Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Vico saiu do Apicum, passou por várias equipes amadoras de São Luis e acabou se firmando como atleta profissional no Sampaio Corrêa e Vitória do Mar. Uma contusão interrompeu uma carreira que poderia ter transformado a vida desse taxista que há 20 anos trabalha no posto do abrigo da Praça João Lisboa, no Centro da capital maranhense. Defendendo seu time de coração, o Sampaio Corrêa, jogava como um vencedor. O torcedor e os companheiros de equipe confiavam plenamente nele. Sabiam que ele impunha respeito e que era um zagueiro valente e leal.
Vico saiu do Apicum, passou por várias equipes amadoras de São Luis e acabou se firmando como atleta profissional no Sampaio Corrêa e Vitória do Mar. Uma contusão interrompeu uma carreira que poderia ter transformado a vida desse taxista que há 20 anos trabalha no posto do abrigo da Praça João Lisboa, no Centro da capital maranhense. Defendendo seu time de coração, o Sampaio Corrêa, jogava como um vencedor. O torcedor e os companheiros de equipe confiavam plenamente nele. Sabiam que ele impunha respeito e que era um zagueiro valente e leal.
O futebol é o
esporte mais natural dos esportes coletivos. Com pouco tempo de vida, a
criança, ao manter contato com a bola, demonstra se gosta e se conhece o assunto.
A família também pode influenciar a criança a gostar de futebol. Esse foi o
caso de Vico, que tinha na família o pai, o tio Arão o irmão Nelson, que
acabaram levando-o a ver jogos e incentivando-o a gostar de futebol. Arão e
Nelson foram goleiros de futebol de campo e salão.
Os primeiros
contatos de Vico com a bola aconteceram em frente à casa onde nasceu e morava,
na Rua do Outeiro, Centro de São Luis. Na verdade, ele não levava jeito para
jogar. A força de vontade fez com que se tornasse zagueiro, posição mais fácil
de encarar frente à falta de habilidade. Com o tempo foi se aperfeiçoando, o
que acabou dando resultado. Se lhe faltava técnica apurada, sobravam
determinação, vigor físico e desejo de um dia defender o time de coração de
toda a família, o Sampaio Corrêa.
Com 13/14 anos
de idade, Vico se juntava a Decadela, “seu” Nezinho, Paulão, Biné e outro
amigos para bater pelada no campo do Colégio Marista. Gama do garoto magrinho – apelidado de magro
velho – começou a se espalhar pelo bairro. Nêgo Luz e Tácito acabaram
convidando-o a jogar pelo Volante, do Apicum. Com apresentações marcantes e
seguras Nêgo Luz e Tácito, que não eram bestas, acabaram levando Vico para o
Bola Sete, que também eram donos. “Eu cheguei no Bola Sete com 15 anos de idade.
Já media 1m74 de altura e 72 quilos de peso. Jogava todos os dias. Tava “na
ponta dos cascos”. Continuava sonhando ser um dia jogador profissional e vestir
a camisa do Sampaio. Essa era minha meta naquela época”, conta ele. Dois anos
depois de Bola Sete e passagens rápidas em outras equipes amadoras da Ilha
deram a Vico experiência suficiente para tentar realizar o sonho. Aconselhado
por Nêgo Luz e Tácito, melhorou a sua forma nas bolas altas, treinou
especialmente para aprender a antecipar-se aos atacantes e aprimorou o
condicionamento físico. Ele estava pronto para tentar a sorte no Sampaio
Corrêa. Nêgo Luz, massagista profissional do Sampaio Corrêa, facilitou a ida de
Vico para o teste. Luz conta como a coisa aconteceu. “No primeiro treino, o
garoto parecia gente grande. Jogou com o coração, raça e conhecimento da
posição. Não se impressionou com os craques bolivianos da época. Ao contrário,
ele é que os impressionou”.
Com 17 anos de
idade, Vico (tinha como nome de batismo Jovino Hilário Mendes) realizava o
sonho de jogar no time de coração dele e de toda a família. “É indescritível a
sensação que você sente quando realiza um sonho. O Sampaio tinha conquistado o
título profissional de 1961 e estava prestes a buscar o bi. Eu já estava
vestindo a camisa do meu clube na categoria aspirante. Saia às ruas com o peito
estufado, de cabeça erguida. Era maravilhoso”, relembra. Ao lado de Djalma
Campos, Carlos Alberto, Cadinho, Chulipa, Fifi, Nivaldo, Pompeu, Preto, Rôxo e
outros craques, Vico foi tricampeão estadual na categoria aspirante. Ele conta
que nessa época os torcedores iam cedo ao Municipal só para ver os aspirantes
em ação. “Nós jogávamos com o estádio cheio o tempo inteiro. Era muito bom.
Lembro-me bem que na rua das Hortas morava dona Malvina, sampaína fervorosa,
que dava brilho especial ao nosso time aspirante. Após os treinos, nós
passávamos a casa dela para tomar Nescau. Quando ganhávamos os jogos, ela nos
dava ‘bichos’, ‘gratificações’.
A efetivação
como profissional do Sampaio Corrêa se deu em 1963. O técnico era Jair Raposo e
o time formava com Zé Raimundo, Walfredo, Carioca, Sabará, Borracha, Carlos
Alberto, Nivaldo e por ai fora. Vico participou da campanha do bicampeonato de
1964/65. Ainda em 1965 Antônio Bento Catanhede Farias, diretor do Sampaio,
vendeu o time inteiro para o Ferroviário de Fortaleza. O time foi disputar
torneios amistosos no Ceará e Piauí com um grupo de aspirantes que deu um show
de bola nos dois Estados, conquistando os títulos das competições. Vico estava
presente.
Nos anos
1966/67/68 só deu Moto Club no Estadual. Em 1969, o Sampaio Corrêa fechou as
portas para ‘balanço’ e não participou do Estadual de profissionais, jogando
apenas no aspirante. Nesse ano, Vico foi emprestado para o Vitória do Mar, onde
fez uma boa campanha, juntamente com Manga (goleiro), Edmar, Valois, Tomaz,
Zuza, Diomar, Rôxo e etc...
Sampaio Corrêa em 1966: em pé – Catolé, Osvaldo, Nivaldo, Quincas, Vico e Pompeu; agachados – Antônio Chulipa, Cadinho, Jesuíno, Carlos Alberto e Racha
Vitória do Mar em 1969. Na formação, temo em pé Badé, Edmar, Valois, Vico, Ronaldo e Manga; agachados: Fifi, Zuza, China, Roxo e Diomar
O que poderia
parecer uma bênção, tornou-se verdadeiro pesadelo. Como sempre trinava com
seriedade, acabou torcendo o joelho esquerdo. Imediatamente foi assistido pelo Dr.
José Carlos Macieira. Fez tratamento e muita fisioterapia. Mas quando tentava
treinar, o joelho inchava e ele acabava sendo vetado. A coisa foi tão séria que
Vico viu sua carreira ameaçada. Em 1970, ainda com problemas no joelho, se
apresentou à diretoria sampaína. O dilema continuava, porque, após muitos
esforços, o joelho inchava. Assim foi em durante um ano. Em 1971 resolveu
submeter-se a uma cirurgia com o Dr. Cassas de Lima. Foi um sucesso. Só que o
tempo de recuperação era muito longo e a incerteza se poderia ou não continuar
com a bola acabou fazendo com que ele partisse para arrumar um emprego,
deixando aos 26 anos de idade a carreira de atleta profissional. “Não foi fácil
tomar a decisão de parar. Eu gostaria de ter jogado mais tempo. Infelizmente
não deu”.
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