Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.
Ele nasceu no Bairro da Ponta D’areia, a praia mais popular de São Luis. Por lá deu pri primeiros toques em uma bola de futebol. Acostumou-se a jogar descalço e teve um pouco de dificuldade para adaptar-se ao campo quando foi obrigado a calçar chuteiras no Internacional do Bairro do São Francisco, onde acabou destacando-se na Copa Arizona, o que lhe valeu um convite para profissionalizar-se no Maranhão Atlético Clube. Teve uma passagem rápida e decepcionante pelo Clube do Remo e arriscou uma carreira internacional no Equador. Era amado e odiado pela torcida.
Ele nasceu no Bairro da Ponta D’areia, a praia mais popular de São Luis. Por lá deu pri primeiros toques em uma bola de futebol. Acostumou-se a jogar descalço e teve um pouco de dificuldade para adaptar-se ao campo quando foi obrigado a calçar chuteiras no Internacional do Bairro do São Francisco, onde acabou destacando-se na Copa Arizona, o que lhe valeu um convite para profissionalizar-se no Maranhão Atlético Clube. Teve uma passagem rápida e decepcionante pelo Clube do Remo e arriscou uma carreira internacional no Equador. Era amado e odiado pela torcida.
O nome
verdadeiro de Alcindo é Ovídio Antônio Lemos Pinheiro. Terceiro Filho de Ovídio
Campos Pinheiro e Conceição de Maria Lemos Pinheiro. Ele tem mais sete irmão;
cinco homens e duas mulheres. Nasceu no Bairro da Ponta D’areia, em São Luis,
no dia 09 de Dezembro de 1955. A principal diversão dele era jogar (descalço)
peladas de futebol na praia da Ponta D’areia, ao lado dos amigos Lister Castelo
Branco, Celso Belo, João Belo, Frazão, Zeca e o irmão João, que era goleiro.
Ovídio jogava de centroavante ou de ponta-esquerda. Sempre foi grandão (1m85).
Tinha um chute muito forte com a perna direita e um porte físico invejável. Era
rompedor. Gostava de dominar a bola e partir pra cima da defesa adversária.
Sabia fazer gols e não tinha medo dos marcadores. “Quanto mais ameaçavam, mais
eu ia pra cima deles. Meu defeito era não saber cabecear. Quando eu pulava pra
pegar a bola de cabeça, o fazia com os olhos fechados e me dava mal”.
Quando erava
prestes a completar 17 anos de idade, Ovídio foi obrigado a acompanhar a
família que optou em trocar o Bairro da Ponta D’areia pelo São Francisco; Lá, o
irmão dele, João, foi jogar no gol do América, time que era hoje do João
Evangelista (que foi Deputado Estadual). “Acabei acertando com o Internacional
que era do Djalma, irmão do João Evangelista". Em 1973 e 1974, ajudou o
Internacional a conquistar o bicampeonato do bairro e ainda levou os troféus de
artilheiro das suas temporadas.
O ano de 1975
foi muito especial para Ovídio. O Internacional disputou a Copa Arizona, uma
competição amadora que foi disputada em todo o Brasil, com classificatórias em
todos os Estados. A final da etapa Maranhão foi disputada no Estádio Nhozinho
Santos entre Internacional/São Francisco x Nascente/Anil. “Acabamos em segundo
lugar, o Nascente nos ganhou por 1x0. O nosso time era bom. Tive o privilégio
de jogar com Eduardo, Chicão, Chico Branco, Biro-Biro, George e outros amigos
que não lembro o nome nesse momento. Olha, tenho que tirar o chapéu pra esse
pessoal do Nascente, que mereceu o título!”. Nesse mesmo ano, 1975, o Clube do
Remo veio jogar em São Luis e o centroavante deles era o Alcindo. Alguns amigos
do Ovídio que foram ao jogo viram Alcindo em atividade. Quando olharam Ovídio
jogando no Internacional, começaram a chamá-lo de Alcindo. “Eu mesmo não sei
quem me botou esse apelido. O que sei é que pegou de tal maneira que até hoje
sou chamado assim e até já me acostumei. Chego a estranhar quando me chamam
pelo meu nome verdadeiro”.
Em 1976, o já
conhecido Alcindo foram indicado pelo jornalista Haroldo Silva ao seu Leandro,
proprietário do Cartório da cidade de Barra do Corda (MA), para reforçar o
Grêmio e a Seleção da cidade que iria disputar o Campeonato Intermunicipal.
“Foi aqui que comecei a ganhar um troco legal para jogar. O técnico do Grêmio e
da Seleção de Barra do Corda era o Santos, que hoje é o chefe da Torcida Sangue
Tricolor, do Sampaio Corrêa. O centroavante dele era o meu amigo Alcino.
Estreei contra o River (PI) em um amistoso. Fiz dois gols na vitória por 3x2
para o Grêmio. Cada gol que eu marcava, ‘seu’ Leandro me dava um mil cruzeiros.
Há, velho, me fiz por lá. Ganhei presentes e moral”, relembra, sorrindo.
Com Alcindo,
defenderam o Grêmio e a Seleção de Barra do Corda alguns boleiros que eram de
São Luis. O goleiro era o Souza (que depois jogou no MAC) e tinha mais
Marianinho (Vitória do Mar) e o Pintinho (São José). Barra do Corda não chegou
às quartas de final do Intermunicipal e no início de 1976 Alcindo foi para o
Maranhão Atlético Clube.
Alcino com a camisa do Bode Gregório em 1982
Maranhão Atlético Clube em 1982. Em pé: João Batista, Tataco, Timbó, Marinho, Cabeção e Wilson; Agachados: Mário Palito, Clécio, Tica, Hélio, Riba e Alcindo
O grande nome do
MAC nessa época era o artilheiro Riba – aliás, o maior artilheiro da história
até os dias de hoje. “Quando fui me apresentar no MAC em uma quarta-feira, Riba
estava machucado e não iria participar de um amistoso contra o Sampaio Corrêa
no domingo, no Municipal. Treinei firme o restante da semana e fui a campo sob
o comando do professor Marçal Tolentino Serra. O estádio estava cheio e eu não
reconhecia ninguém fora de campo. Dentro, reconheci o Rosclin, que era do
Sampaio. Fui falar com ele e ele me disse bem secamente que ali eu era inimigo
dele e que ele não iria falar comigo naquela hora, só depois do jogo. Fiquei
sem graça”. O amistoso terminou 0x0 e Alcindo deixou o gramado no intervalo.
Segundo Marçal, ”era para não queimar o garoto”.
Pé de Cimento –
Este segundo apelido foi dado por Antônio Bento Catanhede Farias. Diretor de
futebol do MAC. “Em 1979 nós estávamos bem no campeonato e eu estava em forma.
Jogando contra o Imperatriz no Municipal, chutei forte uma bola de fora da
área. Ele bateu no rosto do goleiro que acabou desmaiando tala a velocidade e a
força da bola. O lance terminou em gol. Chegou a ser engraçado, mas o goleiro
passou mal. No intervalo, Antônio Bento me disse que meu pé era um verdadeiro
pé de cimento e dai pra frente ganhei mais um apelido”. O jogo contra o Imperatriz
acabou em 2x0 para o MAC. Nesse ano, 1979, só deu MAC no estadual. O time foi
campeão de ponta a ponta. Um das formações era esta: Marcelino; Célio
Rodrigues, Paulo Fraga, Jorge Santos e Antônio Carlos; Juarez, Cécrol e Riba;
Naldo, Alcindo e Dejaro.
Em 1980, este
mesmo grupo disputou a final do Estadual contra o Sampaio e perdeu por 1x0. Em
1981, Alcindo alcançou uma excelente fase. Despertou i interesse de grandes
times do Brasil, como Cruzeiro (MG), Nacional (AM) e Bangu (RJ). Porém, na hora
dos acertos com o MAC, nada dava certo e ele ia continuando por aqui. Em 1983 o
MAC estava precisando de dinheiro e os Presidentes Raimundo Silva (Conselho
Deliberativo) e Orcalino Santos (Conselho Diretor) acabaram emprestando Alcindo
para o Clube do Remo e o atacante Bacabal para o Matsubara (PR). “Fiquei seis
meses no Pará. Fui pego de surpresa em um exame médico que apontou arritmia no meu
coração. Recebi apoio total da diretoria e dos companheiros de clube. Porém,
fiquei arrasado, decepcionado. Como é que em São Luis ninguém viu nada disso?
Eu não sabia o que fazer, foi horrível!”. Em Setembro de 1983, Alcindo retornou
ao MAC. O clube atleticano o mandou para São Paulo para fazer novos exames para
saber o que se o que ele tinha o impossibilitaria de continuar jogando futebol.
“O susto passou. Fiz os exames e fui autorizado a continuar jogando”. Só que
assim que retornou ao AMC, sentiu um clima pesado e acabou aceitando o passe em
uma negociação trabalhista e foi para o Tiradentes (PI), juntamente com o Tião
(ex-Moto Club). “Lá, fui vice-artilheiro do campeonato. Devo essa ao Zé Carlos
‘Barca Furada’, que foi quem me indicou ao Tiradentes. Renasci em Teresina”.
Em 1985, Alcindo acertou o convite do técnico Benê Ramos e se transferiu para o Grêmio São Carlense, da cidade de São Carlos, interior de São Paulo. “O engraçado nesse momento foi que o que recebi de luvas foi mais do que eu havia recebido em sete anos no MAC”. O goleiro Celso Cajuru, o meia Viana (ex-São Paulo), Donizete (ex-Palmeiras) e Américo (ex-Amércia-RJ) foram alguns dos companheiros de Alcindo na São Carlense. A temporada de Alcindo em São Paulo durou nove meses. Depois disso, pensou em parar quando retornou a São Luis e o MAC lhe fez uma “proposta indecente” para ficar no clube. A convite de Braid Ribeiro, foi para o Equador e jogou no Deportivo Catopax de Latacunga, cidade que fica a três horas da capital Quito. “Estreamos contra o Esmeralda Petroleiro. Ganhamos por 1x0, gol meu. No outro dia recebi as luvas e acabei ficando por lá. Comigo ficaram também Rodrigo e Fernando Misterioso (ex-Sampaio Corrêa). Depois da barca no Equador, Braid Ribeiro ainda tentou levar Alcindo para a Costa Rica. Nosso artilheiro, com 30 anos de idade, resolveu não aceitar o convite e parar profissionalmente com a bola.
Nossa, que felicidade em encontra com riqueza de detalhes a cronologia esportiva desse grande artilheiro e amigo. Tenho, praticamente todos os dias, a alegria de compartilhar essas histórias, e outras tantas mais contadas por esse intrépido Maquiano. Todo o meu respeito, carinho e admiração a este Artilheiro e Amigo.
ResponderExcluirComo sou atleticano gostei dessa matéria meus parabéns pra vcs
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