Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Não é de hoje que a maioria dos garotos quer ser atacante na hora do “racha”. Um maranhense nascido em Viana foi diferente até nisso. Milson de Jesus Cordeiro, que veio para São Luis comum ano e meio (quadro de uma família de cinco irmãos), só queria jogar na defesa. Tinha um prazer especial em marcar os craques da pelada. Azar dos atacantes; melhor para os clubes e times que tiveram esse craque do lado, tanto no futebol de campo como no salão.
Não é de hoje que a maioria dos garotos quer ser atacante na hora do “racha”. Um maranhense nascido em Viana foi diferente até nisso. Milson de Jesus Cordeiro, que veio para São Luis comum ano e meio (quadro de uma família de cinco irmãos), só queria jogar na defesa. Tinha um prazer especial em marcar os craques da pelada. Azar dos atacantes; melhor para os clubes e times que tiveram esse craque do lado, tanto no futebol de campo como no salão.
Milson, que
nasceu em Março de 1941, optou pela defesa desde cedo. E fez dessa escolha um
dom de Deus. Aos 12 anos de idade, quando iniciava nas peladas de futebol
disputadas em um campo no Bairro do Monte Castelo (bem em frente onde funciona
hoje o Centro Médico), só queria jogar se fosse atrás. “Era bom aceitar os
desafios e dificultar as ações dos atacantes, principalmente porque eu era franzino
e eles achavam que iam passar por mim com facilidade. Eu não abria de jeito
nenhum” conta ele com ar de satisfação. Essas peladas o Monte Castelo se
estenderam até 1955. Dos amigos da época, Milson lembra bem de dois: Cardoso,
conhecido como Zé Fedeu (jogou no Moto Club), e Aurino.
Seu primeiro
time de futebol de campo amador foi o Flamengo do Monte Castelo, que
participava do Campeonato da Segunda Divisão promovido pela FMD. O Flamengo
tinha Tião como líder e dono. Dois anos depois (1957), com 16 anos de idade,
Milson vestiu a camisa do Sampaio Corrêa já como jogador não-amador (o
equivalente a um semiprofissional). Chegou ao Tricolor através de Carlos Verri,
que era cunhado do então Prefeito de São Luis, Epitácio Cafeteira. Verri arrebentou
na época na turma de estudantes que além de gostar, conhecia futebol como
ninguém: Milson, Nonato Cassas, Alméro, Biné, César Bragança, Canhotinho,
Luisinho e outros que atuavam no Santos, comandado por Jafé Mendes Nunes. E
Milson acrescentava: “Esse era um time que dava gosto jogar. Verri foi buscar
três jogadores na Maioba para que nós pegássemos experiência: Zé Fernando (goleiro),
Pedro Bala (ponta-esquerda), Regino (ponta-direita). Jogamos juntos durante
quatro anos e, modéstia à parte, formamos um timaço, que tinha amor à camisa”.
A família de
Milson era motense, a começar pelo pai, Álvaro Cardoso, sócio de carteirinha do
rubro-negro. Depois que o filho começou a jogar no Sampaio, seu Álvaro deu a
maior força e ele até mudou de time. No Sampaio, Milson jogou em todas as
quatro posições da defesa (lateral-direito, lateral-esquerdo, zagueiro-central
e quarto-zagueiro). Segundo ele, gostava mais de jogar na direita. Foi
bicampeão estadual (1961/62) e foi bicampeão do Torneio Maranhão-Piauí. Um time
que traz boas recordações era formado por Zé Fernando; Milson, Vadinho, Maneco,
Damasceno e Decadela; Nilson, Fernando e Serra Pano de Barco; Canhotinho e
Pinagé. No Sampaio, ainda jogou ao lado de Walfredo Carioca, Jarbas, Barrão,
Djalma e João Bala, no fim de sua carreira, quando estava se transferindo para
Bacabal, onde ingressou o BASA (Banco da Amazônia).
Mesmo do lado
oposto, Milson se lembra bem de muitos adversários: “Tive vários desafetos ao
longo da minha carreira no futebol de campo. Marquei vários craques fora de
série. Dois deles ficaram guardados em minha lembrança: Nabor, que jogava na
meia e na ponta-direita, e Louro, um ponta-esquerda do Moto. Eram habilidosos e
tinham um grande preparo físico. Nabor além de tudo era malandro. Sabia bater
mesmo sendo atacante. Vivemos momentos incríveis. Eles sabiam que eu não dava
moleza também. Se era para bater, eu batia. Se era para sair jogando, eu saia.
Dançava conforme a música”.
Sampaio Corrêa campeão Estadual em 1965: em pé – Terrível, Milson Cordeiro, Chamorro, Válber, Serra “Pano de Barco” e Biné; agachados – Macaco, Regino, Barrão, Lourival “Bazar de Barulho” e Pedro Bala
Sampaio Corrêa bicampeão em 1965: em pé - Milson, Zé Raimundo, Ribeiro, Hélio, Vadinho e Walfredo do Anil; Agachados: Neném, Massaúd, Casquinha, Chico e Peu
Um outro momento
inesquecível para Milson foi quando o Sampaio jogou amistosamente contra o
Fluminense do Rio de Janeiro, em 1964, no Nhozinho Santos. Segundo ele, o Flu
era uma verdadeira máquina de jogar bola. Tinha sete jogadores da Seleção
Brasileira: o lendário goleiro Castilho, Pinheiro, Edmilson, Maurinho,
Escurinho, Valdo e Telê Santana. “Foi a primeira e última vez que joguei na lateral
esquerda no Sampaio. Marcamos 1x0 numa jogada que começou com Nonato Cassas e
que Garrinchinha completou para o gol (Garrinchinha havia sido emprestado pelo
MAC ao Sampaio só para esse amistoso). Depois do gol, só deu eles. Corri feito
louco atrás do ponta Mauricinho. Perdemos o jogo por 4x1”. Nesse ano, 1964,
Milton voltou a ser campeão Estadual pelo Sampaio. Em 1965 o Sampaio foi
novamente bi, só que nesse ano Milson jogou pelo Maranhão Atlético Clube ao
lado de feras como Negão, Zuza, Alencar, Croinha, Wilson, Laxinha, dentre
outros. Ele relembra que foi para o MAC chateado com a diretoria do Sampaio,
que havia forjado seu contrato de amador para profissional, para que ele não
jogasse futebol de salão, sua outra paixão. No início de 1966 Milson passou no
concurso do Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais. Depois foi para o
Banorte. Durante quatro anos se dedicou mais ao futebol de salão nos
campeonatos Estaduais e bancários e jogava campo no Sampaio quando podia.
Em 1970, já no
Banco da Amazônia, foi morar em Bacabal, cidade do interior do Estado. Lá, por
causa da fama, foi convidado a ser técnico e atleta do Botafogo, que pertencia
a Zé Carreira. Chegou a ser campeão bacabalense por várias vezes, até que
decidiu largar definitivamente a bola por vários motivos. Três deles foram: os
problemas nos joelhos, a falta total de tempo para treinamentos e por causa do
Banco. Isso aconteceu já em 1980.
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