Hamilton
Sadias Campos, além do maior artilheiro do futebol maranhense, é considerado
até hoje como um dos melhores atacantes dos últimos tempos em nosso futebol.
Hamilton sempre foi um ilustre desconhecido para boa parte dos torcedores dos
maiores centros do país. Contudo, para os torcedores de Tuna Luso (PA),
Ferroviário, Santa Cruz (PE), Moto Club e Maranhão, ele é uma figura mais do
que admirada, onde alcançou a invejável soma de 499 gols, o que o coloca na
condição de 10º maior artilheiro em todos os tempos do futebol brasileiro e o
recordista em todo o Nordeste. À sua frente, Pelé, Zico, Roberto Dinamite,
Cláudio Adão, Dadá Maravilha, Friedenreich, Pinga, Sima e Valdo. Na região
Nordeste, Hamilton é superado apenas pelo centroavante Sima, o maior goleador
do futebol brasileiro no eixo Norte-Nordeste. O "Pelé do Piauí", cmo
ficou conhecido, marcou exatos 529 gols entre 1966 e 1992, período em que atuou
profissionalmente. Ele alcançou a incrível marca de ser o artilheiro do
Campeonato Piauiense por dez vezes e em 1977 foi o maior goleador dos Estadual
em todo o Brasil, com 33 gols. Quem olha Hamilton com toda a sua humildade e
paciência, jamais imagina que se trata de um dos maiores goleadores que o
futebol brasileiro já teve a chance de ver. Era jogador de dar vitórias ao
time, por isso nunca ficou no banco de reservas, nunca! E, acreditem, nunca
ficou fora de uma partida por contusão. Segundo o próprio Hamilton, “quem joga
sempre na bola, dificilmente é atingido pelo adversário”. Desde quando encerrou
a carreira, até hoje, nunca apareceu um jogador como Hamilton.
Paraense de Mosqueiro, Hamilton nasceu no dia 03 de Dezembro de 1934. Começou a sua vida de atleta pelo juvenil pela Tuna Luso Comercial, em 1955, com apenas 18 anos de idade e atuando como ponta de lança. O jogador China, da própria Tuna, ao observá-lo jogando uma pelada em Belém, percebeu suas qualidades técnicas e não teve dúvidas em levá-lo para a equipe tunante. Após vários títulos pela categoria de base, Hamilton foi promovido ao time principal, em 1956, onde sempre entrava no final do jogo e arrebentava. Pela equipe tunante marcou 28 gols. De acordo com informações1, em uma excursão pelo Nordeste, em 1957, a Tuna jogou em São Luis contra o Sampaio Corrêa, que havia perdido e marcou a revanche para dali a alguns dias. Como o centroavante Estanislau havia adoecido, colocaram Hamilton como titular, no jogo disputado no dia 26 de Maio de 1957. Quatro gols no empate em 4x4 contra os Tricolores foram o bastante para despertar o interesse da diretoria do Ferroviário pelo futebol do jovem goleador. Os mandatários do clube férreo, já naquela época, tinham a visão que os dirigentes de hoje não têm: resolveram desembolsar uma vultuosa quantia e apostar na contratação de um excelente jogador. Foi Clóvis Viana, diretor do Ferrim, que o viu jogando e resolveu comprar o seu passe, que pertencia ao time de Belém. Hamilton recebeu cerca de Cr$ 100 mil por dois anos e meio de contrato.
O artilheiro passou cerca de um mês apenas treinando e se habituando ao novo clube, até estrear contra o Sampaio Corrêa, na decisão do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de 1957, no dia 07 de Julho. Naquela época o chamado time da Refesa tinha um bom elenco, formado por jogadores maranhenses e alguns atletas importados, que vieram dar força ao time. A base do Ferroviário era a seguinte: Penha; Ribeiro, Santos, Negão e Esmagado; Zuza e Bebeto; Pitu, Valteir, Hamilton e Neto. Logo na estréia, contra o time Tricolor, Hamilton já mostrou o porquê seria um goleador nato. O Sampaio Corrêa fez 2x0 e Hamilton, ainda acanhado, não fez quase nada. A torcida boliviana começou a pegar no pé do atacante, gritando em côro: “Cadê os cem contos, cadê os cem contos?”. No início do segundo tempo Ribeiro fez logo um gol, o Ferroviário se animou e foi então que o artilheiro, de um temppramento calmo, se transformou, mostrando o seu verdadeiro futebol: marcou logo três gols e o Ferrim ficou com a taça de campeão.
Paraense de Mosqueiro, Hamilton nasceu no dia 03 de Dezembro de 1934. Começou a sua vida de atleta pelo juvenil pela Tuna Luso Comercial, em 1955, com apenas 18 anos de idade e atuando como ponta de lança. O jogador China, da própria Tuna, ao observá-lo jogando uma pelada em Belém, percebeu suas qualidades técnicas e não teve dúvidas em levá-lo para a equipe tunante. Após vários títulos pela categoria de base, Hamilton foi promovido ao time principal, em 1956, onde sempre entrava no final do jogo e arrebentava. Pela equipe tunante marcou 28 gols. De acordo com informações1, em uma excursão pelo Nordeste, em 1957, a Tuna jogou em São Luis contra o Sampaio Corrêa, que havia perdido e marcou a revanche para dali a alguns dias. Como o centroavante Estanislau havia adoecido, colocaram Hamilton como titular, no jogo disputado no dia 26 de Maio de 1957. Quatro gols no empate em 4x4 contra os Tricolores foram o bastante para despertar o interesse da diretoria do Ferroviário pelo futebol do jovem goleador. Os mandatários do clube férreo, já naquela época, tinham a visão que os dirigentes de hoje não têm: resolveram desembolsar uma vultuosa quantia e apostar na contratação de um excelente jogador. Foi Clóvis Viana, diretor do Ferrim, que o viu jogando e resolveu comprar o seu passe, que pertencia ao time de Belém. Hamilton recebeu cerca de Cr$ 100 mil por dois anos e meio de contrato.
O artilheiro passou cerca de um mês apenas treinando e se habituando ao novo clube, até estrear contra o Sampaio Corrêa, na decisão do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de 1957, no dia 07 de Julho. Naquela época o chamado time da Refesa tinha um bom elenco, formado por jogadores maranhenses e alguns atletas importados, que vieram dar força ao time. A base do Ferroviário era a seguinte: Penha; Ribeiro, Santos, Negão e Esmagado; Zuza e Bebeto; Pitu, Valteir, Hamilton e Neto. Logo na estréia, contra o time Tricolor, Hamilton já mostrou o porquê seria um goleador nato. O Sampaio Corrêa fez 2x0 e Hamilton, ainda acanhado, não fez quase nada. A torcida boliviana começou a pegar no pé do atacante, gritando em côro: “Cadê os cem contos, cadê os cem contos?”. No início do segundo tempo Ribeiro fez logo um gol, o Ferroviário se animou e foi então que o artilheiro, de um temppramento calmo, se transformou, mostrando o seu verdadeiro futebol: marcou logo três gols e o Ferrim ficou com a taça de campeão.
No ano de
1959, por causa de problemas administrativos e aproveitando momento de discórdia
com a Federação, a diretoria do Ferroviário Esporte Clube deixou de competir e
desativou o time de profissionais. Assim, depois de ter sido bicampeão, os
dirigentes do Ferrim não resistiram à proposta tentadora do Santa Cruz-PE e
acabaram vendendo o ídolo por trezentos mil réis. No time pernambucano,
Hamilton foi logo sendo campeão pernambucano e o artilheiro do campeonato.
Detalhe: ele chegou no meio da competição e o principal goleador, àquelas
alturas, tinha oito gols. No Santa Cruz Hamilton permaneceu até 1962, após 71
gols pelo time pernambucano. O presidente do Moto Club, Salomão Mata, o trouxe
ao rubro-negro maranhense por empréstimo, em 1963. E chegou logo mostrando
serviço: foi artilheiro daquele ano, com 20 gols. Belas suas belas atuações
naquela competição, Hamilton foi convocado para a Seleção Maranhense, onde
também foi artilheiro. No Papão, o craque foi Tricampeão Maranhense
(1966/67/68). A técnica refinada, aliada a uma boa colocação e senso de
oportunismo, só encontrados nos grandes centroavantes, fez Hamilton sinônimo de
gol. Em três oportunidades ele terminou a temporada no topo da artilharia do
Campeonato Maranhense pelo Papão: 1963, 20 gols; 1964, 8 gols; 1966, 20 gols
(em 1969 ainda foi o artilheiro, desta vez jogando pelo MAC, com 6 gols, ao
lado de Gimico, do Ferrim).
Hamilton
encantou o futebol nordestino com simplicidade e muita mística. Encontrou no
Moto Club a sua melhor fase, onde deixou muitas passagens curiosas e gols para
a eternidade. Foi pelo rubro-negro, aliás, que ocorreu um dos confrontos mais
particulares do nosso futebol: em 1963, num roteiro à altura das melhores
histórias do futebol brasileiro, Hamilton protagonizou com o lendário atacante
Croinha, do Maranhão Atlético Clube, uma disputa pela artilharia do Campeonato Maranhense
até a última rodada. Antes dos jogos finais, ambos estavam empatados com 14
gols. O jogo de Croinha era preliminar e ele marcou cinco gols. Nem os mais
otimistas torcedores do Moto Clube acreditavam que Hamilton pudesse alcançar
seu rival, mesmo sendo a partida derradeira contra o pequeno Ícaro. No decorrer
do jogo, os gols foram saindo, um a um. Quando Hamilton chegou a quatro gols, a
torcida passou a gritar: “mais um, mais um!”. Numa bela cabeceada, o artilheiro
igualou-se a Croinha (19 a 19), mas ainda dava tempo para passar o rival.
Hamilton marcou pela sexta vez, após driblar dois zagueiros e o goleiro,
colocando a bola dentro do gol com um leve toque, dando fim ao duelo com
Croinha.
É também
de Hamilton o gol mais rápido da historia do Campeonato Maranhense, quando ele
ainda defendia o Moto Club. Em um clássico contra os maqueanos, Hamilton deu a
saída e correu para a área. A bola foi tocada para o lateral, que fez o
cruzamento e Hamilton, de primeira, emendou sem nenhuma chance para o goleiro.
O placar estava aberto antes de o cronômetro do árbitro marcar 10 segundos. Até
hoje, quando recorda os maiores momentos de sua carreira, o ex-atacante fala
com prazer do gol relâmpago. Segundo o próprio Hamilton, o gol mais bonito que
ele fez na carreira foi atuando pelo Moto, durante uma partida onde o Papão
recebeu as faixas de campeão maranhense de 1966, contra o Remo: Hamilton
recebeu um cruzamento da direita, deu um drible de corpo nos zagueiros Nagel e
Alemão (os dois ficaram estatelados no chão), ameaçou o goleiro, que se jogou
e, com um toque sutil, fez um golaço. Nagel era um zagueiro pernambucano. Após
uma grande atuação pelo Santa Cruz, no final da década de 1950, foi negociado
com o Botafogo carioca. Nessa época, o time do Rio de Janeiro tinha em seu
plantel nomes como Nilton Santos, Zagallo e Garrincha. Após perder espaço no
clube da estrela solitária, Nagel começou uma peregrinação por diversos clubes
dentro e fora do Brasil e o Remo foi a sua primeira casa após a saída do
Botafogo. Pelo gol de Hamilton, foi prometida uma placa a ser colocada no
Nhozinho Santos, mas isso nunca aconteceu. Nessa época era administrador do
estádio o futuro deputado Carlos Guterres.
No dia 21
de Julho de 1968, no amistoso Moto Club 1x1 Flamengo-RJ, Hamilton realizou a
sua última partida pelo Papão. O contrato dele havia vencido, mas poderia ser
renovado. Porém, o artilheiro preferiu disputar o Segundo Turno do Campeonato
Maranhense pelo Ferroviário, que lhe fez uma proposta melhor. Hamilton já havia
sido Tricampeão Maranhense pelo Ferrim e, nas três temporadas em que defendeu a
equipe (1958/1959 e 1969), chegou à marca de 37 gols. Hamilton, segundo
informações2, saiu do Moto aos 35 anos, pois os dirigentes o consideravam velho
para o time. Pelo rubro-negro, alcançou a incrível marca de 244 gols.
Em três
anos jogando pelo time do Parque Valério Monteiro (1969/70/71), marcou exatos
104 gols. Os últimos torcedores que tiveram a oportunidade de vibrar com os
gols de Hamilton, foram os do Maranhão. Em 69 e 70 ele foi bicampeão pelo MAC e
em 71, numa partida entre Moto x Maranhão, o paraense hoje considerado
maranhense de coração fez a sua despedida do futebol, segundo consta3, com uma
grande festa organizada pelo Maranhão Atlético Clube, no combinado Moto/MAC: o
artilheiro, aos 37 anos de idade, atou cada tempo pelas duas equipes. No
intervalo da partida, recebendo o justo aplauso, Hamilton deu a volta olímpica
com as chuteiras nas mãos. Clubes e entidades se associaram às manifestações de
todos pela despedida de Hamilton dos gramados, atribuindo-lhe as maiores
homenagens que um jogadores já recebeu em nossa capital, com uma série de
presentes até mesmo do Sampaio Corrêa (o jogador nunca vestiu a camisa do
Sampaio. Segundo Hamilton, houve até a oportunidade, mas quando redigiram o
primeiro contrato, os dirigentes bolivianos acharam que o artilheiro havia
pedido muito dinheiro e as negociações não foram adiante). A renda do jogo,
disputado no dia 08 de Dezembro de 1971, foi toda revertida para Hamilton, que
decidiu abandonar os campos por conta do futuro, já que, nesse tempo, o futebol
não era rentável. Alguns dias antes, Hamilton foi homenageado na partida entre
Santa Cruz de Recife e Moto Club, no Nhozinho Santos: antes do início do jogo,
realizada no dia 02 de Dezembro, a delegação pernambucana homenageou-lhe,
entregando a Hamilton uma flâmula e com o mesmo dando o pontapé inicial da
partida.
Segundo o
próprio Hamilton, foi feita uma pesquisa e ficou comprovado que ele fez exatos
1.048 gols, embora o ex-goleador ache que fez muito mais (pela carência de
provas, a marca nunca foi oficializada, infelizmente). Hamilton atuou durante
18 anos no futebol profissional, desde a Tuna até o Maranhão, tendo realizado
cerca de 1.450 partidas. Na época em que jogava, a posição do atacante que
dispunha das maiores oportunidades para fazer gols, era a de centroavante.
Hamilton era meia-direita, uma posição em que jogam os de maior toque de bola,
com mais poder de distribuição de jogo, com visão do campo. Nunca aquele que
joga dentro da área, dispondo dos rebotes sem marcar. Daí acreditar-se na
extrema habilidade desse fenomenal jogador. Em quatro oportunidades, Hamilton
alcançou a marca de seis gols uma única partida, o seu recorde pessoal: em
15/12/1963 - Moto 11x0 Ícaro (Campeonato Maranhense); em 05/07/1964 - Moto 15x1
Nacional (Taça Cidade de São Luis); em 12/11/1966 - Moto 10x0 Nacional
(Campeonato Maranhense); e em 31/12/1971 - Maranhão 8x1 Seleção de Monção
(Amistoso). Ele ainda recebeu uma proposta milionário para jogar no Setúbal, de
Portugal, mas o fator família falou mais alto. Após atuar pelo MAC, o
artilheiro resolveu parar, mas ele próprio confessaria que poderia ter jogado
por mais duas ou três temporadas.
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