“Já não se faz mais crioulo de defesa como a gente”. Esse comentário foi de Neguinho para Heraldo, jogares de futebol de campo (zagueiro e lateral-esquerdo) que ficaram conhecidos pela garra, pela forma dura de jogar, que intimidava atacantes. Jogara juntos no Ferroviário e no Sampaio, na década de 70. Heraldo, mais habilidoso e veloz, desmoralizava alguns pontas-direitas e brincava na hora de apoiar seu ataque. Muitas vezes chegou a ser taxado de irresponsável, por causa do jeito moleque de fazer cruzamentos e cobrar escanteios de trivela. As derrotas por conta disso foram doídas. Mas até hoje ele continua fazendo a mesma coisa no sênior.
Heraldo era peladeiro de futebol dos campos da Roma Velha, bairro paralelo ao Monte Castelo. Nutrido a caldo de sururu do porto do local, o garoto era hábil no meio de campo e sua agilidade chamava a atenção dos torcedores. Alegre e brincalhão, sempre que podia fazia uma graça com a bola, dando dribles desconcertantes, chapéus, sempre de um jeito brincalhão, que ninguém dava tanta importância.
No dia que foi embora o volante Zé Carlos, juvenil do Sampaio, o jeito era encontrar um substituo. Vareta já conhecia Heraldo. Para não dar muita bandeira, resolveu convidá-lo para bater uma bola. Só não disse onde. Jogaria no Estádio Santa Izabel, na preliminar contra o MAC, que tinha como meio-campistas os craques Yomar e Santana. Quando chegou ao estádio, Vareta disse a Heraldo que o Tricolor precisava de um jogador como ele. O cara tremeu. “Joga do mesmo jeito da pelada”, pediu Vareta. Aceito o desafio, foi o que fez o garoto Heraldo, 16/17 anos de idade. Na saída do Sampaio, o moleque irresponsável driblou Santana e passou para o companheiro de meio-campo, Parode. A vitória por 3 a 1 já dava dimensão do grande futuro que o jogador e seus companheiros teriam pela frente. Dentre outros, estavam jogando Djalma Campos, Fifi, João Bala, Pompeu, Cadinho e Vareta. Com esse time Heraldo foi bicampeão da categoria.
Por volta de 1964 já era um jogador de banco profissional. O time tinha Manga; Nivaldo, Valfredo Carioca, Damasceno, Roberto, Maneca, Chico, Sabará, Jarbas e Antonino. No ano seguinte, o dirigente Antônio Bento Cantanhede Faria vendeu todo o time do Sampaio para o Ceará. Subiu a garotada do juvenil para marcar a história do futebol maranhense.
Em 1968 Heraldo estava no Ferroviário. Em 1970 voltava ao Sampaio, sempre jogando sua razoável bola. Quando o clube preparou um timaço para disputar o Brasileirinho, foi contratado o craque maranhense Gojoba, depois de brilhar em vários campos defendendo o Sport Clube Recife e o Ceará. Gojoba assumia a cabeça de área. Heraldo teve que amargar o banco, ficando na posição de coringa: onde precisava, ele entrava, até mesmo pela sua versatilidade. Foi peça importante na conquista do título.
Depois disso,em uma excursão do Sampaio em Belém, o lateral-esquerdo Romildo se machucou. Djalma Campos, que era uma espécie de xerife, pela liderança, experiência e visão de jogo, deu a camisa 6 para Heraldo. “Lateral-esquerdo eu?”, perguntou. “Quem sabe jogar entra em qualquer posição”, retrucou Djalma. Começava outra fase do jogador. Ele marcou duro o ponteiro paraense Zé Hídio e o Tricolor saiu com a vitória por 2 a 1, gols de Zé Carlos.
Virilidade, raça, agilidade nos contra-ataques, passaram a ser sua principal característica, assim como amaneira como intimidava os pontas-direitas, ora jogando duro na bola, ora ameaçando dar porrada.
Ele conta que respeitou apenas Euzébio, do MAC. “Contra Euzébio eu tremia na base e procurava não vacilar, porque senão ele poderia dar um show em cima de mim”. Mas era só contra Euzébio. Os outros pontas Heraldo chamava de ponta de cigarro, mostrando o jeito moleque herdado nas peladas. “Professor Pardal”, “Fricote”, “Trivela” viraram apelidos pela maneira como ele atuava em campo, sempre inventando nos contra-ataques, lançamentos e cobranças de escanteio. Mesmo advertido pelos treinadores, não mudava sua maneira de ser. “Do jeito norma não tinha graça e a torcida não vibrava”, justifica. Mas essa forma de jogar causavam alguns problemas, porque quando ele perdia a bola e saia um gol do adversário, levava a culpa. Isso aconteceu no jogo contra o Guarany de Sobral. O empate em 2 a 1 era um bom resultado. Heraldo foi fazer um cruzamento de trivela e errou, o adversário foi lá e marcou 3 a 2.
Em partidas diante do Flamengo de Teresina foram as suas piores atuações. Jogando lá, o time perdeu de 1 a 0, gol do ponta-direita Caveirinha em cima de Heraldo. Quando o clube piauiense veio jogar aqui, a gozação começou no vestiário. “Teu pai ta ai”, diziam os companheiros. Dez minutos de jogo, Flamengo 1 a 0, gol de Caveirinha. Deu vontade de pedir para sair. No intervalo, o técnico Marçal Tolentino Serra fez Heraldo voltar e acrescentou: “Dá um jeito e anula esse sujeito”. Caveirinha continuava melhor. Em uma bola do ataque adversário, Heraldo, já de cabeça quente, resolveu tirar de bicicleta. A chuteira foi na boca de caveirinha, que saiu de campo com a dentadura postiça toda quebrada e a boca sangrando. “Fui desleal e me arrependo disso até hoje. Soube depois daquele acidente que Caveirinha ficou 40 dias hospitalizado. Se eu pudesse, pediria desculpas a ele”. Com a saída de Caveirinha, o Sampaio venceu por 2 a 1. Todo mundo podia dizer muita coisa de Heraldo, mas desleal, não! O fato marcou a vida do atleta, que pouco depois parou de jogar.
Heraldo era peladeiro de futebol dos campos da Roma Velha, bairro paralelo ao Monte Castelo. Nutrido a caldo de sururu do porto do local, o garoto era hábil no meio de campo e sua agilidade chamava a atenção dos torcedores. Alegre e brincalhão, sempre que podia fazia uma graça com a bola, dando dribles desconcertantes, chapéus, sempre de um jeito brincalhão, que ninguém dava tanta importância.
No dia que foi embora o volante Zé Carlos, juvenil do Sampaio, o jeito era encontrar um substituo. Vareta já conhecia Heraldo. Para não dar muita bandeira, resolveu convidá-lo para bater uma bola. Só não disse onde. Jogaria no Estádio Santa Izabel, na preliminar contra o MAC, que tinha como meio-campistas os craques Yomar e Santana. Quando chegou ao estádio, Vareta disse a Heraldo que o Tricolor precisava de um jogador como ele. O cara tremeu. “Joga do mesmo jeito da pelada”, pediu Vareta. Aceito o desafio, foi o que fez o garoto Heraldo, 16/17 anos de idade. Na saída do Sampaio, o moleque irresponsável driblou Santana e passou para o companheiro de meio-campo, Parode. A vitória por 3 a 1 já dava dimensão do grande futuro que o jogador e seus companheiros teriam pela frente. Dentre outros, estavam jogando Djalma Campos, Fifi, João Bala, Pompeu, Cadinho e Vareta. Com esse time Heraldo foi bicampeão da categoria.
Por volta de 1964 já era um jogador de banco profissional. O time tinha Manga; Nivaldo, Valfredo Carioca, Damasceno, Roberto, Maneca, Chico, Sabará, Jarbas e Antonino. No ano seguinte, o dirigente Antônio Bento Cantanhede Faria vendeu todo o time do Sampaio para o Ceará. Subiu a garotada do juvenil para marcar a história do futebol maranhense.
Em 1968 Heraldo estava no Ferroviário. Em 1970 voltava ao Sampaio, sempre jogando sua razoável bola. Quando o clube preparou um timaço para disputar o Brasileirinho, foi contratado o craque maranhense Gojoba, depois de brilhar em vários campos defendendo o Sport Clube Recife e o Ceará. Gojoba assumia a cabeça de área. Heraldo teve que amargar o banco, ficando na posição de coringa: onde precisava, ele entrava, até mesmo pela sua versatilidade. Foi peça importante na conquista do título.
Depois disso,em uma excursão do Sampaio em Belém, o lateral-esquerdo Romildo se machucou. Djalma Campos, que era uma espécie de xerife, pela liderança, experiência e visão de jogo, deu a camisa 6 para Heraldo. “Lateral-esquerdo eu?”, perguntou. “Quem sabe jogar entra em qualquer posição”, retrucou Djalma. Começava outra fase do jogador. Ele marcou duro o ponteiro paraense Zé Hídio e o Tricolor saiu com a vitória por 2 a 1, gols de Zé Carlos.
Virilidade, raça, agilidade nos contra-ataques, passaram a ser sua principal característica, assim como amaneira como intimidava os pontas-direitas, ora jogando duro na bola, ora ameaçando dar porrada.
Ele conta que respeitou apenas Euzébio, do MAC. “Contra Euzébio eu tremia na base e procurava não vacilar, porque senão ele poderia dar um show em cima de mim”. Mas era só contra Euzébio. Os outros pontas Heraldo chamava de ponta de cigarro, mostrando o jeito moleque herdado nas peladas. “Professor Pardal”, “Fricote”, “Trivela” viraram apelidos pela maneira como ele atuava em campo, sempre inventando nos contra-ataques, lançamentos e cobranças de escanteio. Mesmo advertido pelos treinadores, não mudava sua maneira de ser. “Do jeito norma não tinha graça e a torcida não vibrava”, justifica. Mas essa forma de jogar causavam alguns problemas, porque quando ele perdia a bola e saia um gol do adversário, levava a culpa. Isso aconteceu no jogo contra o Guarany de Sobral. O empate em 2 a 1 era um bom resultado. Heraldo foi fazer um cruzamento de trivela e errou, o adversário foi lá e marcou 3 a 2.
Em partidas diante do Flamengo de Teresina foram as suas piores atuações. Jogando lá, o time perdeu de 1 a 0, gol do ponta-direita Caveirinha em cima de Heraldo. Quando o clube piauiense veio jogar aqui, a gozação começou no vestiário. “Teu pai ta ai”, diziam os companheiros. Dez minutos de jogo, Flamengo 1 a 0, gol de Caveirinha. Deu vontade de pedir para sair. No intervalo, o técnico Marçal Tolentino Serra fez Heraldo voltar e acrescentou: “Dá um jeito e anula esse sujeito”. Caveirinha continuava melhor. Em uma bola do ataque adversário, Heraldo, já de cabeça quente, resolveu tirar de bicicleta. A chuteira foi na boca de caveirinha, que saiu de campo com a dentadura postiça toda quebrada e a boca sangrando. “Fui desleal e me arrependo disso até hoje. Soube depois daquele acidente que Caveirinha ficou 40 dias hospitalizado. Se eu pudesse, pediria desculpas a ele”. Com a saída de Caveirinha, o Sampaio venceu por 2 a 1. Todo mundo podia dizer muita coisa de Heraldo, mas desleal, não! O fato marcou a vida do atleta, que pouco depois parou de jogar.
Deus te abensoe as lembranças são as melhores tantas contadas como vividas com você. Uma gratidão muito grande de ter te conhecido.
ResponderExcluirSaudades Black.
Seu Heraldo,o nosso Deus se agrada das pessoas boas. Esteja nas mãos dEle!
ResponderExcluirFoi um grande tempos de pelada do cohatrac,que Deus o tenha em bom lugar.
ResponderExcluirNilton batata assim conhecido pela rapaziada foi tempos bons.