Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 09 de Outubro de 2000
Moto Club em 1973: em pé - Sousa, Chico, Laudeni, Marins, Esquerdinha e Barbosa; agachados - Lima, Lins, Tuica, Faísca e Gabriel
Laudeni de Sousa é o atual técnico do Moto Club. Na década de 70, era um dos mais respeitados jogadores do Norte e Nordeste do país. Veio para o Maranhão em 1973 defender o mesmo Moto. Clássico, formou uma das mais famosas duplas e zaga ao lado de Marins. Deu sua contribuição ao esporte do passado do Maranhão e após 27 anos volta para contar um pouco de sua história para os desportistas da terra que aprendeu a gostar e respeitar.
Por causa da antiga polêmica com a escrita do seu nome, faz questão de frisar que se chama Laudeni sem erre no fim e Sousa com esse. Mas não tem jeito. Ainda hoje continuam chamando-o de Laudenir. Mantendo o mesmo jeito alegre e descontraído, conta sua vida com enorme satisfação. A infância em morros do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 30 de Junho de 1944, marcou. Catava papéis para ajudar no sustento da família. Jogando futebol no Nova América, passou a escrever outra história para sua vida.
Por volta de 1957, o Nova América virou escolinha do Botafogo. Laudeni destacava-se como zagueiro por causa da altura, cerca de 1,80m. A falta de qualquer tipo de ajuda levou-o ao juvenil do Fluminense em 1958/59, que lhe dava jantar e dinheiro da passagem. Só não ficou mais tempo porque os sócios do clube chamado “pó-de-arroz” não olhavam com bons olhos um negro circulando pela área de lazer.
Em 1960 já estava “ganhando um bom dinheiro”, disputando competições no Madureira pelas categorias juvenil e profissional. O clube resolveu ter retorno no investimento feito e vendeu Laudeni para o Ceará Sporting de Fortaleza, em 1964. Até 1971, conquistou vários títulos, inclusive campeonatos Norte e Nordeste. Líder natural, foi capitão por oito anos seguidos. No Ceará, encontrou os maranhenses Carlindo (lateral-esquerdo Bola de Prata), o atacante Cadinho (irmão de Carlinho) e o médio-volante Gojoba.
A peregrinação pelo Nordeste iniciava após enorme sucesso. Primeiro veio o Guarani de Sobral. Depois o Flamengo/PI e o Clube Sportivo Sergipe. Participou da campanha do bicampeonato sergipano em 1971 e do tricampeonato Estadual e nacional em 1972.
No ano seguinte, o empresário cearense Alberto Damasceno acertou a vinda dele pro Moto. Primeira conquista: a Taça Cidade de São Luís. Os torcedores passaram a gostar do zagueiro, jeito sério em campo e boa pessoa fora dele. Clássico, gostava de desarmar os adversários sem utilizar chutões. Adepto de jogadas rápidas, procurava orientar quem estava com a bola. Ensinava que “a bola não precisava ficar muito tempo no pé de um mesmo jogador, porque dá tempo do adversário chegar junto”.
A Federação de Futebol nesse ano queria um representante maranhense no Campeonato Nacional. Moto e Sampaio foram disputar uma melhor de três partidas. Muitos imaginavam que o campeão do Brasileirinho em 1972, cheio de craques, com 25 jogadores em seu elenco, iria bater fácil no rubro-negro. Laudeni conta os detalhes da virada rubro-negra: “O Moto só contava com 13 jogadores para essa seletiva. Mesmo sem reservas, desdobramos. Ninguém ia ao ataque de forma desesperada. Ficávamos mais tempo segurando as jogadas na defesa. Todas as três partidas acabaram empatadas em 0x0. E o mais incrível foi que, na decisão por pênaltis, o Sampaio perdeu dias chances com dois caras que não costumavam perder pênaltis, Gojoba e Neguinho. Comemoramos a vaga para o Nacional em um terreiro do pai de santo Zé Negreiros”.
Nessa última partida, a dos pênaltis, o roupeiro Mariceu contratou um macumbeiro, que ficou “batendo tambor” dentro de uma Kombi, ao lado de fora do Estádio Nhozinho Santos. A comemoração no terreiro era mais do que justa.
Laudeni conta que o Moto, no Campeonato Nacional, enfrentou equipes de porte do Corinthians, Internacional, América/MG, Guarani de Campinas, Coritiba, Tiradentes/PI. Ia muito bem e poderia ter sido destaque se não fosse mais uma atrapalhada de empresários inescrupulosos. “O clube havia contratado os laterais Caribé e Ney Dias. Como não houve acerto financeiro, o empresário denunciou à CBF que os jogadores estavam irregulares. O Moto perdeu 11 pontos e despencou na classificação, ficando sem chances de recuperação”, conta Laudeni, que continuou em São Luís para disputar o Campeonato Maranhense, conquistado pelo Ferroviário.
De volta ao Ceará em 1974, ele jogou no Quixadá e, seu meses depois, abandonava a carreira de atleta profissional com 30 anos de idade e voltou para o Rio de Janeiro. Queria estudar. Fez ginásio e científico. Com a ajuda da Fundação de Garantia do Atleta Profissional (Fugap), ingressou no curso para técnicos de futebol da Escola Superior de Educação Física do exército. Passou a trabalhar com equipes de base do São Cristóvão e Bom Sucesso. Em 1980, ingressou no curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco, onde saiu formado quatro anos depois.
Por causa da antiga polêmica com a escrita do seu nome, faz questão de frisar que se chama Laudeni sem erre no fim e Sousa com esse. Mas não tem jeito. Ainda hoje continuam chamando-o de Laudenir. Mantendo o mesmo jeito alegre e descontraído, conta sua vida com enorme satisfação. A infância em morros do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 30 de Junho de 1944, marcou. Catava papéis para ajudar no sustento da família. Jogando futebol no Nova América, passou a escrever outra história para sua vida.
Por volta de 1957, o Nova América virou escolinha do Botafogo. Laudeni destacava-se como zagueiro por causa da altura, cerca de 1,80m. A falta de qualquer tipo de ajuda levou-o ao juvenil do Fluminense em 1958/59, que lhe dava jantar e dinheiro da passagem. Só não ficou mais tempo porque os sócios do clube chamado “pó-de-arroz” não olhavam com bons olhos um negro circulando pela área de lazer.
Em 1960 já estava “ganhando um bom dinheiro”, disputando competições no Madureira pelas categorias juvenil e profissional. O clube resolveu ter retorno no investimento feito e vendeu Laudeni para o Ceará Sporting de Fortaleza, em 1964. Até 1971, conquistou vários títulos, inclusive campeonatos Norte e Nordeste. Líder natural, foi capitão por oito anos seguidos. No Ceará, encontrou os maranhenses Carlindo (lateral-esquerdo Bola de Prata), o atacante Cadinho (irmão de Carlinho) e o médio-volante Gojoba.
A peregrinação pelo Nordeste iniciava após enorme sucesso. Primeiro veio o Guarani de Sobral. Depois o Flamengo/PI e o Clube Sportivo Sergipe. Participou da campanha do bicampeonato sergipano em 1971 e do tricampeonato Estadual e nacional em 1972.
No ano seguinte, o empresário cearense Alberto Damasceno acertou a vinda dele pro Moto. Primeira conquista: a Taça Cidade de São Luís. Os torcedores passaram a gostar do zagueiro, jeito sério em campo e boa pessoa fora dele. Clássico, gostava de desarmar os adversários sem utilizar chutões. Adepto de jogadas rápidas, procurava orientar quem estava com a bola. Ensinava que “a bola não precisava ficar muito tempo no pé de um mesmo jogador, porque dá tempo do adversário chegar junto”.
A Federação de Futebol nesse ano queria um representante maranhense no Campeonato Nacional. Moto e Sampaio foram disputar uma melhor de três partidas. Muitos imaginavam que o campeão do Brasileirinho em 1972, cheio de craques, com 25 jogadores em seu elenco, iria bater fácil no rubro-negro. Laudeni conta os detalhes da virada rubro-negra: “O Moto só contava com 13 jogadores para essa seletiva. Mesmo sem reservas, desdobramos. Ninguém ia ao ataque de forma desesperada. Ficávamos mais tempo segurando as jogadas na defesa. Todas as três partidas acabaram empatadas em 0x0. E o mais incrível foi que, na decisão por pênaltis, o Sampaio perdeu dias chances com dois caras que não costumavam perder pênaltis, Gojoba e Neguinho. Comemoramos a vaga para o Nacional em um terreiro do pai de santo Zé Negreiros”.
Nessa última partida, a dos pênaltis, o roupeiro Mariceu contratou um macumbeiro, que ficou “batendo tambor” dentro de uma Kombi, ao lado de fora do Estádio Nhozinho Santos. A comemoração no terreiro era mais do que justa.
Laudeni conta que o Moto, no Campeonato Nacional, enfrentou equipes de porte do Corinthians, Internacional, América/MG, Guarani de Campinas, Coritiba, Tiradentes/PI. Ia muito bem e poderia ter sido destaque se não fosse mais uma atrapalhada de empresários inescrupulosos. “O clube havia contratado os laterais Caribé e Ney Dias. Como não houve acerto financeiro, o empresário denunciou à CBF que os jogadores estavam irregulares. O Moto perdeu 11 pontos e despencou na classificação, ficando sem chances de recuperação”, conta Laudeni, que continuou em São Luís para disputar o Campeonato Maranhense, conquistado pelo Ferroviário.
De volta ao Ceará em 1974, ele jogou no Quixadá e, seu meses depois, abandonava a carreira de atleta profissional com 30 anos de idade e voltou para o Rio de Janeiro. Queria estudar. Fez ginásio e científico. Com a ajuda da Fundação de Garantia do Atleta Profissional (Fugap), ingressou no curso para técnicos de futebol da Escola Superior de Educação Física do exército. Passou a trabalhar com equipes de base do São Cristóvão e Bom Sucesso. Em 1980, ingressou no curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco, onde saiu formado quatro anos depois.
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