quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Alcino: atleta e militar vitorioso

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Com 14 anos de idade, Alcino foi obrigado a trocar sua cidade natal, Codó, por São Luis. Queria estudar. Aqui chegando, com pai, mãe e mais dois irmãos, foi morar na Rua São José, no tradicional Bairro do João Paulo. Se enturmou com os atletas que defendiam o São José, time que mais tarde o projetaria para o futebol profissional. Teve uma rápida passagem pelo Sampaio Corrêa. Mas foi no Moto e Ferroviário que mostrou o quanto era bom de bola. Inteligentemente, trocou a incerta e injusta profissão de atleta de futebol pela consistente carreira militar. Tornou-se vitorioso em ambas.

Alcino, quando garoto, destacava-se nas peladas de Codó, juntamente com amigos como Antônio Jorge, Zamba Adelino e Tuca, dentre outros. Jogava no meio de campo porque tinha intimidade com a bola. Aliava força física, velocidade e habilidade para chegar com facilidade ao gol adversário. Requisitos que o levaram ao Juventus Atlético Clube, time infantil que se apresentava nas preliminares do clássico Nacional x Fabril, as duas principais equipes do futebol codoense. Ele relembra fatos da época: “Era um prazer indescritível jogar com a casa cheia. A gente nem se importava que a preliminar começava às 14h00 e ia até umas 15h30, debaixo de um sol escaldante. O que interessava era que estávamos ali, se apresentando ara uma multidão. E como vibravam com nossas jogadas”.

Terminados os estudos no Colégio João Ribeiro e no Ginásio Codoense, Alcino Batista da Silva, que nasceu no dia 20 de Agosto de 1947, primogênito do casal Altino Ribeiro da Silva e Alzira Batista da Silva, se vi diante de um grande dilema: mudar-se com os pais e mais quatro irmão para São Luis. “Foi difícil deixar para trás a cidade natal e os amigos. Na capital, teríamos melhores condições para vencer as dificuldades da vida. Aceitei o destino”.

Em 1966, a família de Alcino veio para São Luis e foi morar na Rua São José, no Bairro do João Paulo; Ele e os irmãos foram matriculados no Colégio Batista Daniel de La Touche. Jogar futebol nessa época, só escondido do pai, até porque o menino tinha vindo para a capital para estudar e não para “perder tempo” jogando bola. Entre um escapa e outra, Alcino tomou conhecimento que na rua tinha um time com o nome São José, que disputava a Segunda Divisão do Campeonato Amador da Ilha, “Fui ver uma partida do São José e acabei me encantando com o futebol apresentado por Zico, Mazinho, Haroldo, Renato e toda turma da rua e do bairro. Não demorou muito e lá estava eu, escondido do meu pai, jogando no aspirante do time fundado pro Mazinho”. Depois de conquistar o título da Segunda Divisão, o São José disputou por vários anos o Campeonato Estadual de Profissionais juntamente com Moto, Sampaio, Ferroviário e Maranhão Atlético Clube.

Alcino foi aprimorando a técnica de jogar pela ponta-direita (se espelhava em Garrincha, ponta do Botafogo e da Seleção Brasileira). Rapidamente foi promovido e acabou defendendo o São José no Campeonato Estadual de Profissionais na temporada de 1969. No segundo semestre de 1969, Alcino fez alguns testes no Sampaio Corrêa sem sucesso. Ainda chegou a jogar duas a três partidas amistosas e nada mais. No final do mesmo ano, o técnico Alberino de Paula (Bero) o levou para o Moto. “Quando cheguei, dei de cara com feras do quilate de Djalma, João Bala, Carlos Alberto, Santana, Alzimar, Cadinho e outros craques, referência na época. Aspirantes que arrastavam o torcedor mais cedo para o estádio em preliminares memoráveis”. Garrinchinha e Antônio Chulipa passaram a ser espelhos para o jovem Alcino. Em 1970 ele viu o MAC conquistar o bicampeonato. Em ano depois, estava de volta ao São José. Em 1972 vestiu a camisa do Ferroviário e teve que bater palmas para o Sampaio Corrêa, que dominou o campeonato de cabo a rabo, conquistando o Torneio Início, a Taça Cidade de São Luis e o histórico Brasileirinho.

 Alcino, o terceiro agachado, no Vitória do Mar, em jogo amistoso

Em 1973, quando estava com 21 anos, depois de aprovado em concurso público, Alcino largou a bola e foi estudar no Curso de Formação de Oficiais, na Academia General Edgard Facó, pertencente à Polícia Militar do Ceará. Chegou a jogar futebol de salão e campo no Tiradentes, time da PM cearense. E todas as vezes que tinha de férias a São Luis, era convidado para jogar no Ferroviário. “Nas férias de 1973, Moacir Bueno (técnico do Ferroviário) me convidou para jogar três partidas na reta final do campeonato. Aceitei. Ganhamos o MAC e o Vitória do Mar por 1x0 com o gol marcado por mim. Empatamos com o São José em 0x0 e acabamos conquistando o campeonato, Foi o primeiro e único título que alcancei na minha pequena carreira como atleta profissional de futebol”. Em Dezembro de 1975, quando concluiu o curso, Alcino retornou a São Luis como aspirante a oficial da Polícia Militar do Maranhão. Futebol profissional era coisa do passado.

 Uma das formações do Moto Club em 1970. Em pé: Paulo, Assis, Almeida, Alzimar, Oberdan e Cutrim; Agachados: Alcino, Antônio, Toca, Cadinho e Pelezinho

Moto Club em 1971

Em Setembro de 1976 ele foi promovido a Segundo Tenente, ganhando transferência para Barra do Corda, no interior do Estado. Teve o privilégio de conhecer por lá Leandro Carlos da Silva, tabelião do primeiro ofício, o filho dele, José Raimundo, e João Pedro. Todos grandes incentivadores do esporte interiorano. Eles convidaram-no para disputar o Troneio Intermunicipal. Alcino acabou exercendo a dupla função de atleta e técnico da seleção da cidade, vice-campeão. Perdeu a final para Codó por 1x0. Apaixonado por esporte, acabou graduando-se em Educação Física pela Escola Superior do Exército, do Rio de Janeiro. Em 1982, aceitou o convite do técnico carioca Pedro Duarte e trabalhou como preparador físico da Sociedade Esportiva Tupan. Depois dessa experiência, largou o futebol profissional e passou a se dedicar à carreira militar. Bola só nas peladas.

Um comentário:

  1. Na segunda foto dois piauienses bons de bola.SIMA e BATISTINHA,que tiveram brilhante passagem pelo futebol piauiense.
    Além deles tem MARCOS DO BOI que jogou no river em 1974.

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