Fonte: http://blogdoedwilson.blogspot.com.br/2014/07/as-almofadas-coloridas-do-estadio.html#.U8VYxkCkha9
Quando eu era criança, ia com meu pai assistir aos jogos do Moto Clube, no Estádio Municipal Nhozinho Santos, em São Luís.
Os ônibus sempre davam uma parada informal no posto de gasolina, perto do Canto da Fabril, onde os torcedores desciam e caminhavam até o campo.
Muitos levavam almofadas com as cores do time, feitas por tapeceiros, com espuma coberta de napa, costurada em tiras.
A nossa era rubro-negra. As almofadas serviam para dar mais conforto aos glúteos nas arquibancadas de cimento bruto.
Às vezes, os torcedores mais eufóricos ativavam os apetrechos coloridos nos bandeirinhas e jogadores ruins.
No campo, eram magistrais os duelos entre o lateral motense Célio Rodrigues e o ponta boliviano Bimbinha.
Rodrigues dava carrinhos homéricos no atacante do Sampaio Correa, que bailava no ar como se brincasse em uma cama elástica.
Futebol tem a magia do circo e a arte da guerra. É completo.
No intervalo, chupávamos picolé de côco e morango. Quando sobrava algum dinheirinho, comíamos pastéis caseiros, servidos em cestas de vime forradas com plástico transparente.
Ao final do jogo, o serviço de som do estádio anunciava a renda. Mas, no dia seguinte, acompanhando os programas esportivos pelo rádio, sempre havia a notícia de um assalto ao carro que transportava o dinheiro.
Era comum também a gente ver o campo muito cheio e a renda anunciada ser muito pequena. Qualquer torcedor com o mínimo conhecimento de Matemática sabia que a renda anunciada não correspondia ao total de pagantes no estádio.
A estátua de Catulo da Paixão Cearense, que dá nome ao largo do Nhozinho Santos, é testemunha desse descompasso.
Eu cresci sem entender como a renda era apurada com distorções ou desaparecia em mirabolantes assaltos. A Polícia nunca explicava. E nem a Justiça.
São Luís cresceu e o então governador João Castelo construiu um novo estádio - o Castelão.
Tempos depois, vieram as famosas reformas no Castelão, feias sempre pelas mesmas construtoras, em vários governos. O estádio novo ficava abandonado, deteriorava e vinham as obras.
E o problema da renda continuava. Quando o Castelão ficou fechado por muito tempo, os jogos voltaram a ser realizados no velho Nhozinho Santos.
Depois vieram os tempos áureos do Sampaio Correa, sob a proteção do então presidente da Assembleia Legislativa, Manoel Ribeiro, por cerca de uma década.
Agora, o Sampaio está sob o manto do vereador Sergio Frota.
O Moto está sucateado e o Maranhão Atlético Clube (MAC) perdeu até a sede, um lugar bucólico no bairro da Cohama, vendido para a construção de um shopping.
Passaram-se décadas e a Federação Maranhense de Futebol (FMF) está dominada pelo mesmo grupo político. Nunca saiu do poder.
A FMF é a representação estadual da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que também passou muito tempo controlada pelo esquema de Ricardo Teixeira, transferido a José Maria Marin.
O futebol brasileiro deu esse fiasco na Copa. E novamente as denúncias contra a CBF voltaram à tona.
O ex-jogador Romário diz abertamente que a CBF é um antro de corrupção.
Romário fala, mas a gente não vê e nem ouve, porque a Globo não repercute.
Esse é o problema do monopólio da mídia. Quem não pode pagar os canais fechados é obrigado a ver Galvão Bueno, por força dos contratos entre a Fifa e a CBF.
Esse monopólio impede que a ampla maioria da população ouça o que Romário tem a dizer sobre a corrupção no futebol.
Veja só a que ponto isso chegou. Quando a Globo cobre o envolvimento da máfia na venda irregular de ingressos da Copa, o enfoque das matérias é sempre visando proteger a Fifa. Quanta inocência!
O telespectador, já surdo com os gritos de Galvão, não consegue ouvir o outro lado da notícia.
Sem meias palavras, Romário chama os dirigentes do futebol de ladrões.
Se no Maranhão a renda sumia, fico imaginando o que pode acontecer na CBF e na Fifa, onde corre muito dinheiro.
Haja almofadas atiradas nos estádios.
Os ônibus sempre davam uma parada informal no posto de gasolina, perto do Canto da Fabril, onde os torcedores desciam e caminhavam até o campo.
Muitos levavam almofadas com as cores do time, feitas por tapeceiros, com espuma coberta de napa, costurada em tiras.
A nossa era rubro-negra. As almofadas serviam para dar mais conforto aos glúteos nas arquibancadas de cimento bruto.
Às vezes, os torcedores mais eufóricos ativavam os apetrechos coloridos nos bandeirinhas e jogadores ruins.
No campo, eram magistrais os duelos entre o lateral motense Célio Rodrigues e o ponta boliviano Bimbinha.
Rodrigues dava carrinhos homéricos no atacante do Sampaio Correa, que bailava no ar como se brincasse em uma cama elástica.
Futebol tem a magia do circo e a arte da guerra. É completo.
No intervalo, chupávamos picolé de côco e morango. Quando sobrava algum dinheirinho, comíamos pastéis caseiros, servidos em cestas de vime forradas com plástico transparente.
Ao final do jogo, o serviço de som do estádio anunciava a renda. Mas, no dia seguinte, acompanhando os programas esportivos pelo rádio, sempre havia a notícia de um assalto ao carro que transportava o dinheiro.
Era comum também a gente ver o campo muito cheio e a renda anunciada ser muito pequena. Qualquer torcedor com o mínimo conhecimento de Matemática sabia que a renda anunciada não correspondia ao total de pagantes no estádio.
A estátua de Catulo da Paixão Cearense, que dá nome ao largo do Nhozinho Santos, é testemunha desse descompasso.
Eu cresci sem entender como a renda era apurada com distorções ou desaparecia em mirabolantes assaltos. A Polícia nunca explicava. E nem a Justiça.
São Luís cresceu e o então governador João Castelo construiu um novo estádio - o Castelão.
Tempos depois, vieram as famosas reformas no Castelão, feias sempre pelas mesmas construtoras, em vários governos. O estádio novo ficava abandonado, deteriorava e vinham as obras.
E o problema da renda continuava. Quando o Castelão ficou fechado por muito tempo, os jogos voltaram a ser realizados no velho Nhozinho Santos.
Depois vieram os tempos áureos do Sampaio Correa, sob a proteção do então presidente da Assembleia Legislativa, Manoel Ribeiro, por cerca de uma década.
Agora, o Sampaio está sob o manto do vereador Sergio Frota.
O Moto está sucateado e o Maranhão Atlético Clube (MAC) perdeu até a sede, um lugar bucólico no bairro da Cohama, vendido para a construção de um shopping.
Passaram-se décadas e a Federação Maranhense de Futebol (FMF) está dominada pelo mesmo grupo político. Nunca saiu do poder.
A FMF é a representação estadual da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que também passou muito tempo controlada pelo esquema de Ricardo Teixeira, transferido a José Maria Marin.
O futebol brasileiro deu esse fiasco na Copa. E novamente as denúncias contra a CBF voltaram à tona.
O ex-jogador Romário diz abertamente que a CBF é um antro de corrupção.
Romário fala, mas a gente não vê e nem ouve, porque a Globo não repercute.
Esse é o problema do monopólio da mídia. Quem não pode pagar os canais fechados é obrigado a ver Galvão Bueno, por força dos contratos entre a Fifa e a CBF.
Esse monopólio impede que a ampla maioria da população ouça o que Romário tem a dizer sobre a corrupção no futebol.
Veja só a que ponto isso chegou. Quando a Globo cobre o envolvimento da máfia na venda irregular de ingressos da Copa, o enfoque das matérias é sempre visando proteger a Fifa. Quanta inocência!
O telespectador, já surdo com os gritos de Galvão, não consegue ouvir o outro lado da notícia.
Sem meias palavras, Romário chama os dirigentes do futebol de ladrões.
Se no Maranhão a renda sumia, fico imaginando o que pode acontecer na CBF e na Fifa, onde corre muito dinheiro.
Haja almofadas atiradas nos estádios.
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