Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Paulo Calisto de Farias nasceu no bairro de Areias em Recife (PE) no dia 14 de Outubro de 1937. Dos seis irmãos e dos pais Sabino Lauriano de Farias e Josefa Maria de Freitas, é o único sobrevivente. Começou a se interessar por futebol cedo. Nas peladas, gostava de jogar como center-half (zagueiro-central). Não era nada habilidoso. Relembra com saudade do tempo que ficava no time só por causa do irmão mais velho (Vicente), goleiro que era o grande nome do Centro operário Areias Futebol Clube. “Ele era um craque. Jogava no primeiro quadro e eu fazia número no segundo quadro. Ficava satisfeito e orgulhoso de ver meu irmão brilhar”.
Com o passar do tempo, Paulo começou a imitar as defesas que o irmão fazia. Aos poucos foi gostando da nova posição e, quando menos se esperava, já estava defendendo no gol do segundo quadro. “Não demorou muito e começaram a me comparar com ele. Vicente, envolvido com a bebida, não dava mais bola para o futebol e eu comecei a jogar no lugar dele no primeiro quadro do Centro Operário. Continuei com o firme propósito de me tornar um atleta profissional”.
O primeiro passo para a realização do sonho veio com o convite para defender o gol da equipe juvenil do Santa Cruz. Vascaíno ranzinza e por se parecer fisicamente com o lendário Barbosa, goleiro do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira da década de 1950, acabou sendo apelidado pelos amigos de Barbosa. Com esse apelido, trocou o Santa Cruz pelo estudante, time que acabara de conquistar a segunda divisão e que iria disputar a primeira divisão pernambucana.
Jogou no Estudantes dos 20 aos 25 anos de idade. Relembra com satisfação que ganhou a confiança dos companheiros e da torcida com saídas nas bolas alçadas para a área. “Quando a bola vinha, eu gritava: sai que é minha! E não tinha mistério. Não deixava ela escapar de jeito nenhum. No meio da barra (gol), eu também era respeitado”. Quando o time dele sofria falta em frente à grande área, Paulo mostrava outra grande característica sua: mandava abrir, não queria barreira. “Tem hora que a barreira atrapalha o goleiro. Como nunca tive medo de chute forte, mandava abrir e pedia pra Deus me proteger”.
A indicação para vir jogar em São Luis partiu do primo Clécio, que já estava com o nome feito no futebol maranhense defendendo o Maranhão Atlético Clube. “Foi ele quem me indicou para vir para o MAC, depois que o amigo e conterrâneo Lunga passou mal após defender um chute à queima-roupa de Vadinho em uma partida entre MAC x Sampaio Corrêa. Vadinho também era pernambucano, chutava forte. Quando Lunga encaixou a bola no peito, ficou um tempo sentindo dores e defecando sangue. Eu vim para substituí-lo enquanto tivesse em tratamento”.
Paulo desembarcou em São Luis no dia 11 de Agosto de 1963. Relembra que nem bem chegou, juntou-se ao grupo que estava seguindo uma excursão para Belém e pelo interior do Pará. “Na capital jogamos contra Paysandu, Remo e Tuna. Depois seguimos para Castanhal, Capanema, Bragança, Guarapé-Açu e Santarém. O grupo que viajou foi composto por Paulo e Lunga (que continuava em tratamento), Neguinho, Nélio, Clécio, Moacir Bueno, Zuza, Barrão, Valdeci, Wilson, Croinha, Alencar, Pretinha, Adalpe, Neto Peixe Pedra, também conhecido como Senêga, e outros dois que não me recordo. O técnico era o Walber Penha e o diretor de futebol Carlos Alberto Barateiro, o Coronel Bebeto”.
No retorno do grupo maqueano a São Luis, Walber Penha, que havia sido goleiro e dos bons do nossos futebol, não recomendou a contratação de Paulo para a diretoria atleticana. “Não cheguei nem a assinar contrato. O Presidente do clube, Nicolau Duailibe Neto, me passou tudo direitinho e ainda me deu a passagem de avião de volta a Recife, Vendi a passagem e fui ficando por aqui. Precisava mostrar que sabia jogar e não queria retornar a minha terra com uma mão na frente e outra atrás”.
Segundo Nabor, craque que marcou época no ataque do Moto Club, Paulo chegou a Sã Luis no momento errado. “Tínhamos excelentes goleiros. Paulo teria que jogar muito para tomar o lugar de qualquer um deles. Outro craque que concorda com Nacor é o atacante Valdeci, companheiro de Paulo no Maranhão em 1963. “No MAC o goleiro titular era Lunga. No Moto era Bacabal e ainda tinha Vila Nova. Dadá defendia o Sampaio. E olha que ainda corriam por fora Bastos, Timóteo e outros maranhenses”.
Paulo Calisto de Farias nasceu no bairro de Areias em Recife (PE) no dia 14 de Outubro de 1937. Dos seis irmãos e dos pais Sabino Lauriano de Farias e Josefa Maria de Freitas, é o único sobrevivente. Começou a se interessar por futebol cedo. Nas peladas, gostava de jogar como center-half (zagueiro-central). Não era nada habilidoso. Relembra com saudade do tempo que ficava no time só por causa do irmão mais velho (Vicente), goleiro que era o grande nome do Centro operário Areias Futebol Clube. “Ele era um craque. Jogava no primeiro quadro e eu fazia número no segundo quadro. Ficava satisfeito e orgulhoso de ver meu irmão brilhar”.
Com o passar do tempo, Paulo começou a imitar as defesas que o irmão fazia. Aos poucos foi gostando da nova posição e, quando menos se esperava, já estava defendendo no gol do segundo quadro. “Não demorou muito e começaram a me comparar com ele. Vicente, envolvido com a bebida, não dava mais bola para o futebol e eu comecei a jogar no lugar dele no primeiro quadro do Centro Operário. Continuei com o firme propósito de me tornar um atleta profissional”.
O primeiro passo para a realização do sonho veio com o convite para defender o gol da equipe juvenil do Santa Cruz. Vascaíno ranzinza e por se parecer fisicamente com o lendário Barbosa, goleiro do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira da década de 1950, acabou sendo apelidado pelos amigos de Barbosa. Com esse apelido, trocou o Santa Cruz pelo estudante, time que acabara de conquistar a segunda divisão e que iria disputar a primeira divisão pernambucana.
Jogou no Estudantes dos 20 aos 25 anos de idade. Relembra com satisfação que ganhou a confiança dos companheiros e da torcida com saídas nas bolas alçadas para a área. “Quando a bola vinha, eu gritava: sai que é minha! E não tinha mistério. Não deixava ela escapar de jeito nenhum. No meio da barra (gol), eu também era respeitado”. Quando o time dele sofria falta em frente à grande área, Paulo mostrava outra grande característica sua: mandava abrir, não queria barreira. “Tem hora que a barreira atrapalha o goleiro. Como nunca tive medo de chute forte, mandava abrir e pedia pra Deus me proteger”.
A indicação para vir jogar em São Luis partiu do primo Clécio, que já estava com o nome feito no futebol maranhense defendendo o Maranhão Atlético Clube. “Foi ele quem me indicou para vir para o MAC, depois que o amigo e conterrâneo Lunga passou mal após defender um chute à queima-roupa de Vadinho em uma partida entre MAC x Sampaio Corrêa. Vadinho também era pernambucano, chutava forte. Quando Lunga encaixou a bola no peito, ficou um tempo sentindo dores e defecando sangue. Eu vim para substituí-lo enquanto tivesse em tratamento”.
Paulo desembarcou em São Luis no dia 11 de Agosto de 1963. Relembra que nem bem chegou, juntou-se ao grupo que estava seguindo uma excursão para Belém e pelo interior do Pará. “Na capital jogamos contra Paysandu, Remo e Tuna. Depois seguimos para Castanhal, Capanema, Bragança, Guarapé-Açu e Santarém. O grupo que viajou foi composto por Paulo e Lunga (que continuava em tratamento), Neguinho, Nélio, Clécio, Moacir Bueno, Zuza, Barrão, Valdeci, Wilson, Croinha, Alencar, Pretinha, Adalpe, Neto Peixe Pedra, também conhecido como Senêga, e outros dois que não me recordo. O técnico era o Walber Penha e o diretor de futebol Carlos Alberto Barateiro, o Coronel Bebeto”.
No retorno do grupo maqueano a São Luis, Walber Penha, que havia sido goleiro e dos bons do nossos futebol, não recomendou a contratação de Paulo para a diretoria atleticana. “Não cheguei nem a assinar contrato. O Presidente do clube, Nicolau Duailibe Neto, me passou tudo direitinho e ainda me deu a passagem de avião de volta a Recife, Vendi a passagem e fui ficando por aqui. Precisava mostrar que sabia jogar e não queria retornar a minha terra com uma mão na frente e outra atrás”.
Segundo Nabor, craque que marcou época no ataque do Moto Club, Paulo chegou a Sã Luis no momento errado. “Tínhamos excelentes goleiros. Paulo teria que jogar muito para tomar o lugar de qualquer um deles. Outro craque que concorda com Nacor é o atacante Valdeci, companheiro de Paulo no Maranhão em 1963. “No MAC o goleiro titular era Lunga. No Moto era Bacabal e ainda tinha Vila Nova. Dadá defendia o Sampaio. E olha que ainda corriam por fora Bastos, Timóteo e outros maranhenses”.
Graça Aranha em 1968. Em pé: Juvenal, paulo, Mário, Simith,Ademir, Cazoca e Serra "Pano de Barco" (técnico); agachados: Gaudêncio (massagista), João Pinto, Zé Mamá, China, Zé Osvaldo e Ferreirinha
Valdeci relembra ainda que não era fácil ser goleiro nos anos 1950/60, com a bela safra de atacantes. “O ataque do Moto era formado por Garrinchinha, Hamilton, Casquinha, Ananias e Nabor. No Sampaio tinha Nenê, Massaú, Fernando, Jarbas e Sabará e no MAC jogavam Valdeci, Wilson, Croinha, Barrão e Alencar. Eram atacantes que impunham respeito a qualquer goleiro”.
No início de 1964, estava surgindo o Ícaro, time mantido pela base aérea de São Luis. Paulo foi para lá, juntando-se a Marçal Tolentino Serra, os irmãos Cabeça e Buranha, China, Cauby, Esmagado, Cocó, Lua e outros, para disputar o campeonato Estadual de profissionais. Era um bom time. Numa partida contra o MAC, ele queria mostrar que os atleticanos erraram não deixando que permanecesse no clube. O Ícaro chegou a estar vencendo por 3 a 1. Faltando 15 minutos para terminar o segundo tempo, veio uma reviravolta que até hoje Paulo não esquece. “De repente o árbitro Xavier (também conhecido como Peru), atleticano roxo, resolveu marcar três pênaltis seguidos contra nós. Croinha converteu os três e toda vez me gozava passando a mão na minha cabeça, dizendo: “tu achas que tu vais me ganhar, negão?”. O placar virou para 4x3. No final do jogo, saí como um doido do gol e corri pra cima do árbitro, para dar uma porrada nele. Foi quando ouvi os gritos dos companheiros, me avisando que era para eu ir devagar, porque o juiz era capitão da Policia Militar. Dei meia volta e fiquei amargando a derrota e a gozação dos ex-companheiros do MAC”.
Depois de duas temporadas no Ícaro, acabou transferindo-se para o Vitória do Mar. “Não ganhávamos dinheiro no Vitorinha. O que dava de renda e que cabia ao clube era dividido para nós atletas e dirigentes. Era puro amadorismo”. Saiu do Vitória do Mar e foi para o Graça Aranha Esporte Clube (GAEC), que tinha como presidente Joaquim Casanovas. “Formamos um belo time com Nabor, que estava encerrando a carreira, China, Cauby, Zé Vivaldo, Zé Bernardo, Pinagé, João Pinto, Simite, Zé Mamá, Bastos (goleiro), Juvenal, Ademir, Reginaldo, Burra Preta, Cazoca e Ferreirinha. Um grupo para não esquecer”.
Em 1975, com 38 anos de idade, Paulo caiu na real e percebeu que a bola não lhe daria mais nada a não ser dor de cabeça. Resolveu trabalhar na profissão que aprendeu paralelo ao futebol: gráfico. Bola só em peladas e times amadores. Disputando um torneio dos industriários, já como amador, acabou quebrando o dedo mínimo da mão direita, depois de defender um chute de Alencar, ex-companheiro do MAC. “Trago essa recordação ao longo do tempo. O dedo nunca amis voltou para o lugar. Depois dessa, eu disse a mim mesmo: chega, não jogo mais!”
No início de 1964, estava surgindo o Ícaro, time mantido pela base aérea de São Luis. Paulo foi para lá, juntando-se a Marçal Tolentino Serra, os irmãos Cabeça e Buranha, China, Cauby, Esmagado, Cocó, Lua e outros, para disputar o campeonato Estadual de profissionais. Era um bom time. Numa partida contra o MAC, ele queria mostrar que os atleticanos erraram não deixando que permanecesse no clube. O Ícaro chegou a estar vencendo por 3 a 1. Faltando 15 minutos para terminar o segundo tempo, veio uma reviravolta que até hoje Paulo não esquece. “De repente o árbitro Xavier (também conhecido como Peru), atleticano roxo, resolveu marcar três pênaltis seguidos contra nós. Croinha converteu os três e toda vez me gozava passando a mão na minha cabeça, dizendo: “tu achas que tu vais me ganhar, negão?”. O placar virou para 4x3. No final do jogo, saí como um doido do gol e corri pra cima do árbitro, para dar uma porrada nele. Foi quando ouvi os gritos dos companheiros, me avisando que era para eu ir devagar, porque o juiz era capitão da Policia Militar. Dei meia volta e fiquei amargando a derrota e a gozação dos ex-companheiros do MAC”.
Depois de duas temporadas no Ícaro, acabou transferindo-se para o Vitória do Mar. “Não ganhávamos dinheiro no Vitorinha. O que dava de renda e que cabia ao clube era dividido para nós atletas e dirigentes. Era puro amadorismo”. Saiu do Vitória do Mar e foi para o Graça Aranha Esporte Clube (GAEC), que tinha como presidente Joaquim Casanovas. “Formamos um belo time com Nabor, que estava encerrando a carreira, China, Cauby, Zé Vivaldo, Zé Bernardo, Pinagé, João Pinto, Simite, Zé Mamá, Bastos (goleiro), Juvenal, Ademir, Reginaldo, Burra Preta, Cazoca e Ferreirinha. Um grupo para não esquecer”.
Em 1975, com 38 anos de idade, Paulo caiu na real e percebeu que a bola não lhe daria mais nada a não ser dor de cabeça. Resolveu trabalhar na profissão que aprendeu paralelo ao futebol: gráfico. Bola só em peladas e times amadores. Disputando um torneio dos industriários, já como amador, acabou quebrando o dedo mínimo da mão direita, depois de defender um chute de Alencar, ex-companheiro do MAC. “Trago essa recordação ao longo do tempo. O dedo nunca amis voltou para o lugar. Depois dessa, eu disse a mim mesmo: chega, não jogo mais!”
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