quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Galdêncio Gomes de Almeida, o "Velho Gau"

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.


A paixão pelo esporte começou aos 12 anos de idade com as peladas batidas com bola de meia. Expandiu-se com as corridas disputadas nas principais ruas de São Luis, logo após o final da Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945. E virou amor com a prática de basquetebol, futebol de salão e voleibol. No futebol, tornou-se um massagista. Como rubro-negro apaixonado, queria realizar um sonho antigo: aposentar-se como funcionário do Moto Club de São Luis. Pelos serviços prestados ao esporte maranhense ao longo de sua vida, Galdêncio Gomes de Almeida recebeu a comenda da Honra e Mérito Timbira. Homenagem essa mais do que justa, prestada pelo então Governador Luis Rocha.

Desterro, bairro tradicional de São Luis, 1941. Galdêncio, então com 12 anos de idade, juntava-se aos amigos para bater peladas em frente ao Quartel da Polícia Militar do Estado com bolas feitas de meias de sapato. Não tinha lá muita intimidade, mas era alto e bastante forte. Por causa do porte físico, impunha respeito a qualquer menino da sua idade. E ninguém esperava mais do que isso, já que ele chutava só para livrara a defesa. E quem não quisesse ser atropelado pro ele, tinha que sair da frente. Tinha outra diversão: as corridas disputadas nas principais ruas de São Luis. “Eu ia para ver meio tio Lupercínio Almeida – campeão de boxe e corrida de ruas – e Pantera, um policial militar que era bamba na corrida de rua. Gostei tanto qe no final de 1945, quando já estava com 16 anos de idade, comecei a participar dessas corridas, ao lado dos dois e de outros grandes corredores”, relembra.

O que chamava a atenção para o moleque esguio era sua elegância na maneira de correr, além da determinação para conseguir seus objetivos e a satisfação por estar ali, no meio de outros bons corredores. Em uma corrida, o Coronel e professor de Educação Física, Eurípedes Bezerra, viu Galdêncio em ação e o convidou a ‘sentar praça’, ou seja, incorporar-se ao quadro da Polícia Militar do Estado do Maranhão. No Quartel, além dos treinamentos específicos para corridas de rua, Galdêncio se enturmou com a curiosa, composta por civis e militares, que jogava basquetebol, futebol de campo, futebol de salão e voleibol. E nos horário de folga do quartel e dos treinamentos pré-determinados, ele ainda arrumava tempo e disposição para bater peladas de futebol no campinho do Matadouro, que fiava no Bairro da Liberdade. “Sempre fui maluco por esporte. Hoje, aos 71 anos de idade, estou sentindo na pele o quando foi bom ter optado por praticar várias modalidades esportivas. Sinto-me um velho jovem, cheio de disposição, graças a Deus”.

 Moto Club em 1977: em pé – Cassas de Lima (médico), Haroldo, Maarão, Irineu, Paulo Ricardo, Bitonho, Meinha, Ney e Alexandre Francis (diretor); agachados – Gaudêncio, Prado, Adãozinho, Carbono, Edmilson Leite e Acir. O mascote é Edilson Mariceuzinho

 Maranhão Atlético Clube campeão maranhense em 1963. Em pé: Zuza, Lunga, Neguinho, Clécio, Vareta, Negão e Galdêncio (massagista); Agachados: Wilson, Valdeci, Croinha, Barrão e Alencar

 Massagista Gaudêncio

No período de 1946 a 1961, Galdêncio foi atleta do Tiradentes, clube mantido pela Polícia Militar do Estado do Maranhão, nas modalidades futebol de campo (quarto-zagueiro), futebol de salão (fixo), basquetebol (pivô) e voleibol (cortador, hoje atacante). Jogou ao lado de monstros sagrados do esporte maranhense: Gilberto, Gedeão Matos, Coronel Vieira, Coronel Floriano, Coronel Bebeto, Dapitá, Patrício, Coronel Júlio, Sargento Bandeira, Waldemar e outros. “Jogávamos muito contra o irmãos Mauro e Miguel Fecury, Janjão e Cláudio Alemão, Cléo Furtado, Rinaldi Maia, Ronald Carvalho, Rubem Goulart, Januário Goulart, Roberto Babão, Nêga Fulô, Sá Valle e outros”.

Motense de coração, assim que deu baixa na polícia (1961), foi jogar basquete no Moto Club. “Lembro-me bem de Antônio Bento Catanhede Farias, Luciano, Noventa e Um, Caveira, Sá Valle e Zé Campo. Cheguei e enturmar-me com o departamento de futebol e joguei alguns amistosos no time principal do Papão do Norte, meu time querido”. A vida de um dos mais famosos massagistas do Maranhão começou antes da saída da PM. O técnico carioca Jair Raposo, que havia sido contratado para dirigir o Moto Club, estava procurando uma pessoa que gostava de esportes e que pudesse trabalhar como massagista. "Fui lá, falei com ele, fiz um curso com o próprio Jair, dei baixa no quartel e iniciei uma nova profissão”.

 Moto campeão 1982: Zé Branco (técnico), Sério (prep. físico), Bibi, Genilson, Zé Roberto, Alfredo, Gil Lima, Samuel, Paulo Roberto, Lutércio e Tião; Leo, Newton, Cardosinho, Marcelo, Zé Carlos, Ferreira, Marco Antônio, Arlindo e Cabreira; Raimundinho, Bassi, Moacir, Binha, Irineu, Sarará, Zequinha e Galdêncio (massagista)

 Papão do Norte em 1974, em foto na sede do Tirirical: em pé – Neguinho, Menezes, Irineu, Breno, Milton, Netinho e Gaudêncio; sentados – Lima, não identificado, Paraíba, Itamar, Coelho e Mariceu; agachados – Zé Luis, Luis Augusto, Marinho, Gojoba, Ferraz e não identificado

Papão do Norte Campeão Maranhense em 1968

Em 1963 já estava trabalhando no Maranhão Atlético Clube, onde foi campeão estadual ao lado de Lunga, Negão, Zuza, Clécio, Vareta, Ivanildo, Adalpe, Wilson Croinha, Barrão, Alípio, Alencar, Waldecy, Neguinho e outros. “Foi uma ótima experiência. Aprendi muito com todo o grupo que era muito bom e com o técnico Ênio Silva”.

Paralelo ao futebol, foi participando de cursos de especialização em massagens e acabou contratado com profissional da área para trabalhar no Instituto Maranhense de Ginástica (hoje Academia Vida e Saúde). “Apliquei muitas massagens em muitas personalidades, como o Dr. Gabriel Pereira da Cunha, César Aboud, Dr. Carlos Borges, Damasceno, dentro outros”. O convite de César Aboud para retornar ao Moto Club, em 1965, foi a glória. “O coração disparou com esse convite. É claro que ele falou mais alto. Lembrei-me do ditado que diz que o bom filho à casa retorna. Eu voltei feliz da vida”.

 Moto Club de São Luis em 1973

 Gaudêncio em 1996 no Moto Club

 Gaudêncio, primeiro em pé, no Papão do Norte em 1993

Formação do Papão do Norte com Gaudêncio (década de 70)

Um comentário:

  1. Esta reportagem me fez retornar à minha infância em na cidade de Carolina, onde o grande Galdencio trabalhava como cabo da PM-MA e jogava na seleção de futebol da cidade. Lembro-me de um jogo Carolina 1X0 Balsas, gol de Galdencio.

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