Em 1965 a Seleção Pernambucana, tamém conhecida como Seleção Cacareco, realizou um histórico amistoso internacional contra a Seleção da Alemanha, em excursão pelo Brasil. Naquele tempo os craques Gojoba e Pelezinho, cria do Anil e que fizeram fama no Moto Club de São Luis, despontavam no futebol pernambucano, atuando pelo Sport, e foram convocados para aquele importante e inesquecível jogo. O autor do gol foi o maranhense Gojoba, jogador já consagrado em todo o Nordeste. Abaixo deixo o relato daquele confronto que ficará marcado para a hsitória do futebol de Pernambuco:
Seleção Pernambucana diante dos Alemães. Gojoba (penúltimo em pé) e Pelezinho (agachado, ao centro) foram os grandes nomes daquela partida
"Nado está melhor do que Garrincha.” A declaração do técnico da Seleção Alemã (na época Alemanha Ocidental), Helmut Schoen, ao descer no Aeroporto Internacional do Galeão, procedente do Recife, após a derrota por 1 x 0 de sua equipe para a seleção pernambucana, foi recebida com espanto pelos jornalistas cariocas, que cobriam a passagem dos alemães pelo Rio de Janeiro, em sua viagem de regresso à Europa.
O então ponta-direita do Náutico, que viria a ser convocado para os treinos da equipe que inutilmente tentaria o tricampeonato mundial na Inglaterra, dera um verdadeiro show de bola diante dos teutos. Estes, depois de perder por 2 x 0 para a Seleção Brasileira, no Maracanã, esperavam dar um passeio diante dos pernambucanos, quatro dias depois, quando aconteceu justamente o contrário.
BATALHA – Era junho de 1965. O Brasil preparava-se para enfrentar a Alemanha, havendo uma enorme expectativa em torno do amistoso programado para o dia 7 de junho, no Maracanã.
No entender dos críticos do Rio e São Paulo, o epicentro da Seleção Brasileira, o novo time alemão não suportaria o poder de fogo da Canarinha. Esperava-se mais uma exibição de gala de Pelé e seus companheiros. Discreto, como sempre, Helmut Schoen deixou sua rapaziada conhecer a praia de Copacabana, comandou um treino leve para uma rápida adaptação de sua equipe ao piso do Maracanã e, mais uma vez, sempre medindo as palavras, elogiou a equipe nacional.
No dia do jogo, um domingo, o Maracanã explodia de gente. Mais de cem mil torcedores compareceram ao sagrado templo do futebol brasileiro para ver o novo confronto entre Brasil e Alemanha.
O jogo constituiu-se numa batalha, cheia de dificuldades e violência. Era o futebol técnico e até irreverente dos brasileiros contra o jogo calculado e pesado dos ‘cintura-dura’, como a picardia tipininquim designava qualquer jogador europeu.
Naquele jogo, a marcação rigorosa, brusca mesma, dos alemães, irritou nossos jogadores. Cansado de levar trombadas, Pelé deu o troco no lateral-esquerdo Giesemann e quebrou-lhe uma perna.
A Seleção Brasileira saiu vitoriosa pela contagem de 2x0, gols do centroavante Flávio e de Pelé. Apesar do placar e da presença de Garrincha, a partida não foi uma moleza como pode parecer.
RUBÃO FALA GROSSO – Havia um grande interesse em torno da partida marcada para aquela quinta-feira, 10 de junho, no Recife.
Para concretizar sua pretensão de trazer a equipe alemã ao Recife, o presidente da FPF (Federação Pernambucana de Futebol), Rubem Moreira, foi obrigado a esbravejar na CBD (Confederação Brasileira de Desportos) para convencer a cúpula da cartolagem nacional de que os pernambucanos não fariam vergonha. Rubão, aliás, contava com um ‘santo forte’, justamente o presidente da entidade, João Havelange.
A verdade, porém, é que temia-se uma goleada que colocasse em risco o prestígio do futebol brasileiro.
Chegou-se a programar um passeio da delegação alemã a Caruaru, em caráter estritamente turístico, coisa sem sentido, que foi descartada por Helmut Schoen, sob a alegação de que seu time precisava mesmo era de descansar.
NOITE DE FESTA – Apesar do tempo fechado, a Ilha do Retiro estava repleta, embora a torcida não mostrasse essa confiança toda no time da casa.
O treinador Antoninho, do Náutico – mais tarde dirigiria a seleção brasileira de amadores – não tivera tempo de armar uma equipe capaz de enfrentar com possibilidade de sucesso, uma seleção do nível da alemã. De qualquer forma, politicamente o time pernambucano estava correto.
Todos os grandes estavam representados. Nos trës coletivos, feitos em apenas uma semana, era natural o desentrosamento, mas havia uma esperança, a qualidade técnica do ataque, veloz e muito agressivo. Se o meio-de-campo acertasse, quem sabe?, o jogo seria duro.
O goleiro era Dudinha, que se transferira do Central para o Sport, contando o restante da equipe com: Gena (Náutico), Alemão (Sport), Baixa (Sport) e Jório (Santa Cruz); Gojoba (Sport) e Ivan (Náutico); Nado (Náutico), Bita (Náutico), Pelezinho (Sport) e Lala (Náutico). Eram sete pernambucanos, dois maranhenses, um paraibano e um paulista. No transcorrer da partida entraram mais dois pernambucanos: Toinho, do Náutico, substituiu Jório, e Nino, também do Náutico, entrou no lugar de Pelezinho.
O meio-de-campo acertou. Naquele tempo jogava-se no 4-2-4. Alimentando o ataque estava Ivan, que fazia o mesmo serviço no quase tricampeão Náutico, enquanto o volante rubro-negro Gojoba ficava na marcação, porém, um pouco mais adiantado.
O também rubro-negro Pelezinho, maranhense como Gojoba, descia um pouco para buscar o jogo. Na frente, Bita, um atacante de altíssimo nível, atento, criativo e oportunista, possuindo assim, todas as virtudes do goleador. Os alemãs tinham informações sobre o potencial do chamado Homem do Rifle e procuraram marcá-lo de perto.
Na extrema-direita, para abir a defesa, Nado, irmão de Bita, e grande driblador. Só que Nado não fez a partida que se esperava e mesmo assim levou Schoen a considerá-lo em melhor fase do que Garrincha. Vale salientar que foi de uma falta cometida em Nado que o jogo se decidiu.
Aos 39 minutos do segundo tempo, Nado foi derrubado nas imediações da grande área, criando mais um momento de expectativa na Ilha do Retiro. Ele mesmo se encarregou da cobrança. Companheiro de Nino, emérito cabeceador, que substituíra Pelezinho, Nado cruzou fechado. O goleiro alemão Mangletz afastou de soco, e Gojoba, que vinha de trás, completou para a rede.
A Ilha do Retiro foi ao delírio. Dali para frente foi só segurar o placar, pois só faltavam seis minutos. Pernambuco dobrava o time alemão, para a felicidade de Rubem Moreira, que dava assim a resposta aos cartolas da CBD."
O então ponta-direita do Náutico, que viria a ser convocado para os treinos da equipe que inutilmente tentaria o tricampeonato mundial na Inglaterra, dera um verdadeiro show de bola diante dos teutos. Estes, depois de perder por 2 x 0 para a Seleção Brasileira, no Maracanã, esperavam dar um passeio diante dos pernambucanos, quatro dias depois, quando aconteceu justamente o contrário.
BATALHA – Era junho de 1965. O Brasil preparava-se para enfrentar a Alemanha, havendo uma enorme expectativa em torno do amistoso programado para o dia 7 de junho, no Maracanã.
No entender dos críticos do Rio e São Paulo, o epicentro da Seleção Brasileira, o novo time alemão não suportaria o poder de fogo da Canarinha. Esperava-se mais uma exibição de gala de Pelé e seus companheiros. Discreto, como sempre, Helmut Schoen deixou sua rapaziada conhecer a praia de Copacabana, comandou um treino leve para uma rápida adaptação de sua equipe ao piso do Maracanã e, mais uma vez, sempre medindo as palavras, elogiou a equipe nacional.
No dia do jogo, um domingo, o Maracanã explodia de gente. Mais de cem mil torcedores compareceram ao sagrado templo do futebol brasileiro para ver o novo confronto entre Brasil e Alemanha.
O jogo constituiu-se numa batalha, cheia de dificuldades e violência. Era o futebol técnico e até irreverente dos brasileiros contra o jogo calculado e pesado dos ‘cintura-dura’, como a picardia tipininquim designava qualquer jogador europeu.
Naquele jogo, a marcação rigorosa, brusca mesma, dos alemães, irritou nossos jogadores. Cansado de levar trombadas, Pelé deu o troco no lateral-esquerdo Giesemann e quebrou-lhe uma perna.
A Seleção Brasileira saiu vitoriosa pela contagem de 2x0, gols do centroavante Flávio e de Pelé. Apesar do placar e da presença de Garrincha, a partida não foi uma moleza como pode parecer.
RUBÃO FALA GROSSO – Havia um grande interesse em torno da partida marcada para aquela quinta-feira, 10 de junho, no Recife.
Para concretizar sua pretensão de trazer a equipe alemã ao Recife, o presidente da FPF (Federação Pernambucana de Futebol), Rubem Moreira, foi obrigado a esbravejar na CBD (Confederação Brasileira de Desportos) para convencer a cúpula da cartolagem nacional de que os pernambucanos não fariam vergonha. Rubão, aliás, contava com um ‘santo forte’, justamente o presidente da entidade, João Havelange.
A verdade, porém, é que temia-se uma goleada que colocasse em risco o prestígio do futebol brasileiro.
Chegou-se a programar um passeio da delegação alemã a Caruaru, em caráter estritamente turístico, coisa sem sentido, que foi descartada por Helmut Schoen, sob a alegação de que seu time precisava mesmo era de descansar.
NOITE DE FESTA – Apesar do tempo fechado, a Ilha do Retiro estava repleta, embora a torcida não mostrasse essa confiança toda no time da casa.
O treinador Antoninho, do Náutico – mais tarde dirigiria a seleção brasileira de amadores – não tivera tempo de armar uma equipe capaz de enfrentar com possibilidade de sucesso, uma seleção do nível da alemã. De qualquer forma, politicamente o time pernambucano estava correto.
Todos os grandes estavam representados. Nos trës coletivos, feitos em apenas uma semana, era natural o desentrosamento, mas havia uma esperança, a qualidade técnica do ataque, veloz e muito agressivo. Se o meio-de-campo acertasse, quem sabe?, o jogo seria duro.
O goleiro era Dudinha, que se transferira do Central para o Sport, contando o restante da equipe com: Gena (Náutico), Alemão (Sport), Baixa (Sport) e Jório (Santa Cruz); Gojoba (Sport) e Ivan (Náutico); Nado (Náutico), Bita (Náutico), Pelezinho (Sport) e Lala (Náutico). Eram sete pernambucanos, dois maranhenses, um paraibano e um paulista. No transcorrer da partida entraram mais dois pernambucanos: Toinho, do Náutico, substituiu Jório, e Nino, também do Náutico, entrou no lugar de Pelezinho.
O meio-de-campo acertou. Naquele tempo jogava-se no 4-2-4. Alimentando o ataque estava Ivan, que fazia o mesmo serviço no quase tricampeão Náutico, enquanto o volante rubro-negro Gojoba ficava na marcação, porém, um pouco mais adiantado.
O também rubro-negro Pelezinho, maranhense como Gojoba, descia um pouco para buscar o jogo. Na frente, Bita, um atacante de altíssimo nível, atento, criativo e oportunista, possuindo assim, todas as virtudes do goleador. Os alemãs tinham informações sobre o potencial do chamado Homem do Rifle e procuraram marcá-lo de perto.
Na extrema-direita, para abir a defesa, Nado, irmão de Bita, e grande driblador. Só que Nado não fez a partida que se esperava e mesmo assim levou Schoen a considerá-lo em melhor fase do que Garrincha. Vale salientar que foi de uma falta cometida em Nado que o jogo se decidiu.
Aos 39 minutos do segundo tempo, Nado foi derrubado nas imediações da grande área, criando mais um momento de expectativa na Ilha do Retiro. Ele mesmo se encarregou da cobrança. Companheiro de Nino, emérito cabeceador, que substituíra Pelezinho, Nado cruzou fechado. O goleiro alemão Mangletz afastou de soco, e Gojoba, que vinha de trás, completou para a rede.
A Ilha do Retiro foi ao delírio. Dali para frente foi só segurar o placar, pois só faltavam seis minutos. Pernambuco dobrava o time alemão, para a felicidade de Rubem Moreira, que dava assim a resposta aos cartolas da CBD."
Fonte: http://www2.uol.com.br/JC/_2000/2205/es2205z9.htm
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