Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Se hoje o futebol é um esporte que encanta a maioria dos brasileiros, apesar da concorrência de tantas outras modalidades, imagine quando reinava praticamente sozinho. Quem tinha qualidades técnicas para praticá-lo, ótimo. Quem não tinha era obrigado a participar como torcedor, dirigente, massagista, árbitro, só para não ficar de fora, longe da paixão. José de Ribamar Carneiro tinha vontade de jogar, mas não tinha intimidade com a bola. O máximo que conseguiu foi arriscar-se no gol. Quando percebeu que não iria longe como jogador profissional, por amor ao futebol seguir a carreira de massagista, representante da Federação Maranhense de Futebol nos jogos oficiais, árbitro, bandeirinha amador e por ai vai.
Por onde passou, Carneiro demonstrou ter um gênio forte, herança de berço. Enfrentou até o pai, Eleotério Paulo Carneiro, ex-lateral direito do Sampaio Corrêa, quando este o proibiu de se envolver com o futebol. Eleotério era um desiludido com esse esporte e não permitia que o filho nem batesse peladas no bairro da Madre Deus. Por ele, Carneiro deveria estudar a profissão de carpinteiro. Sem medo das consequências, o filho não obedecia. “Eu saia escondido do meu pai para bater as peladas com a minha ‘curriola’ na época dos meus 12 anos de idade. Quando ele descobria, era surra na certa. E o pior de tudo era que eu não levava jeito para a bola. No gol, eu achava que era mais fácil, não tinha que ter habilidade, bastava saber espalmar ou agarrar a bola. Mais tarde fui perceber que estava enganado. Jogar no gol é mais difícil que na linha. Na linha, você pode errar, no gol não”, ensina sobre a experiência que foi obrigado a vivenciar só para não ficar como um simples expectador.
Carpintaria o garoto Carneiro não passou nem perto. Novamente contrariando o pai, optou por ser padeiro – chegou a trabalhar na famosa Padaria Cristal.
Em 1947, ao completar 16 anos de idade, Carneiro vestiu pela primeira vez a camisa do Rui Barbosa, tome amador do bairro onde ele nasceu (Madre Deus). “Eu sentia uma sensação indescritível quando vestia a camisa do Rui Barbosa. Me sentia importante, um atleta, um goleirão. Só que, na verdade, era muito frangueiro. Pegava bolas incríveis e deixava passar outras tão fáceis”, relembra sorrindo. No Rui Barbosa, ficou dois anos. Ao completar 18 anos, foi servir ao exército do 24º Batalhão de Caçadores. Lá, se entrosou com o grupo da bola e acabou jogando no gol da companhia que servia. Logo depois que deu baixa no exército, foi trabalhar na Estiva de São Luis. Foi “gorgulho” – suplente na linguagem da Estiva – durante quatro anos. Depois foi efetivado. Mesmo trabalhando na Estiva, Carneiro continuava insistindo em jogar futebol nas horas vagas. Jogou como amador no Flamengo do Monte Castelo e foi campeão estadual de profissionais pelo Vitória do Mar Futebol Clube, em 1952, como reserva do lendário goleiro Batatais, quando o time era mantido pelo Sindicato dos Estivadores de São Luis. “Foi minha maior performance como atleta. Tenho orgulho de ter participado do grupo que conseguiu essa façanha pelo Vitória do Mar e foi nessa época também que liguei o ‘desconfiômetro’ e percebi que não iria ganhar dinheiro jogando futebol e resolvi parar com tudo e continuar trabalhando”.
Se hoje o futebol é um esporte que encanta a maioria dos brasileiros, apesar da concorrência de tantas outras modalidades, imagine quando reinava praticamente sozinho. Quem tinha qualidades técnicas para praticá-lo, ótimo. Quem não tinha era obrigado a participar como torcedor, dirigente, massagista, árbitro, só para não ficar de fora, longe da paixão. José de Ribamar Carneiro tinha vontade de jogar, mas não tinha intimidade com a bola. O máximo que conseguiu foi arriscar-se no gol. Quando percebeu que não iria longe como jogador profissional, por amor ao futebol seguir a carreira de massagista, representante da Federação Maranhense de Futebol nos jogos oficiais, árbitro, bandeirinha amador e por ai vai.
Por onde passou, Carneiro demonstrou ter um gênio forte, herança de berço. Enfrentou até o pai, Eleotério Paulo Carneiro, ex-lateral direito do Sampaio Corrêa, quando este o proibiu de se envolver com o futebol. Eleotério era um desiludido com esse esporte e não permitia que o filho nem batesse peladas no bairro da Madre Deus. Por ele, Carneiro deveria estudar a profissão de carpinteiro. Sem medo das consequências, o filho não obedecia. “Eu saia escondido do meu pai para bater as peladas com a minha ‘curriola’ na época dos meus 12 anos de idade. Quando ele descobria, era surra na certa. E o pior de tudo era que eu não levava jeito para a bola. No gol, eu achava que era mais fácil, não tinha que ter habilidade, bastava saber espalmar ou agarrar a bola. Mais tarde fui perceber que estava enganado. Jogar no gol é mais difícil que na linha. Na linha, você pode errar, no gol não”, ensina sobre a experiência que foi obrigado a vivenciar só para não ficar como um simples expectador.
Carpintaria o garoto Carneiro não passou nem perto. Novamente contrariando o pai, optou por ser padeiro – chegou a trabalhar na famosa Padaria Cristal.
Em 1947, ao completar 16 anos de idade, Carneiro vestiu pela primeira vez a camisa do Rui Barbosa, tome amador do bairro onde ele nasceu (Madre Deus). “Eu sentia uma sensação indescritível quando vestia a camisa do Rui Barbosa. Me sentia importante, um atleta, um goleirão. Só que, na verdade, era muito frangueiro. Pegava bolas incríveis e deixava passar outras tão fáceis”, relembra sorrindo. No Rui Barbosa, ficou dois anos. Ao completar 18 anos, foi servir ao exército do 24º Batalhão de Caçadores. Lá, se entrosou com o grupo da bola e acabou jogando no gol da companhia que servia. Logo depois que deu baixa no exército, foi trabalhar na Estiva de São Luis. Foi “gorgulho” – suplente na linguagem da Estiva – durante quatro anos. Depois foi efetivado. Mesmo trabalhando na Estiva, Carneiro continuava insistindo em jogar futebol nas horas vagas. Jogou como amador no Flamengo do Monte Castelo e foi campeão estadual de profissionais pelo Vitória do Mar Futebol Clube, em 1952, como reserva do lendário goleiro Batatais, quando o time era mantido pelo Sindicato dos Estivadores de São Luis. “Foi minha maior performance como atleta. Tenho orgulho de ter participado do grupo que conseguiu essa façanha pelo Vitória do Mar e foi nessa época também que liguei o ‘desconfiômetro’ e percebi que não iria ganhar dinheiro jogando futebol e resolvi parar com tudo e continuar trabalhando”.
Dia de festa do Camboa Esporte Clube, em 1957. Carneiro, em destaque, já marcava presença
Como seu amor pelo futebol sempre foi muito grande, Carneiro aceitou o convite do massagista e amigo patrocínio para aprender as técnicas de massagens. “O Doutor Cassas de Lima também me incentivou e me ensinou muita coisa. Ele, o Patrocínio, me ajudaram a continuar como futebol, que era uma coisa que eu gostava muito”. O emprego na Estiva era seguro e nas horas livres Carneiro aplicava massagens em que o procurasse. Além de aplicar massagens, se especializou em botar “ombros no lugar”, quando ocorriam luxações em atletas. Tinha muita gente que deslocava o ombro quando sofria alguma pancada ou, simplesmente, batia-o com força numa disputa de bola. Santana, ex-Sampaio e Moto, e Moraes, ex-MAC, viviam constantemente com o ombro saindo do lugar. Nessas horas Carneiro entrava em ação. “Fiz isso até o dia em que o Dr. Milon Miranda, médico do Sampaio Corrêa na época, especializado em ortopedia, me disse para tomar cuidado com essa prática de colocar o ombro no lugar, porque o dia que desse errado, o jogador iria cair em cima de mim. Percebi a gravidade do problema e parei com a atividade. Graças a Deus não me deparei com nenhum caso errado”.
Carneiro exerceu a função de massagista no Vitória do Mar e Sampaio Corrêa. Nunca trabalhou no seu clube de coração, o Moto. José Alberto de Moraes Rêgo, o Geografia, quando foi diretor do Clube Recreativo Jaguarema, levou Carneiro para assumir o departamento de massagens do clube. Também pelas mãos de Geografia chegou à Federação Acadêmica Maranhense de Esportes – FAME. “Tudo o que consegui no esporte amador como massagista devo ao Geografia. Ele é um pai para mim. Serei eternamente grato a ele, eu e minha família”. Carneiro trabalhou durante 20 anos na Federação Maranhense de Desportos (FMD), hoje FMF. Na entidade, exerceu as funções de representante dos árbitros profissionais e das seleções amadoras, além de árbitro e bandeirinha amador. Na Estiva, Carneiro se aposentou aos 44 anos de idade, depois de 25 anos de trabalho. Dedicou todo o seu tempo ao futebol e ao esporte amador do estado onde nasceu. Foi massagista de seleções de basquete, futebol de salão, atletismo, voleibol e futebol. Conheceu muitas cidades e estados viajando com essas equipes. Viu muitos atletas se destacarem nos seus esportes. Se empolga quando fala em Djalma Campos, um craque, segundo ele, no futsal e no campo. O maior atleta que viu jogar, “Canhotinho também era fora de série em várias modalidades”.
Carneiro exerceu a função de massagista no Vitória do Mar e Sampaio Corrêa. Nunca trabalhou no seu clube de coração, o Moto. José Alberto de Moraes Rêgo, o Geografia, quando foi diretor do Clube Recreativo Jaguarema, levou Carneiro para assumir o departamento de massagens do clube. Também pelas mãos de Geografia chegou à Federação Acadêmica Maranhense de Esportes – FAME. “Tudo o que consegui no esporte amador como massagista devo ao Geografia. Ele é um pai para mim. Serei eternamente grato a ele, eu e minha família”. Carneiro trabalhou durante 20 anos na Federação Maranhense de Desportos (FMD), hoje FMF. Na entidade, exerceu as funções de representante dos árbitros profissionais e das seleções amadoras, além de árbitro e bandeirinha amador. Na Estiva, Carneiro se aposentou aos 44 anos de idade, depois de 25 anos de trabalho. Dedicou todo o seu tempo ao futebol e ao esporte amador do estado onde nasceu. Foi massagista de seleções de basquete, futebol de salão, atletismo, voleibol e futebol. Conheceu muitas cidades e estados viajando com essas equipes. Viu muitos atletas se destacarem nos seus esportes. Se empolga quando fala em Djalma Campos, um craque, segundo ele, no futsal e no campo. O maior atleta que viu jogar, “Canhotinho também era fora de série em várias modalidades”.
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