"Decorridos cinco dias da morte do ponta-direita Garrinchinha, ex-jogador do Moto, Botafogo, Sport e Seleção Maranhense, o fato ainda repercute pela maneira brutal como aconteceu. Perdeu o Maranhão um desportistas que soube muito bem representar o Estado lá fora, que deu alegrias ao Moto na grande fase de Papão do Norte e à Seleção Maranhense, considerada uma das melhores da região para a década de 70. Enquanto isso, o assassino até ontem continuava solto, como se nada tivesse acontecido.
Garrinchinha com a camisa do Moto Club
José Domingos Lopes de Matos (Garrinchinha), maranhense de Rosário, começou sua carreira nas divisões inferiores do Botafogo, onde chegou à condição de reserva do famoso Mané Garrincha, ponta-direita de maior projeção mundial em todos os tempos. Disputou muitas partidas pelo alvinegro carioca, ao lado de Didi, Paulinho Valentim e Quarentinha, em 1958. Atuou também no América-RJ, no Moto e no Sport de Recife. Ao abandonar o futebol, dedicou-se à carreira de treinador, dirigindo o Imperatriz, Expressinho e Maranhão Atlético Clube. Funcionário da Marinha no Rio de Janeiro, veio a São Luis buscar sua documentação para aposentadoria.
Ribeiro, lateral-direito, um dos melhores da sua posição na década de 60, lembra-se muito bem da Seleção Maranhense de 62 que reunia grandes craques e que tinham Garrinchinha o titular da camisa 7. Bacabal; Ribeiro, Negão Omena e Português, Gojoba e Ananias; Garrinchinha, Hamilton, Croinha e Jouber. “Lembro-me ainda da esperteza de Garrinchinha. Ele dizia mais ou menos assim: Ribeiro, lança pra mim, encosta na tabela que vamos matar o nosso “conterra”, referindo-se ao lateral-esquerdo Carneiro, seu marcador. E como a coisa funcionou bem na última partida. Ele era um jogador rápido, driblador, com cruzamentos sob medida para os atacantes. Suas pernas faziam lembrar muito bem a Mané Garrincha, daí porque ganhou esse apelido de Garrinchinha, acredito também que, pelo estilo de jogo que ele adotava”.
Seleção Maranhense campeã do Norte em 1962: em pé - Português, Bacabal, Ribeiro, Omena, Gojoba e Negão; agachados - Garrinchinha, Hamilton, Croinha, Chico, Neto e Patrocínio (massagista)
Ribeiro mostrou-se surpreso quando soube da morte de Garrinchinha, pois sempre o considerou uma pessoa simples, pacata, um cidadão de bem. “Era acima de todo o companheiro exemplar de todas as horas. Brincalhão, mas respeitador. Não quis acreditar quando soube do seu assassinato. Fiquei me perguntando várias horas quais os motivos que o criminoso teve para tirar a vida de Garrinchinha, mesmo sabendo que ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. E como todos que o conhecia certamente estão até hoje querendo saber porque isso aconteceu, logo com ele, que tenho certeza, não merecia tanto. Perdeu o Maranhão um grande desportista, uma pessoa que soube muito bem nos representar aqui e lá fora. Só nos resta esperar que a justiça agora cumpra seu papel”.
Para Dejard Ramos Martins, jornalista, pesquisador e autor do livro “Um Mergulho no Tempo”, a morte de Garrinchinha foi uma grande perda para o nosso futebol. “Ele saiu de Rosário como ilustre desconhecido e quando reapareceu aqui foi como jogador do Botafogo. Jogou até de ponta-esquerda. No futebol, se notabilizou pela categoria que tinham como jogador de ataque, de muita habilidade, sem, contudo, seu futebol pudesse se aproximar de Mané Garrincha, indiscutivelmente o maior gênio da bola, que apenas não teve cabeça para continuar brilhando por mais tempo, lamentavelmente”.
Seleção Maranhense campeã do Norte em 1962: em pé - Bacabal, Ribeiro, Omena, Gojoba, Laxinha e Português; agachados - Garrinchinha, Santos, Croinha, Chico e Hamilton
Dejard lamenta a maneira como Garrinchinha desapareceu, pois considera que ele ainda poderia ser muito útil ao nosso futebol, contribuindo com seus ensinamentos à nova geração, de muitas coisas que aprendeu na sua brilhante carreira de atleta profissional. “Lamentável, sob todos os aspectos, a maneira como Garrinchinha desapareceu, de forma violenta. Com sua experiência, poderia prestar bons serviços aos nossos clubes, orientando e ensinando-lhes muitas coisas que aprendeu em centros mais adiantados”.
Amigos, que saudade! A nossa seleção de 1962 era um timaço. Não se pode esquecer o mérito do professor Sávio Ferreira, técnico daquela equipe maravilhosa. Quem viu, viu! Quem não viu, que pena (quem mandou nascer fora de tempo?)A qualidade da reposição de bola do Bacabal, a marcação do Ribeiro, a classe do Omena,o fôlego e competência do Gojoba, os dribles do Garrinchinha, a precisão do Croinha e do Hamilton! Pelo amor de Deus, o que está acontecendo com futebol do Marahão?
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