Homem gol. Centroavante na acepção da palavra. José Valquírio Barbosa veio da Paraíba para fazer parte da história do futebol maranhense. Jogou no Moto e Sampaio e conquistou títulos pelos dois clubes. Um acidente de ônibus ocorrido em 1975 com o time do Sampaio matou Paulo Espanha e acabou com a carreira de atleta de Paraíba. Mas ele soube dar a volta por cima, transformando-se em um dos melhores técnicos do Maranhão.
O garoto
nascido em Sapé (05/07/1945) e criado em Cabedelo, cidade da Paraíba,
transformou-se em atleta profissional. Participou em 1961 do Campeonato
Paraibano como centroavante do Estrela do Mar Futebol Clube. Despontou e no ano
seguinte já estava com contrato assinado no Fortaleza esporte Clube do Ceará,
aos 17 anos de idade. Até 1966, Paraíba conquistou três títulos.
O atleta passou
a ser respeitado dentro da pequena área. Os adversários sabiam que não podiam
deixa-lo pegar na bola. Tinha um aproveitamento excelente e sempre estava
dentre os artilheiros das competições que participava. De raciocínio rápido,
pernas hábeis e boa colocação, o oportunista Paraíba ia fazendo nome no Ceará.
“Tive em Fortaleza dois grandes técnicos: Moézio Gomes e Dante Biane. Me
passaram grandes ensinamentos”, conta ele porque tamanha habilidade na posição.
Em Fortaleza,
teve uma outra grande oportunidade, a de conhecer Júlia, com quem se casou em
1966, ano em que foi vendido ao Ferroviário Atlético Clube (CE). Nesse clube,
jogou ate 1969. Depois de ser emprestado para o Treze, de Campina Grande,
entrou na justiça e conquistou passe livre, tendo o cuidado de assinar contrato
de um ano.
Sua vinda para
o Sampaio aconteceu quando estava jogando no Calouros do Ar, time da base aérea
da capital cearense. Indicação do radialista gaúcho Dionísio da Ponte, que
trabalhava na Rádio Educadora de São Luis. Veio para disputar o Nordestão em
1971 e saiu como artilheiro. Foram apenas três meses. Assinou depois disso
contrato com o Tiradentes, do Piauí, em 1972. Nesse mesmo ano, voltou para
fazer parte da forte equipe do Sampaio, campeã do Brasileirinho. Após essa
competição, retornou para o Tiradentes, campeão de 1972 e 1973.
Homem-gol já
conhecido das torcidas e dos dirigentes maranhenses, Paraíba foi novamente
chamado, agora para reforçar o Moto. Em 1973 não deu para ser campeão (título
do Ferroviário). Mas em 1974 o rubro-negro investiu e levou o título jogando
com atletas do quilate de Edson e Jurandir (goleiros); Esteves, Neguinho,
Sérgio Marreca, Ivan, Nestor, Gojoba, Soares, Santana, Lima, Paraíba e Coelho.
Moto Club em 1973: em pé - Ivan, Neguinho, Irineu, Gojoba, Breno e Dé; agachados - Lima, Santana, Paraíba, Luis Augusto e Coelho.
Moto Club campeão em 1974: em pé - Marçal Tolentino Serra (técnico), Edson Esteves, Neguinho, Sérgio, Antônio Carlos, Barros (supervidor) eJúlio Buhatem (diretor de futebol); agachados - Lima, Santana, Paraíba, Soares e Coelho.
Um fato
interessante desse ano é que como morava em um hotel com Júlia, Paraíba aceitou
o convite e foi para a casa do quarto-zagueiro do Sampaio, Sérgio Marreca. Os
dois já se conheciam desde o Ceará. A amizade tornou-se forte entre eles. Mas
terminaram se estranhando entre um Moto e Sampaio. O moto precisava da vitória.
Saiu um escanteio quase no final na partida. Sérgio Marreca prende a bola,
retardando o jogo. “Eu queria vencer. Esqueci que morava com Sérgio e parto pra
cima dele. Por pouco não metia-lhe a mão na cara. Depois do jogo rimos muito do
acontecido”.
Sampaio Corrêa em 1971: Brito, Prado e Paraíba
Em 1975 os
dirigentes do Sampaio trazem Paraíba de volta. Nesse ano ele encerrou sua
carreira de atleta após sofrer um acidente sério. O ônibus do Tricolor ia para
Imperatriz e capotou na madrugada do dia 25 de Setembro, matando Paulo Espanha.
Paraíba sofreu fratura em quatro vértebras da coluna, do osso pubiano, rotura
do músculo da coxa esquerda, lesões no menisco e ligamentos do joelho. Ficou
uma semana em coma.
O contrato com
o Sampaio havia sido assinado até 1976. Confiando em ter Paraíba de volta aos
campos, o dirigente Humberto Castro renovou contrato com o centroavante por
mais dois anos. A recuperação não aconteceu. De jogador, foi levado à condição
de auxiliar técnico. Em 1978, já como técnico, pôde retribuir a confiança da
diretoria com o título estadual, que tinha, dentre outros jogadores, Juca
Baleia, Ivanildo, Cabrera, Rosclin, Bimbinha, Cabecinha e Edésio.
A partir daí o
Sampaio passou a ser a vida dele. Participou como auxiliar técnico e técnico
nas eventualidades, de todos os títulos conquistados pelo clube desde então:
campeão em 1980, penta de 1984 a 1988, tri de 1990 a 1992 e o bi de 1997 e
1998. Espera ainda por muitas alegrias com o futebol, que o consagrou no
Maranhão.
Hugo, bonita história de Paraíba. Comentei o post de 5-4. O CD de hinos de clubes maranhenses existiu mesmo? Quanto custa nas lojas daí?
ResponderExcluirOi, Daniel... Esse CD eu postei no blog, mas o link expirou. depois posto la. Abraços
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