Hoje deixo aqui
um texto interessante que encontrei no Jornal O Esporte, datado de 14 de
Novembro de 1948, na sessão “Recordar é Viver”: uma pequena biografia sobre o
desportista e dirigente Valério Monteiro, que dá nome à casa do Maranhão
Atlético Clube, no Bairro da Cohama (detalhe: mantenho a mesma grafia da época
no texto, 1948). Deixo também algumas fotos.
Fachada da Sede do MAC, o "Parque Valério Monteiro"
Fachada da Sede do MAC, o "Parque Valério Monteiro"
Reunião com maqueanos e eu, o único boliviano, rsrs
Gustavo Tanus, torcedor e atual presidente da Torcida Partido do Bode
Herbeth Fontenelle com a camisa do Macão
O Elemento que
hoje dirige os destinos do Maranhão Atlético Clube, nos primórdios do nosso
futebol, foi um bom jogador. Não chegou a alcançar o estrelato porque praticava
o esporte apenas por esporte, sem procurar fazer dele meio de subsistência.
Contudo, dizem os mais velhos, que ele tinha uma perfeita noção do posto que
ocupava, possuía bons predicados técnicos, sabia fazer um “goal” muito bem, e
jogava com bastante entusiasmo, sem fazer como fazer do futebol, apenas um meio
de comércio.
Valério
Monteiro, o “crack” do passado que hoje figura na vitoriosa secção dos velhos,
é natural de Alcântara, tendo nascido na legendária terra de “Mãe Calú”, no dia
1º de Abril de 1901, sob o tecno construído por Francisco Mariano Monteiro e
sua esposa, d. Marcolina Ribeiro Monteiro.
Aos 6 anos de
idade Valério Monteiro veio para esta capital, indo de localizar juntamente com
sua família, numa vivenda à Rua Jacinto Maia, defronte do antigo Gazômetro, de
onde começou a dar as suas fugidas para as “peladas” da Praia do Cajú. Ali
existia, naquela época, uma verdadeira escola de futebol, dento conseguido
“diploma” naquela zona, bons atletas, como Cabelo, Clarindo, Lucas (Julio
Galas), Beleza e outros. E Valério Monteiro foi um dos elementos preparados na
“Universidade Futebolística da Praia do Cajú”. Pouco a pouco o avante Valério
foi alcançando prestígio. Fazia misérias ao lado de Cabelo, Clarindo, Julio
Galas e outros, chegando mesmo a ser considerado como um dos melhores atacantes
do seu tempo. E graças à sua boa qualidade, foi convidado pelo sr. Jacques
Vieira, para defender as cores do Spark F. Clube, grêmio da Primeira Usina
Elétrica que o Maranhão possuía. Todavia, sua permanência no Spark não foi longa
uma vez que o português David Martins Sousa (há pouco falecido), sabendo que
Valério era um bom atacante e sendo seu patrão, na casa comercial “Regulador
Moderno”, situada à Rua Osvaldo Cruz, não teve dúvida alguma em tirá-lo do
Spark e coloca-lo no segundo quadro do Luso Brasileiro. Isto verificou-se
justamente no ano em que o conjunto “Lusitano” dispensou vários profissionais e
promoveu para o onze principal muitos valores como Tanga, Guilhõn, Clodomir e
outros. Valério ingressou no segundo quadro do Luso e chegou a fazer um jogo no
conjunto principal, quando sentiu então a maior emoção de sua carreira
esportiva. O campo do Sírio estava repleto e um “homem” misterioso que apareceu
em S. Luiz foi enterrado no centro do campo, “vivinho da silva”. Em seguida
houve o jogo entre o Luso e o Paisandu, do qual Valério tomou parte. Findo o
mesmo, foram retirar o homem do buraco, encontrando o mesmo nas condições em
que fôra enterrado. Valério sentiu nesse dia dupla emoção: o fato de estar
jogando em cima da “sepultura” do “homem” e ter ganho uma prata de 2 mil réis,
dada pelo dr. Tarquínio Lopes, após o jogo, para que o mesmo fosse ao cinema...
Houve uma grande
pausa. O futebol maranhense ficou longo tempo em abandono. Depois veio a
segunda fase e vimos o Valério às voltas com o Sírio, como diretor, jogador do
segundo quadro de futebol e “astro” dos quadros de vôlei e basquete. Teve então
o veterano atleta mais alguns anos de prática do esporte findou os quais
abandonou de uma vezes as canchas Valério ainda aparece em vez no campo do
Moto, porém com a jaqueta do quadro de veteranos do M.A.C. para fazer jogos de
caráter beneficente. Ele então prova ante o nosso público que tem a “pinta” e
que na linha média atua de ponta a ponta sem encontrar similar, apesar de ter
sido centro avante, quando era “bamba” na arte de manejar o balão de couro...
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