sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sampaio Corrêa, velha página do passado


Texto extraído do Jornal O Imparcial, de 1952:

Quem fala sobre o Sampaio Corrêa não pode esquecer os velhos tempos do amadorismo, quando o “Mias Querido” empolgava a sua numerosa torcida, diante de brilhantes feitos que constituem hoje a sua inesquecível glória do passado. Naquela época, tendo à frente a figura de Bernardino Cunha, grande benemérito ardoroso boliviano, valia o tempo gasto num “field”, assistindo o Sampaio jogar. Valdemar Almeida era o treinador. Os jogadores Neco, Araão, Dudú, Henrique, Coleta, Mascote, Massariquinho, Elesbão, Elvitre e tantos outros representavam para a torcida autênticos ídolos. Não havia departamento médico, não se exigia dinheiro, mas a única exigência partia propriamente dos jogadores entre sí, dando tudo que lhe possibilitava o físico e o preparo, em prol de vitórias.

Os tempos passaram, com o advento do profissionalismo, o Sampaio mergulhou no advento do homem pago para jogar. E dai por diante as coisas tomaram também novos rumos. Aquela foi a grande época do Tricolor e pois só em 1947, quando outros denominados esportistas quiseram repetir os bons tempos, teve o clube das multidões um pujante onze. No passado, era Bernardino Cunha o timoneiro; no presente que já vai distante também era Clodomir Ferrari, com seu espírito jovem de homem incansável, dando um pouco de si em benefício do esporte maranhense. E então surgiram Cido, Serejo, Baltazar, Reginaldo, Gegeca, Decadela, Bodinho, Duó, Giovani, Albano e Zé Pequeno. Foi essa, sem dúvida alguma, a segunda etapa gloriosa do então “Esquadrão de Aço”. De lá até os nossos dias, em cada ano que se vence, também se esgota a força sampaína. E como um doente sem cura, mas com esperanças, disposto a vencer, sem encontrar contudo o recurso necessário que o soerga. Os seus associados o abandonam, os que se dizem sampaínos se afastam...

Dizemos isso porque, por muitas vezes, temos presenciado as reuniões sampaínas redundando em autêntico fracasso, diante do descaso dos seus simpatizantes. Esqueceram-se aqueles que pagam o seu legítimo direito à reclamação de fatos que se desenrolam. E por acúmulo que pareça, o quadro de futebol, única espécie que se pratica, está entregue à sua própria sorte, com os jogadores mandando e desmandando. Seus dirigentes, supõe-se, acham-se sem forças para continuar a caminhada e diante das circunstâncias, nós, equidistantes, observamos que se afunda dia a dia o mais famoso esquadrão dos ídolos. Só uma forma maior poderá constituir-se a salvação, tirando o Sampaio do ostracismo, dando-lhe a mesma personalidade perdida... E essa força está contida na sua própria legião e fãs. É a união. No entanto, continuando abandonado pelos seus idealizadores e admiradores, o Sampaio não conseguirá firmar-se nessa tempestade natural dos tempos em que vivemos. O que fazemos, não representa uma crítica apenas. É o alerta, o grito de revolta natural da crônica esportiva, diante o descaso.


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