Por culpa do árbitro da partida e do presidente do Moto Club, que resolveu bagunçar o Torneio Domingos Leal, o jogo entre Moto Club e Maranhão não chegou ao seu final, tendo sido suspenso aos 5 minutos da segunda etapa, quando o Moto resolveu retirar-se de campo por ordem do presidente, que mais uma vez mostrou incapacidade para o cargo.
Tudo começou quando o árbitro da partida, sr. Gildásio Lélis, expulsou o segundo jogador do Moto, no caso Edilson Leite, pro ofensas morais. Ela já havia expulsado no primeiro tempo o jogador Stefesson, também por ofensas. Isto chegou a irritar o presidente do moto Club, que não se conformou com o fato e determinou a retirada do time, fazendo com que o Maranhão fosse considerado vencedor por 1 a 0 – ao mesmo tempo, perde a equipe motorizada a parte que lhe caberia da renda, de acordo com a legislação esportiva.
O jogo teve um primeiro tempo movimentado, mas muito longe de ser uma excelente partida de futebol, pois as duas equipes mostraram fraco desempenho técnico e tático. Alguns lances de perigo se registraram durante os 45 minutos iniciais, sem muito entusiasmo por parte da torcida. Para a segunda etapa, quando se esperava um futebol melhor, deu-se a retirada do Moto Club, logo aos 5 minutos, e a vitória do Maranhão Atlético Clube, mesmo com a partida encerrada com o marcado de 0 a 0.
O que aconteceu na partida já vinha se desenhando há bastante tempo, pois desde o começo de 1979 os motenses sempre reclamaram das atuações dos árbitros da FMD. Não era segredo para ninguém que o dr. Cassas de Lima muitas vezes havia criticado severamente a divisão de árbitros da federação, acusando até a existência de um complô contra o quadro motorizado.
Em meio aos torcedores, a atitude do mandatário fabrilense também foi bem acolhida e a prova disso é que houve até aplausos quando da retirada do time das linhas do gramado. Grande parte da torcida do Moto Club ficou por mais de 40 minutos concentrada bem em frente ao portão de saída das arquibancadas do Estádio Municipal, à espera da saída do árbitro Gildásio Lélis para um acerto de contas e foi preciso grande esforço da Polícia Militar, para evitar que o apitador acabasse agredido. O comandante do patrulhamento do estádio teve que pedir reforço e só assim conseguiu afastar os mais afoitos, que a todo custo desejavam chegar junto do juiz. A saída do árbitro Gildásio Lélis deu-se mais de 40 minutos depois de terminado o jogo em uma das viaturas da polícia.
O público maranhense aos poucos vinha sendo afastado do estádio, exatamente por fatos dessa natureza. No episódio, ficou comprovada a falta de equilíbrio emocional do dr. Cassas de Lima para ser presidente do Moto, cargo que exigia sempre cautela para esse tipo de decisão, pois o dirigente nunca poderia tomar atitude de torcedor. Também ficou patenteada a necessidade de um maior cuidado na escalação de árbitros para a direção dos nossos jogos.
FICHA DO JOGO
Torneio Domingos Leal – 05 de dezembro de 1979 Maranhão 1x0 Moto Club Local: Estádio Municipal Nhozinho Santos Público: não divulgado Renda: Cr$ 77.500,00 Juiz: Gildásio Lélis Bandeirinhas: Roberval Castro e Francisco Sousa Maranhão: Neneca; Mendes, Tataco, Jorge Santos e Antônio Carlos; Juarez, Riba e Naldo; Osnir, Tica e Djaro Moto Club: Nenê; Bassi, Gonçalves Silva, Irineu e índio; Tião, Nascimento e Edmilson Leite; Stefesson, Antônio Carlos e Alberto
Foi reinaugurado na manhã deste domingo (26 de Novembro de 2023) o Centro de Treinamento do Moto Club, batizado de CT Pereira dos Santos, em homenagem ao seu ex-presidentes em décadas passadas.
QUEM FOI PEREIRA DOS SANTOS?
O nome do Centro de Treinamento é uma justa homenagem em ao Major Antônio José Pereira dos Santos, que prestou valiosos serviços ao Papão do Norte sem qualquer pretensão financeira, muitas vezes tirando do próprio bolso para dar ao clube. Ele foi Presidente, torcedor, Diretor, Conselheiro, enfim, um verdadeiro abnegado, um apaixonado pelo Moto Club. A sua vida mistura-se à do Papão do Norte, sobretudo pela dedicação e amor que o eterno mandatário doou ao rubro-negro. Pereira dos Santos nasceu no dia 15 de Maio de 1921, em Tutóia. Em 1929, de navio, a sua mãe conseguiu levá-lo para Recife, onde o garoto foi registrado, aos oito anos de idade. O seu padrasto, um renomado Militar da capital pernambucana, o incentivou aos estudos, sobretudo à formação Militar. Após a conclusão do Ensino Médio na Escola Preparatória do Exército de Recife, Pereira dos Santos passou a residir em Porto Alegre, onde prestou vestibular e estudou na AMAN, Escola Superior do Exército, e concluiu os estudos em Resende (RJ). Quando terminou de servir ao exército, foi promovido e ganhou o direito de escolher onde gostaria de morar. Por ter saído de Tutóia, sem qualquer perspectiva de vida e alcançado um bom padrão de vida pela carreira Militar, Pereira dos Santos acreditava possuir uma dívida de gratidão com aquela cidade e deveria voltar ao Maranhão para prestar algum serviço ao seu Estado natal. Com o espírito de querer participar da vida pública na capital maranhense e de todas as instâncias da nossa cidade (política, futebol, etc.), nunca mais retornaria ao Rio de Janeiro; São Luis seria o seu destino em definitivo.
O Major dedicava-se ao Moto dentro e, principalmente, foram dos gramados. Toda vez que alguém se apresentava a ele como Boliviano, Pereira dos Santos, brincando, retrucava, dizendo que “todo mundo tem direito a ter defeitos”. Na Praça João Lisboa ou no Nhozinho Santos, alguns torcedores do rival diziam que ele deveria virar boliviano para enriquecer a sua torcida e acabar o Moto. Pereira dos Santos, no mesmo tom de brincadeira, não perdia tempo: “Deus me livre!”, encerrando assim o assunto. Ele mesmo ia, durante os intervalos dos jogos, no meio da torcida do Moto e passava uma bandeira, onde o torcedor, sensibilizado e certo do destino que o seu dinheiro teria, contribuía com qualquer valor, jogando a sua quantia dentro da bandeira estendida. Partidário da idéia de que o verdadeiro torcedor era aquele que ia ao estádio, Pereira costumava dizer em programas de rádio que o Moto Club possuía a maior torcida do Estado, o que era prontamente contestado pelos diretores bolivianos. Para comprovar a sua teoria (e também poder provocar e gerar renda no Superclássico), faziam os ingressos separados (os ingressos vermelhos eram do Moto e os verdes eram do Sampaio) e vendiam em bilheterias separadas. Havia torcedores que compravam até mais de um ingresso, sempre na iniciativa em ajudar o clube e aumentar o número de bilhetes vendidos. Coincidência ou não, as vendas dos ingressos do Moto sempre superavam as somas dos bilhetes dos bolivianos, o que gerava polêmica (saudável, é claro) semanas a fio...
Dirigente dos mais antigos do futebol maranhense, Pereira dos Santos foi ainda Presidente da FMD, sempre dando total apoio ao Moto Club. Quando esteve à frente da presidência rubro-negra e teve que se afastar por motivos particulares, deixou o vice, Ibrahim Assub, dando continuidade ao seu trabalho. Atualmente com problemas de saúde, o ex-mandatário rubro-negro vive dos momentos em que dedicou boa parte do seu tempo, da sua saúde e das suas forças pelo clube que ajudou a reerguer após a saída dos Aboud. Sobre a sua importância dentro do Papão do Norte, Pereira dos Santos foi categórico ao afirmar, durante a inauguração do CT que leva o seu nome: “Sou suspeito para falar sobre esse Centro, porque vivo em função do Moto. Acho que fizemos um bom trabalho aqui, mas ele e só o começo e temos que continuar trabalhando pelo clube", ressaltou Pereira dos Santos, o homenageado. E com todo o merecimento.
Em Março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas e seguiu para o exílio no Uruguai. Antes mesmo de Jango deixar o país, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, já havia declarado vaga a presidência da República. O poder encontrava-se em mãos militares. Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil (acreditavam que o regime democrático que vigorara no Brasil desde o fim da Segunda Guerra Mundial havia se mostrado incapaz de deter a "ameaça comunista"). Pereira participou e apoiou, como direitista, a Revolução de 1964, como Secretário de Segurança (Pereira foi, talvez, o único Comandante da Polícia Militar que ocupava paralelamente a função de Secretário de Segurança, cargo ocupado em 1965). Um ano antes, em 1963, foi eleito Deputado mais votado até então em nosso Estado. Houve eleição em 64 para governador. Queriam fazer uma revolução com cara de democracia. Após um ano, fariam novas eleições e o Brasil voltaria ao que era. Porém, durou 20 anos. Existia um combate ao comunismo. Houve a eleição para governador. O governo se dividiu e essa divisão favoreceu Sarney, que não tinha tanta projeção e foi eleito governador. Após eleito, Sarney optou pelo grupo do Arena, que era favorável à Revolução. Pereira acabou optando pelo grupo do MDB, a oposição ao Governo. Como era Militar, Pereira acabou sendo perseguido, cassado e afastado do Exército.
Nos anos 70, a FMD era composta em sua grande maioria por motenses e o Dr. Pereira dos Santos, com o seu estilo Eurico Miranda de ser, tinha voz muito ativa dentro da instituição. Havia uma grande tendência de o Sampaio ser o representante direto, mas se verificou que não havia um critério pré-definido que sustentasse a tese que o time boliviano fosse o representante maranhense no campeonato. Foi nessa lacuna que Pereira dos Santos viajou até o Rio de Janeiro para conversar pessoalmente com o então Presidente João Havelange, reivindicando a presença do Moto em uma seletiva contra o Sampaio para indicar o nosso representante. A CBD, não aceitando a indicação simples feita pelos dirigentes da FMD, mandou um ofício à Federação Maranhense de Desportos, determinando a realização de uma melhor de três entre Sampaio Corrêa e Moto Club de São Luis.
Os verdadeiros motivos para a inclusão do Moto em uma seletiva contra os bolivianos, porém, foram outrosI: o Sampaio Corrêa tinha um timaço formando por Jaime Tavares e seria o nosso natural representante na competição. No final de uma tarde, na Rua 28 de Julho, perto do Primeiro Distrito Policial, Nagib Heickel (empregado dos Aboud) chamou o Diretor Raposo e outros membros da diretoria do Moto para uma reunião. Comentou sobre a idéia de como conseguirem um bom dinheiro para o clube para o ano seguinte, 1974, pois o Papão atravessava uma fase ruim (foi o terceiro colocado no Maranhense em 1972). O clube havia dispensado boa parte do elenco e ficado com apenas oito atletas, todos pratas da casa. O Sampaio, por sua vez, já estava praticamente confirmado, pois Pedro Neiva de Santana, com o intermédio de José Sarney, conseguiu com a CBD o convite para que o Tricolor representasse o Maranhão na competição. Nagib, então, comentou que havia conversado com Jaime, para organizar uma melhor de duas partidas, onde o time que somasse quatro pontos seria o representante. O Moto, teoricamente, não tinha a menor condição de ganhar do fortíssimo Sampaio Corrêa daquele ano. Jaime Tavares, convicto de uma vitória fácil do Tricolor, aceitou o desafio, na intenção de apresentar alguns novos contratados à torcida naqueles jogos e testar a equipe para a competição. Valia pela rivalidade e até a vaidade em vencer o Moto Club antes da estreia na competição. Em suma, a seletiva serviria apenas para o Sampaio Corrêa golear o Moto, mostrar os novos contratados à torcida e o rubro-negro reforçar o caixa com a renda das partidas.
A seletiva foi oficializada na CBF e Sampaio Corrêa e Moto Club se defrontariam em uma melhor de duas partidas, com a necessidade de uma terceira em caso de dois resultados iguais, para ser conhecido o representante maranhense na competição (naquela época a vitória valia somente dois pontos; em caso de uma vitória de um empate, o time ficava com a vaga). Como anteriormenteI o Tricolor já estava garantido, a diretoria havia liberado os seus atletas para as férias. Com a inclusão do Moto, que não havia liberado o seu reduzido elenco, o Sampaio foi formado às pressas, tendo casos de jogadores que se reapresentaram às vésperas da primeira partida da seletiva. Muitos imaginavam que o Sampaio Corrêa, por ser o atual campeão do Brasileirinho e cheio de craques, com 25 atletas em seu plantel, bateria facilmente o Papão. Já o Moto Club apresentava um elenco reduzido e bastante limitado. O time, sob a presidência de Pereira dos Santos, contava com apenas 13 jogadores para essa seletiva. Pra ser mais exato, Sousa, Chico, Marins, Laudenir, Barbosa, Zé Augusto, Faísca, Lins, Nelsinho, Artur, Marcos Pintado, Nestor e Sérgio, sob o comando do experiente treinador Rack. Para reforçar o elencoI, o Moto pediu emprestado ao Club do Remo alguns atletas, já que as disputas do Campeonato Paraense haviam acabado havia uma semana. O grande destaque do time azulino era o craque Arturzinho. Com o que tinha em mãos, o Moto Club foi disputar a melhor de três jogos contra o elenco campeão do Sampaio Corrêa.
Para as partidas, trouxeram o árbitro carioca Carlos Costa. No primeiro jogo, realizado no dia 17 de Maio de 1973, o Moto Club atuou com a seguinte escalação: Sousa; Chico, Marins, Laudenir e Barbosa; Faísca, Lins e Zé Augusto; Arturzinho, Marcos Pintado e Laudenir II. O Sampaio Corrêa entrou a campo com Batista; Ferreira, Clécio, Nivaldo e Valdeci; Gojoba, Marcos e Iratan; Djalma Campos, Adelino e Itamar. A partida terminou 0 a 0 e as duas equipes voltaram a campo três dias depois, 20 de Maio. Assim perfilaram as duas equipes: Moto Club - Sousa; Chico, Marins, Laudenir e Barbosa; Faísca, Lins e Zé Augusto; Arturzinho, Marcos Pintado e Nestor. Sampaio Corrêa - Batista; Ferreira, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba, Marcos e Edmilson Leite; Lima, Adelino e Pelezinho. O árbitro ainda anulou um gol do Sampaio Corrêa, marcado por Adelino. Com o novo empate, houve a necessidade de uma terceira e última partida, realizada no dia 23 de Maio, com as duas equipes assim perfiladas: Moto Club - Sousa; Chico, Marins, Laudenir e Barbosa; Zé Augusto, Lins e Nelsinho; Arturzinho, Marcos Pintado e Nestor. Sampaio Corrêa - Batista; Ferreira, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba, Marcos e Edmilson Leite; Lima, Adelino e Pelezinho. Os jogadores do Remo se entrosaram rápido. O Sampaio se defendia e partia perigosamente no contra-ataque. Houve uma prorrogação 30 minutos.
Parecia que o terceiro jogo seria decidido logo na primeira etapa, mas o Sampaio Corrêa não soube aproveitar a superioridade territorial, grandes oportunidades de gol foram desperdiçadas do meio campo e o ataque. Inteligentemente, o Papão, mesmo com um plantel limitado, resistiu ao forte poder de fogo do time Tricolor. Sem reservas, o rubro-negro se desdobrava, ninguém ia ao ataque de forma desesperada e todos ficavam mais tempo segurando as jogadas na defesa. Com um campo pesado e escorregadio, os times encontravam dificuldade para mostrar o seu melhor futebol, prevalecendo o empate no tempo normal em virtude da enorme vontade de vencer e da fibra rubro-negra, que não permitiu que o Sampaio convertesse em gols a sua nítida superioridade dentro de campo. A jornada dos craques motenses pode ser classificada como heroica, pois o goleiro Sousa jogou machucado todo o segundo tempo, Nilsinho arrastava-se em campo e sem a menor condição física, e Marins comandava o time como um comandante gravemente ferido, sendo atendido de instante em instante pelo massagista do Moto. O Papão enfrentou problemas, obrigando-o a improvisações no último jogo. Abusou da retranca para jogar a última cartada nos pênaltis.
Após 300 minutos de jogo sem movimentação no marcador, motenses e bolivianos decidiriam a sorte através das cobranças de pênaltis. Antes das cobranças das penalidades máximas, o então Presidente do Moto, Nagib Heinckel, em tom forte disse que em caso de derrota, todos os atletas motenses estariam dispensados. Sérgio, reserva do Papão na decisão, contou sobre a reação dos seus companheiros: "estávamos sentados e relaxando perto do banco de reservas do Nhozinho Santos. Depois que o homem disso isso minhas pernas tremeram. Eu não conseguia nem levantar. E o que é pior, fui escalado para bater um pênalti". Heickel era assim: em caso de derrota, mau humor e ameaças, mas em caso de vitória, churrasco na casa dele, principalmente quando a vitória vinha sobre o maior rival. Em comum acordo, o Moto realizaria cinco cobranças, seguido pelas cinco do Sampaio. Marins, Lins, Marcos e Faísca assinalaram para a equipe do Moto; Sérgio desperdiçou. O Sampaio perdeu duas chances com dois caras que não costumavam perder pênaltis: Neguinho perdeu a primeira e, como Gojoba também desperdiçou a segunda cobrança, a disputa de pênaltis acabaria em 4x0 para o Moto Clube, que representou o Maranhão no campeonato Brasileiro de 73. Segundo relatoI, nos pênaltis, Neguinho deu um chute tão forte que a bola passou por cima do muro do estádio, parando na Catulo da Paixão. Um locutor de rádio ainda ironizou: “o grande capitão chutou uma bola que nem urubu pegava”, por causa da altura que a bola alcançou.
Ao final da cobrança de pênalti, o treinador Rack ajoelhou-se em cima da linha divisória, chorando e beijando um escapulário de Nossa Senhora da Conceição. O Presidente Nagib não resistiu à emoção e desmaiou no cento do campo, sendo amparado pro Pereira dos Santos e Carlos Guterres. Porém, a maior preocupação de Nagib era a sua torcida e fez questão de ser levado até ela para em seguida ser atendido pela equipe médica do Moto. A alegria de alguns atletas enquanto outros choravam deu um toque todo especial ao vestiário motense. Todos eram unânimes nos elogios ao Sampaio, que soube valorizar o grande triunfo motense, recebendo com esportividade o resultado: os diretores foram até o vestiário rubro-negro cumprimentar a todos. Mariceu contratou um macumbeiro, que ficou ‘batendo tambor’ dentro de uma Kombi, do lado de fora do estádio. A comemoração em um terreiro do pai de santo Zé Negreiro era mais do que justa. A diretoria ainda pagou C$ 400 de gratificação pela classificação e a maior zebra de todos os tempos. Com a vitória motense, segundo relatoI, Jaime ficou tão furioso que não quis ceder jogadores do Sampaio Corrêa para o Moto disputar o Brasileiro. No dia seguinte à vitória motense, as rádios tocaram insistentemente a música “E Agora José”, do cantor Paulo Diniz. A imprensa bateu forte no Sampaio, condenando a diretoria por ter aceitado o jogo, pois falavam que o Moto sempre crescia nos confrontos contra o time boliviano.
Contudo, antes de falarmos da aquisição, do projeto e da construção final da casa do Papão, destacamos aqui a imprescindível participação de dois verdadeiros patrimônios do rubro-negro para a realização do sonho em construir o seu CT: o GAMO, Grupo de Apoio ao Moto, e o Major Pereira dos Santos. O GAMO resolveu vários problemas do Papão, inclusive a aquisição da sua sede própria. O grupo foi formado no início da década de 1970, após a saída dos Aboud, por pessoas que poderiam efetivamente contribuir em favor do Papão do Norte. Nessa época, o então Presidente Pereira dos Santos articulou a aquisição do terreno no Paranã, mas não havia dinheiro para a compra. Foi criado, então, o Grupo de Apoio do Moto Club, composto, entre outros, por Manoel Pedro, Dr. Cassas de Lima, Pedro Fernandes, Deputado Julião Amim, Sérgio Coelho, Osmarino Matos, Dr. Calvet de Lima, Hilton Rocha, Raimundinho Sá, João Henrique, Ademir, o próprio César Aboud, entre outros. Por objetivo em prestar apoio financeiro ao clube,
o GAMO conseguiu fazer vários eventos para arrecadar recursos, como shows, bingos e outras atrações junto à torcida.
VÍDEO MOSTRANDO EM DETALHES TODAS AS DEPENDÊNCIAS DO NOVO CT PEREIRA DOS SANTOS (créditos: João Ricardo, jornalista)
O que parecia impossível, o Sampaio tornou realidade. Ganhar três dos quatro pontos disputados fora de São Luis, principalmente depois da vexatória derrota de 3 a 0 para o Ceará. Na noite do dia 10 de setembro de 1986, no Rio de Janeiro, o Sampaio conquistou um importante empate de 0 a 0 frente ao Fluminense, numa partida bastante disputada na base de muita disposição.
Os destaques no empate foram o goleiro Moreira, que mais uma vez fechou o gol, o zagueiro Luis Cláudio, que anulou o perigoso Washington, e o meia Zé Carlos, que foi um gigante no primeiro combate, embora todos os jogadores tenham jogador dentro de muita vibração.
O Fluminense, que vinha de uma derrota de 2 a 0 para o Internacional, precisava ganhar para se reabilitar e entrou em campo certo de que colheria um resultado fácil. Logo nos primeiros 20 minutos, o Tricolor carioca tentou decidir a parada e o Sampaio, que começou nervoso, dava a impressão de que não aguentaria levar o empate até o final dos 45 minutos do primeiro tempo, o que só ocorreu graças às defesas milagrosas do goleiro Moreira.
A pressão do Fluminense, no primeiro tempo, foi total, mas o Sampaio se safou e sustentou o empate. Na etapa final, o representante maranhense voltou com outra disposição e seguindo às orientações do veterano e experiente treinador Daniel Pinto, passou a explorar os contra-ataques, se aproveitando do desperto que aos poucos ia tomando conta do adversário.
O tempo foi passando e como o gol não saía, o Fluminense se desesperou totalmente, o que permitiu ao Sampaio, com tranquilidade cadenciar o jogo e leva-lo até o final com o sensacional empate de 0 a 0, o que dentro do Maracanã tem sabor de vitória.
O Sampaio recuperou dessa maneira os pontos perdidos dentro de casa e passou a ter chances reais de brigar por classificação, notadamente pelos outros resultados do grupo A, que não deixaram os favoritos dispararem na frente, a não ser o Sport Recife, que liderava o grupo, agora com 7 pintos, após vitória de 1 a 0 sobre o Sobradinho de Brasília.
FICHA DO JOGO
Fluminense/RJ 0x0 Sampaio Corrêa Campeonato Nacional - 10/09/1976 Local: Estádio do Maracanã Público e renda: não divulgados Juiz: Luis Carlos Martins Bandeirinhas: Olinto Preusler e Adão Reis Fluminense/RJ: Paulo Vitor; Edson Marinho (Edson Sousa), Vica, Ricardo e Eduardo; Jandir, Leomir e Renê; Marcão (Wilsinho), Washington e Paulinho Sampaio Corrêa: Moreira; Biluca, Luís Cláudio, Ivanildo e Paulo Lifor; Zé Carlos, Meinha e Mateus; Edinho, Santana (Paulo Sérgio) e Marco Antônio
Com a base do time tricampeão maranhense, o Sampaio surpreendeu o Operário de Campo Grande, em sua própria casa, e obteve a primeira vitória no grupo A da Copa Brasil (atual Campeonato Brasileiro e antigo Campeonato Nacional), ganhando de 1 a 0, gol do ponteiro-esquerdo Marco Antônio, aos 22 minutos do primeiro tempo, numa jogada do meia Mateus.
O Sampaio fez, em Campo Grande, uma partida muito parecida com as que disputou no campeonato estadual, ou seja, na base de muita raça e muita aplicação, nem se sentindo a falta do técnico Geraldo Duarte, que foi dispensado logo após o jogo contra o Ceará.
O novo treinador, Daniel Pinto, que conheceu os seus comandados no vestiário, com a sua grande experiência, numa rápida reunião com o auxiliar Paraíba, decidiu voltar Luis Carlos à lateral direita e Meinha ao setor de meio de campo, sacando Biluca e Rubinho, respectivamente. As alterações devolveram a garra ao time, principalmente porque Ivanildo, com a contusão de Dedê, também já estava assegurado na zaga.
Foi na base de muita valentia que o Sampaio sustentou o sufoco dado pelo Operário nos primeiros 20 minutos e num contra-ataque chegou ao gol de Marco Antônio. Os matogrossenses continuaram atacando, mas o goleiro Moreira voltou a jogar o que sabia e fechou o arco.
FICHA DO JOGO
Operário/MS 0x1 Sampaio Corrêa Campeonato Nacional – 07/09/1986 Local: Estádio Pedro Pedrossian Renda: Cr$ 195.340,00 Público: 8.811 pagantes Juiz: Emídio Marques de Mesquita Bandeirinhas: Márcio Pereira e Euclides Peres Operário/MS: Paulão; Baiano, Prego, Anchieta e Assis; Manicera, Belacir e Charles (Gilmar); Cido, Fernando Roberto e Valter (Amadeu) Sampaio Corrêa: Moreira; Luís Carlos (Biluca), Ivanildo, Luis Cláudio e Paulo Lifor; Zé Carlos, Meinha e Mateus; Edinho, Santana e Marco Antônio (Joãozinho).
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O quinto podcast "Memórias do Futebol Maranhense" irá ao ar no próximo
dia 13 de agosto, com uma entrevista com o craque Pelezinho, campeão do Brasileirinho em 1972 com o Sampaio Corrêa e com passagem pelo Moto Club e Sport Recife.
Imperdível!!! Você pode acompanhar o
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O Sampaio Corrêa, que perdeu para o Sport Recife na estreia do Campeonato Nacional de 1986 (também chamado de Copa Brasil), enfrentou o Ceará Sporting no Estádio Castelão, que vinha de um empate em 1 a 1 em Belém diante do Clube do Remo. Devido à derrota na primeira partida, o Sampaio Corrêa não poderia tropeçar diante do representante alencarinos, sob pena de dificultar a sua classificação no grupo A da competição. A vitória do então tricampeão maranhense seria fundamental para recuperar os pontos perdidos no jogo passado e para o time voltar a acreditar nas suas possibilidades, antes de viajar para fazer a primeira partida fora de São Luis – em Campo Grande, contra o Operário.
Os torcedores, que não gostaram da derrota para o Sport, não pediam a fé no time tricolor. Todos lamentavam o problema como preparo físico e a falta maior de tempo para entrosamento. A expectativa para a partida contra o Ceará era muito grande, ainda mais pelo peso do adversário, que possuía uma boa colônia em nossa capital, tanto que havia muito interesse, na época, pela realização do clássico do futebol nordestino. A última passagem até então do Ceará por São Luis havia sido no ano anterior (1985), quando do empate em 1 a 1 no Castelão.
SAMPAIO VOLTOU A DECEPCIONAR NA COPA BRASIL – o Sampaio Corrêa voltou a decepcionar a grande torcida maranhense ao ser goleado por 3 a 0 pelo Ceará Sporting na noite do dia 03 de setembro, no Estádio Castelão, pela Copa Brasil, o que deixou o tricampeão quase sem chance de classificação até aquele momento. O goleiro Moreira foi o principal responsável pelo fracasso tricolor, dando o primeiro gol e falhando no segundo.
No primeiro tempo foi registrado o empate em 0 a 0, com uma boa presença no time sampaíno, principalmente nos primeiros momentos da partida, quando esteve perto de fazer o gol, como numa jogada de Mateus aos 5 minutos. No período final, logo com 1 minuto e meio, numa bola recuperada pelo lateral-direito Biluca, Moreira falhou clamorosamente, praticamente jogando a pelota para o fundo de sua própria meta, num gol incrível e que desarticulou totalmente a equipe maranhense. Depois do gol contra, o Sampaio ainda teve duas chances grandes de chegar ao empate. A primeira com Zé Carlos entrando livre e chutando para fora na cara do arqueiro Salvino. A outra oportunidade foi numa tabela entre Marco Antônio e Santana, com o centroavante chutando para a defesa do goleiro Salvino.
O esquisito gol contra e as chances perdidas terminaram por encabular totalmente a equipe do Sampaio, que mais uma vez também teve problema de falta de preparo físico e daí pra frente o Ceará teve a tranquilidade para tocar a bola e fazer o tempo passar.
O segundo gol alencarinos aconteceu aos 27 minutos, quando Everaldo cruzou da ponta-direita para o goleiro Moreira voltar a falhar de forma lamentável saindo da meta e deixando o gol livre para Petróleo, de cabeça, fazer 2 a 0. O Ceará fez mais um, aos 37 minutos, por intermédio de Rubens Feijão, que driblou com facilidade o zagueiro Luis Cláudio. O treinador sampaíno foi acusado de mexer erradamente no time com a saída de Luis Carlos para a entrada de Biluca, que se encontra com excesso de peso e que não mostrou ter futebol para barrara o jogador maranhense.
FICHA DO JOGO
Sampaio Corrêa 0x3 Ceará Sporting Data: 03.09.1986 Local: Estádio Castelão Renda: Cr$ 122,519,00 Público: 12.203 pagantes Juiz: Manoel Serapião (BA) Bandeirinhas: José Barbosa e José Carlos Barreto (BA) Gols: Biluca (contra) a 1 minuto, Petróleo aos 27 e Rubens Feijão aos 37 minutos do segundo tempo Sampaio Corrêa: Moreira; Biluca, Dedé (Ivanildo), Luís Carlos e Paulo Lifor; Zé Carlos, Rubinho e Mateus (Meinha); Edinho, Santana e Marco Antonio. Técnico: Geraldo Duarte Ceará Sporting: Salvino; Everaldo, Djalma, Argeu e Milton Lima; Serginho, Rubens Feijão e Lira; Hamilton Rocha, Petróleo e Gilson Sodré (Bebeto). Técnico: Caiçara
O post de hoje é dedicado ao tricampeonato estadual do Sampaio em 1986. Começava no dia 06 de julho, com Sampaio Corrêa x Tupan, as disputas do quadrangular que decidiria o Campeonato Maranhense de 1986. Além de sampaínos e tupanenses, que faziam a partida de abertura, o quadrangular ainda contava com Maranhão e Imperatriz, que folgaram nessa primeira rodada. O Sampaio, que ganhou os títulos do primeiro e segundo turnos, entrou no quadrangular com a vantagem de 2 pontos de bonificação, o que poderia desequilibrar a disputa. A partida foi a segunda entre os dois adversários na competição daquele ano. No primeiro turno, houve o empate em 0 a 0 e no segundo turno, devido à distribuição das chaves, não tiveram a chance de se encontrar. O jogo começou às 17h00 no Estádio Castelão, que marcou a sua reabertura depois de ter servido de local ara um dos jogos da seleção brasileira e das partidas finais do segundo turno do certamente estadual de 1986.
SAMPAIO CORRÊA 1X0 TUPAN - o Sampaio Corrêa, que já tinha 2 pontos de bonificação, aumentou a sua vantagem para 4 pontos ao vencer o Tupan no dia 06 de julho por 1 a 0, numa partida de poucas emoções para os torcedores.
O Tupan entrou em campo com um número excessivo de jogadores na defesa e no meio-campo, dando demonstrações de que o empate seria o seu objetivo principal. Mas o esquema acabou beneficiando o time do Sampaio, que passou a chegar com muita frequência ao último reduto tupanense, embora sem apresentar-se numa jornada brilhante. Todavia, muito mais em função da má performance do atacante Renato, que mais uma vez esteve mal, o Sampaio não soube tirar proveito domínio absoluto do primeiro tempo, que terminou empatado em 0 a 0.
O Sampaio Corrêa voltou com Gil Lima no lugar de Renato para o segundo tempo. A alteração melhorou o poder ofensivo, mas o Tupan procurava se defender de qualquer jeito. O único gol da peleja aconteceu aos 48 minutos já na fase dos descontos (o segundo tempo durou 51 minutos), quando o goleiro João Batista, que vinha se constituindo como a principal figura do jogo, largou a bola chutada violentamente por Gil Lima, na cobrança de uma falta, para Meinha mandar para o fundo do barbante numa falha de cobertura da equipe indígena.
O jogo, a rigor, não agradou aos torcedores e esteve até monótono na etapa final e só se agitou quando o meia Beato, aos 36 minutos, se recusou a sair para ceder lugar a Bimbinha, obrigando o técnico Geraldo Duarte a invadir o campo para retirá-lo na marra. Os dois (atleta e técnico) chegaram a se insultar em pleno gramado do Castelão, numa cena inusitada no futebol maranhense. Beato estava no firme propósito de não deixar o campo, por achar injusta a substituição e não adiantaram os apelos dos seus companheiros. Foi necessária a intervenção do presidente Vasconcelos, do treinador e da própria polícia para que o jogador saísse para a entrada de Bimbinha, num flagrante ato de indisciplina. A invasão do campo custou ao treinador Geraldo um cartão vermelho mostrado pelo árbitro Edjan de Jesus, que devido à paralização do jogo teve que dar um exagerado desconto de 6 minutos para o final da peleja, o que provocou a revolta dos dirigentes e jogadores do Tupan, porque foi nessa prorrogação qye saiu o gol marcado por intermédio de Meinha.
João Batista rebate o chute de Gil Lima
Duarte entra em campo para retirar Beato
Beato se revolta e não queria ser substituído
Torcedor cai no fosse e é retirada de maca, mas nada grave
FICHA DO JOGO
Sampaio Corrêa 1x0 Tupan Data: 06.07.1986 Local: Estádio Castelão Renda: Cr$ 28.303,00 Público: 3.064 pagantes Juiz: Edjan de Jesus Bandeirinhas: Nacor Arouche e Verandy Fontes Gols: Meinha aos 45 minutos do segundo tempo Sampaio Corrêa: Moreira; Luís Carlos, Rosclin, Orlando e Paulo Lifor; Zé Carlos, Beato (Bimbinha) e Meinha; Joãozinho Nery, Renato (Gil Lima) e Marco Antonio. Técnico: Geraldo Duarte Tupan: João Batista; Pedro, Erivaldo, Gonzaga e Vavá; Ismael, Tovar (Sílvio) e Luizinho (Arlindo); Admoran, Aurélio e Vander. Técnico: Fernando Trovão
SAMPAIO CORRÊA 1X1 MARANHÃO - O Sampaio Corrêa manteve a sua invencibilidade no Campeonato Maranhense, mas o goleiro Moreira, que não levava gols a 14 jogos, foi vazado no empate de 1 a 1 diante do Maranhão, na noite do dia 20 de julho, no Estádio Castelão. O resultado foi péssimo para o Maranhão, porém para o Sampaio foi excelente, porque a diferença de 4 pontos em relação ao adversário acabou sendo mantida, significando a conquista do tricampeonato já na rodada seguinte, caso o tricolor vença a sua próxima partida.
Na peleja do dia 20 de julho, o Sampaio foi mais eficiente no primeiro tempo, chegando três vezes com perigo ao último reduto atleticano; todavia, o domínio do jogo pertenceu ao MAC, que, no entanto, não soube tirar proveito, tanto que não chutou sequer uma bola em direção ao arco de Moreira. O empate de 0 a 0 no primeiro tempo, por causa das oportunidades perdidas, não fez justiça ao tricolor.
A primeira das grandes chances sampaínas aconteceu logo aos 5 minutos, quando Paulo Sérgio, lançado por Meinha, não teve experiência para fazer o gol, proporcionando uma boa defesa do goleiro Juca Baleia. Aos 10 minutos foi a vez de Joãozinho perder o gol certo. A bola mal rebatida pela zaga obrou para o atacante, que chutou em cima do goleiro atleticano. A terceira grande chance desperdiçada pelos bolivianos foi numa cobrança de falta ensaiada, com Paulo Lifor recebendo cara a cara com o goleiro e batendo em cima de Juca.
Na etapa complementar, o Maranhão começou impondo mais ritmo e se utilizando da velocidade. Neco, aos 10 minutos, chegou atrasado pra completar um cruzamento de Dionísio. O gol maqueano aconteceu aos 15 minutos. Novamente atacando pela esquerda, o lateral Neto cruzou na medida para Valter marcar, depois de Moreira saltar junto com Daniel e não alcançar a pelota. Era o primeiro gol da partida e a quebra da invencibilidade de Moreira, que durou 14 partidas e mais 60 minutos. Depois do gol, o Maranhão continuou mais presente e com domínio da peleja. Todavia, pecando nas finalizações e sem velocidade.
O gol de empate do Sampaio aconteceu quando ninguém mais esperava e só foi marcado graças a uma bobeira do goleiro Juca Baleia, que cometeu dois toques ao trocar bola dentro da área com o zagueiro Irineu (a lei não permitia que a bola voltasse para o goleiro sem sair da grande área, a não ser que fosse tocada por um adversário). A mancada de Juca animou a torcida boliviana, que estava quieta na arquibancada. O Sampaio armou a cobrança e Gil Lima chutou violento, pelo alto, aos 36 minutos para decretar o resultado final do espetáculo.
Tica acompanha a disputa firme entre Uberaba e Paulo Lifor
Moreira faz boa defesa
Na etapa final, após sofrer o gol de empate, o Maranhão tentou marcar, mas sem sucesso
SAMPAIO CORRÊA X MARANHÃO: VÉSPERA DA DECISÃO - Matéria do jornal O Estado do Maranhão, às vésperas da partida final do estadual de 1986: “O torcedor maranhense está vibrando com a atual fase do nosso futebol, é que motivo está sobrando. A decisão do título entre Maranhão e Sampaio, programada para domingo, ou em último caso a exigência de um jogo extra, caso do Maranhão venha a vencer. A confirmação da presença do Moto Club no Grupo Paralelo da Copa Brasil, depois da interferência dos irmãos Fernando e Sarney Filho, do senador Alexandre Costa, e a agitação criada pelo confrade Magno Figueiredo. Finalmente a divulgação da tabela do Grupo de Elite da Copa Brasil, onde o Sampaio é o nosso representante de fato e respeito, devendo enfrentar grandes clubes do futebol brasileiro. Todo esse clima de euforia é justificável e seus reflexos já podemos ver no domingo, quando a presença de público no jogo entre Sampaio e Maranhão poderá ser notada, proporcionando uma grande arrecadação.
No Maranhão, existe muita confiança numa grande apresentação e consequentemente numa grande vitória, que adiará a decisão do título para outra data. No Sampaio, todos esperam o término do campeonato logo no domingo, afim de que o técnico possa então preparar a equipe para a estreia no Campeonato Nacional, contra o Sport Recife no dia 31.
Entre os dirigentes e torcedores do Moto, o clima é de muita festa e ninguém consegue esconder a alegria pela participação do time no Campeonato Nacional. Todos são de opinião de que pela tradição do clube, seria uma injustiça a sua não inclusão, mesmo que fosse no Grupo Paralelo. Essa agitação total também chega aos alicerces da Federação Maranhense de Desportos, onde seus dirigentes sentem recompensados pelos esforços que fizeram, a fim de garantir ao nosso Estado três vagas na Copa Brasil. O Presidente Augusto Tampinha declarou que a Federação tem a obrigação de lutar pelos direitos dos seus filiados e isto ele o fará nem que para alcançar o êxito desejado ele tenha que recorrer às suas amizades pessoais, com nos casos do Sampaio, que estava ameaçado de ser sacado do Brasileiro por causa de um velho débito, e mais recente o caso do Moto, em que ambos ele teve que recorrer aos amigos Fernando e Sarney Filho e mais o senador Alexandre Costa.”
PREPARATIVOS PARA O CLÁSSICO SAMARÁ DECISIVO – O Presidente do Sampaio, Pedro Vasconcelos, solicitou à Federação Maranhense de Desportos a realização de exame antidoping para o jogo contra o Maranhão, na possível decisão. Na opinião, o mandatário maior da Bolívia, o jovem time atleticano estava correndo em demasia, o que levava a desconfiar de qualquer meio ilícito, que daria tanto fôlego aos seus jogadores. Disse Vasconcelos que, apesar de acreditar muito na honestidade dos dirigentes maqueanos, o regulamento da competição lhe daria o direito de solicitar o exame e o fez consciente de estar ajudando o futebol maranhense. Enquanto isso, o técnico Geraldo Duarte continuava preocupado em melhor preparar a sua equipe para o importante jogo que ele considerava ser o último do campeonato, pois o seu desejo era a liquidação da disputa e depois então preparar o elenco, visando a estreia na Copa Brasil contra o Sport Recife, dia 31 de julho.
Sem demonstrar qualquer preocupação com o resultado. O treinador tricolor comandou o coletivo final, o qual foi realizado no horário vespertino. Na oportunidade, Geraldo se preocupou mais com a armação da equipe taticamente e, ao mesmo tempo, em aperfeiçoar algumas jogadas, que ele pretendia utilizar na decisão. Durante o coletivo, por várias vezes o técnico foi obrigado a parar o lance a fim de chamar a atenção de alguns jogadores que não estavam cumprindo com as suas ordens. Foram feitas jogadas pela direita com Joãozinho, pela esquerda em alta velocidade com Bimbinha e vários cruzamentos para as cabeçadas do goleador Renato. Na defesa, Duarte exigiu muito dos laterais Luis Carlos e Paulo Lifort, já visando as jogadas perigosas de Valter e Chiquinho, que ele considerava bons valores atleticanos. Os jogadores Luís Carlos, Joãozinho, Renato e Bimbinha, que estavam em tratamento médico, foram liberados e foram confirmados para a decisão, com o Sampaio contando com todos os seus titulares.
A concentração teve início na antevéspera da final, para os jogadores solteiros, com os jogadores casados se juntando ao grupo já na véspera da final.
“Estou tranquilo e sem problemas, psicologicamente bem preparado para enfrentar o Sampaio; espero que nada de anormal venha a acontecer até a hora do espetáculo”, foi a declaração feita pelo goleiro Juca Baleia após o término do coletivo final do Maranhão, realizado no Parque Valério Monteiro. Como todos sabiam, o goleiro maqueano, sempre que enfrentava o Sampaio (o seu time por quem torce), adoecia às vésperas do compromisso ou pelo menos sempre tinha uma desculpa com relação ao seu estado psicológico, a fim de justificar suas falhas ou erros de dois toques, às quais os torcedores nunca aceitaram, mas jurava o goleiro que daquela feita não haveria nenhum problema e o Maranhão sairia vitorioso no Samará.
Os jogadores do Maranhão receberam como estímulo e piada a entrevista do presidente Pedro Vasconcelos, na qual declarava que havia solicitado exame antidoping para o clássico. Todos foram simples e objetivo, do presidente, técnico e aos jogadores: “Vasconcelos vai ver qual é o doping que aqui se usa”, declararam na época.
Depois da preleção do técnico Eliezer Ramos e da palestra do presidente Armando Silva, os jogadores foram a campo e, comandados por Jorge e Luis, realizaram 30 minutos de física, provando que estavam em pela forma e prontos para os 90 minutos de correria. Quando o coletivo começou, no comando de ataque estava o garoto César, já definido como o substituto de Neco na posição em virtude do titular ter que cumprir a suspensão automática pelo terceiro cartão amarelo. César se movimentou e mostrou condições técnicas para ser o titular e tentar desbancar o Sampaio. No final, Eliezer utilizou na posição o ponta-esquerda Dionísio, visando uma mexida caso fosse necessária. O treino foi em ritmo de festa. Muitos toques de bola em direção ao gol adversário, com os jogadores do meio-campo encostando e auxiliando os atacantes. No final, vitória do time titular por 3 a 0, com gols de Tica, Chiquinho e Dionísio. Ademir foi liberado e participou normalmente do treino, sendo confirmada a sua presença na quarta-zaga.
Armando Silva, que ridicularizou a solicitação do presidente boliviano para o exame antidoping
Goleiro atleticano Juca Baleia
Irineu, do MAC
Goleiro boliviano Moreira
Zé Carlos, do Sampaio Corrêa
Bimbinha, do Sampaio Corrêa
SAMPAIO CORRÊA 0X0 MARANHÃO: BOLÍVIA TRICAMPEÃ ESTADUAL!!! - Numa partida emocionante e muito nervosa, o Sampaio Corrêa sustentou dramaticamente o empate em 0 a 0 com o Maranhão, conquistando o inédito titulo de tricampeão maranhense, de forma invicta. O jogo foi tecnicamente não foi bom, mas agradou pela disposição dos 22 jogadores. De um lado, o MAC tentando adiar a festa do adversário e do outro o Sampaio procurando garantir o empate para comemorar o título.
Dentro da disposição do time boliviano, os destaques ficaram por conta do volante Zé Carlos e do zagueiro Ivanildo, considerados os dois maiores jogadores da partida, justamente pela raça demonstrada na disputa das jogadas. O Maranhão, sabendo que o empate beneficiava o tricolor, partiu para o ataque desde o começo, teve algumas grandes oportunidades, mas não soube aproveitá-las. O Sampaio, se aproveitando do desespero dos atleticanos, também teve três grandes chances: uma no primeiro tempo com Renato e as duas no segundo tempo como Gil e Joãozinho. Na oportunidade desperdiçada por Renato, o centroavante escapou com a bola dominada, nas atirou sobre o corpo do goleiro Juca Baleia, para Ademir salvar quase em cima da linha. As chances de Gil Lima foi mais ou menos parecida com a do companheiro. Gil ficou cara a cara com Juca e também atirou sobre o corpo do goleiro, que voltou a sair com perfeição, evitando a queda da sua meta.
A outra vez que o Sampaio esteve perto de marcar aconteceu no segundo tempo, quando Joãozinho atirou violento para Juca Baleia fazer a melhor defesa da partida, jogando para escanteio. Mas foi o Maranhão quem esteve mais perto de marcar, tanto no primeiro tempo como na etapa complementar. Tica perdeu gol feito quando Moreira já estava batido. Antes desse lance, Batista tinha chutado respeito e perigosamente.
Os atleticanos, a partir dos 20 minutos do segundo tempo, passaram a atacar em massa e tiveram, no abafa, algumas outras oportunidades. Moreira, nos cruzamentos, pontificou como outra grande figura da partida. À medida que o tempo passava e o time do aranhão ia perdendo mais a tranquilidade, inclusive no banco de reservas, pois o técnico Eliezer Ramos providenciou uma substituição que ninguém entendeu: tirou César para colocar Dioniso, quando mais precisava de um centroavante. Essa mudança fez diminuir o ritmo do quadro maqueano e o Sampaio só teve que gastar o tempo para assegurar o empate, que acabou sendo um resultado justo pela disposição mostrada pela equipe do Sampaio, que, mesmo jogando seriamente desfalcada, não se abateu e terminou com essa conquista inédita.
Ao final do jogo, os torcedores do Sampaio invadiram o gramado para festejar com os jogadores a conquista do título. Moreira, Zé Carlos e Ivanildo foram os mais procurados pelos torcedores. O presidente Pedro Vasconcelos e o treinador Geraldo Duarte foram carregados pelos torcedores, que deram volta olímpica junto com os jogadores.
Torcida formando fila para entrar no Castelão
Moreira, no chão, observa a bola tocar na rede por fora
Juca Baleia defende o chute
Torcida tricolor
Lance da decisão
Lance da decisão
Paulo Lifor (Sampaio Corrêa) e Ademir (Maranhão)
Lance da final
Torcida no clássico decisivo
Torcida no clássico decisivo
FICHA DO JOGO
Sampaio Corrêa 0x0 Maranhão Data: 17.08.1986 Local: Estádio Castelão, São Luís Juiz: Romualdo Arppi Filho (SP) Bandeirinhas: Verandy Fontes e Sérgio Faray Renda: Cr$ 143.387,00 Público: 14.919 pagantes Sampaio Corrêa: Moreira, Luís Carlos, Orlando, Ivanildo e Paulo Lifó; Zé Carlos (Maurício), Meinha e Gil Lima; Joãozinho Neri, Renato e Bimbinha (Marco Antônio). Treinador: Geraldo Duarte. Maranhão: Juca Baleia, Uberaba, Ademir, Irineu e Neto; Batista, Tica e Daniel; Valter, Cesar (Dionísio) e Chiquinho (Raimundinho). Treinador: Eliéser Ramos
Torcedores invadem o gramado para comemorar o título
Jogadores, torcedores e dirigentes fazendo a festa pelo tri
A CONQUISTA – O Sampaio Corrêa tinha seis bicampeonatos, mas foi a primeira vez que chegou ao título de tricampeão maranhense. A Bolívia Querida, além de ter ultrapassado a barreira dos dois campeonatos seguidos, era, até então, o recordista de títulos no futebol maranhense. O campeonato de 1986 foi o vigésimo conquistado. Dos últimos dez campeonatos promovidos pela Federação Maranhense de Desportos (atual FMD), o Sampaio venceu seis.
Além dos doze jogadores que atuaram na decisão, o Sampaio utilizou ainda na campanha do tricampeonato o capitão Rosclin, que se encontrava na ocasião com hepatite, mas havia disputado os jogos dos dois primeiros turnos; Sérgio (juvenil), Maurício (juvenil) e Beato, que se encontravam em litígio com o técnico Geraldo Duarte. O goleiro Marcial participou da campanha, mas não jogou nenhuma partida. O Sampaio foi campeão com 19 jogos, com 13 vitórias, 6 empates e nenhuma derrota. Joãozinho Neri (Sampaio Corrêa) e Neco (Maranhão) foram os artilheiros do estadual de 1986, cada um com 7 gols. Moreira foi o goleiro menos vazado, com apenas 3 gols sofridos.
Sampaio Corrêa tricampeão maranhense (1984/85/86)
Charge do Sampaio Corrêa tricampeão
CAMPANHA DO SAMPAIO CORRÊA NO TRICAMPEONATO ESTADUAL EM 1986
PRIMEIRO TURNO
23.02.1986-Sampaio Corrêa 3x1 Expressinho 02.03.1986-Imperatriz 1x4 Sampaio Corrêa 09.03.1986-Sampaio Corrêa 0x0 Maranhão 12.03.1986-Sampaio Corrêa 0x0 Boa Vontade 21.03.1986-Sampaio Corrêa 2x0 Tocantins 26.03.1986-Sampaio Corrêa 1x0 Vitória do Mar 30.03.1986-Sampaio Corrêa 0x0 Tupan 15.04.1986-Sampaio Corrêa 2x0 Americano 20.04.1986-Sampaio Corrêa 1x0 Moto Club
SEGUNDO TURNO
04.05.1986-Sampaio Corrêa 2x0 Vitória do Mar 18.05.1986-Sampaio Corrêa 2x0 Maranhão 25.05.1986-Sampaio Corrêa 0x0 Moto Club 27.05.1986-Imperatriz 0x0 Sampaio Corrêa