistas de títulos pelo Moto vieram em 67 e 68. O maior orgulho de Corrêa é dizer que além de tricampeão maranhense ele fez parte do grupo em 68 que foi campeão do Norte. Uma conquista que levou o “Papão do Norte” a ficar entre os quatro melhores na Taça Brasil, atrás apenas do Palmeiras, Ceará Sporting e Bahia. O time era formado basicamente por Vilanova; Neguinho, Alzimar, Alvim da Guia e Corrêa; Santana e Carlos Alberto; Djalma Campos, Amauri, Pelezinho e Ribamar.
Jogando contra Pelé – ainda em 68 São Luís teve o privilégio de receber o time do Santos, formado por Laercio; Carlos Alberto Torres, Orlando, Ramos Delgado e Rildo; Zito e Lima; Orlandinho, Silva, Pelé e Edu. Com tantos craques só uma seleção estadual poderia proporcionar um bom jogo aos torcedores. O técnico Ênio Silva chamou então para titulares: Manguito; Paulo, Alzimar, Alvim da Guia e Corrêa; Santana e Carlos Alberto; Garrinchinha, Isaac, Cândido e Pelezinho. Desses 11, apenas Manguito e Cândido eram do Ferroviário; todos os outros pertenciam ao Moto. O jogo foi bem disputado e terminou com a vitória do Santos por 1x0. Corrêa nesse dia deu tudo de si. E como um carrapato, grudou em Orlandinho, quando não deixando o ponta andar em campo.
E o futuro? – após a Taça Brasil o Moto emprestou alguns jogadores para o Sampaio. Corrêa ficou lá por um ano e retornou ao rubro-negro em 70. Foi quando, com 29 anos de idade, passou a ficar com medo do futuro. Além de jogar bola, ele só sabia pescar. Como tinha cursado apenas o primário, resolveu voltar a estudar. Aproveitando uma espécie de curso eletivo no Liceu, foi fazendo o ginásio. Em 1972 Corrêa voltou para o Vitória do Mar, numa forma de dar mais um pouco d sua colaboração ao time que o lançou. Já com o científico concluído e ingressando na carreira de magistério, parou de jogar em 73 e passou a dar aulas em São José de Ribamar.
Outros times da cidade, como o Moropóia e São Cristóvão, também tiveram a oportunidade de ter Corrêa em seus quadros, antes dele se tornar um jogador profissional. Foi atuando pelo São Cristóvão que o atleta teve a oportunidade de conhecer jogadores tidos como profissionais de São Luís, levados pelo Presidente Paulinho para reforçar a equipe. Um deles, Neguinho, gostou tanto do ponteiro que o convidou para fazer um teste no Vitória do Mar.
O começo em São Luís – escondido da mãe, que nem sabia que ele jogava, Corrêa veio ao estádio Santa Izabel falar com o treinador Ferreira. Somente depois de aprovado é que a diretoria do Vitória foi a Ribamar pedir o consentimento da família, já que o rapaz (17 anos) era de menor. Ferreira deixou Corrêa na lateral-esquerda e nessa posição ele foi se adaptando. Entrar para jogar não foi possível por um longo período, já que o titular, Tutóia, tinha a preferência do treinador. Enquanto esperava, ele não desistia. Procurava aprender a marcar, tendo um cuidado especial com a sua preparação física.
Primeiro jogo – a primeira oportunidade que Corrêa teve para se firmar como titular veio com mais uma colaboração do destino. Conta ele que Tutóia adoeceu na véspera do jogo contra o Moto, que seria à noite no Estádio Nhozinho Santos. “Por volta de duas da tarde o Tenente Ferreira Novaes (técnico), acompanhado de Mizael (zagueiro-central) e Batatais (goleiro) veio me dizer que eu ia entrar jogando de titular. Naquele momento gritei de felicidade por dentro e pensei: hoje o pessoal de Ribamar vai ouvir meu nome no rádio”.
Corrêa, nesse dia, tinha a responsabilidade de marcar Garrinchinha, ponta-direita que estava prestes a ir para o Botafogo do Rio. E não decepcionou: a marcação cerrada impediu que Garrinchinha jogasse.
Os estivadores, que mantinham o time do Vitória do Mar, perguntavam no estádio quem era aquele garoto. Os brincalhões diziam que ele tinha vindo do Rio de Janeiro como um reforço, mas logo descobriram que o lateral tinha saído de Ribamar para se tornar conhecido em todo o Maranhão. O jogo foi de 1x0 para o Moto.
O jovem, de um vigor físico impressionante, agradou tanto que quando o titular da posição ficou bom de saúde, teve que se contentar com a reserva. Esse era o ano de 1960. Após a temporada, que apontou o Moto como bicampeão estadual, Corrêa recebeu da crônica esportiva o título de revelação do ano.
Concretizando um sonho – no final de 61 o Vitória do Mar atravessava uma enorme crise financeira. Como a Associação de Estivadores não teve condições de aumentar a contribuição para manter o pagamento dos jogadores, o plantel terminou sendo vendido. Corrêa foi para o Moto, ao lado de Mizael, Zequinha e Pedro Bala; Neguinho, Vareta, João Cristóvão passaram para o Maranhão Atlético Clube; Bastos, Pelezinho e Joãozinho foram para o Sampaio.
No Moto, Corrêa passou a treinar com o professor Rinaldi Maia, que elaborou um programa de treinamento para melhorar ainda mais sua boa condição física. Mesmo atravessando uma excelente fase, o lateral-esquerdo só veio a conhecer o sabor de campeão em 66, quebrando a cara daqueles que diziam em Ribamar que ele não tinha sorte.
A estrela do jogador continuou brilhando. E novas conquistas de títulos pelo Moto vieram em 67 e 68. O maior orgulho de Corrêa é dizer que além de tricampeão maranhense ele fez parte do grupo em 68 que foi campeão do Norte. Uma conquista que levou o “Papão do Norte” a ficar entre os quatro melhores na Taça Brasil, atrás apenas do Palmeiras, Ceará Sporting e Bahia. O time era formado basicamente por Vilanova; Neguinho, Alzimar, Alvim da Guia e Corrêa; Santana e Carlos Alberto; Djalma Campos, Amauri, Pelezinho e Ribamar.
Jogando contra Pelé – ainda em 68 São Luís teve o privilégio de receber o time do Santos, formado por Laercio; Carlos Alberto Torres, Orlando, Ramos Delgado e Rildo; Zito e Lima; Orlandinho, Silva, Pelé e Edu. Com tantos craques só uma seleção estadual poderia proporcionar um bom jogo aos torcedores. O técnico Ênio Silva chamou então para titulares: Manguito; Paulo, Alzimar, Alvim da Guia e Corrêa; Santana e Carlos Alberto; Garrinchinha, Isaac, Cândido e Pelezinho. Desses 11, apenas Manguito e Cândido eram do Ferroviário; todos os outros pertenciam ao Moto. O jogo foi bem disputado e terminou com a vitória do Santos por 1x0. Corrêa nesse dia deu tudo de si. E como um carrapato, grudou em Orlandinho, quando não deixando o ponta andar em campo.
E o futuro? – após a Taça Brasil o Moto emprestou alguns jogadores para o Sampaio. Corrêa ficou lá por um ano e retornou ao rubro-negro em 70. Foi quando, com 29 anos de idade, passou a ficar com medo do futuro. Além de jogar bola, ele só sabia pescar. Como tinha cursado apenas o primário, resolveu voltar a estudar. Aproveitando uma espécie de curso eletivo no Liceu, foi fazendo o ginásio. Em 1972 Corrêa voltou para o Vitória do Mar, numa forma de dar mais um pouco d sua colaboração ao time que o lançou. Já com o científico concluído e ingressando na carreira de magistério, parou de jogar em 73 e passou a dar aulas em São José de Ribamar.
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