A paixão pelo
esporte começou aos 12 anos de idade com as peladas batidas com bola de meia.
Expandiu-se com as corridas disputadas nas principais ruas de São Luis, logo
após o final da Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945. E virou amor com a
prática de basquetebol, futebol de salão e voleibol. No futebol, tornou-se um
massagista. Como rubro-negro apaixonado, queria realizar um sonho antigo:
aposentar-se como funcionário do Moto Club de São Luis. Pelos serviços
prestados ao esporte maranhense ao longo de sua vida, Galdêncio Gomes de
Almeida recebeu a comenda da Honra e Mérito Timbira. Homenagem essa mais do que
justa, prestada pelo então Governador Luis Rocha.
Desterro, bairro
tradicional de São Luis, 1941. Galdêncio, então com 12 anos de idade,
juntava-se aos amigos para bater peladas em frente ao Quartel da Polícia
Militar do Estado com bolas feitas de meias de sapato. Não tinha lá muita
intimidade, mas era alto e bastante forte. Por causa do porte físico, impunha
respeito a qualquer menino da sua idade. E ninguém esperava mais do que isso,
já que ele chutava só para livrara a defesa. E quem não quisesse ser atropelado
pro ele, tinha que sair da frente. Tinha outra diversão: as corridas disputadas
nas principais ruas de São Luis. “Eu ia para ver meio tio Lupercínio Almeida –
campeão de boxe e corrida de ruas – e Pantera, um policial militar que era
bamba na corrida de rua. Gostei tanto qe no final de 1945, quando já estava com
16 anos de idade, comecei a participar dessas corridas, ao lado dos dois e de
outros grandes corredores”, relembra.
O que chamava a
atenção para o moleque esguio era sua elegância na maneira de correr, além da
determinação para conseguir seus objetivos e a satisfação por estar ali, no
meio de outros bons corredores. Em uma corrida, o Coronel e professor de
Educação Física, Eurípedes Bezerra, viu Galdêncio em ação e o convidou a
‘sentar praça’, ou seja, incorporar-se ao quadro da Polícia Militar do Estado
do Maranhão. No Quartel, além dos treinamentos específicos para corridas de
rua, Galdêncio se enturmou com a curiosa, composta por civis e militares, que
jogava basquetebol, futebol de campo, futebol de salão e voleibol. E nos horário
de folga do quartel e dos treinamentos pré-determinados, ele ainda arrumava
tempo e disposição para bater peladas de futebol no campinho do Matadouro, que
fiava no Bairro da Liberdade. “Sempre fui maluco por esporte. Hoje, aos 71 anos
de idade, estou sentindo na pele o quando foi bom ter optado por praticar
várias modalidades esportivas. Sinto-me um velho jovem, cheio de disposição,
graças a Deus”.
Moto Club em 1977: em pé – Cassas de Lima (médico), Haroldo, Maarão, Irineu, Paulo Ricardo, Bitonho, Meinha, Ney e Alexandre Francis (diretor); agachados – Gaudêncio, Prado, Adãozinho, Carbono, Edmilson Leite e Acir. O mascote é Edilson Mariceuzinho
Maranhão Atlético Clube campeão maranhense em 1963. Em pé: Zuza, Lunga, Neguinho, Clécio, Vareta, Negão e Galdêncio (massagista); Agachados: Wilson, Valdeci, Croinha, Barrão e Alencar
Massagista Gaudêncio
No período de
1946 a 1961, Galdêncio foi atleta do Tiradentes, clube mantido pela Polícia
Militar do Estado do Maranhão, nas modalidades futebol de campo
(quarto-zagueiro), futebol de salão (fixo), basquetebol (pivô) e voleibol
(cortador, hoje atacante). Jogou ao lado de monstros sagrados do esporte
maranhense: Gilberto, Gedeão Matos, Coronel Vieira, Coronel Floriano, Coronel
Bebeto, Dapitá, Patrício, Coronel Júlio, Sargento Bandeira, Waldemar e outros.
“Jogávamos muito contra o irmãos Mauro e Miguel Fecury, Janjão e Cláudio
Alemão, Cléo Furtado, Rinaldi Maia, Ronald Carvalho, Rubem Goulart, Januário
Goulart, Roberto Babão, Nêga Fulô, Sá Valle e outros”.
Motense de
coração, assim que deu baixa na polícia (1961), foi jogar basquete no Moto
Club. “Lembro-me bem de Antônio Bento Catanhede Farias, Luciano, Noventa e Um,
Caveira, Sá Valle e Zé Campo. Cheguei e enturmar-me com o departamento de
futebol e joguei alguns amistosos no time principal do Papão do Norte, meu time
querido”. A vida de um dos mais famosos massagistas do Maranhão começou antes
da saída da PM. O técnico carioca Jair Raposo, que havia sido contratado para
dirigir o Moto Club, estava procurando uma pessoa que gostava de esportes e que
pudesse trabalhar como massagista. "Fui lá, falei com ele, fiz um curso
com o próprio Jair, dei baixa no quartel e iniciei uma nova profissão”.
Moto campeão 1982: Zé Branco (técnico), Sério (prep. físico), Bibi, Genilson, Zé Roberto, Alfredo, Gil Lima, Samuel, Paulo Roberto, Lutércio e Tião; Leo, Newton, Cardosinho, Marcelo, Zé Carlos, Ferreira, Marco Antônio, Arlindo e Cabreira; Raimundinho, Bassi, Moacir, Binha, Irineu, Sarará, Zequinha e Galdêncio (massagista)
Papão do Norte em 1974, em foto na sede do Tirirical: em pé – Neguinho, Menezes, Irineu, Breno, Milton, Netinho e Gaudêncio; sentados – Lima, não identificado, Paraíba, Itamar, Coelho e Mariceu; agachados – Zé Luis, Luis Augusto, Marinho, Gojoba, Ferraz e não identificado
Papão do Norte Campeão Maranhense em 1968
Em 1963 já
estava trabalhando no Maranhão Atlético Clube, onde foi campeão estadual ao
lado de Lunga, Negão, Zuza, Clécio, Vareta, Ivanildo, Adalpe, Wilson Croinha,
Barrão, Alípio, Alencar, Waldecy, Neguinho e outros. “Foi uma ótima
experiência. Aprendi muito com todo o grupo que era muito bom e com o técnico
Ênio Silva”.
Paralelo ao
futebol, foi participando de cursos de especialização em massagens e acabou
contratado com profissional da área para trabalhar no Instituto Maranhense de
Ginástica (hoje Academia Vida e Saúde). “Apliquei muitas massagens em muitas
personalidades, como o Dr. Gabriel Pereira da Cunha, César Aboud, Dr. Carlos
Borges, Damasceno, dentro outros”. O convite de César Aboud para retornar ao
Moto Club, em 1965, foi a glória. “O coração disparou com esse convite. É claro
que ele falou mais alto. Lembrei-me do ditado que diz que o bom filho à casa
retorna. Eu voltei feliz da vida”.
Moto Club de São Luis em 1973
Gaudêncio em 1996 no Moto Club
Gaudêncio, primeiro em pé, no Papão do Norte em 1993
Formação do Papão do Norte com Gaudêncio (década de 70)
Esta reportagem me fez retornar à minha infância em na cidade de Carolina, onde o grande Galdencio trabalhava como cabo da PM-MA e jogava na seleção de futebol da cidade. Lembro-me de um jogo Carolina 1X0 Balsas, gol de Galdencio.
ResponderExcluir