Antes de mais
nada, Misael faz questão de dizer que é maranhense de São Luis e que sente
orgulho de ter jogado futebol em uma época em que os craques afloravam nos
campeonatos e torneios da segunda e primeira divisões. Ele vestiu as camisas do
Ferroviário, Moto, Sampaio Corrêa e Vitória do Mar – onde foi campeão invicto
em 1952. Conquista merecida por um jogador que exercia uma liderança natural
dentro de campo. Aliás, ele foi um guerreiro leal, que impunha respeito aos
atacantes adversários e aos próprios companheiros.
Raçudo,
corajoso, forte, determinado. Assim era desde menino, Misael Santos Moraes. Ele
não fugia de uma boa briga. Limitado tecnicamente, se sobressaia por ser
aplicadíssimo taticamente. Nascido em 16 de Dezembro de 1931, morou no João
Paulo, Monte Castelo e Madre Deus. No João Paulo, deu os primeiros chutes no
campo do São Paulo, que ficava nos fundos da casa onde morava. “Eu jogava tanto
que esquecia a hora de ir para o colégio. Quando entrava em casa,, minha mãe me
passava um sermão e me dava um surra brava. No outro dia lá estava eu de novo”,
mostrando desde pequeno que sabia o que queria ser quando crescesse.
O primeiro time
mais conhecido que atuou foi o famoso Flamengo do Monte Castelo. Com 10 anos de
idade, já vestia a camisa do segundo quadro do rubro-negro. Começou na ponta-direita.
Os amigos sentiram que, pela garra que tinha, se jogasse na defesa se daria
muito melhor. “Eu não gostava de perder. Quando ia pra zaga, os caras sentiam
dificuldade em passar pra mim Quanto maior era o atacante, mais eu sentia
vontade de mercá-lo”. Um de suas características era que gostava de jogar
falando, orientando seus companheiros. Quando chegava junto era para desarmar o
atacante ou fazer falta, porque tinha que parar a jogada. Não era desleal, mas
jogava duro, com muita seriedade. Dava tranquilidade aos goleiros e aos
companheiros de defesa.
Quando erava com
16 anos de idade (1947), Misael se transferiu do Flamengo do Monte Castelo para
o Canto do Rio, do Apeadouro, que disputava a segunda divisão do campeonato
estadual. Uma época marcante. “Joguei ao lado de Peru, Dico Preto – irmão do
famoso zagueiro Neguinho – e João Batista. A segunda divisão dessa época era
disputada por equipes dos principais bairros de São Luis. Tinha muita gente
boa”.
Três anos foram
suficientes para ele se formar como zagueiro central e ser indicado para o
Vitória do Mar Futebol Clube, time que era mantido pelo Sindicato dos
Estivadores de São Luis. Foi levado pelo amigo Abdias, que jogava no São Paulo
do Bairro do João Paulo. Em 1950 o Vitorinha pegou só experiência no campeonato
da segunda divisão. Em 51 foi vice campeão, ficando atrás do General Sampaio,
time que era formado por soldados do 24º Batalhão de Caçadores. “O interessante
nessa passagem é que o campeão da segundona subiria para a primeira divisão. O
General Sampaio, por ser um time do exército, não quis subir. Ai surgiu a nossa
oportunidade”. O Vitória do Mar subiu e fez bonito. Conquistou pela primeira e
última vez o título do Campeonato Maranhense de Futebol da Primeira Divisão de
forma espetacular e invicto. A estiva fez a festa merecidamente. A final contra
o Maranhão Atlético Clube teve o placar de 2x1. Os dois gols foram marcados por
Gafanhoto. Os campeões: Batatais (Dico Preto), Misael e João Cinco; Lourival
(Chapola) e Gordo Lelé); Zé Rocha, Abmael, Benedito, Gafanhoto, Ferreira (Ivan)
e Lobato. Técnico: Valdemar de Almeida, um funcionário dos Correios que depois
foi dirigir o Sampaio Corrêa. “O que mais nos orgulhos nessa conquista foi o
fato de todos os componentes do time, incluindo comissão técnica, serem
maranhenses. Mostramos que sabíamos jogar, tanto ou mais que os jogadores que
foram contratados de outros Estados para defender os chamados grandes clubes do
nosso futebol. Até hoje os estivadores falam desse time com muito orgulho”.
Depois do titulo conquistado no Vitória do Mar, Misael passou a ser mais
respeitado. Ganhou confiança nas antecipações e aprimorou os cabeceios em
campo. O reconhecimento maior veio com a convocação para a Seleção
Maranhense.
Misael nunca
levou desaforos para casa. Nesse ano, um fato marcante aconteceu jogando contra
o Moto. O atacante Nabor, que era ídolo motense, andou dando umas cotoveladas
nele, que não amedrontaram. Ai mesmo foi que resolveu chegar junto de Nabor,
não o deixando pegar mais na bola, ganhando na bola e na porrada do craque
motense.
Em 1953, Misael
foi participar do Torneio Centenário da Cidade de Teresina jogando pelo Sampaio
Corrêa. Conquistou mais esse título. “O Sampaio tinha um bom time. Era o
Baltazar no gol; Justino Veras, Cosmo, eu e Quadrado; Henrique Santos e Coroba;
Nerimar, Batistão, Lourival e Kikiki. O Presidente sampaíno era o Capitão PM
Godinho”. Depois de defender o Sampaio Corrêa por empréstimo no Torneio de
Teresina, Misael foi vendido para o América/CE. “Não dei sorte lá. Na estreia
contra o Gentilande, ganhamos por 7x1, mas eu me contundi sério no joelho
esquerdo. Acabei rescindindo o contrato e voltei para São Luis”. Aqui chegando,
Misael foi convidado para trabalhar na Estiva e jogar pelo Vitória do Mar, time
que o consagrou. Em 1961, atuando com Bastos no gol, Neguinho, Vareta, Misael e
Corrêa; Zequinha e João Cristóvão; Joãozinho, Pelezinho, Pedro Bala e Bodinho
(Batalha), o Vitória do Mar conquistou o título estadual por direito, só que de
fato, numa armação da Federação Maranhense de Desportos, segundo Misael, o
título ficou com o Sampaio Corrêa. “Foi um fato lamentável. Ganhamos em campo e
perdemos no tapetão. Vão ficar me devendo essa pelo resto da vida”. Desiludido
com o fato ocorrido, os diretores do Sindicato dos Estivadores resolveram
acabar com a equipe de futebol profissional.
Seleção Maranhense em 1953: em pé - Misael, Terrível, Walber
Penha, Negão, Biné e Esmagado; agachados - Pitú, Nabor, Laxinha, Zezico e
Joãozinho
Os atletas foram
para os principais clubes de São Luis. Misael, com era funcionário do
Sindicato, ficou jogando amistosos pelo Ferroviário, MAC, Moto e Sampaio.
“Bastava um desses times receber a visita de grandes equipes da região e do
sudeste do país que eu era convocado para jogar. Tive o prazer de enfrentar o
São Paulo, Vasco da Gama, Botafogo, Santos, Fluminense e outros grandes da
região”.
Em 1963 Misael
ainda vestiu a camisa do Moto por uma temporada que acabou não dando em nada.
Era o fim para ele. Ou melhor, seria o fim. Em 1968, atendendo aos apelos do
cunhado Wilson de Moraes Wan Lume – árbitro profissional renomado em nosso
estado – Misael voltou aos campos como atleta e técnico do São José Futebol
Clube, time do Bairro João Paulo. Um ano depois (1970), quando já ia completar
40 anos de idade, nosso xerife resolveu parar com a bola profissionalmente.
Nessa época era empregado da Estiva e da LBA (Legião Brasileira de Assistência).
oi sou filho do josé carlos durans o zequinha ponta direita que jogou muito tempo no vitoria do mar queria saber se voçes tem fotos ou outro tipo de arquivos relacioana a ele pois gostaria de ter uma foto do meu pai ? hoje ele mora na madre Deus na avenida rui barbosa
ResponderExcluirOi, Carlos, sou eu, Hugo, proprietário do Blog. Gostaria de um contato seu, pois tneho interesse em conversar com o seu pai, o ponta Zequinha, para algo relacionado ao blog. Abraços!!!
ResponderExcluiroi meu amigo desculpa por só agora olhar o blog , hoje me emocionei com umas fotos que olhei do meu pai, meu contato é esse
ResponderExcluir(98) 88798105 ou 3232 13 64 meu e-mail é carlos_theBoni@hotmail.com , ficarei muito feliz em recebe-lo em nossa residencia, já que você é esse blog muito show cara vc estar de parabéns , moramos na Madre Deus na avenida Rui Barbosa casa 175 ao lado do bar ponto de fuga 1 , meu pai é uma figura aqui na madre Deus muito querido fica fácil encontrar ele, todo mundo chama ele de PIPA ou Zequinha o ponta esquerda do VITÓRIA DO MAR .
Depois de muito anos de desilusão com o futebol chateado com futebol maranhense por tudo que aconteceu, até mesmo com vários problemas de saúde, ele passou mais de 20 anos sem ir no estadio e essas semanas que se passou conseguimos levar ele pra olhar os jogos do Sampaio e do moto, também ficou muito feliz em olhar a foto do vitória do mar muito obriago, obrigado mesmo ......