Quando garoto, Ivanildo gostava tanto de futebol que vibrou quando o pai resolveu mudar-se do bairro São Jorge para o Arruda, onde fica o estádio do Santa Cruz de Recife. Morando perto de tão importante centro, não era difícil de concretizar o sonho de ser jogador profissional. Mesmo sem ter feito fama, ele correu o Brasil e acabou chegando em São Luis/MA. Jogou nos grandes clubes do estado. Com uma personalidade muito forte, foi incompreendido por alguns dirigentes em vários momentos. Em campo sabia o que fazer com a bola. No auge da carreira, por ter um chute muito forte com a perna direita, ficou conhecido como o “calibre 44”.
Ivanildo
é pernambucano. Vem de uma família de seis irmãos (cinco homens e uma mulher).
O pai, um grande comerciante de Olinda, não gostava de futebol e nem aprovava
que os filhos Maneco e Ivanildo jogassem. Porém, ao vender o comércio e se
mudar para Recife, seu João Nunes de Oliveira aproximou mais ainda os filhos da
bola. “Fomos morar no bairro do Arruda e eu não perdia um treino dos profissionais
do Santa Cruz. Foi lá que conheci Brito Ramos e Hamilton, jogadores que acabei reencontrando
em São Luis”, relembra.
O
pai morreu e a família ficou completamente desorientada. Aos poucos foi se
recuperando emocionalmente, mas financeiramente as cosias não andavam bem. O
garoto Ivanildo resolveu seguir os conselhos de alguns amigos e começou a
encarar o futebol como profissão.
Depois
de uma rápida passagem pelo time do IGB – Indústria Gráfica Brasileira -,
Ivanildo foi levado para o Náutico Capibaribe. Foi o início de uma carreira que
tinha tudo para ser brilhante. “Eu estava o fino no preparo físico e tudo dava
certo dentro de campo. Me saía muito bem quando jogava de ponta ou de meia direita.
Meu chute era como um ‘limãozinho’, perfeito”. Foi nessa época que passaram a
apelidar Ivanildo de “calibre 44”, se referindo ao seu potente chute com a
perna direita, um tiro”.
Ele
ficou no Náutico, da categoria infantil até o profissional. Foi campeão juvenil
em 1965 e artilheiro dos campeonatos aspirantes em 1965/55, Sem a orientação do
pai, os amigos do Náutico é que o educavam. Foi ai que as coisas começaram a
dar erradas. Com o sucesso na bola, vieram as excessivas comemorações com
farras e, principalmente, com bebidas. Ivanildo passou a ser visto como um
craque problemático.
Em
1967 ele foi emprestado ao Ferroviário do Ceará. Se destacou por lá e a
diretoria do Náutico o trouxe de volta a Recife, para não jogar. “Eu queria
mostrar jogo e não deixavam. Acabei entrando em conflito com os dirigentes e me
emprestaram para o CRB de Alagoas”.
Depois
disso Ivanildo ainda passou pelos clubes Botafogo/PPB, Campinense e E. C.
Conquista/BA. Por volta de 23/24 anos de idade, depois de um vacilo da
diretoria do Náutico, conseguiu – orientado por um advogado – ganhar o passe.
Pode ter sido esse um grande erro. Quando chegava em um lugar com o passe na
mão e novo, achavam que Ivanildo estava bichado ou qualquer coisa parecida. Não
conseguia se empregar. Chegou a ir para São Paulo e Rio de Janeiro, mas ninguém
o deixava treinar. “Acabei retornando a Recife meio desiludido com o futebol”.
Em
1969 Ivanildo estava treinando, sem compromisso, no Santa Cruz, quando soube
que uma Junta Governativa do Sampaio Corrêa, formada por Jurandir Santos,
Dejard Martins, Benjamin Gondinho e Cláudio Ferreira, estava em Recife e queria
contratar o centroavante Fernando Carlos. Mesmo sem planejamento, em março de
69, Ivanildo o goleiro Marinaldo, o meia esquerda Roberto e o centroavante
Bôsco desembarcaram em São Luis.
Sampaio Corrêa em 1969. Em pé: Célio Rodrigues, Marinaldo, Osvaldo, Faísca, Vadinho e César Habibe. Agachados: Fifi, Ivanildo, Bosco, Roberto e Itamar.
1969
foi o ano do Maranhão Atlético Clube. O Sampaio tinha um bom time, mas não
conseguiu nada no campeonato estadual. O tricolor jogava com Marinaldo, Célio
Rodrigues, Osvaldo, Vadinho e César Habibe; Faísca e Roberto; Fifi, Ivanildo,
Bôsco e Itamar.
Por
indicação de Marçal Tolentino Serra, em 1970 Ivalnildo foi contratado para
atuar na meia ou na ponta-direita no MAC. Ajudou o clube a conquistar o
bicampeonato estadual. “Cheguei ao MAC graças a Marçal e aos diretores Nestor,
Josemar Bezerra, Jurandir, Carlos Mendes, Carlos Guterres, Nicolau Duailibe e o
Capitão Goulart”. O bi campeão atleticano contava com: Da Silva; Baezinho, Luis
Carlos, Clécio e Jorge da Silva; Ivanildo e Wolken; Euzébio, Hamilton, Antônio
Carlos e Dario. “Nessa época calei a boca dos dirigentes do Sampaio. Eu havia
chegado lá como um Deus e sai como o próprio diabo, Até hoje agradeço a
confiança que os dirigentes do MAC tiveram por mim”.
Uma
pequena divergência salarial fez com que Ivanildo trocasse o MAC pelo Moto Club
em 1971. A passagem pelo rubro-negro foi bastante confusa, por falta de
organização. “Atrasavam os salários em até dez meses. Vi que a barca era furada
e aos 28 anos de idade resolvi abandonar o profissionalismo e fiquei só nas
peladas”.
Para
continuar em São Luis, Ivanildo se submeteu a trabalhar como vendedor no Laboratório
Jesus e em duas lotéricas. Em 1973, graças ao amigo Almir Marques Filho, ele
ingressou na Prodata, empresa estatal de processamento de dados.
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