domingo, 20 de outubro de 2013

Hamilton se despede do futebol - Dezembro de 1971

Com a camisa do Ferrim, imagem de um dos seus últimos jogos como profissional

O artilheiro Hamilton, o maior goleador da história do futebol maranhense, pendurou oficialmente as chuteiras em Dezembro de 1971. Ao longo de 15 anos como atleta profissional, Hamilton Sadias Campos, paraense da cidade litorânea de Pesqueira, marcou, segundo seus dados, mais de mil gols - 1.045, para ser mais exato, embora nao há documentos necessários que comprovem tal feito. O seu primeiro clube foi a Tuna Luso Brasileira de Belém do Pará. Em 1957 foi contratado pelo Ferroviário, custando ao clubes tricolor maranhense na época cem mil cruzeiros. Foi bicampeão pelo Ferroviário em 1957 e 1958. Transferiu-se neste mesmo ano para o Santa Cruz do Recife, onde foi campeão em 1961 e artilheiro do campeonato. Em 1962 voltou emprestado ao Moto, no auge na sua carreira e foi tricampeão, além de artilheiro quatro anos seguidos. O Santa Cruz perdeu o vínculo de Hamilton, por não ter pedido prioridade para renovação do seu contrato. Foi campeão do Norte pela Seleção Maranhense e artilheiro do Torneio Maranhão-Piauí. Em 1968 retornou ao Ferroviário e por último ingressou no Maranhão Atlético Clube. Em três anos jogando pelo time do Parque Valério Monteiro (1969/70/71), marcou exatos 104 gols.

Os últimos torcedores que tiveram a oportunidade de vibrar com os gols de Hamilton foram os do Maranhão. Em 69 e 70 ele foi bicampeão pelo MAC e em 71, numa partida entre Moto x Maranhão, o paraense hoje considerado maranhense de coração fez a sua despedida do futebol, segundo consta3, com uma grande festa organizada pelo Maranhão Atlético Clube, no combinado Moto/MAC: o artilheiro, aos 37 anos de idade, atou cada tempo pelas duas equipes. No intervalo da partida, recebendo o justo aplauso, Hamilton deu a volta olímpica com as chuteiras nas mãos. Clubes e entidades se associaram às manifestações de todos pela despedida de Hamilton dos gramados, atribuindo-lhe as maiores homenagens que um jogadores já recebeu em nossa capital, com uma série de presentes até mesmo do Sampaio Corrêa (o jogador nunca vestiu a camisa do Sampaio. Segundo Hamilton, houve até a oportunidade, mas quando redigiram o primeiro contrato, os dirigentes bolivianos acharam que o artilheiro havia pedido muito dinheiro e as negociações não foram adiante). A renda do jogo, disputado no dia 08 de Dezembro de 1971, foi toda revertida para Hamilton, que decidiu abandonar os campos por conta do futuro, já que, nesse tempo, o futebol não era rentável. Alguns dias antes, Hamilton foi homenageado na partida entre Santa Cruz de Recife e Moto Club, no Nhozinho Santos: antes do início do jogo, realizada no dia 02 de Dezembro, a delegação pernambucana homenageou-lhe, entregando a Hamilton uma flâmula e com o mesmo dando o pontapé inicial da partida. O grande artilheiro do nosso futebol atuou vinte minutos por cada time numa partida tecnicamente muito fraca e cheia de violência com péssima arbitragem de Francisco Sousa. As homenagens foram no intervalo do jogo, quando Hamilton tirou as chuteiras e deu a volta olímpica, sendo aplaudido de pé pelo público acostumado a vibrar com suas jogadas cheias de improviso e muita arte. Depois, ele recebeu cumprimentos de todos os jogadores, dirigentes, troféus, placas e brindes e firmas comerciais.

FICHA DO JOGO

Moto Club 1x1 Maranhão Atlético Clube
Data:
08 de Dezembro de 1971
Local: Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Francisco Sousa
Bandeirinhas: Reginaldo Rodrigues e Josenil Sousa
Gols: Dario aos 31 minutos do primeiro tempo e Garrinchinha aos 44 minutos do segundo tempo
Moto Club: Assis; Ribeiro, Marins, Sérgio e Romildo; Jorge e Joari; Ivanildo (Vanderley), Marcos (Ivanildo) (Nilo), Hamilton (Diomar) e Garrinchinha. Técnico: Marçal Tolentino Serra
Maranhão Atlético Clube: Marcos; Jacinto, Luís Carlos, Sansão (Lucas) e Elias; Almir e Lucas (Beco); Eusébio (Toinho), Antonio Carlos (Hamilton) (Eusébio) (Antonio Carlos), Senega e Dario. Técnico: Walter Cruz

Notícia da despedida do craque - Jornal O Imparcial, Dezembro de 1971

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