Fênix Foot-ball Club de São Luís

O Fênix Foot-ball Club surge já em um período de popularização do esporte bretão na capital maranhense. Isso tudo após domínio absoluto do FAC desde os idos de 1906 e, anos mais tarde, do Luso Brasileiro.

Segundo o principal jornal da época, “A Pacotilha” (que também foi o principal veículo de comunicação do FAC defendendo, por muito tempo, seus interesses), o Fênix F. C. foi fundado em 1918, juntamente com outros inúmeros clubes futebolísticos e associações desportivas que se multiplicavam, denotando o “engatinhar” da massificação e, consequentemente, do profissionalismo, e o “princípio do fim” do amadorismo relacionado a esse esporte em terras timbiras.

O Fênix surgiu como um clube de pequeno porte, provavelmente sem sede adequada e locatário de campos de outras equipes para o mando dos seus jogos. Como exemplo disso, um jogo entre FAC e Fênix foi assim descrito na imprensa: enquanto o FAC era chamado de “o veterano no foot-ball do Maranhão” ou o “grêmio milionário”, o Fênix era tido como “um clube pequeno, apesar de esforçado”.

É preciso entender que o  início da popularização do “foot-ball association” em São Luís foi fortemente influenciado pela figura de Gentil Silva (de pensamento contrário ao do elitista e conservador sportman Nhozinho Santos, que foi fundador do FAC) que, ao sair do FAC, acaba fundando o Onze Maranhense Foot-ball Club e induzindo o surgimento de outras agremiações, com a inclusão de atletas não mais obrigatoriamente pertencentes à elite local; peladeiros, funcionários das fábricas, pescadores, ambulantes. Além da participação de jogadores das mais diversas etnias.

O time do Fênix não fugiu à essa regra de massificação; boa parte do seu elenco era composto de afrodescendentes e foi com esse plantel miscigenado que o clube conquistou o Campeonato Maranhense de 1921, vencendo clubes tradicionais e protecionistas quanto ao “não amadorismo” e “miscigenação” no foot-ball local.

A partir do final da década de 10 e início da década de 20, o que se viu nos campos maranhenses foi o negro, o mestiço e o pobre ocupando cada vez mais espaço dentro do foot-ball…e ganhando respeito e admiração, dentro e fora das 4 linhas! As aclamadas seleções maranhenses de 1927 e 1928 eram já quase que compostas em sua totalidade por afrodescendentes, indivíduos estes que gozavam de grande prestígio em São Luís.

Quanto ao Fênix F. C., faltam mais dados para uma “biografia” definitiva do clube, a serem aqui acrescentados assim que necessário. O certo é que o aspecto multiracial do plantel permaneceu intacto até os dias da foto acima postada e, com certeza, continuou até o fim das atividades da saudosa agremiação, provavelmente no final dos anos 20 ou início dos anos 30.

Era o aparecimento do profissionalismo no foot-ball maranhense. E era um caminho sem volta…

FONTE: Claunísio Amorim Carvalho. Terra, Grama e Paralelepípedos. Ed. Café e Lápis, 2009. São Luís.


Cabecinha, uma lenda do futebol, faz 60 anos

O dia 30 de novembro de 2011 ficará marcado em Santarém, como o dia da ‘Manifestação Nacional do Plebiscito’.Como a importância do plebiscito, em nossa vida, não poderia deixar passar, outro acontecimento marcante no futebol santareno e alenquerense. Neste mesmo dia, o artilheiro dos artilheiros completou 60 anos de vida. E poderia passar como já passou para muitos novos torcedores, este nome em anonimato: José Luiz de Lima Rentes, mas, quando o seu apelido é colocado em cena, quem em Santarém não conhece o fabuloso: Cabecinha. Santareno de coração, alenquerense de nascimento, Cabecinha começou a se destacar entre os adultos, pelo Flamengo de Alenquer. Alguns engraçadinhos diziam que ele era titular, por que o time era do seu Pai, saudoso Manoel Rentes. Quando viram o garoto com fome de gols, calaram e gritaram o seu nome, assim como Chico Coimbra, Osmar Simões e Bené Bicudo, quando viram levaram o craque para o São Francisco. Começou a jogar campeonato pelo Leão em 1969, onde foi bi-campeão para no seguinte se consagrar como tri-campeão santareno. No momento mais brilhante do nosso craque ele participou de um elenco do Leão com grandes craques de alta qualidade como: Xabregas, Guajará, Helvécio, Maromba e Pedrinho Araújo; Valdo Abdala e Da Silva; Carlitinho, Cabecinha, Jeremias e Navarrinho.

CLUBE DO REMO Seu nome começou a se destacar na capital do Estado e Osmar Simões e Dídimo Sousa foram os responsáveis pela sua transferência para o Clube do Remo da capital, juntamente com Cuca e Jeremias. Em Belém não foi fácil ele manter a performance de artilheiro, mas aos poucos foi ganhando posição. João Avelino começou a lançar nosso craque como ponta esquerda, Alcino era o centro avante. João Avelino queimou o nosso artilheiro, no clássico REXPA na decisão do certame de 1971.

Durval, Cabecinha e Jeremias no Remo

O Remo ganhava de 2×0 no 1º tempo. No 2º tempo, Lúcio Oliveira fez cera ao provocar uma contusão num momento que o Paysandu pressionava. Fora de campo, João Avelino se preocupou e mandou Cacinha baixar para a lateral, enquanto Lúcio ainda era atendido. Logo em seguida Cabecinha se ver rodeado de jogadores do Paysandu perto do escanteio do seu campo. A torcida gritava chuta pra lateral, mas o nosso craque resolveu dar uma gingada e bateu pra frente e caiu nos pés de Moreira, que fuzilou para diminui o placar. Com a pressão da torcida o treinador substituiu Cabecinha. E cometeu dois erros: Primeiro pegou corda da torcida, segundo, enfraqueceu o seu ataque com a saída de Cabecinha. E sabem o que aconteceu: O Paysandu virou para 3×2.

CONSAGRAÇÃO Cabeça se recupera dentro do Leão Azul belenense, quando foi uma das grandes atrações no Torneio Norte/Nordeste, quando se consagrou campeão em cima do Vila Nova. O Clube do Remo podia perder até por um gol a menos e perdeu de 2×1, mesmo assim foi o campeão e Cabecinha fez o gol. Em 1973 foi vendido para o MAC (MA), onde jogou o campeonato maranhense e a seguir foi emprestado ao Paysandu para jogar no Brasileirão. Sua estréia foi contra o CRB com a vitória de 2×1, Cabecinha deixou o seu.  Em 1974 foi comprado pelo Sampaio Corrêa, onde ficou de 1974 a 1981, nestes sete anos foram tristezas e glórias. Títulos, troféus, artilharias, ídolo, conforto e paparicado nas ruas da capital e festejado nos gramados. Assediado por diversos clubes como: América (RJ), Fortaleza e Ferroviário (CE), Moto Clube (MA), entre outros.

Jeremias, Chico Coimbra, Cabecinha e Cuca no São Francisco

Cabecinha e Riba, no Maranhão Atlético Clube

FANTÁSTICO Porém o que mais chamou atenção do Brasil nesse craque jogando pelo Sampaio Corrêa foi num jogo pelo Campeonato Brasileiro, quando enfrentou o Cruzeiro de Nelinho em pleno Mineirão. O clube estrelado já vencia o jogo no 1º tempo por 1×0. No 2º tempo, quando pensou em ampliar o placar surgiu o endiabrado artilheiro Cabecinha. Ganhou uma bola no meio de campo e partiu rumo ao gol adversário. Driblou quatro adversários com o goleiro e marcou um gol de placa, considerado na época pela Rede Globo, como “o Gol do Fantástico”. O Brasil ficou conhecendo o nosso querido Cabecinha, e o Noroeste se encantou pelo atacante e contratou por Cr$ 2 milhões.

O frio, o treinador que só gostava de trabalhar com jogadores jovens foram às principais da volta do atacante para o Sampaio, aonde conquistou o seu ultimo título maranhense. Louco para voltar para a sua cidade aceitou ser emprestado para a Tuna Luso. Em Belém novamente se destacou como artilheiro, não conseguiu passar do atacante Cabinho do Paysandu, mas foi o artilheiro da Lusa. Depois da temporada na Tuna, apareceu o saudoso Luiz Araújo e o levou para defender o Isabelense. Apesar dos quase 30 anos de idade, Cabecinha ainda era um atacante perigoso e levou o clube ao destaque no Campeonato.

 Cabecinha no Sampaio Corrêa, em 1983

Sampaio Corrêa em 1976: em pé - Almir, Dorival, Cabrera, Mendonça, Ferreira e Rosclin; agachados - Itamar, Cabecinha, Bira, Chicão, Bimbinha e Patrocínio (massagista)

A vontade de retornar a Santarém Fez com que Cabecinha se despedisse do futebol de profissionais em Santa Isabel e retornou a Terra Querida diretamente para o São Francisco, onde ainda jogou alguns anos como: 1984/85/86/87. Depois de quase 15 anos fora de Santarém, voltou e fez parte dos elencos renovados do Leão, como: Raul, Laurimar, Mano, Chicão e Djair; Aleixo, Zerino e Elmanuel; Zerino, Cabecinha e Haroldinho. Ainda foi grande destaque nos campeonatos.  O ano de 87, Cabecinha se despediu dos gramados da 1ª Divisão. e foi ser treinador de futebol. Treinou o São Francisco, São Raimundo e Fluminense. Depois ficou jogando nos finais de semana pelos times de peladas.

Fonte: http://www.gazetadesantarem.com.br/esporte/cabecinha-uma-lenda-do-futebol-faz-60-anos/

Fonte: http://www.futebol80.com.br/links/artilheiros/cabecinha.htm


Guia do Brasileiro de 1984 (Moto Club) - Revista Placar

Deixo aqui uma raridade: a capa, matéria e pôster com a participação do Moto Club na Taça de Ouro de 1984, o Campeonato Brasileiro. O guia, um exemplar tradicional na publicação da Placar, mostra o elenco motense e o que seria esperado do rubro-negro maranhense na competição. Vale pelo belo registro.




Djalma Campos: missão cumprida

Djalma Campos foi um dos maiores jogadores surgidos no futebol maranhense, em todas as épocas. Nasceu na cidade de Viana e ainda pequeno mudou-se com a família para o bairro do Desterro, no centro histórico de São Luis (o ex-craque foi velado na rua da Palma, 652, no bairro do Desterro, próximo à igreja). Com apenas 12 anos de idade já mostrava muita intimidade com a bola. Deu seus primeiros chutes no campo frente à igreja do Desterro, junto de outros garotos que se destacaram no futebol do Maranhão, como Santana, João Bala, Jovenilo e Fifi. Jogou depois no São Cristóvão, no Santos e Botafogo do Anil, do “seu Chuva” e no segundo quadro do Esporte Clube Desterro, que era dirigido por seu pai, Djalma Gomes Campos

O bairro do Desterro foi uma verdadeira fábrica de bons valores, onde surgiram outras revelações do futebol maranhense, como Enemê, Japi, Carro-Velho, China e Pindura, entre tantos outros. E não eram muitos os locais para se jogar. Além do Largo do Desterro havia o campinho da “Ford”, o “Quartel de Polícia”, hoje Convento das Mercês, as ruas e o campo da Oleama, no Dique, onde um goleiro não enxergava a outra trave, porque no meio do caminho havia a esquina da fábrica Chagas & Penha.

A habilidade que mostrou nos campos de futebol foi adquirida nas quadras de futebol de salão. Desde garoto, com 16 anos já se sobressaia no Atenas, time do bairro do Desterro. Quando o Sampaio montou sua equipe juvenil, ele foi convidado a fazer parte dela. Era a época de times como Vitex, Elmo, Flamengo (Monte Castelo), Real Madri e ainda o Drible.

 Seleção Maranhense de Futsal em 1969. Em pé: Nêgo Luz, Aguiar, Vavá, Prado, Paulo César, Socó e Humberto. Agachados: João Bala, Pinduca, Carlos, Fifi, Djalma Campos e Luis

Em 1968, quando já era jogador profissional foi convidado a jogar a Copa do Brasil de Futsal pelo Drible, tendo sido inscrito com o nome do seu irmão Delmar. Como o time não se preparou adequadamente não venceu nenhum jogo, mas ainda assim Djalma foi considerado o melhor jogador da competição. Ele era incomparável com a bola nos pés, não dava chutes à toa e costumava desmoralizar os goleiros com colocadas geniais. Apesar de ter marcado inúmeros gols, sua maior preocupação era armar as jogadas para outros artilheiros.

A primeira oportunidade que Djalma teve para jogar em um dos “grandes” do futebol maranhense foi através do goleiro Campos, que o levou para o Maranhão Atlético Clube, junto com os amigos João Bala, Santana, Fifi e Jovenilo. Mas não deram sorte, o técnico Calazans nem se dignou a assisti-los jogando. E o quinteto foi parar no Graça Aranha F.C., e por lá permaneceu por um bom tempo.

Anos depois, Calazans teve a humildade de reconhecer que errou ao barrar Djalma no início de sua carreira como jogador. Mas depois conviveu com ele no Sampaio, por isso dizia que o jogador nasceu numa época e no lugar errado: “Se Djalma Campos tivesse jogado num grande centro, com certeza teria sido o dono da camisa 7 da seleção brasileira”.

Em 1968 Djalma já era já era o destaque do time do Graça Aranha, chamando a atenção do desportista Guido Bettega que comprou seu passe e o deu de presente ao Moto Clube. Por jogar no adversário do Sampaio Corrêa, a família inteira de Djalma virou-lhe as costas. Naquele mesmo ano o Moto foi campeão estadual e campeão do Norte. O time formava com Vila Nova – Paulo - Alzimar - Alvindaguia e Corrêa - Ronaldo - Santana - Djalma e Amauri - Pelezinho e Ribamar. Em 1969 o Moto perdeu o título para o Maranhão Atlético Clube.

 Sampaio Corrêa campeão Juvenil de 1964. Em pé: Milton, Pompeu, Roxo, Eraldo, Jovenilo e Cazoca. Agachados: Fifi, João Bala, Parode, Djalma Campos e Cadinho

 Djalma Campos no Sampaio Corrêa, em 1971

 Campeão do Brasileirinho em 1972

 Sampaio Corrêa do Torneio Maranhão-Pará (1972)

  Campeão do Brasileirinho em 1972 (imagem da final contra a Campinense/PB)

  Sampaio Corrêa do Torneio Maranhão-Pará (1973)

 Djalma Campos no Sampaio Corrêa que disputou o Campeonato Nacional de 1974

 Djalma Campos (segundo agachado) no Sampaio Corrêa que disputou o Campeonato Nacional de 1974

Sampaio campeão maranhense em 1975. Djalma é o segundo agachado

O Sampaio, que não fazia boa campanha no “Nordestão”, resolveu lançar o “Sampaio Setentão”, um projeto para montar um grande time. O primeiro contratado foi Djalma que ganhara passe livre no Moto Clube. Finalmente, aos 23 anos de idade o jogador vestiu a camisa do time da sua família. E não deixou por menos, encantou a todos, dirigentes, torcedores e imprensa. Era a época dos dirigentes José Carlos Macieira, Humberto Trovão, Ari e Zé Barbosa. O presidente era Rupert Macieira, que substituiu Walter Zaidan. O técnico era o paraibano Edésio Leitão.

Uma curiosidade, é que Djalma, mesmo tendo jogado profissionalmente pelo Moto Clube, não se adaptava ao uso de chuteiras. Para resolver o problema, passou a andar em casa de chuteiras. No gramado, após os treinos ficava sozinho cobrando faltas e aperfeiçoando seus chutes. Mas o Maranhão conquistou o bicampeonato.

Em 1970, já consagrado como um verdadeiro craque foi convidado a concorrer a Câmara Municipal de João Pessoa. E foi eleito com mais de 2.500 votos. Passou então, a dividir suas atenções entre a política e o futebol. O Sampaio tinha um timaço, onde se destacavam Edimilson Leite, Gojoba e Pelezinho, mas ainda assim o campeão foi o Ferroviário.

Em 1972 o Sampaio Corrêa foi campeão do “Brasileirinho” (2ª Divisão), derrotando o Campinense da Paraíba, no jogo final. Naquela época, o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão não era oficial e não dava acesso à primeira divisão, já que os times disputavam o Brasileirão por convites da antiga CBD, hoje CBF.Djalma teve oportunidade de se consolidar como o grande ídolo da torcida. Sob o comando do técnico Marçal Tolentino Serra, o time campeão formou com Jurandir - Célio Rodrigues - Neguinho - Nivaldo e Valdecir Lima - Gojoba e Edmilson Leite – Lima – Djalma Campo - Pelezinho e Jaldemir. Destes, Valdecir também já é falecido.

Aproveitando o sucesso, Djalma se candidatou a reeleição na Câmara Municipal. E ai aconteceu um verdadeiro clássico nas urnas. O jogador Faísca, do Moto também concorreu. Todos queriam saber quem venceria esse duelo político. Deu Djalma, que conquistou mais de 4.500 votos, contra 3.100 de Faísca, que também se elegeu. Depois da conquista do “Brasileirinho” a meta do Sampaio Corrêa era o título estadual. No jogo decisivo contra o Moto aconteceu o inesperado: o goleiro Jurandir pediu dispensa e o reserva Campos estava doente. O atacante Zezé teve que ser improvisado no gol. O resto do time tinha Ferreira – Neguinho - Nivaldo e Eraldo (Valdecy - Gojoba e Edmilson Leite – Lima – Djalma - Pelezinho e Jaldeny (Vamberto). O empate em 1x1 deu o título de campeão maranhense de 1972 ao Sampaio Corrêa.

Em 1973 Djalma deu um passo maior na política, concorrendo a deputado estadual. E se elegeu com facilidade, foi o terceiro mais votado, com quase 14 mil votos. No futebol, o Sampaio montou um grande time para disputar o Campeonato Nacional: Orlando (Portuguesa) - Marinho (Paraná) - Moraes (bi-campeão pelo Cruzeiro) - Raimundo e Santos (Portuguesa) - Lourival (Sudeste) - Sérgio Lopes (Curitiba) - Buião (Atlético MG) - Dionísio (Flamengo) - Ailton (São Paulo) e Djalma. Técnico: Alfredo Gonzalez. Preparador Físico: Gualter Aguirre. Os resultados positivos apareceram de imediato. Jogando em São Luis o Sampaio Corrêa derrotou todos os times cariocas que enfrentou: Vasco da Gama, 2x0, Botafogo , também 2x0, Fluminense 3x1 e América, 1x0. Nesse jogo, já em fim de carreira, Djalma foi autor de uma jogada inesquecível: aplicou uma “barata” (enfiou a bola entre as pernas) do jogador Ivo, que recentemente havia sido convocado para a seleção brasileira. Ivo, até que tentou evitar o vexame, mas não conseguiu. O inesperado sempre fez parte dos desconcertantes dribles de Djalma. O Sampaio, não alcançou classificação porque fora de casa perdeu todos os jogos.

Djalma parou de jogar em 1974. No ano seguinte, quando já era presidente do Sampaio, foi obrigado a voltar aos gramados, porque às vésperas da decisão estadual o meia Joel adoeceu e não havia substituto para ele. Atendendo pedido do técnico Rinaldi Maya, Djalma passou a presidência do clube ao vice-presidente Chafi Braide e voltou a jogar, ajudando o time a vencer o campeonato estadual. Na decisão contra o Moto o Sampaio venceu por x0, gol de Acy, quebrando um tabu de dois anos e 11 meses sem vitória sobre o time rubro-negro. Em 1976 Djalma deixou definitivamente os gramados e reassumiu a condição de presidente. O Sampaio sagrou-sei bi-campeão maranhense. No Campeonato Brasileiro, o Sampaio contratou para técnico o famoso Djalma Santos. Quando de um jogo no Rio, o treinador deu entrevistas a imprensa falando mal do trabalho desenvolvido pelo clube. Foi demitido na hora. E nem assim os bons resultados apareceram. Pelo contrário, o vexame de duas goleadas seguidas: 5x0 para o Volta Redonda e 7x1 para o Flamengo. Sobrou para o presidente Djalma Campos que assumiu a culpa pelo fracasso e renunciou ao cargo.

 No Sampaio Corrêa, em 1971

Ídolo na Bolívia Querida. Na foto, Djalma em campo em jogo no ano de 1976

Em 1978 concorreu a reeleição de deputado estadual, mas não venceu. Por volta de 1965, quando Antônio Bento Farias, já falecido vendeu quase todo o time profissional do Sampaio, Djalma foi convidado a ficar no banco de reservas. No segundo tempo entrou em campo e apesar da idade, mostrou toda a técnica que o consagrou como o melhor jogador do futebol maranhense em todos os tempos. 
 
Levantou o público, dando um verdadeiro show com a incrível habilidade que Deus lhe deu, herança dos seus tempos de futsal. Naquela época a televisão não dava a cobertura esperada aos jogos de futebol. Por isso seu talento ficou reservado apenas aos que o viram jogar. Djalma foi um atleta completo. Além de se dedicar inteiramente à prática desportiva, não fumava e não ingeria nenhuma bebida alcoólica.

Em 1988 concorreu às eleições para prefeito de sua terra natal, Viana e venceu. Ao longo de sua vida pública foi ainda diretor executivo e vice-presidente do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão (Ipem). Em 2005, como assessor da presidência da Assembléia Legislativa, por gratidão ao deputado Manoel Ribeiro, resolveu assumir ao lado de Humberto Trovão, o departamento de futebol do Sampaio Corrêa. Por desentendimentos dentro do clube, Djalma se afastou do Sampaio e junto com Isaias Pereirinha e Humberto Trovão ajudou a fundar o Iape, o clube caçula do futebol maranhense, hoje na primeira divisão.

Djalma faleceu no dia 7 de agosto de 2009. Eram 5 horas da manhã quando ele se sentiu mal e foi levado pela esposa para o hospital UDI. Lá ele teve um infarto e faleceu. Na noite anterior, o ex-jogador esteve no estádio municipal Nhozinho Santos, junto com o presidente do Iape, Isaías Pereirinha assistindo o jogo em que seu clube derrotou o Sampaio Corrêa por 2x1. Djalma, que era diretor de futebol teria dito ao final do jogo: “velho, missão cumprida". Como se soubesse o que iria ocorrer, ao sair do estádio passou pela casa onde seus pais haviam morado, na Rua das Palmas no bairro do Desterro, para visitar alguns parentes. O sepultamento aconteceu no cemitério Parque da Saudade, no Vinhais, onde seus pais estão enterrados. Djalma deixou três filhos adultos do primeiro casamento: Djalma Neto, Soraya e Solange. Do segundo casamento com a vereadora vianense Maria José, teve Fábio. (Pesquisa: Nilo Dias)

 Djalma no Papão em 1968: em pé - Neguinho, Vila Nova, Carlos Alberto, Alzimar, Geraldo e Corrêa; agachados - Baezinho, Djalma, Pelé, Amauri, Santana e Zezico

 No Moto Club, em 1968

 Djalma Campos no Moto em 1969

 Djalma, Gojoba e o árbitro Lercílio estrela

Dois craques e grandes amigos fora de campo: Fifi (Sampaio Corrêa) e Djalma Campos (Moto Club)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Futebol Maranhense em 1977 - Matéria da revista Placar

Deixo aqui uma matéria avulsa da revista placar de 1977, sobre um panorama do futebol maranhense. Vale o registro pelo texto e fotos da época.


Jacinto, atleta por excelência

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Jacinto teve o privilégio de crescer jogando bola ao lado de craques como Pelezinho, Carlos Alberto, Gojoba, Jocemar, Toca, Euzébio, Coelho e tantos outros que deram os primeiros chutes em peladas e em equipes do Bairro do Anil. Aos 19 anos de idade, foi levado para o Maranhão Atlético Clube. Chegou no Parque Valério Monteiro como centroavante. Nos 10 anos seguintes jogou em dez posições, exceto no gol. Com humildade, garra, determinação, um grande espírito de grupo e, principalmente, amor pela camisa que vestia, conquistou a torcida, diretoria e companheiros do Quadricolor maranhense. No atletismo foi destaque nas corridas de fundo, coisa que muita gente não sabe, o que o também levou a ser um atleta por excelência.

Jacinto Eleodério França Neto é uma figura ímpar, de uma simplicidade e humildade, de sorriso fácil e contagioso. Ele nasceu em São Luis no dia 20 de Maio de 1946, no Bairro do Monte Castelo, onde viveu ao lado dos pais – José Cândido Cardoso e Maria da Luz França Cardoso – e dos irmão João de Deus e Ana de Lourdes, até os seis anos de idade. Apesar da precoce morte do pai dele, o destino levou a família para um destino grandioso: o Bairro do Anil. “Um lugar fantástico”, segundo ele. “Pra vocês terem idéia de quanto eu gosto do bairro, se um dia eu ganhar muito dinheiro numa loteria compraria mais quatro ou cinco casinhas por lá e construiria no local uma belíssima casa. Sair do Anil, só morto”.

A trajetória vitoriosa de Jacinto no futebol começou cedo, quando ele tinha 13 anos de idade, em um campinho de areia próximo à fábrica do Anil. Ele recebeu as primeiras instruções de Dico Mero Preto, ex-atleta do Moto Club e Ceará Sporting. Euzébio, Toca, Jocemar e Coelho eram alguns dos companheiros de Jacinto na época. “Nós jogávamos até a hora que encerrava o expediente na fábrica, porque logo depois era a hora de dar a vez a grandes craques do quilate de Pelezinho, Gojoba e Carlos Alberto”. O primeiro time que Jacinto integrou, jogando ainda descalço, foi a Associação Atlética Anilense. Grandalhão, 1m82, ele deixava sua marca de artilheiro por onde passava, fazendo fama como um dos bons centroavantes do Anil. Em menos de um ano trocou a modesta associação pelo famoso e respeitado 1º de Maio, que tinha como destaque Bodinho (marcou época no futebol profissional local).

Em 1964 o Maranhão Atlético Clube foi jogar no Anil para pagar o passe do atacante Coelho, comprado junto ao Nascente. Jacinto foi convidado para reforçar o Nascente nesse importante e histórico jogo. Histórico, principalmente para ele, porque se destacou na partida e o MAC acabou abrindo as portas do clube para que fizesse uma série de testes. “Era tudo o que eu queria. Sonhava em ser profissional da bola e a oportunidade estava chegando. Agarrei-a com unhas e dentes”. Jacinto treinou e agradou. Restava agora o 1º de Maio liberar o passe para o MAC. Eli Serra Pinto, o popular boi de Botas, era o Presidente do 1º de Maio. Ele acertou com a diretoria atleticana, permitindo a transferência de Jacinto após o início de 1965, somente após o campeonato anilense. Assim aconteceu. Quando Jacinto chegou no MAC, o time era formado por Lunga, Neguinho, Negão, Vareta e Carlito; Zuza e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e Alencar. E ainda tinha o amigo Coelho banco. Brincadeira, só craque!

Fazer amizades com este grupo era coisa fácil, por causa do seu jeito alegre de ser. Jacinto se destacava nos treinamentos pela valentia, determinação e muita aplicação tática. Ele não era um jogador técnico e, sim, um rompedor, do tipo raçudo, que protegia bem a bola e, por ser alto, passou a se especializar em jogadas aéreas. Outra característica marcante era o espírito de grupo. Os técnicos Rinaldi Maia e Marçal Tolentino Serra, quando passaram pelo MAC, deslocaram Jacinto para as mais diversas posições em campo. Só não jogou no gol porque assim era demais. “O MAC era uma família formada pelos atletas, comissão técnica e dirigentes como o Dr. Raul Guterres, Olímpio Guimarães, Carlos Guterres, Nonato Oliveira, Carlos Mendes e Nicolau Duailibe. Meu objetivo maior sempre foi servir ao clube da melhor forma possível”, demonstrando que acima de tudo era humilde.

Jacinto jogou durante 10 anos no clube. Foi seis vezes campeão da Taça Cidade de São Luis e Bicampeão Estadual em 1969/70. “Quando digo que minha geração era formada só pro craques, não é brincadeira não. Ferroviário, Moto e Sampaio tinham nos seus elencos só feras. No MAC, era covardia. Pra mim o melhor time atleticano de todos os tempos foi o que conquistou o bi em 70. Era Da Silva no gol, Baezinho, Luis Carlos, Sansão e Elias; Almir, Yomar e Toca, Euzébio, Hamilton e Dario. Eu era um reserva de luxo (relembra sorrindo”. E tinha mais gente boa comigo no banco: Riba, Ivanildo, João Batista e Walken. Ah, que saudade”.

 Formação do Maranhão Atlético Clube em 1967

Jacinto, ao centro, entre Gojoba e Pelezinho, em 1970

O jogo inesquecível de Jacinto aconteceu justamente na final do campeonato desse ano. O MAC venceu o Sampaio por 2x0. Ele entrou no segundo tempo, no lugar de Dario, e fez os dois gols da vitória, inesquecíveis por sinal. “O segundo continua na minha lembrança até hoje. Euzébio puxou um contra-ataque pela direita e gritou para eu ir para o primeiro pau. Estava chovendo e o gramado do Nhozinho era só lama. Quando Euzébio cruzou, eu me abaixei e dei um peixinho. Cai de peito na lama. Fiquei esperando o grito da torcida. Se ela não gritasse, eu sairia limpando a cara, quando desculpa de que não havia marcado o gol porque não estava enxergando. Mas que nada, a festa foi grande e quando tirei o rosto da lama, a certeza que a cabeçada tinha sido certeira. Levantei-me depressa e corri para o abraço, cheio de graça...”

Em toda a sua carreira, Jacinto nunca foi expulso. Por isso vai reivindicar o prêmio Belfort Duarte de disciplina à FMD e à CBF. Mesmo falando como foi duro parar de jogar, Jacinto ainda fala dos outros, de seus ídolos. O maior de todos foi o maranhense Pelezinho, centroavante que passou por Moto, Sampaio, Sport Recife e Seleções Maranhense e Pernambucana. “Ele era fora de série, baixinho, mais de uma habilidade incomum. Protegia a bola como ninguém. Um grande atleta e uma excelente pessoa”. Pelezinho retribui os elogios, assim como muitos que o viram jogar, grande Jacinto!

Moto Club na Taça de Ouro de 1982 - Revista Placar

Deixo aqui a página do Papão do Norte no Guia da Revista Placar sobre a Taça de Ouro de 1982



Maranhão Bicampeão Maranhense de 1969/70

Deixo aqui um belíssimo registro do time bicampeão maranhense em 1969/70.Segundo informações do senhorAugusto Bento Serra, uma semana depois, como Presidente da Liga Monçonense de Desportos, ele levou esse mesmo time a Monção/MA, onde a seleção da casa perdeu pelo placar de 8x1. Foi uma homenagem aos bi-campeões maranhenses, com todos seus titulares. Também foi uma homenagem a Dario, que iniciou jogando naquela cidade. Nasceu em Boa Vista, na época pertencia ao município de Monção.

Em pé: Baezinho, Campos, Luis Carlos, Almir, Sansão e Jorge da Silva; Agachados: Jomar, Walker, Antônio Carlos, Hamilton e Dario

MAC sai da fila e ganha o título de 1993 - Matéria revista Placar

Duas matérias interessantes da revista Placar: uma sobre o título do Maranhão Atlético Clube (1993), após 14 anos na fila, e outra sobre o Bicampeonato, em 1994.



Sampaio Corrêa Tricampeão 1990/91/92 - Revista Placar

Matéria da revista Placar sobre o Tri Maranhense do Sampaio Corrêa em 1992




Sampaio Corrêa Tricampeão 1984/85/86 - Revista Placar

Mais uma bela reportagem da Revista Placar, desta vez falando sobre o Tricampeonato do Sampaio Corrêa em 1986



Matéria Moto Club - Revista Placar de 1982

Deixo aqui a matéria sobre o Papão do Norte Campeão Maranhense em 1982 na Revista Placar, de Dezembro daquele ano.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Futebol de botão - Moto e Sampaio

Hoje descobri algo interessante sobre outra coisa interessante que fez parte da minha infância: futebol de botão. Mais especificamente, as equipes de Sampaio Corrêa e Moto Club das décadas de 70 e 80, respectivamente. O acervo faz parte do belíssimo blog "Botões Para Sempre" (http://botoesparasempre.blogspot.com.br).

Sampaio Corrêa de 1977, com Xavier, Bimbinha, Ademir, Carlos Alberto e outros

Moto Club de 1974. Porém com o craque Raimundinho, do time de 1982

Outro time de botão que encontrei foi este, mas não recordo a fonte de onde foi retirada. É o Sampaio Corrêa de 1998





Este último pertence ao acervo pessoal do torcedor Adolfo Testi, que gentilmente nos cedeu esta foto. É o time de futebol de botão do Papão do Norte de 1980/1990. Na foto, os craques Marcos, Marreta, Edinho, Oswaldo, Hélio, Caio, Jânio, Ademir Patrício e Zé Roberto, o "Bionicão". Ê saudade!